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Arquivo para a ‘Etica da Informação’ Categoria

O poder e a violência

24 ago

Historicamente povos pacíficos ou com pouca estrutura de defesa foram dominados por povos imperialistas muitas vezes justificando por valores sociais ou causas nobres, porém a pratica no final é de dominação, desenvolvida por Max Weber.

Na história recente, as ideias do “soberano” de Hobbes e o “príncipe” de Maquiavel iniciaram a ideia de Estado ainda no período que haviam reis (no Inglaterra e outros países ainda há), e depois foram reelaboradas por Kant e Hegel, onde os conceitos de cidade-estado e cidadania da antiguidade clássica foram recuperados e atualizados, porém esta é a ideia do poder moderno.

A ideia de democracia no sentido americano da palavra foi desenvolvida por Alexis de Tocqueville, que é ao mesmo tempo um elogio ao modelo americano, porém possui lacunas de interpretação que permitem uma análise critica.

A ideia que todo poder emana do povo, apesar de ser um modelo ideal no sentido lato da palavra, é mesmo o projeto final do idealismo, porém Sloterdijk constata que o modelo de “domesticação humana” falhou, são duas guerras nos países ditos “avançados” e uma a espreita.

As análises mais recentes, que tratam do poder “de fato” presente em formas de dominação e controle ideológico das populações (ideologia aqui é num sentido amplo) parte da análise de Michel Foucault que há formas dispares, heterogêneas e em constante transformação de como este poder é exercido, assim está em toda parte e não em uma instituição ou em alguém, onde ele desenvolve os conceitos de biopoder e micropoder.

Byung Chul Han, discípulo e na linha de Peter Sloterdijk, desenvolve a forma mais avançada que temos hoje que é o psicopoder, não apenas pelo controle de notícias e fake News, mas de modo especial pelas relações que se desenvolvem socialmente onde não reciprocidade, aquilo que Chul Han chama de “simetria”.

Diz ele não há simetria em nenhuma forma de poder e nem na comunicação (assim toda comunicação é uma forma de dominação e poder), somente há simetria onde há “respeito”. e assim a forma mais “violenta” de política hoje é desrespeitar o adversário de várias formas.

Esta é a violência cotidiana, que ela avance para sua forma mais cruel que é a guerra não é senão uma consequência, assim a violência começa nas ações de violência psíquica no dia-a-dia.

Assim estabelece Chul-Han: “o poder é uma relação assimétrica. Ele fundamenta uma relação hierárquica” (HAN, 2019, p. 18) e ele é a base de toda violência social e política, um poder que seja realmente democrático deve reelaborar a simetria ou a reciprocidade entre cidadãos e o estado.

HAN, B. C. No enxame. Petrópolis: Vozes, 2019. 

 

A virtude política, educacional e moral

18 ago

As três fases distintas da polis grega podem ser simplificadas na areté política praticada pelos sofistas e que justificavam apenas a capacidade retórica (algo próximo as narrativas de hoje), a areté educacional, o ideal platônico que significa uma boa relação entre a natureza e a educação, porém aqui nos interessa a areté moral, a superação entre os antagonismos da paixão e a razão.

Cedemos as paixões, assim a política é uma espécie de torcida, as paixões estão todas liberadas e assim não há contraposição a impulsos contraditórios da alma, e estas formas existiam já no período clássico, porém acreditava-se na sua “domesticação” usando um termo de Sloterdijk.

O projeto de domesticação falhou, a constatação de Sloterdijk que é bem anterior a pandemia e a guerra, já se fazia presente e escandalizou os filósofos que logo o refutaram sob acusações graves.

Não há espaço mais para a virtude moral, até mesmo o roubo e a violência verbal e “simbólica” já parecem liberadas, combate-se ao contrário qualquer tentativa de construir uma moral sólida.

Assim não se trata da guerra que é o ápice desta barbárie moral, matar tem justificativas por mais insano que isto pareça, tem torcidas e tem até os fatalistas que dizem que era inevitável, no limite, esperamos que não digam a erosão civilizatória seja também inevitável, afinal defender a vida é o último apelo moral que nos resta e até mesmo ele pareceu em crise com a pandemia.

A moralidade pública, uso dos bens públicos como serviço a comunidade, a moralidade social, uso da empatia e da tolerância como formas de diálogo e relacionamento público, direto a oposição e ao contraditório, são todos princípios morais que parecem estar em recesso.

Quais são de fato as propostas de sociabilidade, de representatividade e de política postas a mesa, apenas a negação de valores morais, o descaso com a coisa pública e uma defesa vaga do que de fato são os bens públicos e os interesses da população mais fragilizada no limite da seguridade.

Os discursos de gabinete estão dissociados da realidade, a demagogia e o populismo são os grandes instrumentos de propaganda política, a seriedade do que é proposto não cede ao mínimo exame da realidade dos fatos, e falar de fake News deve-se dirigir a praticamente todos.

A campanha apenas se inicia e do não-diálogo presente nos discursos só nos restas pensar que a moral sucumbiu ao moralismo mentiroso e ao populismo falacioso.

 

A origem e a crise do humanismo

17 ago

As duas guerras e a tensão atual Rússia x Ucrânia e China x Taiwan, que não são outra coisa que a tensão agora entre dois tipos de sistemas coloniais o imperialismo capitalista e o imperialismo ideológico, que não é apenas marxista ou comunista, porque isto exige uma discussão sobre o tema.

Sua proposta, segundo o próprio Sloterdijk, foram bem compreendidas pelos participantes, entretanto na reação dos filósofos havia um conteúdo “fascista” nelas, qual seja da seleção genética da humanidade, ou na indução desta mudança.

Também tive esta reação numa primeira leitura, no meu caso a crítica a “Cartas sobre o humanismo” de Heidegger, um dos temas centrais que aborda, além do questioamento que faz da concepção do humanismo, a sua grande contribuição está em compreender a relação ôntica sobre a ontológica, invertendo a precedência que Heidegger faz do ontológico sobre o ôntico.

Na prática significa uma revisão do motivo da clareira, como a incorporação de sua história natural sobre a social (Sloterdijk, 1999, p. 61), significa que há uma dimensão natural sobre o ontológico.

Pessoalmente prefiro não submeter uma dimensão a outra, digo que elas cooperam, algo parecido àquilo que escreveu Henri Bergson em sua “Evolução criadora” (1907), porém aderindo ao místico, e é claro que isto depende de uma cosmovisão com algum fundo religioso.

A revisão que Sloterdijk faz da “Política” de Platão (Sloterdijk, 1999, p. 47-56) desenvolve as origens do humanismo na Antiguidade, no seu ver, ligada ao exercício de uma inibição, a do hábito de leitura capaz de pacificar, domesticar, desenvolver a paciência, em oposição aos frenéticos divertimentos do “desinibido homo inhumanus”.

A metáfora platônica supõe que essas diferentes naturezas se encontram no Ser, ou seja são ontológicas, e como matéria-prima para formar o cidadão grego (o político), há o artifício de separá-las de modo a ter a configuração desejada para sua função na polis.

É preciso lembrar que também os gregos já falavam da areté, o exercício da virtude, para usar um termo de Sloterdijk “uma vida de exercícios”, porém a visão do filósofo alemão é que este projeto fracasso, e na nossa análise que inclui a mística, significa que há um abandono do areté.

Assim, não faço aqui uma defesa cega de Sloterdijk, apenas constato que sua crítica ao humanismo é a este projeto “pacificador” do homem, daí o porque das “regras do parque humano”, sua sugestão da natureza ôntica, não significa necessariamente a manipulação genética.

Está por trás desta questão a pergunta se o homem é bom ou mão, como fizeram os contratualistas iluministas ao definir o papel do estado, então a pergunta de Sloterdijk procede.

Em meio a ameaça de guerras com perigo civilizatório a questão permanece, e a resposta é o tipo de humanismo que queremos, e os modelos em jogo ainda não são alternativas ao modelo do estado como aquele que “pacifica” o parque humano, daí o recurso da guerra.

Sloterdijk, Peter. Regeln für den Menschenpark – Ein Antwortschreiben zu Heideggers Brief über den Humanismus. Frankfurt/M, Suhrkamp, 1999. Tradução brasileira: Regras para o parque humano – uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. Tradução de José Oscar de A. Marques. São Paulo, Estação Liberdade, 2000.

 

China e Taiwan preparam-se para guerra

09 ago

Muito antes da visita da presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, já havíamos postado aqui o acirramento da luta dos chineses para retomarem a posse da Ilha de Taiwan, que desde 1949, quando a China tornou-se comunista declarou-se uma república democrática independente.

No post anterior mostramos os países que votaram a resolução 2758 (de 1971), 35 votaram pró Taiwan, 76 a favor da presença da República Popular da China (a China continental) como sendo a representante com direito a assento na ONU, e assim Taiwan ficou sem representação.

O mapa das seis áreas de exercício chinesas, escreveu o ex-general australiano Mick Ryan em seu Twitter, “claramente traça onde os chineses pensam que as principais áreas operacionais são para sua intimidação estratégica de Taiwan”, Mick Ryan é membro adjunto do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, mostrando que a tática chinesa e estrangular e isolar a ilha rebelde.

A ilha com 23 milhões de habitantes, se consolidou com uma economia cada vez mais independente, e é líder do mercado mundial de semicondutores, tem atualmente 54% do mercado de chips feitos por sua empresa TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) e este é um forte motivo da disputa, já que as empresas eletrônicas chinesas têm alto crescimento.

A tática de defesa de Taiwan não é claramente exposta, aparentemente a provocação chinesa não disparou os alarmes e sirenes da ilha, a estratégia de defesa da ilha intitulada “Porco espinho”, não é claramente exposta, porém diferente da guerra da Ucrânia poderá atacar áreas internas da China, que segundo esta estratégia teriam período de “inflamação” longos e doloridos.

O arquipélago de Taiwan tem várias ilhas pequenas e em uma delas, os pontas aviadas para evitar desembarques são as que mais lembram os espinhos dos porcos.

A diferença de contingente militar e armamento é enorme, porém os americanos prometem ajuda direta a pequena ilha, claro todo este cenário é lamentável e pouco desejável a uma paz mundial.

O Japão teve parte de sua área marítima invadida e protestou com energia prometendo responder, enfim é um cenário cada vez mais perigoso e é preciso que força da paz se mobilizem.

A paz ameaçada é cada vez mais um pedido de socorro civilizatório aberto às forças humanitárias.

 

Guerra: atualidade e possíveis cenários

02 ago

A liberação de um navio de grãos da Ucrânia é um fator simbólicoimportante, embora a Ucrânia bombardeado o QG da Rússia na Criméia enquanto a Rússia tenha matado Oleksly Vadatursky, fundador e proprietário de uma das maiores empresa agrícola da Ucrânia.

O simbolismo é importante e representa um alívio porque o confisco de grãos poderia causar uma onda de alta de preços em cascata que afetaria o preço dos alimentos em todo mundo.

A guerra, entretanto, está longe de ter um anúncio de paz e denuncias de atrocidades por parte da Ucrânia (um vídeo de castração de um soldado ucraniano por russos foi retirado do twitter) e da Rússia que protestou pelo ataque ao QG da Criméia.

Há polêmica entre especialistas do futuro de 20% do território da Ucrânia que já está ocupado pela Rússia, a maioria considera impossível a retomada destas áreas sem mortes de civis e isto seria para a Ucrânia uma virada em sua narrativa de colocar a Rússia como impiedosa e cruel.

Em pleno verão europeu, a União Europeia consegue uma redução de 15% do consumo de gás, para tentar garantir um estoque para o inverno, mas dependentes da Rússia estarão mais vulneráveis a partir do final de outubro, os gasodutos são mais simples do que o transporte de gás liquefeito que inclusive o torna mais caro, na Alemanha por exemplo, a demanda é grande.

No cenário futuro mais preocupante, recomeçará a 10ª. Conferência de Revisão do Acordo de Não-proliferação das Armas Nucleares, ontem Biden fez um pronunciamento esperando que haja “boa-fé” para realizar o acordo, esclarecendo que mesmo na guerra fria nunca houve ruptura de conversas e o cenário da guerra agora preocupa mais profundamente.

De acordo com os dados de maio de 2019, a Associação Nuclear Mundial (WNA, na sigla em inglês), existem 447 reatores nucleares em operação no mundo e que estão em 30 países, cada um deles é também um perigo nuclear, quer por desastre natural como em Fukushima em março de 2011, quer por erros de operação como Chernobyl em abril de 1986.

Vale lembrar que cada usina é também uma bomba em potencial e que poderiam ser bombardeadas em uma guerra, é provável que o novo acordo nuclear incluam este aspecto.

 

Covid em queda e OMS muda o foco

25 jul

Com o número de mortes acima de 200 no Brasil a Covid 19 ainda é uma preocupação, já o número de casos caiu abaixo dos 50 mil ‘o que demonstra uma tendência de queda, porém ainda são necessários os protocolos de cuidado e os cuidados com os protocolos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) em documento divulgado nesta sexta-feira (22/07) comunicou que uma nova estragégia global para aumentar a cobertura vacinal contra a Covid-19, principalmente entre as populações mais vulneráveis com comorbidades e idade avançada, onde tem como meta atingir os 100% de vacinados.
A estratégia é correta porque enquanto o vírus circula novas variantes podem aparecer, e como é muito difícil atingir 100% da população ou fazer lockdown, é uma estratégia eficaz.
Já a variola do macaco representa uma nova preocupação, o número de casos cresce no mundo todo, e no Brasil já são mais de 600 casos, agora com transmissão interna, porém o número de casos aumenta no mundo todo.
A transmissão pode ocorrer tanto pelo contato próximo com lesões como por fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados tais como roupas pessoais e de cama, e segundo os orgãos de saúde, , entre seres humanos no contato físico entre pessoas próximas que estão sintomáticas.
As precauções portanto devem ser de evitar o contato com materiais contaminados e pessoas próximas que apresentem sintomas.

 

A peste, a guerra e a fome

19 jul

Este circulo vicioso parece perpetuar-se na história, e os dados e provocações recentes da guerra na Europa não apenas assustam, mas causam um medo justificável quando se observa que por todo o mundo há “torcidas” de ambos os lados, e não é jogo, mas um grande genocídio como qualquer outra guerra, porém de proporções maiores porque pode envolver as maiores potencias mundiais.
A geração que assistiu os horrores das duas primeiras guerras já não a tem em mem[oria, contando a partir da data de início, o assassinato do Duque Francisco Ferdinand em 1914, por um nacionalista sérvio e que é considerado o estopim da primeira guerra.
O que a precedeu foi um período da política européia de 871 a 1914 chamada de “Paz Armada”, onde há um acirramento de disputas de mercados, territórios coloniais e uma visão do predom[inio na geopolítica européia, onde se destacava o Império Austro-Hungaro do qual Francisco Feerdinad era herdeiro.
Um documentário sobre como se deu a escalada nazista na Alemanha, pode ser visto num documentário feito pelo History Channel, e veremos um cenário parecido: recentimentos de guerras, crise econômica e não citado no documentário: a gripe Espanhola (1918-1919).
O paralelo com o crescente acirramento entre a OTAN e a Russia na guerra atual da Ucrânia é evidente, e por tanto o temor de uma guerra de proporções civilizatórias deve ser temido, inclusive com a inclusão de separatistas sérvios, aos quais a China é acusada de enviar armas.
O cenário futuro é de uma crise de mercados, em especial, de grãos que vão afetar, em especial, os mais pobres, já é um cenário visível para muitos analistas. Relatórios do índice global da fome mostram que conflitos violentos contribuem de modo decisivo para a fome (foto).
As proporções civilizatórias deve-se número n]ao apenas de armas nucleares, mas de mais de 400 usinas nucleares espalhadas por todo o planeta, o documentário sobre o que pensavam os naziNãostas ajuda a refletir sobre nossos pensamentos sobre “mitos” e “fantasias” populares.
Não há uma força vigorosa que lute pela paz, porém pequenas atitudes como gestos de empatia e amizade podem ajudar a superar o crescente clima de ódio e desamor atuais.

 

Covid em alta e novas variantes

11 jul

A Covid 19 continua em alta no país sob o olhar despreocupado das autoridades, são raros os ambientes onde os protocolos são respeitados, e os números de novas variantes já apareceu.

Segundo estudo da Fiocruz as novas subvariantes BA.4 e BA.5 que eram cerca de 8% em maio subiram para um percentual de 25% em junho, porém não é apontado a questão de letalidade, porém a transmissibilidade é tão alta como as variantes anteriores.

A única citação que encontrei na área médica foi do imunologista do Centro de Inovação biomédica da Pioneira Universidade de Pequim, na China, que afirma que estas variantes são “certamente” é mais infecciosa em comparação as com as anteriores, mas é preciso mais estudos.

O cenário é semelhante em toda América do Norte e Europa e isto indica que as duas novas subvariantes devem se tornar dominantes no país, também a eficácia vacinal não é clara.

O que tem ajudado no Brasil é um inverno menos rigoroso, o que não piora as síndromes respiratórias, porém é prevista uma nova massa polar para o meio do mês e início de agosto.

No plano internacional, os especialistas mostram-se preocupados, porém enfatizam que as vacinas e os reforços não são completamente ineficazes, Dan Barouch, imunologista da Faculdade de Medicina de Harvard, afirmou em Boston: “A imunidade das vacinas atuais ainda deve fornecer proteção robusta contra doenças graves, hospitalização e morte”, é tranquilizadora.

Uma notícia ainda mais animadora foi publicada pelo National Geographic que além de noticiar que os fabricantes de vacinas conversam sobre uma vacina específica contra a Òmicron e segundo Stephen Zeichner, especialista em doenças infecciosas do Centro Médico da Universidade da Virgínia: “Está bem claro que o vírus continua evoluindo e, no futuro, existe a necessidade de uma vacina universal contra a covid 19 ou mesmo uma vacina universal contra os coronavírus”.

Até que tenhamos esta segurança, inclusive contra novas variantes, é importante manter os cuidados.

 

As pontes de Konigsberg e o paradoxo da guerra

05 jul

A cidade Königsberg (hoje Kaliningrado da Rússia) era uma cidade alemã da Prússia Oriental, depois da segunda guerra mundial perdeu a posse para a Rússia, que enviou colonos para lá, tinha antes da guerra 7 pontes e os habitantes se perguntavam se era possível fazer um passeio passando por todas pontes, passando uma única vez por todas elas.

O problema foi resolvido por Euler (que era suíço) construindo um modelo matemático que foi mais tarde chamado de grafo, onde nós e arestas se conectam, e que hoje é importante para pensar os modelos das Redes Sociais (que são as relações entre nós e que não são necessariamente feitos por mídias), e o fato de se voltar por um mesmo nó indica uma relação “social” de dupla direção, em certo sentido, de reciprocidade.

Euler provou que não era possível fazer o passeio sem passar duas vezes por uma mesma ponte, e no desenho do grafo você pode tentar fazer este exercício e perceber que de fato esta é a resposta.

A região hoje pertencente a Rússia é uma base militar fora da união soviética, já que Lituânia e Polônia estão no caminho, e a Bielorrússia embora seja aliada bélica da Rússia neste momento, embora muito próxima de Kaliningrado não tem uma passagem direta.

O problema da guerra se agravou quando a Rússia fez testes simulados com mísseis com capacidade nuclear em 4 de maio de 2022, e a Lituânia recentemente impediu que os trens que atravessam o país vindo da Rússia passem em seu território, confiscando os bens.

Assim as pontes que antes foram destruídas para passagem de armas militares na 2ª. Guerra mundial, agora se rompem num perigoso cenário onde relações sociais rompidas criam um novo paradoxo, pois Kaliningrado é na prática o ponto nuclear mais ao sul e próximo de países como a Alemanha, Reino Unido e França, e possui um arsenal nuclear considerável naquele “oblast” (espécie de estado, porém um exclave).

Recentemente, um ex-general e hoje deputado russo Andrey Gurulyov afirmou que o primeiro alvo numa provável 3ª. Guerra, seria Londres e que o conflito global surgiu a partir do bloqueio de Kaliningrado.

Faltam pontes e erguem-se muros, especialistas dizem que a guerra é improvável, tomara que seja, o maior paradoxo de uma guerra mundial hoje será a perda de uma perspectiva civilizatória

 

Inverno pode ser terrível para a guerra

28 jun

Em videoconferência com o G7 nesta segunda-feira (27/06) o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky pediu que a guerra cesse até o inverno, sempre um período mais duro para tropas e para regiões em guerra, isto indica duas preocupações: uma intensificação das batalhas no outono (no hemisfério sul é a primavera, de setembro a novembro) e possíveis dificuldades de fornecimento de gás e dos alimentos no período.

Do lado russo o corte no fornecimento de gás, que tem um sacrifício financeiro evidente, pode significar um colapso nos sistemas de aquecimento, uso doméstico e industrial na região.

A reunião do G7 começou domingo (26/06) com os países: EUA, Reino Unido, Alemanha, Itália, Canadá, França e Japão, e a videoconferência foi realizada na 2ª. Feira (27/06), o presidente também denunciou o ataque russo a um shopping lotado na região de Cremenchuk, com mais de mil pessoas.

As batalhas seguem duras na região de Dombass embora haja avanço russo, o custo em tropas, armamentos e moral tem sido elevada para ambos lados, enfim é um ódio crescente e uma possibilidade de paz cada vez mais distante.

Num esforço político, o presidente da Rússia fará a primeira viagem ao exterior visitando dois ex-estados soviéticos: o Turcomenistão e o Tadjiquistão, e depois ainda se encontrará com o presidente indonésio Joko Widodo, não há declarações sobre o assunto das conversas, porém com certeza trata-se de assuntos geopolíticos (veja o mapa).

Porém por trás desta viagem há um objetivo mais preocupante, a preocupação de Putin com as fronteiras, neste caso com os países da Ásia, indica tanto o saudosismo da antiga União Soviética como uma preocupação bélica de longo prazo, isto tem um contorno sombrio para o futuro da humanidade.

É claro que não há um belicismo de um único lado, também a resposta da OTAN tem sido dura como a entrega oficial de pedido da Suécia e da Finlândia de entrada na OTAN, também a Moldávia prepara sua entrada, enquanto a Ucrânia vive a espera de uma entrada tardia.

O cenário é extremamente preocupante para o outono no leste europeu, que é a primavera no hemisfério sul, uma preocupação crescente com o abastecimento de alimentos e de petróleo agita todo o mundo, porém o pesadelo maior é a própria guerra e seus contornos.

Poucas e heroicas vozes (veja o post de 21/06) se unem pela paz, a preocupação com a polarização é agora mundial.