Posts Tagged ‘Páscoa’
A ceia das cinzas
O que define como o homem é por natureza é também entender o que é a natureza, ou a substância projetada num universo infinito. e um marco inicial na filosofia da Natureza é a obra de 1584 de Giordano Bruno, conectada a teoria copernicana, que descreve um universo infinito com um divisor onipresente, a matéria eterne e a mutação em troca permanente.
Bruno se declarou um copernicano “realista” em 1582 em Paris, e quando chegou a Londres no ano seguinte ele já se posiciona no nível cosmológico com ideias extravagantes para a época, na qual o universo é um ser vivo, e um tempo depois suas aulas são suspensas, devido tanto a um radicalismo teológico de seu público protestante, como do aristotelismo “ateu”.
Um aspecto curioso é Bruno chamar, como Leibniz e Spinoza o fizeram, seu personagem de Teófilo presente na Bíblia e que significa “filho de Deus” (teo-filo), o que o vai separar também de sua religião católica é o pensamento que a filosofia deve ser independente da religião, porém a passagem do heliocentrismo copernicano para um universo infinito devemos a Bruno.
Seu pensamento sobre a política e o poder envolve esta mudança infinita, afirmava: “Que ingenuidade pedir para quem tem o poder pedir para mudar o poder”, que foi o seu embate com os donos do poder nas religiões e na nascente academia.
Em seu livro “A ceia das cinzas” fez uma afirmação extraordinária para a época: “A terra e os astros … como eles dispensam vida e alimento das coisas, restituindo toda matéria que emprestam, são eles próprios dotadas de vida, em uma medida bem maior ainda, e sendo vivos, é de maneira voluntária, ordenada e natural, segundo um princípio intrínseco, que eles se movem em direção as coisas e aos espaços que lhes convém”, um passo além do universo de Copérnico.
Não é importante a verdade ou não de Bruno, que também teve obras polêmicas sobre a Eucaristia e sobre a Virgindade de Maria, mas o importante para nosso tempo é restaurar um diálogo perdido de longa data, e para o qual ainda continuam a ter inquisidores e apóstatas.
Giordano Bruno deu um grande passo na ciência e queria que a filosofia fosse independente por causa do poder e incultura religiosa, ainda hoje é preciso superar o fundamentalismo e estabelecer o diálogo.
Bruno, G. The Ash Wednesday Supper. Lawrence s. Lerner e Edward A. Gosselin (eds), Toronto (CAN): University of Toronto Press, 1995.
Porque mataram Jesus ?
Especulações sobre a existência da figura “histórica” de Jesus não resiste a análise histórica, a Censo realizado no nascimento de Jesus, a coincidência com o período da Páscoa Judaica (a contagem de anos judaica continua a ser a antiga), o fato que ressuscitou no terceiro dia, pode ser questionável, mas a própria busca de seu corpo até os dias de hoje, é uma prova histórica.
O fato que não acharam seu corpo faz agora céticos afirmarem sua inexistência, pós-verdade.
Mas porque o mataram, remete a quem o matou, porque assim sabemos as motivações.
Os judeus matavam por apedrejamento, decapitação ou degola, crucificação era desconhecida e método romano, que o fazia por motivos políticos, e a soltura de um preso e a crucificação de outro era uma forma de “agradar” os judeus, que preferiram soltar Barrabás.
Os chefes da lei (judaica) e os judeus tinham desconfiança porque Jesus “infringia” leis judaicas como “trabalhar” no sábado, na verdade curava e se proclamava “rei” dos judeus, e repudia o poder de Pilatos quando este questiona se ele é rei, assim a frases “rei dos judeus” acima do crucifixo foi uma ironia romana, pois os judeus queriam que a plaqueta fosse retirada.
Então Jesus foi morto por motivos políticos, e apesar dos ciúmes dos chefes judeus e de Pilatos ter lavado as mãos, foi o império Romano que o prendeu, torturou e colocou-o numa cruz.
O fato que coincidia com a Páscoa judaica por outro lado, tem significado religioso, para os judeus era uma passagem, que vem da origem judaica da palavra Pesaḥ ou Pesach, que os judeus comemoram a saída da escravidão egípcia e a chegada a terra santa.
Os ritos foram adaptados, mas é importante saber que a famosa ceia de Jesus (o quadro de Da Vinci) e a própria Páscoa são festas de origem judaica, e o cálice de Elias o qual Jesus pega para tomar o vinho, era o cálice destinado ao Messias, e os discípulos entenderam quando fez este gesto.
A sexta-feira santa, entretanto é a parte fundamental da passagem, pois a morte e o grito do filho de Deus, que na cruz não chama mais o Pai, mas diz “Meu Deus, Meu Deus porque me abandonastes”, chave de leitura da mística cristã Chiara Lubich, “Jesus Abandonado”, eis o verdadeiro Deus e verdadeiro homem, ali ele se funde com a humanidade, o Jesus histórico.
Finititude, dor e transubstanciação
Já afirmamos que todo o caminho feito Gadamer possui elementos para concluir que a experiência é a consciência da própria finitude humana e das limitações, e citamos a referência clássica de Ésquilo que é bastante ilustrativa: “aprender com o sofrer”, ou seja, de forma dolorosa, o homem torna-se ciente de sua separação da divindade e da temporalidade de sua existência, mas o que é existência enquanto espírito e matéria biológica ?
Tratarmos da natureza, já o dissemos implica em diferenciar o natural do cultural, mas se pensamos no sentido da astrofísica e a formação do cosmo e dos planetas, chegaremos onde ? quando foi formada a primeira substância orgânica, e como ela saiu da natureza de compostos químicos, rochas e poeira cósmica.
Sabe-se que a água foi um elemento importante, mas o primeiro composto orgânico certamente originou-se de gases agindo sobre algum corpo inorgânico, ou seja, de alguma forma ocorreu a primeira “substanciação”, isto é, uma vida orgânica formada a partir da inorgânica.
Mas o contrário seria possível, uma substância orgânica transformar-se em inorgânica, sim é o que acontece com a morte, podemos pensar a dor como pequenos anúncios de uma morte de algo orgânico em nosso organismo que deixa de ter uma forma funcionalmente correta.
Mas a transubstanciação é algo mais misterioso e profundo, seria conscientemente um Ser orgânico transformar-se num inorgânico, e no caso da mística cristã primitiva, o pedaço de pão sem fermento, isto vem da festa dos pães ázimos feita pelos judeus desde Moisés, até os nossos dias em que a Eucaristia significa a transformação do corpo e sangue de Jesus em hóstia consagrada, alimento para a alma desconectada do cosmo, neste mistério, sua religação com o cosmo, e portanto a verdadeira religação e assim essência desta “religião”, que é o religare.
A sua festa é feita na quinta-feira santa, mas a transubstanciação é festa de todo o cosmo, pois em algum momento da história o “corpo” sagrado tornou-se universo, e agora este corpo torna-se um pedaço de pão, uma “transubstanciação” que nos devolve ao universo todo.
O mestre e o jumentinho
A palavra grega Paidagogos é formada pela palavra paidós (criança) e agogos (condutor).
Geralmente era o trabalho do escravo que levava a criança ou o jovem até a formação, que derivava na mesma raiz palavra, significando dar formação (Paidéia) intelectual e cultural.
Então pedagogia está ligada ao ato de conduzir do saber, conduzir a sabedoria e ao mestre.
Deveria ser também hoje a condução a formas de levar o indivíduo ao conhecimento, mas não é porque o condutor já se acha dono do conhecimento e não o conduz aos mestres, àqueles que construíram o conhecimento, em geral ignorados ou vistos como “teóricos”.
Também a Bíblia traz um exemplo didático, Jesus ao entrar em Jerusalém, manda buscar um jumentinho para montar, não tinha portando cavalarias e pompas em sua entrada embora o povo o tenha ovacionado com ramos de árvores, eis a origem do domingo de Ramos.
Muita gente religiosa de hoje, ao invés de se considerar um “jumentinho” que conduz o mestre, se põe no lugar e quer reduzir a sabedoria do mestre ao seu limitado conhecimento.
A redução do saber, o chamado reducionismo, a especialização do saber, sabendo uma só área queremos ser “sábios” em várias outras, e principalmente a vulgarização do conhecimento que a humanidade já produziu faz do jumentinho um pseudo-sábio, arrogante e vaidoso.
O Renascimento na ideia média foi uma retomada da antiguidade, qual será a retomada da modernidade perdida em preconceitos e reducionismos ?
Carnis levale, a origem desta festa
A palavra carnaval vem do latim carnis levale, retirar a carne ao pé da letra, mas seriam as festas carnais antes dos 40 dias de quaresma que é um período para os cristãos de espera da “Páscoa”, a festa da passagem da terra para a salvação, não por acaso, a quaresma começa quando a quaresma começa, ou seja, na quarta-feira das cinzas.
Já analisamos aqui no blog as origens desta festa, em especial no Brasil, mas queremos entrar mais a fundo no significado desta “passagem” entre o período que seria carnal e a verdadeira Páscoa “espiritual”, após 40 dias.
Os quarenta dias são referencia aos quarenta anos que os judeus caminharam pelo deserto em busca da terra prometida, saindo da escravidão do Egito, referencia feita no Salmo 94 (95) versículo 10 onde se lê: “Durante quarenta anos desgostou-me aquela geração, e eu disse: É um povo de coração desviado, que não conhece os meus desígnios”, até a chegada da Pascoa a passagem para a Terra Prometida.
Na reinterpretação cristã desta passagem judaica, em que há muita coisa em comum, inclusive algumas vezes a Páscoa cristã coincide com a judaica, já que o calendário judaico permaneceu a contagem, uma vez que não há o a.C.(Antes de Cristo) e o d.C. (depois de Cristo), mas a referencia ao período em que a comida era pouca, em função da fuga, os pães ázimos, em função do pão ser feito sem fermento, devido a pressa da fuga, enfim um período de sofrimento e jejum.
Na ressignificação católica (a igreja luterana também a faz) a quaresma é então este período de entregar as dificuldades e sofrimento, e a cruxificação de Jesus é o ápice desta festa e foi feita exatamente numa Páscoa judaica, depois é recompensada pela imensa graça que é salvação e ressurreição de Cristo, no caso judaico a passagem para a Terra Prometida, hoje Israel.
O carnaval é, portanto o último período que antecede estes 40 dias e a data é marcada em função justamente do calendário Pascal.
A paixão de Cristo para ateus
Li e depois reli, sempre com algum preconceito, o livro de Nietzsche “O anticristo”, na primeira leitura era materialista e
fazia a leitura de Nietzsche como “irracionalismo”, e recentemente como cristão porque seria apologia ao maior “inimigo” da salvação humana.
Deveria ter lido primeiro “O Nascimento da Tragédia ou helenismo e pessimismo”, mas na verdade perdi o preconceito quando conheci Oswaldo Giacóia Jr e ele me explicou a vida de Nietzsche, em especial, de seu pai pastor luterano e sua mãe pietista, isto explica muita coisa.
Pode ser pretensioso, mas penso que se pode lê-lo a partir do estético, uma vez que afirma: ”Só como fenômeno estético, podem a existência e o mundo justificar-se eternamente.” (NIETZSCHE, 1992, p. 47) e esta talvez seja uma parte essencial do seu pensamento e lembro aqui o escritor Victor Hugo: “A arte salvará o mundo”, veja o que pensa da tragédia grega.
O que isto tem a ver com a paixão de Cristo, é sua análise do papel do “coro” na tragédia, e diz que o problema torna-se grave em Eurípides ao excluir o coro, destrói a tragédia e ao fazer intervir a razão, elimina uma de suas peças tudo que não seja encontrado na vida, mas existe o coro. Foi assim que muitos o entenderam como “irracionalista”, mas a razão está em xeque.
Mas ao eliminar completamente o coro, Eurípides não considerou a função cognitiva, qual seja, aquela de saber o que o herói estava pensando e assim por ele, mas eliminou a própria a informação era transmitida ao público. Jacques Rancière apronfundou isto em “A emancipação do espectador”, ou poderíamos dizer a sua reintrodução do coro.
É o coro e não o confidente (Nietszche cita o exemplo da dama de companhia), a quem o herói trágico se revela, de maneira verossímil, seus medos e aspirações mais íntimas.
Cristo chama de maneira íntima em várias passagens Deus de pai, chama o pai de Abba que seria papai ou papaizinho, em sua oração ensinada ao “coro” ele cria o Pai Nosso.
No entanto na crucificação ele se distancia de Deus e se aproxima do coro humano e diz: “Meu Deus, Meus Deus, porque me abandonastes”, é o seu abandono ao Homem e a sua condição.
É a tragédia da crucificação de Cristo que invoca o coro da humanidade, aqui Ele é só O homem em toda sua condição.
NIETZSCHE, F. O Nascimento da Tragédia ou helenismo e pessimismo. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2001.
Banquetes, diálogos, memória e amor
Não só na liturgia cristã, mas em toda a filosofia e literatura a mesa de refeições tem um significado forte quando se fala das relações e diálogos entre os seus comensais.
O Banquete de Platão junto com Fedro, os dois diálogos de Platão que tem como tema principal o Amor, no Banquete Platão ele discursa sobre a natureza e as qualidades do amor, mas está basicamente preocupado com as questões que envolvem a Cidade e os filósofos.
Na última ceia de Jesus (pintura de Da Vinci), após inúmeros diálogos, alguns feitos com base em parábolas, a parábola dos talentos, de Lázaro e o rico, do operário da última hora, do administrador esperto e tantas outras, ele realiza o diálogo com seus apóstolos e os prepara para deixar a sua memória, mas qual seria o verdadeiro memorial de Jesus.
Ele é explícito na última ceia, era comum lavar as mãos e os pés nas ceias, e Jesus começa com um gesto inusitado, geralmente os escravos lavavam os pés, e Jesus vai ele mesmo fazer este gesto, tentando ensinar a humildade e o serviço aos seus discípulos.
Depois durante a ceia, que era a ceia Pascal dos judeus, que a fazem na sexta feia, Jesus a fez na quinta-feira porque o cordeiro que deveria ser Imolado (morto) na sexta-feira será ele mesmo, e aí faz um segundo gesto inusitado, na ceia judaica há o cálice de Elias que fica sempre a parte, e Jesus tomando este cálice (em geral há cálices individuais) o usará, indicando que é Ele aquele que Elias havia anunciado que viria, toma dele e o dá aos seus amigos, para que tomem junto com o pão já repartido, o pão na ceia judaica está escondido e deve ser encontrado, e aí ele dirá qual é o seu memorial:
Na carta de Paulo aos Coríntios, Jesus afirma “Fazei isto em minha memória”.(1Cor, 11, 24) e completará: “Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha” (1Cor,11, 26).
Jesus está falando da sua morte que é o ápice do seu Amor, dar a vida pela humanidade, que deverá acontecer nas próximas horas quando será entregue aos seus carrascos.
Assisti Alice para Sempre, que conta a história de uma professora com um precoce mal de Alzheimer que se prepara para a perda de memória e para a morte, a atriz Julianne Moore ganhou o Oscar de melhor atriz, e o diretor do filme, Richard Glatzer, morreu dia 11 de março de esclerose lateral amiotrófica, há portanto duas lições de vida no filme.
Há na literatura muitos enredos que se passam ao redor da mesa, um recente é o romance “O jantar”, do escritor holandês Herman Koch, um dos maiores best-sellers da Europa de 2012 com mais de 1 milhão de exemplares vendidos e que vai agora para o cinema.
O Mistério Pascal e a existência de Deus
Assim como a partícula de Higgs explica através da Teoria Física Padrão, mas válida apenas 4% de todo universo chamado bariônico (a energia e massa de partículas e subpartículas) e agora tentam desvendam o mistério dos outros 96% de massa e energia escura através de um novo experimento que pode entender os buracos negros e o universo paralelo (nosso post anterior), ainda duas perguntas metafísicas permanece: de onde veio o universo ? Deus existe ?
As pesquisas do Colisor de Hádrons sobre as partículas e o universo paralelo tenta responder a primeira de modo apenas físico, mas poderia o universo foi criado em qual princípio.
Mas que resposta o universo pode nos dar sobre Deus, se seu início for explicado e desvelado.
Há duas tentativas de respostas, chamadas pela ciência de hipóteses, uma delas explica que haveria uma sintonia fina, uma acaso tão improvável de combinações matemáticas, que só a existência de uma inteligência superior explicaria estas combinações, Francis S. Collins que foi diretor do Projeto Genoma Humano e é diretor do Instituto Nacional de Saúde (NIH), órgão americano de pesquisa em Saúde formulou esta hipótese.
Para Collins: “A sintonia final não é acidental. Ela reflete a ação de algo que criou o universo”.
Já para o físico ateu Victor Stenger, professor do Havaí e autor de “God: The failed Hypothesis” (Deus: uma hipótese fracassada, sem tradução no Brasil) descarta a hipótese da sintonia fina.
Para ele o universo não foi sintonizado para nós, nós é que fomos adaptados às condições dele, e cita hipóteses antigas que foram refutadas: “Até o século 20, acreditava-se que a matéria não poderia ser criada nem destruída, só transformada de um tipo para outro”, assim se é impossível criar matéria, a própria existência seria um milagre, Einstein provou que pode ser criada a partir da energia, e a física provou que pode ser transportada algo parecido ao tele transporte da ficção científica, e também a Nasa procura vida em outros planetas.
De fato provar que ele existe ou inexiste continua sendo mistério como o mistério da vida e mais ainda o mistério da morte, e é justamente nesta passagem morte-vida que está a Páscoa.
A Páscoa, que é continuidade cristã da festa judaica em que celebram a passagem da vida no Egito de escravos para a Terra prometida, é para os cristãos a passagem da morte para a vida.
A Páscoa que temos e a que queremos
A primeira Páscoa segundo dados históricos ocorreu aproximadamente há 3.500 anos, em hebraico Pessach, significando que cada família hebreia devia sacrificar um cordeiro e molhasse os umbrais das portas com o sangue do cordeiro, significando que as 10 pragas do Egito não deveriam atingir a pessoa que ali morasse.
Os cristãos ao perderem Jesus em período de Pascoa, deram um significado novo, sendo ele próprio o cordeiro oferecido em sacrifício, preso após a última ceia e morto na sexta-feira por isto chamada da Paixão, teve no sábado (chamado de Aleluia, alegria) a passagem da morte para a vida, mas a ressurreição para a vida em tempos de crise pode ter novo significado.
A aceitação das imperfeições e diferenças humanas, das pessoas que pensam e que tem outra cultura, por origem diferente da cultura dominante é para qualquer senso de justiça, um ponto obrigatório na transformação que ainda ensaiamos os primeiros passos.
A Páscoa é nestes tempos, a necessidade de opções de passagem do pensamento hegemônico, ideológico, econômico e político para um pensamento novo e criativo capaz de estar aberto ao diferente e este tempo se aproxima, a ressurreição e a vida plena virá.
A mesa profana e a santa
O festim de mega-corrupções e mesas fartas dos abastados do país contrastam com a mesa pobre daqueles que dependem de alguma esmola social para matar a fome, em geral com uma alimentação sub-nutricional.
O autor Jean Marc Albert, em seu livro “Às mesas do poder – Dos banquetes gregos ao Eliseu” , vai desde os banquetes do período clássico grego, até a mesa, manifesto do classicismo do período do auge do poder burguês, mas não é diferente de nossos dias.
O clássico da antiguidade “O Banquete” de Platão é na realidade um é diálogo escrito por volta de 380 a.C. com uma série de discursos sobre o amor (eros) que juntamento com Fedro, constituiem os dois principais diálogos de Platão em torno do tema Amor, mas este em sua face eros.
Os festins medievais eram exagerados e demorados, haviam até intervalos para tomar banho e fazer massagem, desde o período da decadência romana haviam os vomitórios, para possibilitar a continuidade dos excessos à mesa, porém a grande maioria da população passava fome.
Os banquetes também eram famosos no período do classicismo, é famoso o quadro “Os comendores de batatas” (1885), onde faz uma releitura dos traços de Millet, pertencente à primeira fase da pintura do artista.
O Banquete da Quinta Feira santa, é um banquete de sacrifício, uma despedida de Jesus de seus discípulos, quer deixar um memorial de sua vida terrena e pedir que façam isto em sua memória, não é um banquete de poderosos, de abastados e de corruptos, aliás será o representante destes que entregará seu Mestre.