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A pandemia não acabou
Além do Estado de São Paulo, outros sete estados já estão abolindo o uso de máscaras: Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Mato Grosso, Goiás e agora Minas Gerais, alguns estados já preparam as escolas de Samba para o Carnaval, em plena quaresma cristã.
Embora o ritmo de propagação do coronavírus no Brasil não seja mais tão intenso, os índices não são tão baixos e especialistas consideram que a medida pode trazer impactos indesejáveis no controle da doença no Brasil, mas a máscara deve subir da boca para os olhos para ter carnaval.
Além das autoridades mundiais da OMS, como a líder técnica Maria van Kerkhove, também a pneumologista Margareth Dalcolmo, um nome de destaque da FioCruz no enfrentamento da covid-19 consideram a medida um tanto precipitada e alerta para os perigos.
Autoridades monitoram a variante Deltacron na Europa, que é uma variante entre a Delta e a Omicron, países como Dinamarca, França e Holanda e a OMS já monitora a variante.
Uma região da China de 9 milhões de habitantes, onde está a cidade de Changchun autoridades ordenaram nesta sexta-feira (11) o confinamento rigoroso, com o surgimento de um surto de variante da ômicron (foto), lá há disciplina e controle da Pandemia.
Changchun, é a capital da província de Jilin, que faz fronteira da Coreia do Norte, estando, portanto, também próxima da Coréia do Sul e de países fora da China.
Como as autoridades políticas estão menos cautelosas que em períodos anteriores, depende-se agora de atitudes locais e gestores públicos e privados para que o sinal passado ao público em geral não prospere, a ideia que a Pandemia já acabou passa uma mensagem errada.
Até mesmo os números que havia controles pelas secretarias municipais de saúde parecem já ter relaxado e em muitos locais tornaram-se pouco confiáveis, sem dados não há política certa.
Além de passar uma mensagem errada ao público, é preciso ter claro que a circulação de qualquer variante pode levar a outras e não há garantia que as variantes serão menos letais.
Obs: Até o final da noite de ontem também a região da cidade Industrial Shenzhen (como previsto mais ao sul) também havia sido infectada e o lockdown chegou a 40 milhões de pessoas.
Covid: Média móvel de mortes cai e novas preocupações
A média móvel de mortes por Covid vem caindo, mas devemos lembrar que chegou próximo a 100 quando voltou a subir com a Ômicron, embora menos letal o relaxamento nos protocolos e a alta infecção da variante propiciaram um novo aumento.
A queda é real, porém o perigo do relaxamento nos protocolos é porque o vírus circulando, lembre-se que há muitos casos de assintomáticos, a possibilidade de novas cepas pode voltar a agravar o quadro, a própria OMS alerta e vem monitorando para estar atenta a este alerta.
O número de casos por infecção também caiu para abaixo dos 40 mil novos casos, apesar da média móvel estar caindo, não está descartada nova Cepa do vírus, as variantes BA.2 que é chamada de furtiva ela só permite que seja detectado o resultado positivo ou negativo, com o teste PCR normal, sem distinguir as variantes.
A detecção e monitoramento das linhas é importante para verificar e prevenir novas variantes, até o momento as variantes da ômicron: BA.1, BA.2, BA.3 e B.1.1.529 segundo dados da OMS são as dominantes em 99% dos casos atualmente.
Há tempos os cientistas alertam que quanto mais o vírus circular, maiores as chances de mutações, porém a ômicron menos letal não está sendo considerada neste caso, e isto é uma preocupação, além de aumentar a cobertura vacinal global (reduz a circulação do vírus) também os protocolos são responsáveis por frear a circulação do vírus, pois esta cepa também pode estar entre vacinados.
E preciso frear a circulação ou pode-se ter surpresa em novas mutações do vírus.
Covid: ligeira queda de mortes e protocolos
Depois de várias altas e estabilidade no número de mortes, neste final de semana registra-se a primeira queda de “casos conhecidos” como dizem os fornecedores de dados, pois não há uma política de testagem, assim os números de infecções também vêm caindo, mas por falta de dados são menos confiáveis.
A vacinação de crianças e o número total no país também avançam ultrapassando a 80%, já com um número significativo de doses de reforço (30%), porém os protocolos continuam mal administrados: distanciamento, aglomerações e uso correto de máscaras não podem ser abandonados e a próxima medida anunciada será a liberação de máscaras em ambientes ao “ar livre”.
O número de 722 mortes diárias é alto ainda, afinal são mortes e não casos complicados ou apenas pessoas não vacinadas, uma fase de protocolos bem administrados seriam razoáveis para fazer este número cair rapidamente e basta ir a qualquer evento e ver que não há mais uma verdadeira preocupação, e em ano político isto não é uma medida aceita, por exemplo, no comércio.
Não é compreendida ainda clinicamente a Covid de longa duração e a recomendação médica é a de testar sempre, ela atinge de modo especial as crianças (o site viva bem da uol cita vários casos) e ela não está presente na preocupações de ambientes públicos, apenas as máscaras e álcool gel é o básico, deveria haver testagem, além dos protocolos que deveriam ser observados e não são (distanciamento por exemplo, não se observa mais em qualquer ambiente público e nem há fiscalização).
Espera-se que mantenham os protocolos e que a média móvel de mortes possa cair mais rapidamente do que tem sido até agora, reduzir para endemia é precipitado dizem especialistas.
Amanhã postaremos de um segundo flagelo da guerra, conforme dissemos no início do mês as pestes, seguem-se ou precedem de guerras e depois virá a fome e o caos social, é incrível que alguém torça ou deseja por uma situação de tamanha desumanidade, amanhã retornemos ao tema com esperança que o diálogo Rússia e Ucrânia anunciado dê frutos.
Quadro de Covid-19 é indefinido no Brasil
Enquanto seguem as apostas numa queda da Covid-19, enfatizamos que seria mais seguro pensar num segundo semestre em relação aos protocolos em especial de distanciamento, o quadro de mortes mostra uma indefinição neste mês (veja o gráfico), e o estudos sobre a nova variante ômicron BA.2 ainda estão no início, e a OMS investiga outras subvariantes, embora a BA.2 tenha apontado com a principal no aumento de novos casos, no estado de São Paulo já foram detectados 3 casos.
Ela está sendo chamada de “ômicron furtivo” (stealth) por conseguir escapar das vacinas, com gravidade menor, porém as subvariantes ainda estão sendo estudadas, tanto a gravidade (que por enquanto é menor, mas não deixa de ser letal), enquanto se observa neste mês de fevereiro a ômicron é dominante e um aumento dos da subvariante BA.2.
Enquanto a maioria dos estudos aponta para menor gravidade, cientistas do Japão das Universidade de Tóquio, Kumamoto, Hokkaido e Kyoto apontam que a subvariatne pode ser mais agressiva que a original, porque afeta mais gravemente os pulmões, e já sabemos que este tem sido o fator mais grave, e por isto chamado de SARS-Covid (SARS, Síndrome Respiratória Agude Grave).
Em nossos círculos de relacionamentos todos os dias recebemos notícias de funcionários em trabalho presencial, professores e alunos infectados, como há pouca testagem muitos casos nem são contabilizados, pois há muitos casos assintomáticos.
Kei Sato, pesquisador da Universidade de Tóquio que conduziu o estudo, argumentou que o mais importante neste momento seria monitorar mais de perto e “estabelecer um método para detectar a BA.2 especificamente seria o primeiro passo” em muitos países, conforme já havíamos postado ter uma política de testagem neste caso “nova”.
Se olharmos os dados da Dinamarca onde os casos de BA.2 são muitos altos (dados do Our World in Data
Continuamos pedindo um protocolo mais claro, com distanciamento e política de evitar aglomerações, porém parece que por razões políticas isto foi abandonado.
Tolerância, guerras e história
Cresceu ainda mais em meio a pandemia, que nos forçou a uma reclusão involuntária, uma espécie de intolerância ao Outro, aquilo que na filosofia atual tem-se chamado da exclusão do Outro, escreveram sobre isto Habermas, Paul Ricoeur, Emmanuel Lévinas entre outros, e mais atualmente Byung Chul Han.
No iluminismo, Voltaire já havia escrito algo parecido em seu “Dicionário Filosófico”: “O que é a tolerância? É o apanágio da humanidade. Somos todos cheios de fraquezas e de erros; perdoemo-nos reciprocamente as nossas tolices, tal é a primeira lei da natureza.” (VOLTAIRE, 1978, p. 290)
Na época o livro foi proibido de circular na França tamanha era a intolerância entre católicos e protestantes, e foi isto que levou Voltaire a chamá-los de maníacos.
O iluminista afirmava que “sem a tolerância” o mundo continuaria desordenado, como continuou, e radicaliza ao dizer: “o melhor meio para diminuir o número de maníacos, se ainda restam, é de confiar esta doença do espírito ao regime da razão, que lenta, mas infalível ilumina os homens” (idem), assim acreditava porque era próprio do espírito das luzes e a religião no seu tempo, pela divisão entre os cristãos da Reforma e os católicos, eram intolerantes ao contrário do evangelho que pregavam sobre o perdão e a misericórdia.
Sobre a questão religiosa, John Locke muda a argumentação para defender a tolerância religiosa partindo exatamente da separação entre Estado e Igreja e estabelecendo funções diferentes para cada uma dessas instituições, assim como poderes próprios para a realização de suas devidas funções, mas foram preciso duas guerras para que o conceito fosse amadurecido.
A questão da Tolerância religiosa ficou estabelecida no Tratado de Paz da Vestfália, histórico para as relações internacionais, que na verdade foram dois tratados nas cidades alemãs de Münster e Osnabrück, em 1648, colocando fim na chamada Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) no qual as disputas religiosas levaram a lutas entre reinados.
A Declaração de Princípios sobre a Tolerância foi adotada em 16 de novembro de 1995 pelos Estados-membros da UNESCO, nela afirma-se que a tolerância não é a indulgência nem a indiferença e sugere “o respeito e a apreciação da rica variedade das culturas do mundo e formas de expressão”, lançando um olhar diferente a culturas e religiões diferentes.
Os maníacos de Voltaire podem agora serem traduzidos como fanáticos, defensores de territórios e de poder, motivações da primeira e segunda guerra mundial, onde os territórios levaram a tensões entre a Tríplice Entente (também conhecida por Aliados: França, Reino Unidos e Russia) e a Tríplice Aliança (que eram as Potências Centrais: Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro), os territórios reduzidos da Alemanha e expandidos da Rússia e da França, a região da Alsácia-Lorena será disputada pela Alemanha) alimentarão a futura segunda guerra mundial, e estes tratados mal feitos vão levar a novas disputas de território, vê-se o caso da Finlândia (que ficou estabelecida como neutra em relação a antiga União Soviética) como o caso citado em recente conversa de Putin com Macron sobre a atual crise da Ucrânia, que poderia ter uma espécie de “solução finlandesa”, nas últimas horas houve uma retirada de pequena parte de tropas da Rússia da fronteira com a Ucrânia.
Qualquer tratado agora precisa ter bases seguras, a ideia de que uma “nova ordem mundial” está em curso esconde desejos expansionistas e de intolerância política.
Covid: início de uma provável queda
Enquanto a média móvel e o número de infecções se mantem em patamares ainda altos, já há indícios de uma tendência de queda, 58.056 casos nas últimas 24 horas, no entanto o número de mortes permanece em alta na maioria dos estados (880 mortes na média móvel), estando em estabilidade apenas em 4 estados: SC, AM, RR, GO, não divulgaram TO e DF, é necessário ressaltar que estados dados sempre se referem a “casos conhecidos” pois não existe uma política de testagem em massa.
O pesquisador Raphael Guimarães da Fiocruz defende que a adoção de políticas públicas de controle coletivo da pandemia, além das medidas de higiene que são mantidas, podem levar o país ao controle da pandemia já no primeiro semestre de 2022: “Neste momento, o Brasil reúne algumas condições favoráveis para bloquear o vírus”, explicou o pesquisador a órgãos de imprensa.
A manutenção do distanciamento, por exemplo, e a limitação em número de pessoas em eventos coletivos são importantes quando adotadas, mas o que se observa é que o distanciamento não é o comportamento coletivo da população e a fiscalização deixou de existir na maioria dos casos, salvo raras exceções, o resultado são hospitais ainda lotados, une-se a isto a vacinação da influenza que é ainda pequena e a vacinação de crianças que tem ainda apenas a primeira dose.
Enquanto na Europa a tendência de queda já observada, na América Latina 63% das pessoas já estão vacinadas, porém a cobertura continua desigual, dados de órgãos de saúde da região (OPAS) indicam que 14 países já vacinaram 70% da população enquanto os demais não conseguiram atingir nem 40% desta cobertura, informa a diretora da OPAS: Carissa F. Etienne: “Estes dados são cruciais para projetar campanhas de vacinação direcionadas, maximizar o impacto das doses e salvar vidas”, que agradeceu a países doadores de vacinas.
A diferença entre Europa e o hemisférico Norte com o sul tem fatores sazonais como o clima, lá estão no final do inverno, aqui estamos no final do verão e o período de frio é favorável aos vírus.
Os doadores que “ajudaram nossa região a garantir doses quando os suprimentos eram limitados”, citando as doações dos Estados Unidos, Espanha, Canadá, Alemanha e França, que totalizaram 26 milhões de doses, mas espera neste início de ano atingir o patamar de 100 milhões de doses de doação.
As políticas públicas devem ser mais afirmativas e não renunciar à necessária fiscalização, assim podemos imaginar um segundo semestre mais tranquilo quanto a Pandemia.
Fome, pandemias e guerras
Grandes períodos de fome na antiguidade eram devidos as guerras de conquistas e pilhagens, o período babilônico, assírio, depois os persas e gregos e finalmente o império romano, segue-se o período dos Hunos e dos bárbaros do Norte da Europa.
A fome neste período era principalmente devido a pilhagem e a transformação dos povos dominados em escravos, na Antiguidade Grega é pensada pela primeira vez a ideia do Estado (cidades-Estado), porém ainda haviam escravos e na população havia a diferença social dos plebeus, era preciso ser “educado” como cidadão e não deixava de haver virtudes e certa religiosidade.
Também a história Bíblia, muitos fatos foram comprovados historicamente, grande número de guerras, pestes e fome são narrados, de modo especial no período de dominação egípcia, calcula-se que o período da fuga do povo hebreu do Egito se deu por volta de 1391 a 1271, outros historiadores sugerem 1592 (Jerônimo) e James Ussher sugeriu 1571 como período inicial.
Neste período teria acontecido as famosas 10 pragas e portando seguidos de fome naquela região, há muitas controvérsias sobre esta história.
A primeira grande fome devido a crises sociais e também climática foi datada de 1315-1322 que atingiu quase toda Europa, um ano de uma primavera com temo ruim de 1315, seguiram-se dois anos de muita seca e calor, neste período há um grande número de guerras quando foram se estabelecendo reinados e grão-ducados, porém depois seguiu-se o período da peste negra (ou bubônica) de 1347 a 1351, onde calcula -se que morreram de 75 a 200 milhões de pessoas (quadro de (Peter Bruegel “O triunfo da morte”, 1562).
Um período de fome também aconteceu na Irlanda no período de 1849 a 1852 devido um fungo aniquilou a plantação de batatas, onde a alimentação era bastante dependente na alimentação deste produto, enfrentou a fome, a mortalidade e a redução de 25% da população por morte ou imigração.
Ao período da guerra de Secessão de 1861 a 1865, basicamente pela defesa da escravidão para mantinha o sul e parte do leste num modelo agrário, para o Norte e Oeste mais industrial e que seguiu-se a um período de industrialização e que faz os Estados Unidos despontar como potencia industrial no período seguinte.
A Europa fodeste período mantinha quase toda a África (exceto a Libéria e a Etiópia) quase toda num modelo colonial, apesar disto no início do século começa um ciclo de crise financeira e superação do modelo agrário e superação do período nacionalista com muitos países, em especial França, Reino Unidos e a Russia com desejos expansionistas e a queda do chamado Império austro-húngaro.
Segue-se a este período em que é deflagrada a primeira Guerra Mundial com mais de 10 milhões de mortos, o período da gripe espanhola e de fortes imigrações de populações rurais para a própria África e para a América Latina, o Brasil recebeu além de populações italianas, alemãs e espanholas, também pequenas populações da Ucrânia, Polonia e até mesmo de japoneses.
A quebra financeira e a má solução da primeira guerra, nos tratados de Versalhes foram fermento para a segunda guerra mundial, a fome na Ucrânia no período estalinista foi feita em post desta semana e a fome que permanece no continente africano está feita no post de ontem.
A fome no mundo
O relatório Welthungerhife mostra o mapa da fome no mundo, nele fica evidente a concentração na África onde estão os países mais pobres e também restos de um período de colonização (ainda há esta presença lá) que pouco de importou com a população.
Ali estão concentrados os países com mais baixa renda per capita, em dólares: Somália: $ 953, República Centro Africana $996, República do Congo $1203, Moçambique $ 1338, Niger: $ 1503, Malawi $ 1503, Libéria $ 1623 e Madagascar $ 1630, também há guerras por divisão de territórios, diamantes e extração de minérios:, como é o caso do minério de fosfato no qual estão envolvidos: a Espanha, Marrocos e Mali, mas também rebeldes do Saara Ocidental lutam por independência em território reivindicado por Marrocos.
A guerra que tem interesses econômicos e neocolonização por trás sempre estiveram presentes ali, a Somália é um exemplo típico disto pois levou o país a uma miséria ainda maior e a Pandemia fez a crise tornar mais alarmante.
Ainda não existem estudos conclusivos sobre o real impacto da pandemia neste território, um recente relatório denominado “O Estado de Insegurança Alimentar e Nutrição no mundo (SOFI) de 2021 trans alguns esforços de agências das Nações Unidas para mapear e traçar uma política e estima que um décimo da população global, avaliado em torno de 811 milhões de pessoas no mundo estão subalimentados neste período da Pandemia, o que mostra um quadro alarmante.
Uma guerra de proporções mundiais poderia agravar ainda mais este quadro, também políticas sanitárias mais igualitárias (uma distribuição de vacina proporcional ao número de habitantes, por exemplo) são medidas necessárias para evitar que além da pobreza o número de mortos continue a crescer no rescaldo da pandemia.
Pandemia aumenta e países relaxam
A notícia é da BBC em português diversos países (Reino Unido, França, Holanda, Dinamarca, Espanha, Áustria, Finlândia, Bélgica, Grécia e Suécia), cansados da alteração da rotina muitos países, ambientes e até mesmo sanitaristas relaxaram no controle porque o isolamento é de fato difícil, no Brasil o número de mortes voltou a casa de milhares.
A pressão na realidade é política e econômica, e as autoridades se virão sob pressão de reabrir a economia e com isto liberar ambientes de comércio e convívio social, porém o custo econômico também poderá ser grave com o número de pessoas que vão se afastar, mesmo que seja por casos menos graves, é visível em alguns setores, no caso do Brasil, que muitos funcionários contraem o Covid na variante Omicron, e neste caso devem se afastar por ao menos 10 dias, mas também aqui foi reduzido para 5 dias, ou seja, menor precaução e mais contágio.
Na terça-feira passada (1/2) a OMS declarou a preocupação com este relaxamento, mas os comissários e sanitaristas europeus se apressaram em dizer que o fim da pandemia está próximo, há pequenos sinais de que o pico (ainda estamos nele) possa atenuar, mas é cedo demais para inferir que podemos relaxar, o normal seria esperar a curva baixa (gráfico).
Segundo a Agência Brasil o brasil registrou 197.442 mil casos na sexta-feira e 1.308 mortes em 24 horas, isto totaliza 26.473.273 casos e 631.802 óbitos, pelo alto número é muito improvável que os casos sejam apenas de não vacinados ou de crianças.
A vacinação das crianças em sua grande maioria ainda é a primeira dose, e em muitos estados no dia de hoje já estarão de volta as aulas, podiam ao menos esperar um pouco, mas os países que retornam aos postos de trabalham precisam ter onde deixar os filhos, assim a motivação também é econômica e não de preocupação de fato com as crianças.
É muito provável que a Pandemia entre num ciclo de arrefecimento, talvez não desapareça completamente, porém os cuidados deveriam ser mantidos e não é o que se observa, a menos de alguns países asiático onde procura-se elevar a tolerância a zero, um exemplo são as restrições da olimpíada de Inverno e no mundo árabe, o Campeonato Mundial de Clubes disputado em Abu Dhabi que são notícia no mundo todo, basta fazer uma comparação das medidas lá e as medidas aqui.
Diversas reações ao pensamento dominante
Em países que foram colônias da Europa, emergiu o termo decolonização que se diferencia de descolonização porque penetra justamente no pensamento e na epistemologia dominante (alguns autores chamarão por isto de epistemicídio) que não é a simples liberação de dominação, mas também o ressurgimento de culturas subalternas.
Assim apareceram autores na África (como Achiles Mbembe), na América Latina (Aníbal Quijano e Rendón Rojas y Morán Reyes), além de autores de cultura originária como os indígenas (Davi Kopenawa e Airton Krenak), porém é possível um diálogo com autores europeus abertos a esta perspectiva como Peter Sloterdijk (fala da Europa como Império do Centro) e Boaventura Santos (fala do epistemícidio e também alguns conceitos de decolonização), há muitos outros claro.
Deve-se destacar nestas culturas também a cultura cristã, vista por muitos autores como colaboradora do colonialismo, não se pode negar a perspectiva histórica e também de doutrina que é a libertação dos povos e uma cultura de fraternidade e solidariedade, ela é também minoritária hoje na Europa e perseguida em muitos casos.
Entre os europeus que defendem um novo humanismo, ou um humanismo de fato já que o iluminismo e as teorias materialistas não conseguiram contemplar a alma humana como um todo, e são por isto um humanismo de uma perna só, entre os europeus destaco Peter Sloterdijk e Edgar Morin, o primeiro que defende o conceito de comunidade como um “escudo protetor” capaz de salvar nossa espécie, e o segundo, um humanismo planetário, onde o homem seja cidadão do mundo e as diversidades sejam respeitadas.
Ambos consideram as propostas populistas, é bom saber que elas existem a esquerda e a direita, devem perder com a crise atual e o consumismo global depende de uma atmosfera de “frivolidade” ou de superficialidade que a humanidade será obrigada a repensar, não voltaremos aquilo que consideramos estável, os próprios escritores originários, como Davi Krenak destaca em várias entrevistas, o que queremos voltar não era bom, não havia uma felicidade e bem estar real naquilo que era considerado normal.
Como aspecto de construção do pensamento, em Sloterdijk destaco a antropotécnica, para ele a modernidade foi uma desverticalização da existência e uma desespiritualização da ascese, enquanto o conhecimento e a sabedoria proposta na antiguidade sair do empírico e do enganoso para ir em direção do eterno e do verdadeiro, como para ele não existe a religião, seria um movimento de sabedoria e conhecimento, e não apenas uma ascese de exercícios, onde a alma imortal foi trocada pelo corpo.
Já na perspectiva de Edgar Morin é o hologramático que pode dar ao homem uma visão do todo agora fragmentada pela especialização e pela particularidade de cada ramo da ciência, paradoxo do complexo sistema no qual o homem é uma parte que deve se integrar ao todo, onde “não somente a parte está no todo, mas em que o todo está inscrito na parte”, a pandemia nos ensinou isto, mas a lição ainda foi mal aprendida, em plena crise pandêmica resolveu-se que está tudo liberado e não há protocolo de proteção de todos em cada um (cada parte), e não há co-imunidade.