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Plataforma de leitura de manuscritos

06 mai

Uma plataforma digital foi lançada pela biblioteca da Universidade de Uppsala oferecendo um banco de dados deUppsalaLibrary obras digitalizadas a partir de acervos de patrimônio cultural, com obras manuscritas com pesquisas feitas a partir de software de reconhecimento de manuscritos.

A iniciativa foi feita a partir da competição com outros softwares em todo mundo para aplicativos que torne viável a pesquisa em textos, tornando disponíveis acervos de enormes valores não apenas históricos, mas também econômicos, conforme observou o pesquisador Anders Brun da Universidade de Uppsala, conforme o site desta universidade.

A decodificação dos textos manuscritos foi feito por um método que permite ao computador interpretar uma imagem digital de textos usando conhecimento especializado, que usa uma pequena parte do material para identificar a forma e o estilo de escrita numa pequena parte do texto, e depois a leitura é automatizada usando padrões da amostra experimental.

Foi necessário um foco colaborativo interdisciplinar devido à relevância do projeto para várias humanidades, como por exemplo, as pesquisas feitas em manuscritos da biblioteca do Vaticano, que se feito sem este processo digital custaria uma pequena fortuna, explicou Anders Brun na notícia do site da Universidade de Uppsala.

 

O que está sendo aprendido online ?

05 mai

Um novo relatório sobre os MOOCs (Massive Open Online Courses) foi publicado no final deComputerOnline abril e pode mostrar avanços e retrocessos nestes novos meios de educação massiva.

O relatório, novamente financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates (o primeiro também foi e fizemos um post), foi coordenado por George Siemens, um especialista em tecnológica-acadêmica da Universidade do Texas em Arlington, e afirma que o entusiasmo frenético inicial parece agora um pouco mais brando: “É quase como de passássemos agora por um período vergonhoso em que esquecemos que estávamos pesquisando e como éramos cientistas, nos apressamos a tomar decisões e proclamar coisas que não eram de todo científica”, afirmou para a publicação  do Wired Campus.

O objetivo então deste novo relatório é o de oferecer temas de investigação: o envolvimento dos alunos e o sucesso da aprendizagem, num processo de auto-regulação e aprendizagem social, análise de redes e aprendizagem em rede, incluindo: motivação, atitude e critérios de sucesso.

Siemens entendeu o básico das redes, por isto talvez afirmou ser vergonhoso, que sem o envolvimento dos alunos. “agora assunto de particular interesse”, torna-se apenas uma distração à distância e está “é literalmente apenas um clique de distância”, conforme o relatório publicado (download).

Cinco temas-chave de pesquisa foram identificados no relatório: o envolvimento dos alunos eo sucesso de aprendizagem, design Mooc e currículo, a aprendizagem auto-regulada e aprendizagem social, análise de redes sociais e de aprendizagem em rede, e motivação, atitude, e critérios de sucesso.

O engajamento nomes de relatórios aluno como um tema de destaque. Muitos estudantes matriculados em MOOCs são não-tradicionais, para ter certeza que eles estão envolvidos e capaz de ter sucesso em tal curso é ainda mais importante.

O professor Siemens disse que espera que o relatório ajude faculdades a tomaem r decisões inteligentes, com base em pesquisas e evidências, ao criarem seus campi digitais.

 

Tecnologia, ciência e renascimento

04 mai

A arquitetura dos monges cirtercienses, foi seguida da gótica das catedrais medievais e osTetoStrahov avanços técnico com uso de arco (sustentação de vão livre de telhados e até de pontes) foi produto da idade média, a invenção da prensa móvel (os tipos móveis chineses já existiam) e mais tarde a compreensão interiorizada (o silêncio da leitura era novidade) foi importante como o primeiro passo para a democratização da escrita e o aprendizado “scholar”, cuja palavra tem a raiz latina “escolástica”.

Entre as bibliotecas mais belas do mundo (veja a lista das top 10) está a da Abadia de Admont funda em Admont na Áustria em 1074 e embelezada 1776 com tons dourados, e a biblioteca e a biblioteca do monastério de Strahov na república Tcheca além da 1143, e fato pouco citado, os monges construída cerca de 3.500 bibliotecas no mundo medieval, o saber não era popular era verdade, mas foi um período de construção que culminou com a prensa escrita.

A disseminação da cultura escrita através de livros, vai iniciar um processo de democratização do aprendizado, que não era possível sem a reprodução de livros e inclusive a invenção dos óculos já que grande parte da população era míope, e permitiu uma propagação mais rápida das ideias, que facilitará o caminho para a expansão da razão, das ideias e da cultura.

tecnologia das grandes navegações permitirá não apenas a expansão marítimo-comercial Europeia, porém serão os avanços científicos que descobrirão um número extraordinário de novas espécies de animais e plantas, além de novas formações geológicas e climáticas.

Tudo isto está em cheque incluindo a própria tecnologia, devo mudar para um pensamento complexo e olhar para o planeta como uma pátria de todos, mas não se pode jogar fora o progresso e o avanço que o renascimento deu origem, talvez um novo re-renascimento.

No afresco do teto de Strahov (foto) feito no século XVIII foi chamado de O esforço da humanidade para obter a verdadeira sabedoria, penso que é este nosso esforço.

 

Idealismo, Fenomenologia e política

01 mai

Grande parte da esquizofrenia política que vivemos está nos fundamentos do pensamento, afirmamos uma
coisa e o que está acontecendo é outra, colocamos gente ultraconservadora para concertar uma economia pretensamente avançada, e chega-se ao absurdo de vermos coronéis políticos desfilando de revolucionários, nada mais fragmentado (pelo idealismo).

Nada mais idealista e de certa forma “fundamentalista” ideológico do que defender que todos problemas foram criados pela mídia reacionária, pela distorção dos fatos, enquanto os fenômenos a nossa volta (o valor das coisas, o custo de qualquer empréstimo, enfim a vida) dá para ver que não se trata de propaganda e sim de fatos, mesmo que fosse lido por um idealismo, mas objetivo.

A definição de idealismo é simples e complexa, o sujeito pensa sobre as coisas (objetos), mas tudo não passa da percepçãoIdealismo e da forma que o sujeito (a pessoa que o pensa) percebe as coisas, isto nasceu de uma ideologia, mas ela percorreu um longo caminho desde a elaboração de Immanuel Kant até o seu questionamento e síntese em Hegel, que é um idealismo absoluto que reduz o ser a consciência.

O idealismo transcendental de Kant é a doutrina que sendo os homens incapazes de compreenderem exatamente como são as coisas-em-si, criam representações subjetivas construídas pela cognição humana, ou seja tudo é apenas uma representação da realidade e não como ela é.

Há um idealismo objetivo, ou um Hegel de ponta cabeça: o materialismo.

Foi Edmund Husserl que questionou esta visão dos fenômenos, tinha na cabeça duas questões: Como pode ocorrer a verdade objetiva sobre o que está fora da própria consciência? Como o ser humano pode ser capaz de ter conhecimento confiável sobre o que não é imanente aos seus próprios sentidos? Os idealismo responde não as duas questões e responderia também na política, porém alguém com consciência política não dogmática responderia sim corrupções, educação e saúde muito comprometidas e preços cada vez mais altos no dia a dia.

O pensamento de Husserl passou por muitas reviravoltas, lendo sua obra apesar dos termos alternativos conceitos iguais, em diferentes momentos, é visível três períodos identificáveis ​​em sua obra começar com um matemático período inicial, Brentano de influência de 1887-1901, e um período de meio idealista dura de cerca de 1905-1927, e alguém que retorna ao Ser e a ontologia no final de sua vida, em uma obra de sua maturidade Meditações Cartesianas (feitas na Sorbonne de Paris, em fevereiro de 1929) ele indaga o sujeito transcendental: Qual o caminho da imanência do Eu para a transcendência do Outro? E reconfigura a psicologia através da fenomenologia, é o início da retomada ontológica.

 

Idealismo ou realismo, imanente e transcendente

30 abr

Realismo e Idealismo são duas filosofias que competem, em especial no campo do conhecimento Idealismoe da educação, desde a Grécia antiga, essas teorias influenciam a filosofia da educação até os dias de hoje, e você sem saber pode aderir a elas.

A ideia é o básico do Idealismo já que ele se concentra na razão e no raciocínio e ela é o modo pelo qual uma pessoa traz à tona o conhecimento que tem dentro de si.

Na sua visão, o mundo existe principalmente na mente das pessoas e isto é verdade definitiva portanto devemos ter consistência de nossas ideias.

Quanto mais perfeitas forem as nossas ideias (no racionalismo cartesiano elas devem ser claras e distintas), melhor se pode servir, observar e viver no mundo, e o mundo é exterior ao Ser e não é ontológico apenas ôntico, em filosofês noúmeno.

No Idealismo de Immanuel Kant, o mundo existe, mas a nossa mente é separada dele e só pode percebê-lo através de um ato transcendente, isto é pelo pensamento do sujeito transcendente.

O Realismo é a escola de pensamento educacional que surgiu de um aluno de Platão: Aristóteles e é oposta ao idealismo.

A única realidade para ele é o mundo material, que o estudo do mundo exterior é o único meio confiável de encontrar a verdade; o mundo é um fenômeno objetivo ao qual a nossa mente precisa aderir para poder transformá-lo.

Também Santo Tomás de Aquino era realista e no tempo dele a corrente que deu origem ao idealismo moderno era então e nominalismo.

No o Realismo, uma pessoa é um vaso vazio de conhecimento quando nasce (uma tabula rasa) e este só pode vir de fora do ser, através da observação empírica. Essa filosofia foi a mãe do método científico moderno, um sistema de investigação baseado em fatos objetivos, ou seja, a investigação dos objetos pela experimentação.

Desta ideia de vazio de conhecimento quando nascemos surgiu a discussão de conhecimento inatos, imanentes e transcendência.

imanência é um conceito religioso e metafísico que defende a existência de um ser supremo e divino (ou força) dentro do mundo físico (além da física – meta-physis), este conceito geralmente contrasta ou coexiste com a ideia de transcendência dependendo do filósofo e da época.

 

Empirismo e racionalismo

29 abr

RazaoA disputa essencial entre o empirismo, que afirma que somos dependentes de nossa experiência sensorial para conquistarmos conhecimento, e o racionalismo que afirma que a razão independe da experiência, ao menos o racionalismo puro, está presente na ideia de representação, ou seja, que o conhecimento racional “a priori” para indicar que ele é então independente da experiência.

Estas “etiquetas” características do conhecimento universal seriam os universais, e aqui o racionalismo se liga aos nominalistas, enquanto os empiristas acreditam que não há “a priori”, o homem é uma folha em branco (tabula rasa é usado no filosofês), e aprende experimentando.

O experimentalismo nasceu primeiro, com Francis Bacon (1561-1626), que renova Organon, o texto sobre a Natureza de Aristóteles, por isto o chama Novum Organum, mas falta-lhe a consciência crítica, que aos poucos será construída em seus discípulos até chegar a David Hume (1711-1776).

Era uma posição filosófica que recorria à metafísica tradicional, grega e escolástica, aristotélica e tomista, ela será reelaborada e vai ser um dos impulsos do Renascimento.

Entre Hume e Bacon, do ponto de vista histórico, Descartes  (1596-1650) foi um filósofo, físico e matemático, seu debate é com questões práticas que julga obscura, escreve em carta a Mersenne, diz que “os Conimbres são longos, sendo bom que fossem mais breves (crítica já então corrente, mesmo nas escolas da Companhia de Jesus) e não gosta das primeiras escolas, e isto o estimula a pensar um “método” novo como a navalha de Ockham.

Em 1619, viajou para o Reino Unido e segundo afirmam algumas biografias, em dia 10 de Novembro, teria tido uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico, mas só em 1637 escreveu seu Discurso do Método, que na verdade são meditações.

Mais tarde nasceu no Reino Unido, um movimento filosófico que foi de certa forma, o seu oposto, o empirismo crítico, com John Locke e David Hume, que vê problemas em sua razão pura e o seu famoso Método.

É o período que surge Isaac Newton (1642) (na foto o Geometra Divino de William Brake) e também o período final da guerra dos trinta anos (1618-1648) que muda o mapa da Europa.

O idealismo de Immanuel Kant (1724-1804) é uma tentativa de reconciliar racionalismo e empirismo, ele escreveu Crítica da Razão Pura, mas sua obra importante é a metafísica, na verdade é ele o fundador da modernidade, o auge durará pouco até Georg Hegel (1770-1831).

 

Uma “querela” entre a razão e os nomes

28 abr

Este problema, que vem desde a antiguidade clássica, com Sócrates,IluminuraPorfírio Platão e Aristóteles é um problema ainda hoje para a ciência, ou aquilo que consideramos científico no sentido de verdadeiro, mas a disputa esquentou no final da Idade Média, com nominalistas e realistas.

Tudo parte de um escrito de Boécio (480-525 d.C.), no início da alta Idade Média, que usou um texto (que ficou conhecido como Querela dos universais) de Isagoge de Porfírio (234-309 d.C.), veja iluminura ao lado (foto), que afirmava:

Assim, pois, evitarei em falar sobre os gêneros e as espécies, acerca da questão de saber se são realidades subsistentes em si mesmas ou se consistem apenas em meros conceitos mentais, ou se são corpóreas ou incorpóreas, ou se são separadas ou se existem nas coisas sensíveis e delas dependem, uma vez que se refere a uma questão que exige um tratamento profundo e requer um exame maior”.1

O problema percorreu a idade média e foi fundamental para estabelecer uma ideia primeira do racionalismo, através da lógica e da construção do conhecimento, mas no final da idade média, a chamada baixa idade média o problema quase desapareceu.

Foi Pedro Abelardo, um monge que era leitor de Orígenes,  que reapresentou a tese como uma releitura da Hierarquia das espécies e dos gêneros de Porfírio, mas afirmou que as palavras (nomes) descrevem o mundo não se referem às palavras no sentido físico (os sons que emitimos quando falamos), mas às palavras como portadoras de significado.

Foi através da releitura dos escritos de Aristóteles sobre a alma e a metafísica, que no século XIII Tomás de Aquino e Duns Escoto elaboraram formas sofisticadas do realismo, no entanto no século XIV Guilherme de Ockham (em inglês Wilheim Ockham) rejeitou a ideia aristotélica de que o conhecimento intelectual resultava do fato que nossas mentem eram informadas por ideias universais resultantes dos objetos percebidos, substitui-a pela navalha de Ockham.

A navalha de Ockham é a ideia que entre uma explicação simples de determinada coisa e outra complexa, ficamos com a mais simples e, portanto não há “universais” que são inatos.

Para os realistas, um universal é um ente predicado de outros (ou especialmente) de todos os demais entes. Ele existe objetivamente, tanto como realidade  em si, transcendente em relação ao particular (em latim: universais ante rem), seja como imanente, nas coisas individuais.

1Porfírio. Isagoge. Introdução, tradução e notas de Juan José García Norro e Rogelio Rovira. Edição trilingue (grego, latim e espanhol). Barcelona: Anthropos Editorial, 2003, p. 2-3.

 

Qual o papel da ONU hoje?

27 abr

Democracias em crise, guerras se espalham por todo o planeta, eonu_sede o papel da ONU é a apenas o de segurança, muitas entidades e organizações políticas acham que não.

A primeira reunião da ONU aconteceu em 25 de abril de 1945 portanto há 70 anos, na cidade de São Francisco nos EUA, com a presença de 51 governos e organizações não governamentais para elaborarem a Carta das Nações Unidas, porém passou a existir permanentemente a partir de 24 de outubro de 1945.

Sua sede da ONU embora seja em Nova Iorque, tem apenas 4 órgãos   situados neste local, o Tribunal Internacional de Justiça está localizado em Haia, nos Países Baixos, e, há outros órgãos espalhadas por diversos locais do mundo.

O atual secretário geral da ONU, é o sul-coreano Ban Kim Moon, e a organização tem hoje 193 Estados-membros das Nações Unidas e só estes Estados podem votar na ONU.

Veja alguns destes órgãos:

Organização Internacional do Trabalho (Genebra, Suíça)

Organização Marítima Internacional (Londres, Reino Unido)

Fundo Monetário Internacional (Washington, D.C, Estados Unidos)

União Internacional de Telecomunicações (Genebra, Suíça)

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a   (Paris, França)

Programa Alimentar Mundial (Roma, Itália)

Mas seu principal órgão onde a disputa política é acirrada e onde as forças ideológicas se concentram é o Conselho de Segurança, composto por 15 Estados-membros, sendo 5 membros permanentes (China, França, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos) e os outros 10 membros são temporários que são alterados há cada dois anos, atualmente são membros Áustria, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Gabão, Japão, Líbano, México, Nigéria, Turquia e Uganda.

Já é tempo de renovar seu papel, é preciso criar um programa solidário internacional para promover o fim da pobreza, evitar ditaduras e opressões, defender o direito de educação para todos e principalmente estabelecer a tolerância política, religiosa, de gênero e das culturas.

 

Hubble, infinito e pós-modernidade

24 abr

Há vinte e cinco anos, exatamente no dia 24 de abril de 1990, o ônibus especial DiscoveryNebulosa decolava para colocar em órbita um observatório com um telescópio Hubble, colocado na órbita do planeta, que mudaria a nossa visão do universo, nossa visão da física e quiçá da vida.

Foi possível observar pontos que antes eram inacessíveis aos olhos humanos e eram mistérios para os pesquisadores. Como a Nebulosa Olho de Gato (foto) detectada em 2004, uma nebulosa que está há 3.000 anos luz da Terra, uma nebulosa é um sol que passa a ejetar seus gases antes de se estabelecer como uma estrela solar. Como também a nebulosa Carina, a 7500 anos luz da Terra, formada por gás e poeira que permite aos astrônomos estudarem detalhes da formação de estrelas, a foto foi capturada em 2007.

A revolução copernicana que tirou a visão do geocentrismo, ideia que a terra era o centro do universo, auxiliou a liberar o homem de ideais teocentricos confusos e fazer emergir a ciência e a modernidade, que agora também estão em crise, mas o fato que enxergamos mais longe pode fazer com que nossa miopia seja ultrapassada e passemos a olhar o Outro não como extensão do eu e do Mesmo, mas com iguais direitos que Eu.

A partir da Terceira Meditação Cartesiana, o filósofo Emmanuel Levinas estabeleceu em sua obra Totalidade e Infinito, que há uma ruptura com a categoria da totalidade, que é a partir da relação entre o cogito e a ideia do infinito desenvolvida em Descartes, e de onde Levinas extrair seu projeto de repensar a relação entre o Mesmo e o Outro no plano da ética como filosofia primeira.

“E não devo crer que não percebo o infinito por uma verdadeira ideia, mas somente por uma negação do infinito .. ao contrário entendo de modo manifesto que há mais realidade na substância finita do que na finita e, por conseguinte, que a percepção do infinito é, de certo modo, em mim anterior a percepção do finito, isto é, que a percepção de Deus é anterior à percepção de mim mesmo, pois qual a razão por que me daria conta de que duvido, desejo, isto é, que sou indigente de algo e de que não sou totalmente perfeito, se não houvesse em mim nenhuma ideia de um ente mais perfeito por comparação com o qual conheço meus defeitos ?” (Descartes, 2004, p. 91-92).

Levinas reflete primeiro sobre a sua “duvida de tudo” que é contraditória com a percepção externa da ideia de infinito, uma vez que não é mais o cogito (a dúvida sistemática) que pensa o infinito, mas provém do “eu penso” e deveria ser da própria ideia da substância infinita (agora vista pelo Hubble), o segundo é a inadequação, pois o infinito não é um transbordamento do ideatum, mas a relação exterior que admite a experiência com o novo, o impensado e, portanto, fora da totalidade.

É neste infinito “impensado” que Levinas afirma a relação do Mesmo com o outro, “sem que a transcendência da corte os laços que uma relação implica … “ (Levinas, p. 35), e deste modo Levinas mostra como a modernidade fixa esta relação na base do “eu penso” próprio do racionalismo moderno, e esta é a distância entre a ideia do Outro com o ideatum que está no “ser transcendente, o infinito é o absolutamente outro” (Levinas, Totalidade e Infinito, p. 35-36).

É deste modo que separa a ideia de infinito de Descartes que está na busca filosófica da existência de Deus, enquanto em Levinas está vinculada à procura de uma relação entre o Mesmo e o Outro, que mantenha a exterioridade do Outro, e não presa a ideia do Mesmo.

DESCARTES, R. Meditações sobre a filosofia primeira. São Paulo-Campinas: Editora da UNICAMP, 2004.

LEVINAS, E. Totalidade e Infinito, Lisboa-Portugal, Edições 70, 1988.

 

O ser, as coisas e valores

23 abr

Que o ser está fragmentado, que o discurso e a cultura foram fragmentados no transcurso da modernidade todos sabemos,Liquidez chamemo-la de líquida, gasosa ou virtual, não será pela adjetivação que resolveremos e colocaremos de volta a vida e a sociedade nos trilhos.

Reconhecer que as esferas pública e privada estão divididas e confusas quando não deveriam ser basta olhar os diversos níveis da “chamada vida pública” para saber que determinados estamentos (e não classes) tomaram conta do público e o tornaram privado.

O problema mais profundo é aquele que nos separada ou nos unes às coisas, sejam elas, dinheiro, tecnologia ou mesmo coisas intangíveis como ideologias, ideias e religiões, e ficamos não no campo da física, já que a meta-física que foi abandonada.

O problema é que as coisas intangíveis ou não são reconhecidas como tal, ou se reconhecidas são vistas separadas do Ser (e não do sujeito, categoria fragmentária da modernidade), já as coisas que se pegam (tangíveis) são vistas como “apropriações” apenas e não como coisas que devem ser pensadas também a partir do Ser, reclamava Husserl: “é preciso voltar as coisas por elas mesmas”, não queria o pai da fenomenologia separá-la do Ser, e sim exatamente o contrário construir, ou reconstruir o projeto ontológico, como no Ser e o Tempo (pdf).

O ser é mais geral, reclamou Heidegger, retomando a metafísica Aristotélica (livro B,4), lemos:

Ao se manter que o “ser” é o conceito mais geral, não pode isto significar que seja o mais claro e que dispense toda outra explicação. O conceito de ser é, ao contrário, o mais obscuro . (HEIDEGGER. 1960, p. 3).

Mas nós fixamos a lógica, as definições bem feitas, onde o  Ser é indefinível, mas tão real quanto tudo o que é tangível, e então ficamos a procura do Ser que é.

Quem está aprofundando e tentando entender a profundidade deste Ser, as ciências ônticas (das coisas separadas do Ser, projeto idealista) não respondem por si mesmas , afirma Heidegger:

Toda ontologia, por mais rico e fortemente estruturado que seja o sistema de categorias de que dispõe, permanece cega e trabalha para a falsificação de sua mais autentica intenção, desde que não começa por esclarecer suficientemente o sentido do ser, e renuncia a compreender este esclarecimento como sua tarefa fundamental. (HEIDEGGER. 1960, p. 11).

Reclama Edgar Morin em A cabeça bem feita, ensinamos tudo, mas não se ensina o homem a aprender a viver, a ser cidadão, etc. no início do capítulo 2 do livro usa a citação do filósofo Blaise Pascal “não se ensina os homens a serem honestos”, poderíamos acrescentar a partir da Cabeça bem feita: não liga os saberes dando-lhes sentido, não se ensina a condição humana e sua relação com a natureza, que impõe limites, para nós (incluo os dois autores) a ontologia (ser) precede à ética, ao contrário do que pensam os especuladores líquidos da modernidade.

HEIDEGGER, Martin. Sein und Zeit. Tübingen: Max Niemeyer, 1960. Versão alemã em função da tradução para o inglês fixando as páginas.