Arquivo para fevereiro 19th, 2015
A tragédia grega, o coro e as redes
19
fev
A tragédia, no sentido da antiguidade clássica tem um significado diferente do que usamos no dia a dia, significando algo grave com mortes e muitas dores que desvia um acontecimento para o lado negativo, mas para os gregos tragikós era quando acontecia algo grande, segundo Aristóteles era “uma representação imitadora de uma ação séria, concreta, de certa grandeza, representada, e não narrada, por atores em linguagem elegante, empregando um estilo diferente para cada uma das partes, e que, por meio da compaixão e do horror provoca o desencadeamento liberador de tais afetos.”
Para os gregos um dos objetivos da tragédia em particular, e da obra de arte deveria sempre provocar a Katarsis, a catarse, isto é a purgação das emoções dos espectadores, e o teatrólogo marxista Bertold Brecht criou a ideia do distanciamento, que é não provocar a catarse mas a reflexão evitando elementos de “emoções” e outro teórico do Teatro Rosenfeld afirma sobre isto: “O fim didático exige que seja eliminada a ilusão, o impacto mágico do teatro burguês” (Rosenfeld), isto não é outra coisa senão eliminar a subjetividade.
A crítica às redes é sempre esta, que provocam ilusão e a virtualidade seria algo distante do universo real, desta forma provocaria “ilusões do real”.
Ilusionistas de todos os tipos, de mágicos a política, usaram técnicas de propaganda para tentar provocar ilusão, e embora isto tenha algo de teatro e possa ter de virtual, a ilusão não consiste no fato do meio usado, o rádio, a TV e o cinema e diversas formas de artes foram usadas para isto, o essencial da ilusão é iludir para “calar” a multidão, então tanto a tragédia como qualquer outro gênero de arte e de “comunicação” podem iludir.
O essencial, quem chamou a atenção para isto, curiosamente foi Nietszche, é que o coro não seja excluído, culpou Eurípides por esta exclusão, está escrito isto em “O Nascimento da Tragédia ou helenismo e pessimismo”.
As redes são uma forma possível de coro fora da manipulação das massas e das mídias.
