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O conceito de Amor em Agostinho de Hipona
A tese de Hanna Arendt foi um marco em seu desenvolvimento filosófico, por um aspecto fundacional, é a primeira de suas obras e marca um envolvimento com Heidegger, seu primeiro orientador com o qual chegou a se envolver afetivamente e Karl Jaspers, que influenciaram na escolha do tema.
A obra pode ser dividida em três eixos temáticos: o amor ao próximo, ou a vida em sociedade, o amor na relação entre o homem e Deus criador e o amor como desejo, chamado appetitus.
A autora também afirma que o bispo nunca chegou a excluir completamente as ideias filosóficas da antiguidade, notadamente Cícero, Platão e Plotino em seu pensamento, e não importa o quão fiel e cristão ele tenha se tornado, “ele nunca perdeu completamente o impulso de questionamento filosófico.” (ARENDT, 1996, p. 3).
A primeira parte da dissertação da autora designada como “Amor como desejo: o futuro antecipado”, dentro de uma perspectiva filosófica e em continuidade do pensamento helênico, não podia ter melhor título, uma vez que não é o amor no presente, mas o “futuro antecipado”, algo que se espera ter como, como meio de alcançar a felicidade.
Este amor chamado cupiditas é moldado por uma “ânsia desejosa, quer dizer, appetitus”, porém também a caritas possui este aspecto de desejo “futuro”, mas é um amor livre.
Pergunta Agostinho em Confissões: “O que eu amo, quando amo o meu Deus?” (Confissões X, 7, 11 apud Arendt p. 25), talvez a questão central de seu pensamento, e responde: o amor por Deus pode se relacionar com o amor próprio, pois o homem pode amar a si mesmo da maneira correta amando sua própria essência, enfim encontra em seu próprio Ser o amor eterno.
O amor ao próximo, ou o amor social, desenvolveu a autora: o homem deve amar o seu próximo como criação de Deus: […] o homem ama o mundo como criação de Deus: “no mundo a criatura ama o mundo tal como Deus ama. Esta é a realização de uma autonegação em que todo mundo, incluindo você mesmo, simultaneamente recupera sua importância dada por Deus. Esta realização é o amor ao próximo”. (ARENDT, 1996, p. 93)
Agostinho difere a polis da cidade de Deus, nome de outra obra sua, e esclarece Arendt: “Essa defesa é a fundação da nova cidade, a cidade de Deus. […] Essa nova vida social, que é baseada em Cristo, é definida pelo amor mútuo (diligire invicem)” (ARENDT, 1996, p. 108).
Assim a obra de Agostinho é filosófica, teológica e política, embora se ignore este aspecto.
ARENDT, Hannah. Love and Saint Augustine (O amor em Santo Agostinho). Chicago: University of Chicago Press, 1996.
Os vossos pais rejeitaram os profetas
Terminado o período dos Juízes, que foi um período realmente teocrático, o povo de Israel começa a pedir Reis (Samuel 8,6-8), os reis governaram de 928 a.C. até a destruição do primeiro templo de Jerusalém (586 a.C.), porém o povo já havia ido para o cativeiro da Babilônia em 722 a.C., mais de 100 anos depois foi destruído o reino de Judá.
Já no último período dos juízes, Samuel que foi também profeta, via o povo se desviando, e até mesmo seus filhos não seguiam mais as leis divinas, a própria divisão entre Israel e Judá (é preciso dizer que é aí que aparecem o nome de judeus), e foi o segundo rei de Israel, Davi que uniu os dois reinos e nomeia a capital Jerusalém, ali seu filho Salomão, fará o primeiro templo.
Foi o profeta Ezequiel que viveu no exílio babilônico, entre 593 a.C. a 571 a.C. que profetizou a destruição do templo e falava das infidelidades do povo hebreu, também o profeta Isaías havia pregando que o pecado chegara de tal modo a Israel e Judá, que a maldição atingiria o povo hebreu, a maior delas é claro, foi o exílio da Babilônia.
Quando Ciro se torna rei da Pérsia e toma Babilônia em 538 a.C. permite ao povo hebreu retornar à sua terra e a possibilidade de reconstruírem o seu templo, o segundo, porém os desvios do povo continuam a ocorrer até o último e maior dos profetas João Batista, aquele que Herodes pediu a cabeça em troca da dança de Salomé, que pede por sugestão da mãe.
Jesus era rejeitado por contestar os fariseus e mestres da lei de seu tempo, também haviam aquele que queriam uma posição de líder na guerra contra o império romano, após a morte e ressurreição de Jesus no ano 70 d.C., o segundo templo foi destruído pelo general romano Tito e dele restou somente o muro das lamentações (foto).
Jerusalém foi incendiada e o povo judeu disperso, os judeus que se estabeleceram no leste europeu foram chamados de Ashkenazi e os da Península Ibérica de Sefarditas.
A posição de Jesus sobre o império romano era clara, uma vez que os romanos também o temiam, Herodes especialmente, e Pilatos lavou as mãos em sua crucificação, quando os fariseus preparam uma cilada perguntando se era justo pagar impostos, Jesus pega uma moeda e ao ver a figura de Cesar sentencia: “Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,34-40) esta cilada permanece no meio religioso até os dias de hoje.
As primeiras disputas de Israel
Então Abrão que era caldeu, da cidade de Ur no sul da mesopotâmia, sob inspiração divina sob o rio Eufrates e vai até Harã, e depois desce até Canaã, passando por Sodoma, onde se separa do sobrinho Ló, e partindo de lá não deviam olhar atrás, a mulher de Ló olha e se torna uma estátua de sal.
Chegam a Canaã e lá já haviam habitantes (os cananeus), havia a promessa divina de dar-lhe um filho, porém com o consentimento da mulher Sarah (o nome original Sarai foi mudado por Deus), Abrão gera da escrava Agar o filho Ismael, mas depois Sarah também terá o filho Isaac.
Deus lhe pede o filho em sacrifício, mas quando está pronto para realizar, um anjo lhe aparece e pede que sacrifique no lugar um cordeiro, e depois lhe promete uma infinita descendência e passa a chamado de Abraão.
O local deste sacrifício é hoje uma mesquita, porém há um acordo entre muçulmanos, cristãos e judeus para poderem frequentar o lugar, hoje chamado Domo da Rocha (foto).
A questão familiar era importante na época, afinal Abrão era para ser o patriarca do povo escolhido por Deus, então queria uma mulher de sua linhagem e não uma cananéia, encontrou Rebeca, filha de Betuel, irmã de Labão, este de um ramo da família de Abrão que permaneceu em Harã.
Novo drama, Rebeca tem dificuldade de ter filhos, mas acaba tendo gêmeos, Esaú e Jacó, este nasce depois e perderia o direito a primogenitura, não fosse um truque feio junto da mãe de preparar uma ceia ao gosto de Isaac que estava quase cego, e vestir o filho com peles porque o irmão nascido minutos antes, portanto mais velho, era mais peludo, e Isaac abençoa Jacó.
Mas Jacó sabe que precisa da benção de Deus, então indo ao encontro do irmão, numa noite luta com um anjo para conseguir a benção divina, depois disso será chamado Israel, o sufixo el na bíblia significa Deus, então aquele que lutou com Deus, na verdade, com um ano Gabriel, “fortaleza de Deus” ou Miguel, que significa “ninguém como Deus”, chefe dos “exércitos”.
Jacó terá como filhos aqueles que darão nome as doze tribos de Israel (veja tópico anterior) e José, vendido como escravo aos egípcios, tendo dons de revelação, revela ao rei egípcio, o que significava os sonhos dele com “vacas gordas e vacas magras”, que viria um tempo de escassez e recebe um cargo do faraó exatamente de cuidar das dispensas do reino.
Os irmãos que o venderam, então saem de Canaã e vão até o Egito, onde José depois de expressar seu descontentamento (um grito foi ouvido em todo palácio), acolhe os irmãos, então Israel deixa de ter as terras e outros povos ocupam o lugar.
Porém o faraó seguinte, aparentemente Sethi não é amigo dos judeus e quer que todos os recém-nascidos sejam mortos, porém a mãe de Moisés, Joquebede, um recém-nascido o joga num cesto no Rio Nilo e ele é acolhido por uma princesa e ela o leva ao reinado em seu cuidado.
Moisés é treinado como um nobre, mas deseja libertar seu povo que vive como escravo, e em certo evento místico, chamado da “sarça ardente” Deus lhe revela o destino e pede para comandar seu povo de volta a Canaã, após várias batalhas o reino de Israel é revivido, mas dividido com Judá ao Sul, são nomeados juízes, governantes que eram chamados por Deus.
Este é o único e verdadeiro período teocrático da Bíblia, os juízes eram nomeados por inspiração divina, alguns eram pessoas simples, como o Gideão (lenhador) e Debora, foram 14 juízes, mas o povo depois pediu reis “como os outros povos” e eles dependiam dos profetas.
Entre as narrativas e o desenvolvimento interior
Antes de prosseguir com a história de Israel que envolverá ainda dois êxodos até a sua tentativa de dissolução como nação, uma leitura do livro “La crisis de la narración” (editora Herder, Argentina) esclarece um aspecto importante das narrativas modernas, ou daquilo que o autor chama de “pós-narrativas”, “contar histórias é vende-las”.
Ele esclarece que a “arte de narrar histórias como estratégia para transmitir mensagens emocionalmente”, hoje todos falam de narrativas para justificar sua pós-verdade, levou-nos a um paradoxo “que o uso inflacionário de narrativas pode manifestar uma crise na própria narrativa” , em outros tempos, as narrativas “nos acomodavam no ser”, dando sentido e orientação para a vida.
Havia uma verdade intrínseca, ou ao menos uma teoria completa de soluções que incluíam o homem como um todo, e ao contrário das atuais narrativas aligeiradas (distorcendo a narrativa original, quando baseada em alguma), “são a descrição das micronarrativas do presente, que carecem de toda gravitação e de toda pretensão de verdade”.
Fiel ao seu estilo, não é informativo nem ilustrativo, exemplo e categorizações plasmam de maneira caótica fatos e ideias ao longo do texto, e quando há narrativa original, é distorcida.
Esclarece, agora, para entender [determinado tema], não há nada que explique, ordene e uma. Não há relato, porque não há passado. Não há comunidade. Sem história, então não há esperança de futuro.
Conclui que “com a hiperatividade atual, que busca espantar o aborrecimento, nunca alcançamos um estado profundo de relaxamento espiritual”, o que é desenvolvido em outros livros seus como “A sociedade do cansaço” e “O aroma do tempo”.
Chama o homem atual de “phono sapiens”, que não conhece “o desenvolvimento da existência interior”.
Origens religiosa e histórica de Israel e Palestina
Embora Noé não seja uma figura registrada na história, seus filhos Cam e Sem estão registrado pois são a origem dos povos camitas (ou caimitas) e semitas, estes últimos se destacam por serem hebreus e árabes e assim compartilham tanto origens culturais como religiosas, mas também haviam arameus e fenícios. Os filisteus eram um povo que veio do oeste e habitou mais tarde ali.
Abraão, que era Caldeu, um povo que habitou ao sul do rio Eufrates, era filho de , na linhagem de Sem, vem de seu filho Arfaxade, que gerou Salá, que gerou Héber, que gerou Pelegue, que gerou Réu, que gerou Serugue, que gerou Naor, que gerou Terá, pai de Abrão (só depois será chamado de Abraão devido uma sua descendência).
O pai e o irmão de Abrão falecem na Caldéia, e seu sobrinho Ló que viajará até Canaã, entretanto subindo o rio Eufrates e depois descendo pelo norte do Oriente médio, antes se separam dividindo as terras, ficando Ló com as mais férteis ao oeste e Abrão com as terras do sul.
Os descendentes de Ló ficaram povos conhecidos como Amonitas, devido ao deus Amon, e que são filhos do incesto de Ló com sua filha mais nova, conta a narrativa bíblica que ao saírem de Sodoma é dito que não deveriam olhar para trás e a mulher de Ló olha e se transforma em sal.
Ao leste até o Mediterrâneo fica Abrãao, agora chamado assim por Deus, depois de ter seu Filho Isaac (prometido por Deus) com sua esposa Sara, e Ismael com Agar, sua escrava.
Enquanto Isaac será o “filho da promessa” e através dele nascerão as doze tribos de Israel, no Alcorão pode se ler: “No Alcorão; “Deus deu dons a todos Ismael, Eliseu, Jonas e Lot favor acima das nações”, assim Ismael não é preterido.
De Isaac nasceram os gêmeos Esaú e Jacó, Esaú nasce primeiro, porém através de um disfarce, Jacó se veste de peles de animais, ajudado por sua mãe Rebeca, pois seu irmão era mais peludo e seu pai Isaac estava quase cego, percebe a voz diferente, mas abençoa o filho, na tradição hebreia o filho mais velho, o primogênito, tinha prioridade em liderar a família.
Jacó lutará com um anjo para conseguir a benção divina, antes de um confronto com o irmão, e na narrativa bíblica é aí que ele recebe o nome de Israel, que significa “aquele que lutou com Deus” (todo sufixo el do hebraico significa Deus), os Gabriel (fortaleza de Deus) e Miguel (ninguém como Deus) são duas hipóteses possíveis da luta de Jacó, agora Israel.
Os filhos de Israel formarão as 12 tribos: de Helena: de José (que foi vendido aos egípcios pelos irmãos) ficarão seus netos Benjamin e Manassés, de Lia (primeira esposa): Ruben, Simeão, Judá, Issacar, Zebulom e Levi (que eram sacerdotes e não tinham terras), da escrava Bila: Dã e Naftali, e da escrava Zilpa: Gade e Asser.
Na verdade seriam treze tribos, porém as tribos Benjamim e Manassés, filhos de José, formaram uma só tribo.
Tensão no Oriente Médio
Apesar de iniciar uma fase crítica (o inverno) a guerra da Ucrânia e Rússia saem do foco, com o aumento da tensão entre Israel e a Palestina que reivindica um território próprio.
Depois de uma incursão ousada e cruel no território israelense, o grupo militar fez vários reféns e Israel respondeu atacando áreas da faixa de Gaza e cortando água e energia do território israelense como forma de pressionar a entrega dos reféns.
A situação humanitária fez que vários organismos internacionais apelassem para Israel permitir a ajuda humanitária, enquanto Israel dá a opção de se deslocarem para o sul onde seria restabelecida o abastecimento de água e energia, dando um prazo curtíssimo e um ultimato.
Há um ponto ao sul onde é possível uma passagem para o Egito, que é o campo de refugiados de Rafah, negociações entre o secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken e o presidente do Egito Abdel-Fattah El-Sisi indicam que esta passagem seria aberta para a ajuda humanitária.
Israel se prepara para uma luta em três frente, já que no sul do Líbano houveram ataques de outro grupo antissemita, o Hezbollah e já há tensões e tomadas de pontos de combate com a Síria, também através do Hezbollah.
A tensão maior fica para um possível envolvimento do Irã, que financia estes grupos contra Israel e lideranças do Hamas já foram até o Irã conversar com autoridades do país, entretanto os EUA advertem que uma entrada do Irã na guerra provocaria forte tensão com o Ocidente, já que os EUA enviaram porta aviões.
O envolvimento do mundo árabe pode tornar a crise ainda maior, já há conversas unilaterais.
A Rússia é uma aliada tradicional da Síria, e com uma aproximação militar do Irão pode criar um eixo de aliados com inimigos comuns, o que traça um quadro geopolítico perigoso.
A paz parece distante, e os elementos para uma guerra de consequências trágicas vai se desenhando, mas não deixam de existirem forças localizadas para a paz.
Eclipses do processo civilizatório
A harmonia entre os povos, a aceitação e tolerância das diferenças, o diálogo e a diplomacia sobre questões em conflito parecem estar mais longe do que nunca, como um eclipse anular, obscurece a luz e deixa passar somente um anel de fogo, e como são diversos pontos de fontes de Luz, também existem regiões de penumbras que ficam confusas parecendo uma noite.
Diversas pesquisas apontam que isto acontecem com os pássaros diante de um eclipse, veem que está escurecendo e se comportam como no anoitecer, diminuem as atividades, se recolhem e chegam quase a dormir, como o eclipse é rápido depois voltam as atividades normais.
Assim são processos civilizatórios, há períodos de obscuridade e parecem que poderão ser uma noite interminável, porém passado este momento vendo o equívoco do “sono” durante a penumbra, redescobrem a vida e voltam as atividades normais, no caso humano com uma nova perspectiva de paz e tolerância, claro deixa marcas sempre terríveis: mortes inocentes, destruição e miséria.
Podíamos ter preparado uma festa, o concerto e a harmonia entre os povos, não faltaram educadores, profetas e futuristas que tentaram desenhar este cenário, mas os homens têm sempre o livre arbítrio, no nosso caso, podemos escolher entre o eclipse e a penumbra e o dia.
Eclipse porque seja pelas forças naturais ou seja por intervenção divina, os que creem desejam e esperam este dia, ainda que pereça milhões de inocentes, o desejo de triunfo do bem, do bom senso e da paz entre os homens é sempre um caminho irreversível, ainda que sofram.
Há uma parábola bíblica que desenha bem este cenário, um homem preparava uma festa e como os convidados não vinham (escolheram outros caminhos), ele mandou buscar homens na rua, mas entre eles também havia um com trajes inadequados (atitudes anti festa) e pediu que fosse retirado, diz a leitura (Mateus 22, 10-12):
“então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala de festa ficou cheia de convidados. Quando o rei entrou para veros convidados, observou aí um homem que não estava usando traje de festa e perguntou-lhe: ´Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu” e o rei pediu que o retirassem.
O processo civilizatório é assim, quem vencerá uma situação de conflito, todos perderão e ao final aqueles que estavam a margem do processo de conflito prepararão um novo caminho.
Walter, Jennifer. Lunar eclipses have one weird effect on birds. Inverse. 17 de março de 2022, Disponível em: https://www.inverse.com/science/lunar-eclipse-bird-flight
Eclipse anular: dados históricos e místicos
Dia 14 de outubro deverá acontecer um eclipse anular, aquele que a lua deixa um pequeno anel com luz do sul e se estabelece no centro do astro rei, e que tem dados históricos e místicos curiosos.
O primeiro eclipse narrado historicamente, por Heródoto, descreve a batalha dos Medos e Lídios (590-585 a.C.) que terminou com um acordo após terem percebido que o dia virou noite e na compreensão deles as trevas deviam cessar pela paz, Heródoto descreve-a assim:
“No sexto ano da guerra, travou-se uma batalha e, quando a luta tinha começado, de repente, o dia se transformou em noite. (…) Os Lídios e os Medos, quando viram que a noite substituíra o dia, cessaram sua luta, ansiosos de que a paz se estabelecesse entre eles.” Heródoto (1.74).
Antes de cálculos da data do eclipse acreditava-se que a batalha teria sido travada em 30 de setembro de 610 a.C. (de acordo com o dicionário dos gregos e Romanos de William Smith), porém os cálculos astronômicos modernos estabeleceram a data de 28 de maio de 585 a.C.
O segundo dado foi estabelecido com ajuda da leitura bíblica das batalhas em Israel de Ajailon e Gibeão, que ajudaram, segundo a BBC, a revelar a data de um eclipse ainda mais antigo, no tempo da retomada de Israel pelos judeus que retornavam do exílio egípcio, a leitura que ajudou a revelar esta data, conhecida também como oração de Josué é esta (Josué 10:12-14): “Sol, detém-se sobre Gibeão, e tu, Lua, sobre o Vale de Aijalom”.
A reportagem da BBC o físico Colin Humphreys, diretor de pesquisas da Universidade de Cambridge na Inglaterra, e o astrofísico Graeme Waddington usando esta passagem calcularam a data do eclipse anular e encontraram o dia 30 de outubro de 1207 a.C.
A reportagem cita ainda que a primeira pessoa a sugerir tal data foi o linguista Robert Wilson (1918) e que sugere até uma releitura do texto bíblico:
‘Eclipse, ó Sol, em Gibeão,
E a Lua no Vale de Aijalom´.
Já que hoje sabemos que haverá uma faixa onde o eclipse é total (imagem) e faixas ao lado onde o eclipse dá uma sombra parcial.
Heródoto, Histórias, Livro I, Clio, 74.
O verdadeiro compromisso com o bem comum
Maus gestores e ditadores também prometem trabalhar pelos excluídos e pelo bem comum, o que acontece é que seus verdadeiros interesses pessoais permanecem ocultos.
Ninguém diz abertamente que vai fazer o mal, a não ser psicopatas declarados que já estão num grau de enfermidade mental que não conseguem mais disfarçar seus desejos.
As análises políticas e sociais escondem interesses de violência, de ódio e de guerra aos opositores, não faltam justificativas, porém qualquer iniciativa de exclusão já é um indício de que nenhum bem comum será bem gerenciado por estes gestores.
Começam com pequenas ações que inicialmente confundem as pessoas de boa fé e que querem de fato o bem comum a todos, a vida pacífica e equilibrada para todos, porém aos poucos os verdadeiros desejos pessoais de posse pessoal dos bens vão se revelando.
A corrupção também começa assim, pequenos furtos não coibidos levam aos grandes quando não há impunidade, pais que corrigem e educam sem filhos sabem disto, é preciso estar sempre atento as ações e ao que cada pequeno gesto leva, educadores também sabem disto.
Como diz uma leitura bíblica, um dono de uma vinha arrendou-a e viajou, depois de certo tempo mandou os empregados cobrarem a parte do arrendamento (Mt 21,33) bateram nele e o mandaram de volta, mandou outros e também apanharam e voltaram sem nada e finalmente mandou o filho, então os arrendatários pensaram matamos ele e ficamos com a vinha, e Jesus lembra ao final da parábola de si próprio: a pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se a pedra angular.
É assim que o bem se estabelece, com aqueles que os maus rejeitaram, oprimiram e depois de muito sofrimento é possível estabelecer a paz e o bem comum.
A resiliência e o desenvolvimento do bem é maior que as grandes maldades, embora evita-las significa também evitar injustiças, desiquilíbrios sociais e principalmente mortes inocentes.
Porque o mal cresce
O senso comum é dizer que o mal cresce porque o bem se omite, em parte isto é verdade, pois o mal é ausência do bem, mas esta ausência pode ser por aporia (desconhecimento), pela má educação que forma mentes sem iluminação e por fim por puro orgulho e poder.
O poder é uma forma de legitimar tanto o bem como o mal, isto só é possível pela violência, e a violência generalizada é a guerra, assim esta é a forma mais clara e inequívoca do mal, nela a intolerância, o desprezo pelo diferente, a imposição de ideias e de injustiças é facilitada.
Assim em diversas épocas de nossa história foi por meio da violência que impérios e ditadores impuseram suas vontades e ideologias, não sem o consentimento de boa parte da população, por isso lembramos da má educação, seja através de campanhas de propaganda, seja pela própria escolarização empobrecida e malformada, as duas questões estão ligadas.
É preciso por isto estar atentos a gestão em todos os níveis, desde as nossas casas, bairros e condomínios até as estruturas de poder, pequenas ações ilegítimas, educação para empatia, convivência, limpeza e até mesmo o lazer devem ser observadas e orientadas pelos gestores e órgãos públicos no sentido de preservar o espaço comum e os bens públicos.
O zelo pela honestidade, pela transparência, pelo diálogo respeitoso entre opiniões que não são necessariamente opostos, mas diferentes ainda que em direções completamente divergentes não deve ser motivo de ódio e violência, é sempre possível o diálogo.
O mal precisa da polarização, da radicalização (no mal sentido, há o sentido bom que é ir a raiz de um problema), da pura desavença como forma de justificar e propagar a violência.
Assim como sementes de uma boa árvore, também as ervas daninhas e plantas venenosas tem raízes, cresceram meio a uma plantação saudável e o fato que devem crescer juntas pode ser um equívoco porque poderão sufocar as sementes boas, as pestes e doenças em plantas.
Também a cura destas pestes deve-se tomar cuidados, na agricultura diversos pesticidas já foram condenados, e até plantas resistentes as doenças podem ser questionadas, a mutação genética pode inserir um mal maior que o esperado, há muito diálogo ético a respeito.
Assim três cuidados devem ser considerados: a educação ética de valorizar o que é bom, o zelo para que o erro e a maldade não se propaguem e finalmente os métodos de correção devem ter o cuidado de não realizarem um mal ainda maior.