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Arquivo para outubro 21st, 2016

É possível uma hermenêutica hoje ?

21 out

Difundem-se teorias e semi-teorias, estas últimas em maior parte, lupamundochamo de semi-teoria não aquela que é incapaz da hermenêutica para não cair no erro tautológico, aquela que é capaz de interpretar uma teoria o mais próximo do que o autor quis dizer.

Semi-teoria é simplesmente a leitura de parte de uma teoria fazendo um recorte por aspectos periféricos e desconsiderando centrais, por exemplo, uma leitura de Hegel a partir apenas da Fenomenologia do Espírito sem os Elementos (ou Princípios) de Filosofia do Direito, como se não formassem um todo, ou ainda desconsiderando uma parte importante de seu trabalho em Ciência e Lógica (1812-1816) e Enciclopédia das Ciências Filosóficas (1817-1830).

A hermenêutica referia-se classicamente na interpretação da Bíblia, pode parecer que foi por isto que a hermenêutica filosófica, iniciado em Heidegger e fundamentada em Gadamer, tenha buscado em Scheliermacher, hermenêutica bíblico, que afirmava que: “O sentimento da imortalidade e da fé na imortalidade fundam-se na “imortalidade da união da essência de Deus com a natureza humana na pessoa de Cristo”.

Isto pareceria um vínculo oportunista entre religião e filosofia, mas não é exatamente isto, embora o vínculo exista, mas o fato que para Scheleiermacher a religião é a relação do homem com a Totalidade (com o Todo), e se o Todo se relacionam também com a metafísica e a moral, a interpretação de textos não bíblicos também podem ser feitas nesta relação com o Todo.

Os propósitos de Scheleiermacher são universais, e por isto ele pode falar de uma hermenêutica universal que se supôs acima das hermenêuticas particulares: a bíblica, do direito e das ciências sociais; assim: “pressupõe que o mal entendido é um resultado costumeiro (SCHELEIERMACHER, 2005, p. 22), tem como objetivo: “compreender o enunciado no começo tão bem quanto seu ator, e depois melhor que ele” (Scheliermacher, 2005, p. 23) e ela “depende do talento para a linguagem e do talento para o conhecimento de pessoas individuais (Scheleiermacher, 2005, p. 11).

Compreender melhor que o autor ao explicitarmos o que está inconsciente no processo de criação do autor, sendo preciso colocar tanto a posição objetiva quanto a subjetiva em sua fala ou escrita, objetivamente aprendendo a linguagem como o autor a possuía, e, subjetivamente aprendendo sobre a vida e as condições contextuais de vida do autor.

Scheleiermacher saliente que há dois tipos de talentos que raramente se encontram em uma única pessoa: a precisão gramatical e suas possibilidades de expressão, por exemplo, no uso de analogias e metáforas.

Podemos perguntar agora se é possível a um interprete reconstruir o processo criativo do autor, ele precisará primeiro descobrir o processo que motivou o autor e que com o processo criativo constitui uma unidade, e, ao discutir a interpretação identificar o processo divinatório e comparativo que levaram o autor a determinado texto.

Entendamos o processo divinatório como aquele que “em nós, por assim dizer, nos transformamos na outra pessoa e tentamos compreender o elemento individual diretamente (Schileimacher, 2005, p. 92).

Scheleimacher, F. Hermeneutica e crítica. Vol 1.  Ijuí: Unijuí, 205.