RSS
 

Arquivo para janeiro, 2020

#NãoAGuerra

06 jan

O general Qassem Soleimani morto em Bagdá no Iraque, era a segunda pessoa mais poderosa do Irã e pode romper o frágil equilíbrio entre forças internacionais, e o perigo de uma guerra de proporções mundiais torna-se uma possibilidade temerosa. 

O Irã tem países como a China e Rússia como aliados, além do mundo árabe e muçulmano, que hoje é uma religião presente mundialmente, e isto pode ter um contorno de escalada do terrorismo a nível mundial uma outra possibilidade.

Os órgãos de segurança dispararam seus alarmes, nas mídias de redes sociais foi o assunto mais comentado da semana, e quem imagina que isto não é grave, não conhece os horrores da guerra: morte de inocentes, escassez de alimentos, sabotagens de energia e de voos e intercambios internacionais interrompidos e principalmente aumento de um clima de ódio e intolerância em todos planos.

A paz deve ser desejada, e a ONU, OEA e organismos de diálogo internacionais precisam agir.

 

Uma releitura dos reis magos

03 jan

Em tempos de fundamentalismo e intolerância religiosa, uma releitura dos reis magos que foram adotar e também “contemplar” o nascimento de Jesus é essencial para o diálogo entre religiões.

A primeira necessária é que Deus se comunicou com os “magos” do oriente, ela pode reabrir corações fechados para re-ligações (religião do verbo em latim religare que é religar), pois eles não eram sequer religiosos no sentido convencional, mas magos e Deus os religou.

A segunda é que a comunicação divina foi através de astros, que significa que eles podiam entender esta linguagem e que Deus falou na língua humana deles, ou seja, há formas além das dogmáticas de comunicação entre Deus e os homens, mesmo não crentes.

A cosmologia é uma parte antiga e fundamental da filosofia, sua evolução e composição estuda o universo, e vem desde a antiguidade, os pré-socráticos a estudavam, buscam também a explicação da origem e da transformação da natureza e do universo e constroem mitos e divindades, criando uma relação entre seres mortais e imortais.

Então Deus não é tão indiferente a isto, uma proposta universal não deve desconsiderar a cosmologia, e se deseja construir uma cosmogonia, isto é princípio e fim de toda a vida, então uma escatologia é também construída, e a escatologia cristã pode estar relacionada a esta, não é afinal Deus princípio e fim de tudo ?

Esta segunda releitura, a questão dos astros, de fato ainda hoje se buscam evidencias cosmológicas da estrela que os Reis Magos seguiam, um astro, um cometa, isto poderia ajudar a datar o natal de uma data mais precisa.

Teólogos como Teilhard Chardin não deixaram de considerar a hipótese cosmológica, a noção de um universo cristocêntrico ajuda a uma interpretação não fundamentalista de uma escatologia mais complexa, e por isso recorremos (no post de 3/4/2019) a São Gregório de Nazianzeno (a igreja católica o comemora dia 2 de janeiro).

A terceira é que os reis magos foram “contemplar” o menino-Deus, além da vita activa, Hannah Arendt também falou dela em A condição Humana (publicado em 1956, com edição brasileira de 2009), que vem da conferencia Trabalho, Obra e Ação (publicação brasileira de 2006), mas já falavam desta questão Aristóteles no bios politikos e a vita negotiosa ou actuosa em Agostinho, e, recentemente Byung Chull Han em A sociedade do cansaço.

Mas não vieram adorar apenas, onde o elemento oferecido incenso é essencialmente isto, mas também trouxeram ouro no sentido de riqueza e mirra no sentido de sacrifícios oferecidos.

Os reis magos deveriam significar a abertura do cristianismo a outras linguagens e outras culturas que também são uma expressão do infinito, do universo e da vida construída de modo sagrado em todos e em tudo.

Primeira publicação: janeiro 2019

 

A lista do essencial

02 jan

Carregamos demasiados fardos, não apenas as malas, sacolas, até mesmo livros e afazeres em excesso, porque o mundo contemporâneo tem dificuldade de elaborar a lista do essencial.
Cuidar dos pequenos afazeres domésticos, não os deixando só por conta dos outros, levar o trabalho a sério e ter tempo para descanso, tratando também daquilo que pode nos tirar do stress e da ansiedade da vida cotidiana, ter tempo para os familiares e para meditar, contemplar ou mesmo apenas pensar.
Os quadros, pinturas e música barrocos parecem falar de um mundo parado, calmo demais para meu gosto diriam alguns, mas os aspectos de flores, “bodegons” e natureza morta indicam uma outra coisa que se tem dificuldade de perceber nos dias de hoje: fluxo de energia.
Não é a energia da força, mas a da alma e do espírito, aquela que de fato pode nos colocar no essencial diante de uma vida tão atribulada, cheia de conflitos e de valores contraditórios, até mesmo que os apregoa tem dificuldade de viver, é o fluxo do dia-a-dia, que não é fluxo de vida, de energia se pode dizer da arte barroca.
Alguma forma de espiritualidade e de bem estar interior é responsável pela harmonia e vida no exterior, ainda que o cotidiano nos empurre no sentido contrário, é preciso ter a capacidade de “sair do convencional” para estabelecer a lista do essencial.
Ao receber o pedido dos apóstolos para ensiná-los a rezar, poderíamos pensar em meditar ou mesmo apenas pensar para pessoas que não tem referencial religioso, pode-se para todos indicar o Pai Nosso, aquele que está nos “céus” não distante, mas contemplativo e no Ser.
Que seja santo o seu nome, em termos atuais, que seja sempre presente a meditação e a contemplação, venha o teu reino de paz e harmonia, senão exterior para o qual lutamos, ao menos o interior para enfrentar as dificuldades conjunturais.
E por último trabalhemos para o pão de cada dia, sem procurar o excesso e o consumismo, que sejamos capazes de perdoar e ser perdoados para ir além do conflito do dia-a-dia.
E livra-nos do mal da guerra, da destruição da natureza e de todos os males sociais.