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Arquivo para a ‘Bioengenharia’ Categoria

O lugar do homem na natureza

16 set

A terceira citação importante na Introdução do livro A natureza da NATUREZA é a citação de São João da Cruz, feita por Edgar Morin: “Para alcançares o que não conheces, deves seguir o caminho que não conheces”, por isto é preciso um epoché, uma total suspensão de juízos e conceitos.

Edgar Morin explica que a primeira “cristalização” do seu trabalho foi feita no livro Le Paradigme perdu (O paradigma perdido, de 1973), diz ser uma gestação prematura do seu método, ali “esforça-se por reformular o conceito de homem, isto é, de ciência do homem ou antropologia” (MORIN, 1977, p. 14).

Depois de contestar a tríade ciência Ʌ política, Ʌ ideologia, onde um dos três termos é absorvido pelo outro, vai criar outra tríade do indivíduo, partindo de Edward Sapir (Antropologie) que afirma que é absurdo separar o homem no individual e no social, ele acrescentará o biológico, para penetrar na natureza, e sua tríade é então o homem como um conceito trinitário [indivíduo Ʌ sociedade Ʌ espécie], “no qual nenhum termo pode reduzir ou subordinar o outro” (Morin, 1977, p. 14) e a partir daí vai elaborar seu conceito de complexidade.

Retomando sua questão: “Que significa o radical auto de auto-organização?” (idem) responderá que “ela reinstaura a problemática da organização viva”, a segunda “Que é organização?”, responderá introduzindo o conceito de antropossocial que complementa o conceito do físico, que não pode se limitar a química nem sequer a termodinâmica (a entropia é um conceito na desorganização) e por fim sua grande questão “O que é complexidade?” e isto significa que há uma ordem/desordem no desenvolvimento da natureza viva em um aspecto antropossocial.

Isto é importante porque coloca ele destacado no livro: “A realidade antropossocial projecta-se e inscreve-se precisamente no cerne da ciência física” (p. 15), o tema é longo, mas sendo sucinto: “O grande corte entre as ciências da natureza do homem oculta, simultaneamente, a realidade física das segundas e a realidade social das primeiras” (idem).

Assim toda realidade social depende de um modo da ciência física, e esta depende de certo modo da realidade antropossocial, o autor pergunta qual e procura responder em todo livro.

Também o teólogo e paleontólogo Teilhard Chardin procurou desenvolver no seu livro “O lugar do homem na natureza” esta crescente complexificação que vai das primeiras células até o homem, e para ele, seria este o resultado da complexificação geral das leis físicas e química da natureza.

Morin lembra o drama de nosso tempo, depois de discorrer sobre os ganhos científicos pelos métodos cartesiano/enciclopedistas partindo da célula e da molécula até os quasares, os pulsars, chegando ao DNA, porém “o homem fragmenta-se: aqui fica uma mão-no-instrumento, ali uma língua-que-fala, algures um sexo salpicando um pouco de cérebro” (p. 17).

Faz uma citação de Rebelais: “Ciência sem consciência não passa de ruína da alma” (idem).

MORIN, E. A natureza da NATUREZA. Lisboa> PUBLICAÇÕES EUROPA-AMÉRICA, LDA., 1977.

 

A ordem do Universo

30 mar

Na antiguidade clássica o modelo que predominou foi o Ptolomaico, que superou o modelo de Aristóteles (384-322 a.C.) que pensava que a Terra era o centro do universo, claro além de outros modelos que considerava a terra plana a Terra presa a uma “casca esférica” e outros.
Foram surgindo outras ideias, a sério porém o modelo de Claudio Ptolomeu (85-150) prevaleceu, até surgiu no final da idade média o modelo de Nicolau Copérnico (1473-1543), mas ainda era o Sol como centro do Universo, o importante aqui é a “ordem” matemática e geométrica que estabeleceu, que influenciou toda a ciência moderna.
O nosso limite como galáxia foi proposto na antiguidade por Demócrito de Abdera (450-370 a.C.), vendo a baixa brilhante no céu noturno, afirmou que ela consistia em estrelas distantes.
Foi só no século X, que o astrônomo persa conhecido como Azophi (Abd al-Rahman al—Sufi), que observou a Galáxia de Andrômeda, descrevendo-a como uma “pequena núvem” e foi redescoberta por Simon Marius em 1612, e em 1610 Galileu Galilei a confirmação que a Via Láctea era composta de várias estrelas.
O modelo da Via Láctea foi estabelecido por William Hershel em 1785 (desenho acima) e até a descoberta da expansão do universo, este era composto por galáxias e estas por estrelas e planetas.
Os modelos cosmológicos atuais vieram a partir da hipótese, hoje praticamente confirmada do clérigo Georges Lamaître (1854-1966), demonstrada por Edwin Hubble (1889-1953) e teorizada e completa pelo físico inglês Stephen Hawking (1942-2018) e seu aluno Roger Penrose (1931-).
Foi a partir do estudo de flutuações de densidade (ou irregularidades anisotrópicas da “matéria”(, que analisando as estruturas maiores começaram a se desenvolver, o resultado é o que chama-se de matéria bariônica que se condensam dentro de halos de matéria escura fria, e estas são as que formaram as galáxias como vemos hoje, porém a matéria e energia escura ainda são estudos.
O que queremos estabelecer aqui é como nossa visão de mundo e de matéria tem implicações também na visão dos estudos da vida, e no caso presente, das estruturas de viroses e pequenos organismos que podem ajudar a ciência a encontrar soluções para epidemias e pandemias.
Em estudo que estamos fazendo sobre publicações em Redes Sociais, o cientista como maior número de publicações na área de Redes é Carl A. Latkin, médico infectologista e que é membro do Centro para Medicina Global, o que não é mero acaso, nossa visão de mundo e de complexidade mudou e ela pode nos ajudar no combate a pandemia.

 

Primeiro biocomputador feito em Stanford

25 jul

Conforme notícia no jornal da Universidade de Stanford, uma equipe liderada pelo prof. Markus Covert, professor assistente de bioengenharia, utilizando dados de mais de 900 trabalhos científicos, conseguiram explicar toda interação molecular que ocorre no ciclo de vida da Mycoplasma genitalium, uma das menores bactérias conhecidas.

Embora existam muitos problemas, como por exemplo, a compreensão da interação entre genes, outro prof. Diretor do Instituto Nacional de Saúde, James M. Anderson afirmou que “esta conquista demonstra uma transformação na abordagem para responder questões sobre os processos biológicos fundamentais”, porque os “modelos de computadores mais abrangentes de células inteiras têm o potencial de fazer avançar nossa compreensão sobre a fundação celular e, em última instância, pode informar sobre novas abordagens no diagnóstico e tratamento de doenças”.

A diferença da abordagem é explicada por um estudante co-autor do artigo sobre a descoberta, Jayodita Sanghvi, explicando que muitos problemas podem estar na interação de milhares de genes e não em um único gene como se imaginam em muitas abordagens, mas agora deve-se “trazer todos esses dados em um único lugar e ver como ele se encaixa”, referindo-se a interação de diversos genes.

O artigo “The Dawn of Virtual Cell Biology”, foi publicado na revista Cell, e tem a seguinte lista de autores: Jonathan R. Karr, Jayodita C. Sanghvi, Derek N. Macklin, Miriam V. Gutschow, Jared M. Jacobs, Benjamin Bolival, Nacyra Assad-Garcia, John I. Glass e Markus W. Covert .

 

Modelo simula todos movimentos humanos

01 nov

O corpo humano tem aproximadamente 640 músculos, segundo especialista depende do movimento e do que
se quer saber sobre o corpo. Seja como for o número é grande e segundo o bioengenheiro Scot Delp da Universidade de Stanford, foi feito um modelo no qual quase todos os músculos e movimentos estão programados.

Apenas nas pernas são mais de 100 músculos, quase todos necessários para manter o equilíbrio e caminhar corretamente e assim os comando enviados pelo cérebro não são tão simples quanto podemos pensar, e em muitos casos é preciso unir esforços e teoria da bioengenharia, da engenharia mecânica e da cirurgia ortopédica para ajudar uma pessoa.

Uma ferramenta iterativa open source foi criada, chamada OpenSim, e estará exposta num exposição de Museu no The Leonardo , um museu de ciência e tecnologia em Salt Lake City, onde OpenSim faz parte de uma exposição explorando o movimento humano.

A ideia de unir museu e software de modelagem é de Andy Anderson, professor assistente de pesquisa da Universidade de Utah School of Medicine.

Como professor visitante foi trabalhar com Delp e Jennifer Hicks durante este verão passado (inverno no Brasil) e juntaram as peças até obterem OpenSim para lançarem na exposição em sua cidade natal, Salt Lake City.

A exposição Leonardo de Salt Lake City é curiosa pois caminhando pelo piso sensível a pressão, você tem resultados que apresentados no outro lado com saídas em código de cores de impressão conforme sua distribuição de peso, identificando até mesmo desequilíbrios leve que pode ser colocar tensão indevida sobre seus membros e articulações. São defeitos de posturas e andar que pode levar a dor ou a artrite.  Segundo os pesquisadores mesmo algumas anormalidades relativamente pequenas podem levar a cirurgias tão radicais como a de substituição de quadril e joelho, podem em certos casos tornarem-se necessárias.

Segundo disse Andy a ACM Tech News: “Este é um estudo divertido porque as pessoas podem inserir e ver vários movimentos ortopédicos e ver como eles afetam o seu movimento”.

Como a exposição é dirigida a crianças, para tornar as pesquisas mais acessíveis a um público mais jovem, a equipe de desenvolvimento do OpenSim está criando um jogo de futebol interativo . O jogador do mundo real ajusta a força de dois músculos da perna sobre o jogador de futebol simulado para gerar a força necessaria

“Esta é uma versão simplificada de nosso software, mas afiando as coisas para baixo a apenas dois músculos, podemos fazer a ciência das crianças algo movimento pode entender e se divertir com”, disse Hicks, um engenheiro mecânico e gerente do projeto OpenSim em Stanford.

Afirmou Hicks: “O mais importante, é ser baseado em física real e fisiologia realista, e ele serva para que realmente tanto ensine como diverta.”