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O tempo da clareira
Se estamos em tempos impróprio para o pensamento e a inteligência, impróprios para valores humanos e morais, significa que também é um tempo de clareira, é um tempo que muitas consciências e homens poderão despertar e enxergar e encontrar a clareira.
É preciso para isto uma metanóia no pensamento filosófico, política, cotidiano e até religioso, lembrem-se que os profetas foram mortos e ignorados justamente por gente “religiosa”.
O limiar de uma crise civilizatória e humanitária sem limites está próximo, mas se olharmos a cultura cotidiana, disto falamos tanto do brasileiríssimo Ariano Suassuna até o inglês Anthony Daniels nos posts anteriores, também a política e o pensamento parece polarizado entre dois estremos que em muitos valores se confundem, e um deles é a guerra e o desejo de poder.
Até mesmo os que invocam a paz escondem interesses de poder, de ganância por maior riqueza e opressão daqueles que julga proteger, é triste um cenário de pouca luz e onde os homens de boa vontade que desejam um olhar menos sombrio para o futuro devem ter.
Olhando a etimologia da palavra clareira na filosofia de Heidegger, ela vem da palavra alemã Lichtung, cujo significado além do de clareira na floresta (ele próprio viveu alguns anos na floresta negra da Alemanha), sua raiz Licht é a palavra para luz, que significará coisas ocultas, ou entes cuja verdade deve vir à tona, assim alguns tradutores usam como desvelar.
Que tempo propício é este, e porque nos aproximamos dele, porque sempre que as palavras proféticas de pensadores e místicos que pedem uma mudança de rumo na humana não foram ouvidas, se aproxima este tempo de escuridão seguido de uma grande clareira.
Na passagem bíblica de Marcos 1,1-19, Jesus esclarece que a morte de João Batista é este sinal da clareira, que Herodes pediu a cabeça numa bandeja para a esposa depois que a filha Herodíade dançou para o rei, a morte do último e maior profeta inicia um novo tempo.
Diz a leitura (Mc 1,15): “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei- vos e crede no Evangelho”, e para os que creem na clareira bíblica, é o tempo da mudança.
Tempo de recuperar e viver verdadeiros valores humanitários, ainda que não sejam cristãos, o desejo de paz, de olhar para o Outro com a dignidade que cada um tem e de viver a justiça.
Um novo front de guerra
O medo que a guerra entre o Hamas e Israel incendiasse a região do oriente médio aos poucos vai se confirmando e escalado, os bombardeios realizados por forças ocidentais (EUA, Reino Unido e Holanda) na região do Yêmen, onde o movimento extremista Houthi tem suas bases.
O grupo é alinhando ao Irã, e a região é uma das mais pobres do planeta, e os Houthis mantem o controle sobre navios de bandeira internacional que navegam pelo mar Vermelho, local estratégico para forças militares na região (veja o mapa).
No passado distante chegou a fazer parte do Reino de Sabá, a mais de mil anos, sendo mencionado inclusive no Genesis, e também no Alcorão, mais recentemente por ter chuvas mais que outras regiões dos países árabes tinha uma boa agricultura, cuja plantações de cafés é de onde vem o tipo de café arábico, e chegou a ser chamada de Arábia Feliz juntamente com Omã no período em que tribos sedentárias desenvolveram uma economia agrícola.
Chegou a dividir-se em Yêmen do Norte e do Sul, período em que uma região tornou-se de domínio comunista, porém voltou a se reunificar e no período da primavera Árabe o país entrou em uma grande instabilidade política e social, mergulhando em uma sangrenta guerra civil, que segundo dados da ONU deixou 22 milhões pessoas em situação de vulnerabilidade.
As incursões militares dos EUA e Reino Unido na região eleva a tensão com os países árabes e pode provocar uma escalada militar ainda maior na região.
Outro polo de tensão foi a eleição em Taiwan do candidato do Partido Democrático Progressista (PDP), Lai Ching-te, de 64 anos, ele alcançou 40,1% dos votos contra Hou Yu-ih (Koumintang, KMT) com 33,5% e Ko Wen-je (Partido do Povo de Taiwan, PPT) com 26,5%, sua eleição representa a aprovação de uma política nacionalista contrária a China, Lai era vice da atual presidente.
Segue a escalada da guerra na Ucrânia, onde o inverno favorece o “general do inverno”, devido a dificuldade de movimentação e manutenção de tropas pela Ucrânia em regiões frias, a Rússia tem feito intensos bombardeios em diversas cidades usando a força aérea.
A crise em Israel que completou 100 dias deste o atentado do dia 7 de outubro pelo Hamas, e se volta agora por ataques do Hezbollah que são apoiados pelo Irã, que se pronunciou como não tendo participação nos atentados que deram início ao conflito.
O quadro de beligerância em todo planeta se intensifica, as eleições americanas se realizarão este ano em novembro e os partidos já utilizam as situações de guerra como campanha.
A escalada das guerras
Embora ainda não possa declarar como uma guerra mundial, a interferência de Rússia e Estados Unidos em várias guerras no planeta já é aberta e declarada, a Ucrânia sobre forte ataque aéreo em todas regiões emitiu alerta nesta segunda feira sobre estes ataques, na Palestina as notícias dizem que acima de 70% do território está inabitável devido a guerra.
No oriente segue a tensão, o ditador da Coréia do Norte considera-se em guerra com os Estados Unidos e no sábado (06/01) foram observados mais de 60 disparos de artilharia na fronteira com a Coréia do Sul, a tensão na área é crescente, e há navios americanos próximos.
A motivação de Kim Jon-Um foi o exercício naval próximo as ilhas Baengnyeongdo e Yeongpyong, região fronteiriça entre as Coreias (mapa acima) embora a resposta da Coréia do Norte possa ser pensada como defensiva, a declara de Kim foi de guerra aberta com os EUA, a postura belicista do presidente conservador sul-coreano Yoon Suk-yeol tensiona a relação com a Coréia do Norte, que o chama de “gângster”.
Os Estados Unidos não descartam uma intervenção aberta no Leste Europeu, a China mantem reservas, mas declara sempre que a ilha de Taiwan é uma província rebelde e considera-a como parte do território chinês, é uma declaração que uma inevitável defesa americana e provável do Japão na área, significaria a entrada também da China na guerra, este cenário é de uma terceira guerra mundial, e estamos num limiar muito frágil desta possibilidade.
Do ponto de vista econômico, a estrada no Brics de países como Egito, Arábia Saudita, Irá e Etiópia é também causa de tensão, uma vez que os países árabes se aliam aos socialistas.
Não há mais como ignorar o nível de tensão mundial para 2024, embora as esperanças sempre se mantenham naqueles que desejam sinceramente a paz, e não a usam como retórica bélica.
Guerras, narrativas e crueldade
Foi assustador que em tempos de pandemia haviam grupos, pessoas e até mesmo líderes que pouco se importavam com a morte repentina de pessoas que eram contagiadas pelo vírus da COVID-19, era de se esperar um aumento da solidariedade e da compaixão, mas não ocorreu.
Agora com as guerras que vão se escalando e atingindo países que orbitam em torno de ideologias despertam um sentimento de ódio, vingança e terror que beiram a psicopatia, não ter condolência com a morte brutal de um ser humano, seja quem for, tem certa psicopatia.
As narrativas não faltam, atém mesmo o fatalismo apocalíptico, como se justificasse a maldade humana por algum sentimento religioso sincero, tudo aquilo que não é amor e compaixão jamais deveria estar ligado a uma ligação divina ou a um sentimento humanitário sincero.
A gigante de mídia social chinesa Tik Tok divulgou dados de contas falsas que disseminaram desinformação sobre a guerra da Rússia com a Ucrânia na quarta-feira passada (13/12) com a tentativa de “ampliar artificialmente narrativas pró-russas” diz textualmente o relatório.
O site direcionava vídeos a usuários ucranianos, russos e da Europa, falsamente rotulados como veículos de notícias oficiais, procurando confundir os reais dados da guerra.
Também sobre a guerra contra o Hamas os dados divulgados nem sempre são aquilo que realmente testemunhas, não apenas pró-palestina, mas de órgãos presentes para ajuda humanitária em Gaza dão conta que há mortes de civis e crueldades também contra a população que não é toda muçulmana e nem pró-Hamas, não significa de forma alguma justificar os atos terroristas do Hamas e sim apenas estabelecer a verdade.
Felizmente as conversas entre os presidentes da Venezuela e da Guiana (foto), apesar de não haver nenhum acordo sobre o território de disputa de Essequibo, foi acordado a disputa no campo diplomático sem envolver forças militares, esperamos que a palavra se mantenha.
Os Estados Unidos voltam a mover forças marítimas próxima a Coréia do Norte devido a disparos com mísseis balísticos intercontinental o que causou reação imediata americana.
O cenário de final de ano é preocupante pelas forças envolvidas, até o momento países como Irã, Turquia, Catar, Síria e Iêmen potenciais aliados contra Israel se mantém nas ameaças diplomáticas, já países árabes como Arábia Saudita, Iraque e Egito ainda se mantém em pressão diplomática, uma guerra total na região seria catastrófica e desencadearia uma guerra global.
Ucrânia sem avanços, Hamas em apuros e Guyana
O inverno está só no início e a Ucrânia vive em constantes bombardeiros feitos por drones em Kiev, no front poucos avanços a chamada contraofensiva não aconteceu devido a estratégia da Rússia de instalar minhas no front de combate, único avanço da Ucrânia foi atravessar o rio Dnipro ao Norte, no campo das negociações pouco ou nada se faz.
Com o domínio da Rússia e o recuo na ajuda à Ucrânia, não só nos países do ocidente, mas também nos EUA, onde as promessas de apoio são barradas no congresso, crescem o número de governos nacionalistas e que preverem manter as reservas nacionais do que apoiar uma guerra externa, já a Finlândia e Suécia que temem um ataque russo reforçam seu arsenal, e no caso da Finlândia fechou-se a fronteira.
Com um ataque em meio a guerra, o Hamas viu Israel sair das negociações de tréguas e a guerra reiniciou, não há perspectiva de paz e os países árabes tentaram aprovar uma resolução na ONU de trégua, porém os Estados Unidos, aliado de Israel, vetou.
O Hamas segue sofrendo pesadas baixas com Israel presente maciçamente ao norte da faixa de Gaza (foto), certamente os líderes devem estar fora do país, porém sua estrutura bélica em Gaza vai sendo destruída, mesmo o complexo de túneis construídos que davam ao Hamas segurança e mobilidade, alguns feitos debaixo de hospitais que usavam como escudo humano.
O perigo que o Hamas não contava era o apoio estratégico e militar dos EUA, porém é cada vez mais forte a oposição do Irã e de alguns países árabes, onde há grupos parecidos ao Hamas, como é o caso do Hezbollah no Líbano, nas últimas oras Hassan Fadlallah, liderança política do grupo disse que os ataques aéreos de Israel são uma nova escalada de guerra contra o grupo.
Há mais de 70 pequenos conflitos em todo globo, não são esquecidos aqui, falamos dos golpes e violência na África Subsaariana, no oriente há sempre tensão entre China e Taiwan, porém na escalada de uma terceira guerra entra em cena a disposição da Venezuela de invadir a região de Essequibo, hoje pertencente a Guyana que é rica em petróleo.
O Brasil já enviou tropas para a fronteira, no momento trata-se apenas de preservar o território nacional, porem Lula oscila entre apoio e crítica a Maduro que aprovou uma consulta popular sobre o assunto, os Estados Unidos mandaram aviões para a região em exercício militar aéreo em apoio a Guyana.
A boa notícia é que há uma rodada de diálogo marcada para a próxima quinta-feira (14/12) entre Guyana e Venezuela, porém para a Guyana não está em questão ceder parte do seu território, a região de Essequibo representa mais de 70% do território e é rica em petróleo.
Palestina, General de Inverno e Essequibo
A trégua infelizmente acabou porque o Hamas cometeu um atentando no último dia de trégua, matando um rabino e duas mulheres, segundo a imprensa israelense, e a milícia Al-Qassan, braço armado do Hamas, reivindicou o atentado.
Segundo o FDI (Forças de Defesa de Israel) 200 alvos do Hamas já foram atingidos, um deles um suntuoso prédio que funcionava a Suprema Corte do Hamas, a escala da guerra retorna.
General de Inverno é o nome dado ao inverno russo durante as guerras porque tanto na invasão napoleônica (1812) quando o exército de um conjunto de alianças (é importante lembrar que algumas nações europeias apoiavam) perde a guerra devido o inverno, também na segunda guerra mundial o inverno foi decisivo para a Alemanha perder a guerra.
O que pensar agora do inverno na Ucrânia, onde a Rússia teve avanços em vários fronts, no entanto ela tem problemas na Criméia onde há grande parte da munição russa, o inverno lá prolonga até março e a Ucrânia dá sinais de fraquezas e perde parte dos apoios, agora países como a Finlândia e a Polônia já se mobilizam em defesa própria sobre uma possível invasão.
Por último, um front pode aparecer na fronteira do Brasil, o exército já enviou tropas para a região devido a possibilidade de invasão do território brasileiro que seria estratégico para uma invasão da Venezuela contra a frágil força militar da Guyana (antiga Guiana Inglesa).
Um referendo feito na Venezuela nestes dias, é bom lembrar que Maduro controla todo o aparato do Estado, deu parecer favorável a 5 questões sobre uma possível invasão da Guiana de Essequibo como é chamada a região que hoje pertence a Guyana, uma das questões desafia o Corte Internacional de Justiça que proibia a Venezuela de qualquer invasão.
Enfim um cenário desastroso de crise civilizatória vai se agravando, mas acreditamos na paz.
A vida e a contemplação
Não, não se trata da arte de observar a natureza ou o universo, pois também o ato de observar é já uma “vida activa” pois certamente não escapará alguma interpretação ou detalhe que nos chame a atenção.
Trata-se de outros sentidos: escutar sem interpretar, olhar com um olhar purificado e entender aquilo que é incompreensível a razão humana, assim não é uma atitude racional, nem um desvario ou delírio sensitivo, é um exercício da “inatividade” escreve Byung-Chul Han.
Escreve o autor em Vita Contemplativa: ou sobre a inatividade (Han, 2023, p. 11): “A inatividade constitui o Humanum. O que tornar o fazer genuinamente humano é a parcela de inatividade que há nele. Sem um momento de hesitação ou de contenção, o agir se degenera em ação e reação cegas. Sem repouso, surge uma nova barbárie.”
Portanto inatividade contemplativa não se confunde com preguiça, ausência de ação, mas um repouso para a ação clarividente e a fala profunda, diz o autor: “É o silenciar que dá profundidade à fala. Sem o silêncio não há música, mas apenas barulho e ruído. O jogo é a essência da beleza. Onde impera apenas o esquema estímulo e reação, de carência e satisfação, de problema e solução, de objetivo e ação, a vida se reduz à sobrevivência, à vida animalesca nua” (idem) e não por acaso se confunde com a vida moderna atual.
Não somos máquinas sempre destinadas a funcionar, a verdadeira vida da ação consciente, começa quando cessa a preocupação com a sobrevivência e nasce a necessidade da vida crua.
A confusão apareceu por causa da confusão entre história e cultura, não a história das ideias (no sentido do eidos grego), mas aquela que ignora a cultura e trata apenas do poder e da opressão dos povos, diz o autor: “a ação é, de fato, constitutiva para a história, mas não é, a força formadora da cultura” (Han, 2023, p. 12) (quadro: A contemplação do filósofo, Rembradt, 1632).
E acrescenta no mesmo trecho: “Não a guerra, mas a festa, não as armas, mas as joias, são a origem da cultura. História e cultural não coincidem” (Han, idem).
Podem parecer estranho as “jóias”, mas o núcleo de nossa cultura é o ornamental. Ela está situada além da funcionalidade e da utilidade. Com o ornamental que se emancipa de qualquer finalidade ou utilidade, a vida insiste em ser mais que a sobrevivência” (idem).
As grandes religiões instituíram o sagrado na inatividade o domingo cristão, o sabbath dos judeus, o Ramadã islâmico, não se tratam apenas de inatividade, mas um dia de “contemplar”.
O homem “activo” de busca de vida “intensa” e desenfreada de estímulos e respostas, cai num vazio de sentido e num fazer meramente de luta pela sobrevivência, pouco ou nada de humano resiste, e se queremos retornar ao processo civilizatório, a cultura, o ornamental e a festa devem retornar ao cotidiano, tempo de Natal e de festa de fim de ano, tempo de parar.
HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa. Trad. Lucas Machado, Brazil, RJ: Petropolis, 2023.
Guerra intensa e reféns libertados
A Rússia afirmou neste domingo (26/11) que derrubou drones nas quatro regiões em guerra, incluindo alguns próximos a Moscou e também dois mísseis foram interceptados, já a ucrânia afirma ter eliminado mais de mil soldados e 30 tanques russos nas regiões de guerra.
No sábado havia um forte ataque de drones contra Kiev, segundo Moscou o maior desde 2022.
As tratativas de guerra continuam, porém as sanções impostas pela Moldávia criou uma nova zona de conflito entre Moscou e o Ocidente, a Moldávia teme ser o próximo alvo da Rússia.
O mais grave do conflito Israel e Hamas é o uso de civis como reféns (foto).
Na faixa de Gaza segue a trégua entre o Hamas e Israel, a troca de reféns por soldados do Hamas continua, ontem foi o terceiro dia, no total o |Hamas libertou 58 reféns enquanto Israel libertou 117 palestinos, por ordem estes foram os números de reféns solto.
Primeiro dia de trégua 24 reféns, segundo dia (sábado) 17 reféns e terceiro dia (domingo) 17 reféns, embora o acordo seja apenas de 4 dias, e se encerraria hoje, a expectativa é que possa progredir até 4ª. feira.
O papa Francisco sempre otimista, falou em sua última referência a guerra que a humanidade (claro os que tomam as decisões políticas) optaram pela guerra em vez da paz.
Os conflitos já são uma grande tragédia humanitária e poderão se tornar uma grave crise tanto humanitária quanto civilizatória.
O exame de consciência final
Podemos estar (ilusoriamente) construindo a felicidade (boa-vida na filosofia) pessoal sem se importar com o Outro, a sociedade vive hoje a negação do Outro e da dor, porém este é o caminho para as disputas, as rivalidades e em último estágio as guerras.
O mundo contemporâneo vive com a descrença, a falta de consciência individual e coletiva, o que importa é resolver o próprio problema, não faltam literatura para isto ou para o sucesso fácil ou para o consolo individual com os livros de autoajuda, não escapam as receitas tidas como “espirituais”, mas na sociedade de exercícios, trata-se de uma ascese desespiritualizada.
Como tratamos a dor significa como vemos a pobreza, o descaso com a saúde (nem os planos médicos resolvem mais), a falta de saneamento básico, os abusos púbicos da imoralidade, isso sem falar dos sistemas prisionais, a destruição das drogas e as diversas marginalizações sociais.
O exame de consciência, como diz a boa literatura é aquela consciência de algo, não a do conforto dos condomínios fechados, do isolamento social em refúgios, mas aquela consciência de si e do Outro, que outra para o conjunto social e suas enfermidades, não esquecendo as morais, a qual parece que se perdeu todas as referenciais.
Não falta literatura e pensamento sobre estas questões, mas a pergunta final é como se reverte estas questões, como evitamos o ódio crescente, as polarizações fanáticas e no final de tudo as tendências de guerras cada vez mais cruéis e envolvendo diversos povos?
O exame de consciência é este sim de que lado estamos, não da irracionalidade pública e até mesmo política, mas ao lado dos que sofrem, daqueles que perderam as esperanças, daqueles que por determinado motivo justificável ou não, olham para a vida como um fardo.
O Exame de Consciência final é aquele, que também é bíblico (Mt 25,34-35): “ ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36 eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’ “.
Portanto se trata de fazer este exame de consciência pessoal e socialmente, de que lado se está?
Perspectiva de diálogo e América Latina
Algumas mudanças no cenário mundial dão esperança de paz, a trégua de 5 dias e troca de reféns na Palestina, a Alemanha volta a dialogar com a Rússia e já há pressão popular para uma paz na Europa, na América Latina tensão entre Venezuela e Goiânia e eleição do ultra liberal Javier Milei na Argentina, por uma margem maior que apontavam as pesquisas.
Aquilo que poucos ou nenhum analista dirá, porque a polarização vai da periferia dos países até o jornalismo mais independente, é que não há solução única para nenhum dos polos e há erros de análise e de princípios nos dois polos, a própria polarização já é um contrassenso.
O diálogo Alemanha e Rússia, é certamente o que mais chama atenção, o último diálogo que foi realizado entre os dois países foi no dia 2 de dezembro de 2022, e esta retomada pode ser uma ponta de esperança de uma virada na escalada de guerra Ucrânia e Rússia.
Por outro lado, a maior esperança do mundo no momento, é um possível acordo de paz que pode liberar parte das 240 pessoas feitas como reféns numa investida do Hamas em território de Israel que matou cerca de 1.200 israelenses, com sinais de crueldade e barbárie, Israel reagiu também com brutalidade e força e grande parte da população civil da Palestina sofreu.
O embaixador de Israel nos EUA, Michael Herzog foi quem anunciou a emissora de tv ABC que haviam “esforços sérios” para uma trégua de 5 dias em troca da libertação de reféns, também o governo do Qatar costura um possível acordo.
A eleição de Milei, um candidato com 52 anos se deu por uma margem que nenhuma pesquisa apontava, teve 55,95% dos votos na disputa contra o governista e Ministro das Finanças do atual governo Sergio Massa com 44,04% dos votos, indicando que o povo argentino, embora Milei seja pouco conhecido, apostou numa mudança bastante radical, a Argentina está em crise econômica profunda.
Vários governos reconheceram a vitória de Milei porém a divisão ideológica é profunda, e há uma tensão entre Venezuela e Guyana (antiga Guyana inglesa, com rica história de povos indígenas e lutas internas de emancipação) e embora seja uma região que já foi pauta na história, a razão da disputa agora é porque houve a descoberta de petróleo na região do rio Essequibo, que chegou a ser chamada de Guyana Essequiba, com forte presença indígena.
Após vários acordos, em 1904, 19.630 km2 foram entregues a colônia da Inglaterra e 13.570 k2 foram acordados com o Brasil e até hoje tudo que estabelece os limites entre estes três países, houveram vários acordos anteriores, em 1966 a Guiana se tornou independente do Reino Unido.