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COP20 e a geopolítica
O tema será evitado em ser tocado diretamente, já que países árabes como o Egito e a Turquia participam da conferência e a Rússia estará presente através do ministro das relações exteriores Serguei Lavrov.
O Brasil sedia a conferência que deverá ir até a segunda feira, o G20 ou Grupo dos 20 foi formado com sentido econômico após as sucessivas crises financeiras da década de 90, em 1999, ministros de finanças, chefes de bancos centrais das 19 maiores econômicas do mundo mais a União Africana e a União Europeia, visavam criar um grupo econômico forte que coordenasse ações globais na economia.
Estes países representam 90% do PIB mundial e 80% do comércio mundial (incluindo o comercio intra-EU) e dois terços da população mundial, esperasse algo de muito interesse econômico, mas temas como opções de gênero e geopolítica (indiretamente o tema será tocado) devem ser evitados e como nas edições anteriores o clima deve ser o grande tema, porém há uma expectativa que o tema taxação de grandes fortunas avance.
O texto base já está sendo elaborado nos bastidores e deve avançar até a madrugada de terça- feira para apresentação do texto final, a reunião é relevante para a paz, ainda que não seja tema do encontro, porém a conversa de líderes e ministros destes países melhora a relação.
Enquanto isto a guerra no leste europeu vai tomando contornos dramáticos, a capital Kiev da Ucrânia tem sido constantemente atacada por drones e os Estados Unidos deram permissão para Kiev usar misseis de longo alcance que poderão atingir alvos dentro da Rússia.
No oriente médio há uma expectativa de acordo de Israel com o Líbano, mas os bombardeios continuam e o Irã não participa desta negociação, assim o Hezbollah permanece em guerra.
Espera-se da COP20 além dos tradicionais temas sobre a emissão de gases e problemas sobre o clima que algum aceno para a paz seja lançado, uma vez que Rússia, China e Estados Unidos estarão presentes na Conferência.
Em novo cenário geopolítico a pax romana
Durante a campanha eleitor Donald Trump disse que encontraria uma solução para acabar com a guerra “em um dia”, suas ações e falas recentes apontam para uma Pax Romana (na foto o imperador Júlio Cesar em campanha).
A paz romana era aquela considerada quando uma nação se submetia ao império romano, as conversas do novo presidente eleito (ainda não empossado) Donald Trump com Putin e Zelensky, assim como sua fala sobre o Oriente Médio apontam nesta direção.
Segundo o jornal americano Washington Post no domingo Trump já teria falado com Putin e Zelensky, ao presidente russo teria dito que é preciso evitar a escalada da guerra e a Zelensky afirmou que continuaria apoiando a Ucrânia, mas sem estabelecer claramente quais seriam os limites e orçamentos.
Já com Israel o recado aos antissemitas foi mais duro, dizendo para desistir de ações contra Israel.
Curiosamente nas eleições americanas o republicano teve ligeira vantagem de 21% dos votos islâmicos contra 20% da democrata, porém a maioria foi do partido verde, Jill Stein obteve 53% dos votos sendo um segmento que ganhou, nas eleições da câmara dos deputados.
A vitória de Trump foi comemorada por israelenses, ali a pax romana será mais clara, a submissão aos interesses de Israel e aceitação dos limites territoriais.
Sua fala sobre a região foi o que disse a Netanyahu para “acabar logo com isso” embora tenha acrescentado “a matança tem que parar”.
O problema da pax romana é que ela não elimina as disputadas e rancores, que permanecem apenas adormecidos e podem explodir de novo a qualquer momento, enfim é o que foi dito por Trump como “paz por meio da força”
A paz verdadeira significa novos horizontes além dos conflitos e povos que possam por meio de acordos razoáveis viverem em paz.
Desenvolvimento, poder e civilização
A política dominada pela arrogância do poder, pelo pouco serviço as causas sociais e pelo desprezo e desrespeito a cidadania do cidadão comum é a vida pública deteriorada.
A polarização em dois grandes blocos políticos não aconteceu recentemente, Edgar Morin em seu livro Terra-Pátria já afirmava: “A guerra fria começa já em 1947. O planeta está polarizado em dois blocos, travando em toda parte uma guerra ideológica sem remissão. A despeito do equilíbrio do terror atómico, nem por isso o mundo se acha estabilizado” (Morin, 2003, p. 30).
Que tipo de crise é esta? em outros livros Morin fala da crise do pensamento, neste de uma crise do desenvolvimento: “Nossa civilização, modelo do desenvolvimento, não estará ela própria doente do desenvolvimento?” (Morin, 2003, p. 83).
A crise civilizatória que vivemos, tem efeitos colaterais: “Os indivíduos só pensam no dia de hoje, consomem o presente, deixam-se fascinar por mil futilidades, tagarelam sem jamais se com- preender na torre de Babel das bugigangas. Incapazes de ficar quietos, lançam-se em todos os sentidos” (Morin, 2003, p. 84).
Outro efeito é os jovens: “Quando a adolescência entra em rebelião contra a sociedade, quando ela “se extravia” e mergulha na droga pesada, acredita-se que é apenas um mal da juventude; não se percebe que a adolescência é o elo fraco da civilização, que nela se concentram os problemas, os males, as aspirações difusas e atomizadas noutra parte”. (Morin, 2003, p. 85).
O que acontece é que entramos numa “corrida cega” como a chama Morin: “A corrida da tríade que se encarregou da aventura humana, ciência/técnica/indústria, é descontrolada. O crescimento é des- controlado, seu progresso conduz ao abismo”. (Morin, 2003, p. 92).
Certamente produzimos frutos civilizatórios importantes: “Ah, certamente! Shelley, Novalis, Hulderlin, Pushkin, Rimbaud, Bach, Mozart, Schubert, Beethoven, Mussorgski, Berg são os frutos históricos de um desenvolvimento civilizacional; mas a obra deles transcende esse desenvolvimento, ela exprime nosso ser-no-mundo, fala-nos do indizível, leva-nos ao limite do êxtase, lá onde se atenua a influência irremediável do tempo e do espaço” (Morin, 2003, p.107).
Porém os donos do poder, envoltos em seus devaneios megapolíticos, de impérios e lutas que não contemplam a grandeza humana e civilizatória, incapazes em sua arrogância de abrir mão de privilégios e de outros povos e nações como aliadas e amigas, incapazes de resolver os problemas sociais e climáticos.
Diz o evangelho sobre estes, que são também os de religiosidade farisaica: “Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão: “Tomai cuidado com os doutores da Lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso eles receberão a pior condenação” (Mc 12,38-40)
MORIN, E. e Kern, Anne-Brigitte. Terra-Pátria, trad. por Paulo Azevedo Neves da Silva. — Porto Alegre: Sulina, 2003.
Um novo meta-desenvolvimento
Encaramos viver como uma vida intensa de ação, prazer e desprezo pela verdadeira alegria de viver, aquele gaudio e paz que só corações solidários podem sentir.
Escreveu Edgar Morin sobre o meta-desenvolvimento:
“O desenvolvimento é uma finalidade, mas deve deixar de ser uma finalidade míope ou uma finalidade-término. A finalidade do desenvolvimento submete-se ela própria a outras finalidades. Quais? Viver verdadeiramente. Viver melhor.
Verdadeiramente e melhor, o que significa isso?
Viver com compreensão, solidariedade, compaixão. Viver sem ser explorado, insultado, desprezado” (Morin, 2003, p. 106).
Isto deve estender a todos povos, religiões e culturas do planeta, não haverá verdadeira processo civilizatório, justiça e liberdade sem estes valores, caras conquistas da humanidade.
Não apenas Edgar Morin sonhou com uma cidadania planetária, todos verdadeiros sonhadores e humanistas sonharam com ela, embora alguns se limitem a olhar os fracassos, a vida plena e a liberdade que não ignora os direitos dos outros é a única capaz de conduzir um novo momento.
Talvez as guerras e todas as mazelas que elas envolvem: lutas econômicas, politicas e até religiosas (uma verdadeira religião jamais contemplaria a menor violência contra a vida) é preciso sobretudo resistir e ter esperança que um futuro novo poderá vir, talvez com os sofrimentos atuais, diria uma “paixão violenta” na vida planetária com ameaças e guerras.
A que tipo de retrocesso, uma verdadeira barbárie estamos caminhando, já percebi o gênio e a sagacidade de Morin, da dupla barbárie: “É verdade que em todos os tempos, em todos os lugares, a humanidade se viu diante da necessidade de resistir à crueldade difusa feita de maldade, desprezo, indiferença. As duas barbáries presentes são formidáveis desenvolvimentos de crueldade: a crueldade odiosa vem da primeira barbárie e se exprime no assassinato, na tortura, nos furo- res individuais e coletivos, a crueldade anónima vem da barbárie tecno-burocrática” (Morin, 2003, p. 100).
Morin percebeu o retrocesso depois da primavera vivida em 1989-1990, onde os muros caíram, agora eles se reerguem é preciso resistir, conforme afirma em seu texto.
MORIN, E. e Kern, Anne-Brigitte. Terra-Pátria, trad. por Paulo Azevedo Neves da Silva. — Porto Alegre: Sulina, 2003.
Provocações, ameaças e esperanças
As guerras continuam ameaçando a paz mundial, e as grandes potências estão envolvidas de modo crucial para que isto aconteça, não há discursos pacíficos nem humanitários, as forças envolvidas lançam uma grande sombra sobre toda a humanidade: uma guerra global.
O ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, em entrevista a agência de notícia RT declarou: “Os Estados Unidos estão errados ao pensar que a Rússia nunca ultrapassará uma certa linha no que diz respeito ao uso de armas nucleares” e de fato a Rússia tem feito exercícios militares neste sentido, mas em outros discursos o ex-presidente russo sempre reconheça que seria um desastre sem precedentes.
Outro polo de tensão é um confronto direto Irã e Israel, agravado por ataques e revides recentes entre as duas nações, o presidente iraniano Ali Khamenei declarou: “Os inimigos, tanto os EUA quanto o regime sionista [Israel], devem saber que certamente receberão uma resposta devastadora pelo que estão fazendo contra o Irã e a frente de resistência” se referindo aos grupos aliados ao Irã, incluindo Hamas e o Hezbollah.
A China também realiza exercícios militares em torno da ilha Taiwan, no domingo (04/11) 35 drones ultrapassaram a linha divisória entre os dois países no estreito de Taiwan (figura), que manteve apenas a prontidão do seu serviço de defesa, uma vez que não foram efetuados ataques.
Há sempre uma esperança de paz e que os líderes entendam o número de vítimas, de injustiças e de flagelos que as guerras trazem, a paz é uma condição civilizatória para todos.
Se a noite da humanidade vier
O que fazer se a crise civilizatória chegar aos limites humanos e continuar a se humanizar? abordamos em posts anterior a tomada de consciência que Edgar Morin trás no capítulo 4 do livro Terra-Pátria sobre as “nossas finalidades terrestres”
É nele que o autor trabalha também o aparente paradoxo: conversar/revolucionar, trata- se de entender a mudança sem abandonar os principais princípios humanitários: “A tomada de consciência de nossas raízes terrestres e do nosso destino planetário é uma condição necessária para realizar a humanidade e civilizar a Terra” (Morin, 2003, p. 99) pois o adjetivo “revolucionário” tornou-se reacionário e muito manchado de barbárie” (idem).
O autor acrescenta mais a frente: “Aqui aparece um outro problema: há um poder das ideias sobre a realidade, o que suporia uma realidade e uma força das ideias? Conforme já tivemos ocasião de mostrar, as ideias e os mitos adquirem realidade, impõem-se nos espíritos e podem inclusive impor-se na realidade histórica, violentá-la, desviá-la” (Morin, 2003, p. 126) e isto é muito relevante no contexto atual.
Isto é complementado por Morin ao salientar que “conservar/revolucionar: é o paradoxo progredir/resistir”, onde o resistir é “estar na defensiva em todas as frentes contra os retornos e manifestações da grande barbárie, escrito antes do novo milênio, isto é muito atual em face a possibilidade de guerra.
Escreveu Morin naquela época, o que hoje é a realização de uma profecia: “A primavera dos povos de 1989-1990 sofreu um regelo. Todos os seus germes de liberdade estão em via de destruição. A grande barbárie faz um grande retorno” (Morin, 2003, p.100).
Resistir agora então significa não abandonar valores humanitários, também na atualidade Morin falou sobre “resistência do espírito” que é conservar em nós os mais caros valores da vida, do humanismo e da crença em valores verdadeiramente “divinos”.
Não acreditar que fomos feitos para a guerra, para a barbárie e temos um destino cruel, embora o panorama mundial seja sombrio, é preciso resistir com a armadura da paz.
MORIN, Edgar & Kern, Anne-Brigitte. Terra-Pátria. Trad. Paulo Azevedo Neves da Silva. Porto Alegre : Sulina, 2003.
A guerra escalou
No final de semana Israel revidou os ataques do dia 1º. de outubro quando o Irã lançou cerca de 200 mísseis contra Israel, pela morte do líder do grupo extremista Hezbollah Hassan Nasrallah, os alvos aparentemente foram todas bases militares e o Irã lamentou a morte de 4 militares.
Os alvos também não são claros, porém há relatos das cidades na Síria de Homs, Damasco (capital) e Daraa, no Irã as cidades de Karaj (arredores de Teerã), as cidades de Mashhad, Isfahã e Shiraz (gráfico), até a noite de ontem (27/10) poucos revides do Irã aconteceram.
Porém o envolvimento direto de Irã e Israel, o clima na região é explosivo e já escalou.
Também na Rússia, soldados norte-coreanos foram enviados para reforçar a guerra na Ucrânia, além de treinamento que será recebido, também muitos, segundo fontes da Ucrânia, serão enviados para a região invadida de Kursh, onde a Ucrânia mantém o domínio, este envolvimento também mexeu com a Coréia do Sul, com o qual tem os maiores litígios.
O envolvimento também se projetou na reunião do Brics feita em Kazan, a formação de um bloco econômico é uma das formas de enfrentar as diversas formas de bloqueios feitas aos países que estão em guerra ou sob ditaduras militares, não acaso, estão envolvidos em guerras.
Ainda há esperança de paz, sempre para aqueles que não desejam soluções autoritárias e bélicas, ainda que os problemas envolvidos sejam graves, porém as guerras não os resolvem e ainda na maioria das vezes pioram as possíveis saídas sustentáveis.
Apontamos no último post, fazendo uma releitura de Edgar Morin, salientamos o seu capítulo Conservar/Revolucionar do seu livro Terra-Pátria, onde salienta que não podemos mudar para um novo horizonte futuro abandonando as conquistas humanísticas já conquistadas, direitos humanos, liberdades democráticas e tolerância cultural-religiosas de todas etnias.
Sempre esperamos uma reviravolta, ainda neste quadro grave, é preciso uma resistência do espírito, ou seja, onde os valores humanos fundamentais estejam assegurados.
Perigo real, semana decisiva para a paz
Diversas são as articulações para a paz, porém as guerras vão revelando seus aspectos mais sombrios, a morte de Ibrahim Akil, um dos chefes das operações militares do Hezbollah, fez a organização declarar “guerra indefinida” contra Israel.
Neste domingo trocaram fogo pesado, com aviões de guerra israelenses realizando o mais intenso bombardeio em quase um ano de conflito no sul do Líbano, o Hezbollah por seu lado disparou foguetes em direção ao norte de Israel.
As negociações de paz assim ficam paralisadas, ainda que o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin tenha trocado seis telefonemas na semana com o colega israelense, ele mostra uma preocupação séria com a escalada do conflito, pedindo solução diplomática.
Na Ucrânia, as articulações para a paz mostram também neste aspecto uma polarização, Brasil e China tentam dialogar com Putin, enquanto países da Europa e os Estados Unidos tentam o diálogo mais favorável as pretensões de paz da Ucrânia.
O que mais assusta são as ameaças nucleares, a Rússia sempre lembra o assunto e agora a Ucrânia diz que os russos também planejam ataques a usinas nucleares cujos efeitos seriam aterrorizantes, basta lembrar Chernobyl, claro neste caso foi um acidente, mas os efeitos deveriam estes dois países que vieram aquele momento, jamais desejarem repeti-lo.
Em 26 de abril de 1986, o reator número 4 da central nuclear de Chernobyl, então republica soviética ligada a Moscou, sofreu um colapso catastrófico que fez o governo evacuar 30 km em torno da usina, cuja área é inabitável até hoje, a temperatura chegou a 2.600 o. C, 4 vezes maior que a lava de um vulcão.
As fontes indicam de 2 a 50 pessoas morreram na explosão, dezenas de outras pessoas contraíram doenças graves provocadas pela radiação, algumas das quais morreram mais tarde. Entre 50 e 185 milhões de curies (unidade de atividade de radiação) de radionuclídeos (formas radioativas de elementos químicos) escaparam para a atmosfera – várias vezes mais radioatividade do que a criada pelas bombas atómicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão (na foto monumento aos trabalhadores que combateram o incêndio de Chernobyl).
Os reatores modernos incorporam mais dispositivos de segurança para evitar um desastre como Chernobyl, porém no caso de um “acidente” de guerra o controle pode ser difícil.
Espera-se que seja possível um retrocesso nas guerras, o fato que existem países empenhados, ainda que polarizados, é um alento e também aqueles que veem a crise civilizatória que iriam desencadear pode servir para que mentes inflamadas pelo ódio possam arrefecer sua ira.
A crise do pensamento e a guerra
O cenário do envolvimento mundial nas guerras é um cenário difícil, é preciso entender o que está por trás, antes tempos um confronto cotidiano entre mentes, almas e interesses econômicos que se digladiam diariamente.
Refletem a crise do pensamento contemporâneo que não é apenas filosófica, religiosa ou política, ela e uma perda de fundamentos do que é o humano, a natureza e a própria ciência.
A visão de Sloterdijk expressa em sua esferologia no volume I Bolhas, ele mostra que o tanto o fenómeno onto como antropológico são mais essenciais que a a relação entre sujeito e objeto, pois precedem a ela a experiência espacial do Ser-em (ainda que não seja exatamente o que Heideger chamou de In-Sein), esta é a principal crítica ao idealismo contemporâneo.
No campo religioso (e pode-se estender ao pensamento), o ensaísta Byung-Chul Han, reflete que o “pathos da ação, bloqueia o acesso à religião. A ação não faz parte da experiência religiosa.” (Vita Contemplativa de Byung Chul Han, pg. 154), assim a religião também está em “guerra” cotidiana que leva no extremo a guerra militar.
O ódio que chegou ao Irã e seus grupos aliados e a Israel estão vinculados a esta ideia, e também o fundamentalismo que é diferente da ortodoxia, levam aos extremos da guerra.
Enquanto a ortodoxia proclama o amor e o vínculo ao próximo, a ação leva a guerra e a destruição do diferente, nada é tolerado que não seja semelhante ao “modelo” do ideal ou da ideologia que dele derivou, as ditaduras e opressores proliferam pelo planeta.
A preparação do Irã e de Israel para uma guerra total sem intermediários, e da Otan com a Rússia estão cada vez mais próximas, claro sempre é possível um bom senso e saber que todos perderão, mas a lógica da guerra é sempre alguém perderá mais, e isto constitui a vitória.
A aproximação da Rússia de Kharkiv e a entrada da Ucrânia em território russo demonstra que a guerra é de conquista e assim reduzem a possibilidade de um acordo de paz.
Sempre é possível a esperança e nela consiste a resistência do espírito e o desejo de paz.
Acirram as guerras e seus crimes
Tanto no leste europeu quanto no oriente médio a violência contra civis aumenta e a guerra toma cada vez mais proporções mundiais com a presença de forças dos EUA e da Europa.
O avanço da Ucrânia sobre a Rússia tem uma reação de múltiplos bombardeiros de regiões civis por parte da Rússia, enquanto a Ucrânia avança em território russo e tenta se consolidar dentro deste território, sofrendo revezes no leste onde as forças russas se aproxima de Kharkiv.
Na fronteira do Líbano e na Cisjordânia, Israel e o Hezbollah trocam fogo através de foguetes, o primeiro- ministro Benjamin Netanyahu foi condenado pelo procurador do Tribunal Internacional Penal Internacional pelos crimes contra a humanidade e crimes de guerra em Gaza, o Hamas por outro lado matou 6 reféns quatro homens e duas mulheres que estavam no festival de música, palco do terrorismo feito pelo Hamas em território israelita.
O clima é de guerra total, Israel se declarou “em guerra”, há evacuação de civis em Gaza, e diversas empresas aéreas cancelaram voos para Israel.
O quadro é bastante preocupante porque cada vez mais é um caminho sem volta, uma guerra total é cada vez mais possível, o ministro das relações exteriores da Rússia falou abertamente do assunto, na terça-feira passada (27/08) disse que “o ocidente está brincando com fogo”.
O ministro e porta voz ameaçou diretamente os EUA afirmando: “os americanos associam inequivocamente as conversas sobre a Terceira Guerra Mundial como algo que – se, Deus nos livre, acontecer – afetará exclusivamente a Europa”, assim assume que a possibilidade existe.
Certamente o aviso é claro, e a situação de tropas ucranianas em uma área de 1.200 km2 dentro da Rússia não é apenas um incomodo, mas mostra ao menos pontualmente, uma fragilidade militar da qual a Rússia sempre se orgulha, o país nunca abandonou a educação bélica, que é ensinada até mesmo nas escolas estatais.
A preocupação mundial é a tensão no oriente médio, infelizmente não há perspectiva de desarme e tanto a condenação de Netanyahu como a morte de reféns pelo Hamas é lenha na fogueira que alimenta o ódio e a guerra, setembro que se inicia traz preocupações mundiais.
Do lado do leste europeu, é possível costurar alguma trégua e um caminho para a paz, se a Europa e o OTAN quiserem, claro e a Rússia admitir a negociação, com as derrotas recém e a preocupação com seu território isto pode acontecer, porém o envolvimento de diversos países é muito preocupante, é preciso uma sinalização clara de respeito a soberania russa.
A paz deve ser desejada e praticada por todos, é preciso desarmar os espíritos, o clima global é tenso.