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Arquivo para a ‘Linguagens’ Categoria

Tensão no Oriente Médio

16 out

Apesar de iniciar uma fase crítica (o inverno) a guerra da Ucrânia e Rússia saem do foco, com o aumento da tensão entre Israel e a Palestina que reivindica um território próprio.

Depois de uma incursão ousada e cruel no território israelense, o grupo militar fez vários reféns e Israel respondeu atacando áreas da faixa de Gaza e cortando água e energia do território israelense como forma de pressionar a entrega dos reféns.

A situação humanitária fez que vários organismos internacionais apelassem para Israel permitir a ajuda humanitária, enquanto Israel dá a opção de se deslocarem para o sul onde seria restabelecida o abastecimento de água e energia, dando um prazo curtíssimo e um ultimato.

Há um ponto ao sul onde é possível uma passagem para o Egito, que é o campo de refugiados de Rafah, negociações entre o secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken e o presidente do Egito Abdel-Fattah El-Sisi indicam que esta passagem seria aberta para a ajuda humanitária.

Israel se prepara para uma luta em três frente, já que no sul do Líbano houveram ataques de outro grupo antissemita, o Hezbollah e já há tensões e tomadas de pontos de combate com a Síria, também através do Hezbollah.

A tensão maior fica para um possível envolvimento do Irã, que financia estes grupos contra Israel e lideranças do Hamas já foram até o Irã conversar com autoridades do país, entretanto os EUA advertem que uma entrada do Irã na guerra provocaria forte tensão com o Ocidente, já que os EUA enviaram porta aviões.

O envolvimento do mundo árabe pode tornar a crise ainda maior, já há conversas unilaterais.

A Rússia é uma aliada tradicional da Síria, e com uma aproximação militar do Irão pode criar um eixo de aliados com inimigos comuns, o que traça um quadro geopolítico perigoso.

A paz parece distante, e os elementos para uma guerra de consequências trágicas vai se desenhando, mas não deixam de existirem forças localizadas para a paz.

 

Eclipses do processo civilizatório

13 out

A harmonia entre os povos, a aceitação e tolerância das diferenças, o diálogo e a diplomacia sobre questões em conflito parecem estar mais longe do que nunca, como um eclipse anular, obscurece a luz e deixa passar somente um anel de fogo, e como são diversos pontos de fontes de Luz, também existem regiões de penumbras que ficam confusas parecendo uma noite.

Diversas pesquisas apontam que isto acontecem com os pássaros diante de um eclipse, veem que está escurecendo e se comportam como no anoitecer, diminuem as atividades, se recolhem e chegam quase a dormir, como o eclipse é rápido depois voltam as atividades normais.

Assim são processos civilizatórios, há períodos de obscuridade e parecem que poderão ser uma noite interminável, porém passado este momento vendo o equívoco do “sono” durante a penumbra, redescobrem a vida e voltam as atividades normais, no caso humano com uma nova perspectiva de paz e tolerância, claro deixa marcas sempre terríveis: mortes inocentes, destruição e miséria.

Podíamos ter preparado uma festa, o concerto e a harmonia entre os povos, não faltaram educadores, profetas e futuristas que tentaram desenhar este cenário, mas os homens têm sempre o livre arbítrio, no nosso caso, podemos escolher entre o eclipse e a penumbra e o dia.

Eclipse porque seja pelas forças naturais ou seja por intervenção divina, os que creem desejam e esperam este dia, ainda que pereça milhões de inocentes, o desejo de triunfo do bem, do bom senso e da paz entre os homens é sempre um caminho irreversível, ainda que sofram.

Há uma parábola bíblica que desenha bem este cenário, um homem preparava uma festa e como os convidados não vinham (escolheram outros caminhos), ele mandou buscar homens na rua, mas entre eles também havia um com trajes inadequados (atitudes anti festa) e pediu que fosse retirado, diz a leitura (Mateus 22, 10-12):

“então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala de festa ficou cheia de convidados.  Quando o rei entrou para veros convidados, observou aí um homem que não estava usando traje de festa e perguntou-lhe: ´Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu” e o rei pediu que o retirassem.

O processo civilizatório é assim, quem vencerá uma situação de conflito, todos perderão e ao final aqueles que estavam a margem do processo de conflito prepararão um novo caminho.

 

Walter, Jennifer. Lunar eclipses have one weird effect on birds. Inverse. 17 de março de 2022, Disponível em: https://www.inverse.com/science/lunar-eclipse-bird-flight

 

Eclipse anular: dados históricos e místicos

10 out

Dia 14 de outubro deverá acontecer um eclipse anular, aquele que a lua deixa um pequeno anel com luz do sul e se estabelece no centro do astro rei, e que tem dados históricos e místicos curiosos.

O primeiro eclipse narrado historicamente, por Heródoto, descreve a batalha dos Medos e Lídios (590-585 a.C.) que terminou com um acordo após terem percebido que o dia virou noite e na compreensão deles as trevas deviam cessar pela paz, Heródoto descreve-a assim:

No sexto ano da guerra, travou-se uma batalha e, quando a luta tinha começado, de repente, o dia se transformou em noite. (…) Os Lídios e os Medos, quando viram que a noite substituíra o dia, cessaram sua luta, ansiosos de que a paz se estabelecesse entre eles.” Heródoto (1.74).

Antes de cálculos da data do eclipse acreditava-se que a batalha teria sido travada em 30 de setembro de 610 a.C. (de acordo com o dicionário dos gregos e Romanos de William Smith), porém os cálculos astronômicos modernos estabeleceram a data de 28 de maio de 585 a.C.

O segundo dado foi estabelecido com ajuda da leitura bíblica das batalhas em Israel de Ajailon e Gibeão, que ajudaram, segundo a BBC, a revelar a data de um eclipse ainda mais antigo, no tempo da retomada de Israel pelos judeus que retornavam do exílio egípcio, a leitura que ajudou a revelar esta data, conhecida também como oração de Josué é esta (Josué 10:12-14): “Sol, detém-se sobre Gibeão, e tu, Lua, sobre o Vale de Aijalom”.

A reportagem da BBC o físico Colin Humphreys, diretor de pesquisas da Universidade de Cambridge na Inglaterra, e o astrofísico Graeme Waddington usando esta passagem calcularam a data do eclipse anular e encontraram o dia 30 de outubro de 1207 a.C.

A reportagem cita ainda que a primeira pessoa a sugerir tal data foi o linguista Robert Wilson (1918) e que sugere até uma releitura do texto bíblico:

‘Eclipse, ó Sol, em Gibeão,

E a Lua no Vale de Aijalom´.

Já que hoje sabemos que haverá uma faixa onde o eclipse é total (imagem) e faixas ao lado onde o eclipse dá uma sombra parcial.

HeródotoHistórias, Livro I, Clio, 74.

 

O verdadeiro compromisso com o bem comum

06 out

Maus gestores e ditadores também prometem trabalhar pelos excluídos e pelo bem comum, o que acontece é que seus verdadeiros interesses pessoais permanecem ocultos.

Ninguém diz abertamente que vai fazer o mal, a não ser psicopatas declarados que já estão num grau de enfermidade mental que não conseguem mais disfarçar seus desejos.

As análises políticas e sociais escondem interesses de violência, de ódio e de guerra aos opositores, não faltam justificativas, porém qualquer iniciativa de exclusão já é um indício de que nenhum bem comum será bem gerenciado por estes gestores.

Começam com pequenas ações que inicialmente confundem as pessoas de boa fé e que querem de fato o bem comum a todos, a vida pacífica e equilibrada para todos, porém aos poucos os verdadeiros desejos pessoais de posse pessoal dos bens vão se revelando.

A corrupção também começa assim, pequenos furtos não coibidos levam aos grandes quando não há impunidade, pais que corrigem e educam sem filhos sabem disto, é preciso estar sempre atento as ações e ao que cada pequeno gesto leva, educadores também sabem disto.

Como diz uma leitura bíblica, um dono de uma vinha arrendou-a e viajou, depois de certo tempo mandou os empregados cobrarem a parte do arrendamento (Mt 21,33) bateram nele e o mandaram de volta, mandou outros e também apanharam e voltaram sem nada e finalmente mandou o filho, então os arrendatários pensaram matamos ele e ficamos com a vinha, e Jesus lembra ao final da parábola de si próprio: a pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se a pedra angular.

É assim que o bem se estabelece, com aqueles que os maus rejeitaram, oprimiram e depois de muito sofrimento é possível estabelecer a paz e o bem comum.

A resiliência e o desenvolvimento do bem é maior que as grandes maldades, embora evita-las significa também evitar injustiças, desiquilíbrios sociais e principalmente mortes inocentes.

 

Porque o mal cresce

05 out

O senso comum é dizer que o mal cresce porque o bem se omite, em parte isto é verdade, pois o mal é ausência do bem, mas esta ausência pode ser por aporia (desconhecimento), pela má educação que forma mentes sem iluminação e por fim por puro orgulho e poder.

O poder é uma forma de legitimar tanto o bem como o mal, isto só é possível pela violência, e a violência generalizada é a guerra, assim esta é a forma mais clara e inequívoca do mal, nela a intolerância, o desprezo pelo diferente, a imposição de ideias e de injustiças é facilitada.

Assim em diversas épocas de nossa história foi por meio da violência que impérios e ditadores impuseram suas vontades e ideologias, não sem o consentimento de boa parte da população, por isso lembramos da má educação, seja através de campanhas de propaganda, seja pela própria escolarização empobrecida e malformada, as duas questões estão ligadas.

É preciso por isto estar atentos a gestão em todos os níveis, desde as nossas casas, bairros e condomínios até as estruturas de poder, pequenas ações ilegítimas, educação para empatia, convivência, limpeza e até mesmo o lazer devem ser observadas e orientadas pelos gestores e órgãos públicos no sentido de preservar o espaço comum e os bens públicos.

O zelo pela honestidade, pela transparência, pelo diálogo respeitoso entre opiniões que não são necessariamente opostos, mas diferentes ainda que em direções completamente divergentes não deve ser motivo de ódio e violência, é sempre possível o diálogo.

O mal precisa da polarização, da radicalização (no mal sentido, há o sentido bom que é ir a raiz de um problema), da pura desavença como forma de justificar e propagar a violência.

Assim como sementes de uma boa árvore, também as ervas daninhas e plantas venenosas tem raízes, cresceram meio a uma plantação saudável e o fato que devem crescer juntas pode ser um equívoco porque poderão sufocar as sementes boas, as pestes e doenças em plantas.

Também a cura destas pestes deve-se tomar cuidados, na agricultura diversos pesticidas já foram condenados, e até plantas resistentes as doenças podem ser questionadas, a mutação genética pode inserir um mal maior que o esperado, há muito diálogo ético a respeito.

Assim três cuidados devem ser considerados: a educação ética de valorizar o que é bom, o zelo para que o erro e a maldade não se propaguem e finalmente os métodos de correção devem ter o cuidado de não realizarem um mal ainda maior.

 

As religiões e o mal

04 out

Um dos grandes equívocos, já desenvolvidos em alguns dos posts, é a dualidade maniqueísta mal x bem, sem entender que o mal é justamente a ausência do bem, grande pensador cristão, Agostinho de Hipona se converteu justamente abandonando o maniqueísmo.

Conceito religiosos há muito esquecidos, ou que ficam submersos em pregações equivocadas impedem aquilo que seria o “fluxo natural da humanidade em direção a iluminação da alma”, o mal tem fontes arraigadas em forma de pensamentos antigos e cargas emocionais do passado e, apesar de obsoletas, ainda persistem impedindo o progresso das almas.

O remédio seria muito simples, quanto mais próxima da iluminação da alma menos o mal está presente, e mais almas iluminadas torna o mundo mais empático, harmônico e sem injustiças.

A ética e a moral que deriva da necessidade de progresso civilizatório não encontra espaço se não houveram almas e pessoas em posições de destaque com iluminação clara e convincente, é por isto que o mal tornou-se uma questão social, teológica ou ideológica, e as vezes ambas.

Não são só pensadores cristãos que afirmam isto, Hannah Arendt fala da Banalidade do Mal, Nietzsche da “morte de Deus” (ou como “matamos” Ele, claro impossível), Paul Ricoeur e Lévinas sobre o Outro e Byung Chul Han sobre na “Sociedade do cansaço” fala da vita contemplativa em complemento da vita activa (das quais Hanna Arendt também falou), lembrando inclusive pensadores cristãos.

A volta de ameaças de uma guerra, a crise social de valores morais (tudo é permitido!), antes que uma verdadeira crise civilizatória aconteça é necessária uma nova iluminação das almas (no quadro (na pintura: São Francisco expulsando demônios de Arezzo*, de Benozzo Gozzoli).

A ausência de compreensão da subjetividade e do imaginário humano, ou sua submissão a valores pouco iluminados, a ausência de compaixão com os semelhantes, a incompreensão do progresso como tendo aspectos positivos fundamentais, até mesmo para salvar o processo civilizatório, leva a sociedade a exaustão, a descrença ou a fatalidade de guerras e ódios.

Não é difícil encontrar em jornais e mídias sociais encontrar posições favoráveis ao processo de exclusão de pessoas de determinada opinião, religião ou mesmo simples discordância de valores morais duvidosos (veja o caso do aborto no Brasil nesse momento), os debates são estéreis e ao invés de argumentos as reações são de sarcasmo e ironia.

São sementes do processo mais amplo de crise civilizatória em andamento e detectada por grandes pensadores desde o século passado, creditá-las as novas mídias, ao ressurgimento de nacionalismos e correntes autoritárias é olhar apenas a consequência, a raiz é a ausência de alma iluminadas que ajudem a humanidade a contemplar seu futuro com maior grandeza.

*  Quando Francisco foi a Arezzo, havia o maior escândalo e uma guerra quase na cidade inteira, de dia e de noite, por causa de duas facções que havia muito tempo se odiavam. 

 

Exercícios para a reflexão política

03 out

Quando ingressamos no maniqueísmo percebemos apenas forças opostas sem discernir com clareza onde está o mal e a ética, todo exercício filosófico sobre o mal é visto a partir da moral.

Entretanto o que é moral ficou confuso, justamente porque o poder se confundiu com a violência, e a reflexão de Hannah Arendt sobre isto é bastante esclarecedora: “Poder e violência são opostos; onde um domina absolutamente, o outro está ausência (ARENDT, Entre o passado e o futuro: Oito exercícios para a reflexão política, 1961).

O argumento da filósofa é simples, difícil de ser entendido num mundo polarizado, mas diria é a primeira de suas reflexões sobre a política quando o poder é exercido de forma legítima, a violência é ausente. Isso significa que, em um sistema político saudável, o poder deve ser baseado no consentimento e na cooperação voluntária, em vez de recorrer à violência para impor a vontade de um grupo sobre outros, pois não há consentimento pelos outros.

Boa parte do raciocínio político hoje é exercer a violência contra os opostos, isto é sua própria negação, Arendt argumentava que liberdade e ação política são sinônimas, já que política não tem sentido enclausurada em si mesma, as famosas bolhas, ser livre é condição necessária para o exercício político, o exercício de cidadania, qualquer limitação torna-se violência.

A liberdade existe como condição plural do homem, em termos religiosos é o livre-arbítrio, em termos sociais é a possibilidade de agir livremente enquanto cidadão e ter proteção para tal, se esta condição é retirada não há outra definição ao sistema que não seja o autoritarismo.

Assim como nas artes: a música, a dança e o teatro a ação política é valorada como uma “virtude” todas teorias sérias desde Platão visavam esta participação na “polis”, mesmo o conceito amoral de virtú de Maquiavel, a performance necessita de uma “audiência” e de um espaço para que o espetáculo possa se realizar, na visão de Arendt, a pólis grega foi “uma espécie de anfiteatro onde a liberdade podia aparecer (ARENDT, 2001, p. 201).

Escutar o contraditório, permitir que ele se expresse é condição necessária para a política, o modelo de exclusão dos opositores não é senão um eufemismo para os ditadores.

Arendt não deixa de analisar a violência defendida por Marx, e retorna ao zoon politikon de Aristóteles e mal lido por leitores apressados: “… o qual pode ser difícil de perceber, mas do que Marx, que conhecia Aristóteles muito bem, deve ter sido cônscio” (ARENDT, 2001).

E continua: “A dupla definição aristotélica do homem como um zoon lógon ékhon, um ser que atinge sua possibilidade máxima na faculdade do discurso e na vida em uma pólis, destinava-se a distinguir os gregos dos bárbaros, e o homem livre do escravo. A distinção consistia em que os gregos” (Arendt, 2001, p.50), convivendo em uma polis […] conduziam suas ações por intermédio do discurso, através da persuasão, e não por meio da violência e através da coerção muda.

Para a filosofia teria sido uma contradição em termos “realizar a Filosofia” ou transformar o mundo em conformidade com a Filosofia sem que ela fosse precedida de uma interpretação, assim alertou Heidegger que a afirmação de Marx “os filósofos interpretaram o mundo, agora cabe transformá-lo” é contraditória, porque deve ser pensada qual transformação que se quer.

ARENDT, Hannah. Entre o Passado e o Futuro Trad. Mauro W. Barbosa de Almeida. 5.ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001. (um resumo, pdf)

 

Guerra em desgaste e paz em Nagorno-Karabakh

02 out

Enquanto a guerra russa/ucraniana entra numa fase de desgaste, uma região de fronteira tem um sinal de paz, ainda que signifique uma perda de território.

A luta pelo domínio da região de Nagorno-Karabakh, de maioria armênia remonta a séculos, entretanto o presidente da autodeclarada república de Nagorno-Karabakh, Samvel Shaharamanyan declarou que ela deixaria de existir a partir de 1º. de janeiro de 2023.

No século 18, quando a região sofria pressão da Pérsia, a czarina russa Catarina II emitiu cartas de proteção a eles, porém o conflito nunca foi totalmente resolvido.

O decreto assinado dissolveu todas as instituições estatais que serão desocupadas até o início de 2024, e mais de 100 mil armênios já deixaram o país, que já tem a presença de militares do Azerbaijão, de maioria muçulmana e apoiado pela Turquia, a Armênia é cristã e apoiada pela Rússia.

A região tem importância geopolítica porque desde a guerra da Rússia contra a Ucrânia, o Azerbaijão fornece milhões de barris de petróleos para a união europeia através do Mar Cáspio pela costa mediterrânea, e recentemente a Rússia anunciou que não fornecerá mais.

O genocídio armênio de 1915-1916 durante o Império Otamano levou muitos armênios a fugirem para esta região de Nagorno-Karabakh, desde então são chamados de azeris, durante a revolução russa a região continuou em conflito com o Azerbaijão, embora ambas fossem repúblicas soviéticas, os anti-armênios da cidade de Shusha mataram 30 mil armênios.

Com o fim da união Soviética, os armênios voltaram a se constituir como nação, mas o conflito de Nagorno-Karabakh permaneceu, houveram vários períodos de lutas na região, agora com a sessão do território esta república autônoma deixa de existir.

Apesar do temor dos armênios separatistas, esta nova situação é um grande sinal de paz.

Rússia e Ucrânia podem se inspirar neste modelo ou algo parecido, o mundo deseja a paz.

 

Entre o falar e o fazer

29 set

Longe da aporia (desconhecimento do mal) está a realização do bem, o bem universal, o bem comum, o bem que vê e explicita a vontade do Outro, aquele que elimina a simbólica do mal.

De boa vontade o inferno está cheio, mas não é bem assim, porque se for uma reta intenção ele pode sim produzir frutos na hora certa, porém há um bem não feito e mal feito, isto é mal.

Há uma determinação na vontade, que é a intenção, o tema já foi tratado por inúmeros filósofos, mais claramente na fenomenologia onde é uma categoria essencial, porém a intenção requer um hábito, e torna-la hábito requer coragem e determinação.

Uma confusão sobe a intenção é confundi-la com propósito, os psicólogos não gostam muito do termo porque envolve o futuro e coloca a causa dos comportamentos nos indivíduos e não na sua história de vida, muitos julgamentos apressados e equivocados, partem do “propósito”.

Porém um propósito feito de modo a conseguir superar traumas, condicionamentos maus ou algo que perturbar uma mente saudável e intencionalmente ativa ao bem pessoal e social, é um propósito que leva a uma intenção ligada a consciência.

Na filosofia o termo intenção está vinculado e é uma subcategoria da consciência, e isto é muito diferente da ação mágica que alguns defendem como “lei da atração”, por isto que os psicólogos não gostam, trata-se de ativar a consciência e com isto tornar a intenção saudável.

Esta intenção consciente leva a um fluxo de aprendizagem que este sim reelabora e torna a consciência mais clara das possibilidades e perspectivas saudável para a vida e torna o futuro presente em ações que levam a esta aprendizagem e elaboração da intenção.

Assim é possível que alguém vou e não vai, como é possível que alguém diga talvez não vou, mas acaba indo supondo é claro, uma direção saudável de uma reta intenção.

Um parábola bíblica que explica o que é a vontade num sentido mais pleno, é aquela que conta que um pai dono de uma vinha convida os dois filhos para ir trabalhar na vinha (Mt 21,28-30), o primeiro disse vou e não foi, o segundo disse não vou e foi, qual dos dois cumpriu a vontade do pai, todos responderam que foi o segundo, assim intenção é diferente de propósito e está relacionada a consciência.

 

As estruturas do mal

28 set

Se o mal é ausência do bem, é possível também que em nossas ações individuais por descuido, por intenção ou por maldade mesmo, desejando fazer o bem façamos o mal, como explicou Ricoeur no mal simbólico.

Depois que o mal se estrutura socialmente ele parece dar sentido aquilo que em consciência plena sabemos que não é moral ou socialmente correto, não se trata do politicamente correto aqui, mas aquela estrutura de sentido que se dá através da linguagem simbólica, um exemplo grosseiro, mas que serve aqui, os diversos tipos de preconceito que entram na sociedade.

Pode-se didaticamente dividi-lo em três tópicos, sendo o primeiro dentro da experiência humana, o segundo dentro de vários discursos onde o mal tem uma importância filosófica de aporia, isto entro de um pensar filosófico, e o terceiro como determinação da linguagem que pergunta se o mal existe em si mesmo ou ´uma realidade de denominação sobre coisas e ações em torno da existência.

É assim possível discuti-lo fora do sentido maniqueísta, não são polos que se opõe, mas sim estruturas simbólicas que penetram em nosso cotidiano como experiência, como aporia (dificuldade ou dúvida racional sobre sua existência objetiva) ou elemento simbólico da linguagem.

A simbólica do mal foi profundamente desenvolvida no livro de Paul Ricoeur, está ligada a transcendência humana que de alguma forma determinada a negação dos valores positivos da existência humana: defesa da vida, valorização da solidariedade, proteção dos mais fracos, etc. já a aporia é aquela que pela indefinição clara dela cair na indeterminação do bem.

A aporia não só nega o mal, nega a evolução humana (social, tecnológica, ecológica e moral), desconhece o imaginário, a transcendência e valores morais além dos aparentes, nega o Outro imaginando que assim estarei afirmando seu Ser, que na verdade não o compreende ou não está integrado, prevalecendo assim uma rigidez idealista sobre o que seria a transcendência.

Construir o nosso Ser interior, coloca-lo a serviço da sociedade em todos sentidos, em solidariedade com todos os outros não é só um bem, é condição de evolução civilizatória (por exemplo, cidades ecológicas, imagem).

A civilização evolui não apenas porque constrói novas estruturas, tecnologias e valores humanos, mas porque em algum momento deste processo ele passa por imaginação, transcendência e olhar ao Outro e ao redor.