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Arquivo para maio, 2020

Pandemia e poder

15 mai

Uma situação de catástrofe se enfrenta com solidariedade, compaixão com os que a sofrem diretamente, apoio aos que devem enfrenta-la de frente e principalmente com todo apoio daqueles que podem e devem dar condições para o enfrentamento da catástrofe.

É também uma situação nova, que exige que todos revejam ações, conceitos e o próprio estilo de vida pode e deve mudar, aqueles que se comportam tentando evitar a nova rotina, atrapalham o enfrentamento da catástrofe e a pioram pessoal e socialmente.

Tudo isto envolve poder, os poderes centrais e os micro-poderes, o filósofo Foucault desenvolveu o conceito de biopoder, ou seja, o controle dos fenômenos coletivos a partir dos processos de natalidade, longevidade, mortalidade e fecundidade, já em filosofia recente Byung Chul Han criou o conceito de psicopoder, aquele que através das mídias e da comunicação controla o meio social.

A pandemia parece ter conjugado os dois, e ainda mais aprofundado a antropologia humana no seu retorno a casa, usa tanto a questão do controle da mortalidade como a comunicação, em especial a digital, para tarefas, compras e trabalho em casa, assim como o controle pelo poder.

As instituições do estado são mobilizadas, assim o Estado Moderno entra em cena, para solidarizar ou para abrir suas contradições ao meio social, hospitais, instituições de ensino e meios de comunicação de massas são todos mobilizadas pelas forças do poder.

Aparecem as faces mais fraternas e mais hostis do modelo idealista, na ânsia de substituir a saúde e o poder da solidariedade intrinsicamente fraterna da família, da espiritualidade e do bem-comum social ele poderá apontar para uma saída ou colocar o conjunto da vida em xeque.

O poder religioso também está em xeque, com os templos fechados ou dão respostas sérias e concentras ou ficam no subjetivismo espiritual de frases e chavões conhecidos que não explicam nem resolvem nada, o dualismo subjetivismo/objetivismo desmorona e pedem um transcendente.

Na leitura cristã de João (Jo 15,15) pode se ler: “Já não vos chamo de servos, mas de amigos pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor”, e isto é fundamental numa pandemia, e gera solidariedade.

E para aqueles que vão além da amizade e geram o amor fraterno, há uma promessa divina que consola e nos fortalece neste momento (Jo 14,21): “Ora, quem me ama, será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”, e terão paz interior para enfrentar a guerra exterior que a pandemia gerou.

 

A pandemia e o sinal de Jonas

14 mai

Nínive (atual Mossum) foi uma das maiores cidades durante o reinado dos assírios, para os padrões da época tinha mais de 100 mil habitantes e era bastante alargada já que a Bíblia revela que Jonas levou 3 dias para explorá-la e pedir a mudança de conduta de seus habitantes.

A data em que aconteceu a pregação em Nínive é incerta e o próprio autor do livro que leva o nome deste profeta também é desconhecido, mas como se refere ao reinado de Jeroboão II como rei de Israel, a data deve estar entre os anos 700 e 742 a.C., pela escrita do texto num aramaico típico do hebraico tardio, tanto em estilo como em gramática, é pós-exílio o que significa entre 722 e 742 a.C.

Do final do século XVII a.C. (quando o Império Neoassírio caiu), até meados do século VII, era uma entidade geopolítica, governada por outros povos, os assírios eram conhecidos por sua impiedade e violência, onde podia-se até matar por dívida, e a narrativa bíblica disse que o profeta Jonas que devia pregar e pedir a mudança e conversão do povo, teve medo de fazer sua missão.

Não se sabe ao certo qual era a praga que poderia vir ao povo ali, mas o povo incluindo o rei todos mudaram de atitude e se converteram, e a praga não aconteceu naquela região, a pandemia atual já tem o seu sinal de mudança de hábitos e a exigência da solidariedade com todos, mas há ainda aqueles que pensam que a pandemia vai passar sem nenhuma mudança de atitude.

Os livros de história não registram exatamente qual foi a mudança, mas foi durante o governo de Assurbanipal, filho Assaradão, que faleceu em 667 a.C., que a Assíria viveu seu período mais profícuo, construindo inclusive a primeira Biblioteca da história, justamente a Biblioteca de Nínive, que é onde se encontram os milhares de textos (crônicas, cartas reais, decretos, religião, mitos e muitos outros) escritos em tabuleta de barro cozido.

A mudança que precisamos não apenas para evitar o número de mortes que cresce, vai desde hábitos pessoas até a preocupação com a alimentação e manutenção de vida dos que já não tinham emprego, os que agora não tem e os que devem perder com o crescimento da pandemia.

Para os que creem devem também repensar em que creem e vivenciar o que creem, senão é só uma lenda ou fábula contada como uma bela estória.

 

A sociedade em momento transiente

13 mai

A vida mudou em todo planeta, certamente não serão permanentes as limitações impostas, mas algumas preocupações que nasceram com a saúde, com os invisíveis e com as novas tecnologias serão permanentes quanto a importância e transformadas quando ao leva-las mais em conta.

O transiente observa ainda as dicotomias idealistas sujeitos e objetos, ou a subjetividade vista como um modelo falso do sujeito, que ele é desprovido de materialidade ou de substancialidade, a doença é uma prova deste erro, ou de uma falsa objetividade, nossas certezas sobre nossos objetos empíricos falharam e continuam a falhar em previsões e modelos, a já antiga era da incerteza, antiga porque já é uma “teoria” desde o século passado, agora tornou-se narrativa em meio a pandemia.

As velhas teorias idealistas, que a história as tornou ideologias fundamentalistas, tem como o seu epicentro a ideia que devemos nos desenvolver e avançar os modelos econômicos (no fundo sempre é a ideia de “mais produção”) até um esgotamento ainda maior, antes da natureza e agora da própria vida no planeta colocada em risco pandêmico.

Sloterdijk alerta em entrevista ao El País “a vida atual não convida a pensar”, e a razão que tenho um relativo otimismo sobre o distanciamento social (prefiro que isolamento, pois o conjunto da sociedade funciona em rede), está no raciocínio que ele faz na mesma entrevista: “Para Husserl e sua fenomenologia era preciso sair do tempo impetuoso da vida, o dispositivo mais elementar era sempre dar um passo atrás. Essa ação permite que você se transforme em observador.”

E este é o pressuposto básico da incerteza, que o observador faz parte do fenômeno, a ideia da ciência que podemos repetir o experimento observando o fenômeno, deve levar em conta que o observador é parte do fenômeno, em tempos de pandemia, se não me previno afeto o outro e a pandemia.

O conjunto desta mudança de época, já seu prenuncio vinha desde as duas grandes guerras, que não por acaso vinham da pior pandemia que a humanidade enfrentou que foi a gripe espanhola, que é um bom exemplo quando não há distanciamento social, que durou 2 anos ( janeiro de 1918 a dezembro de 1920), infectou um quarto do planeta (500 milhões de pessoas) e matou entre 20 e 50 milhões de pessoas.

Duas inverdades existem sobre esta pandemia, ela prova que o distanciamento social é bom e a que ela não mudou nada, ela aconteceu logo ao final da 1ª. guerra mundial (de 1914 a novembro de 1918) que havia deteriorado as condições sanitárias da Europa e recursos econômicos, mas é quando surge o modelo da Liga das Nações (instalada em janeiro de 1919, logo após o tratado de Versalhes), ainda que tenha sido insuficiente para evitar a 2ª. guerra mundial, deu início a discussão dos princípios básicos dos direitos sociais.

Também as velhas verdades sobre a mão invisível do mercado, o laissez faire, começou a se modificar, surgindo o estado providente, e depois da 2ª. guerra mundial a ONU com departamentos importantes como FAO, a UNICEF e a própria OMS, organização de larga influencia agora na Saúde Mundial e que dá diretrizes para enfrentar a pandemia.

Assim, depois desta guerra que é uma guerra agora de todos, contra um inimigo invisível e pode-se ainda dizer imprevisível, haverá mudanças e deverão ser pensadas globalmente, mas estamos num transiente em que as velhas ideias ainda resistem buscando a normalidade anterior de um consumismo e uma sociedade do cansaço desumana para todos.  

 

Midias, redes e isolamento social

12 mai

Os três fatores agora se conjugam e desvelam a realidade que muitos “teóricos” apontavam da mundialização, enquanto neo-teóricos ficam em filosofias abstratas que mal interpretam a realidade pandêmica ou que nada dizem sobre ela.

Um que anteviu a realidade, Manuel Castells que escreveu a Sociedade em Rede, explica porque não conseguimos antever o vírus, sua potência e violência não eram biologicamente possível de conhecer, mas a necessidade de uma política de saúde séria e uma educação para o futuro não só ele apontou, como também Sloterdijk, Edgar Morin e muitos outros.

Sobre a crise atual Castells diz que é preciso entender o aplauso das sacadas dos prédios aos médicos, enfermeiros e profissionais da saúde e levam a saúde mais a sério, isto podia ter sido previsto e estaríamos noutra etapa, defensor da tecnologia culpa também uma idolatria dela.

Afirmou que a supervalorização da tecnologia no caso da saúde atrasou o sistema como um todo, e ao mesmo tempo a desvalorização e incompreensão de sua aplicação em educação e no trabalho levou a um atraso que agora tenta-se superar mas com certa defasagem.

As redes sociais, cujas mídias potencializam, mas não são a mesma coisa, como é o caso da tele- medicina como uma possibilidade secundária agora, pois o paciente com covid precisa de lugar físico e ser assistido presencialmente, ainda que decisões e conferências online sejam úteis.

O isolamento social potencializou o uso das mídias nos lares e influenciou agora mais a fundo o mundo do trabalho, compras e serviços online, e a educação corre atrás do tempo perdido, a descoberta mais óbvia é que educação online não é simples e não é o mesmo que a presencial.

A mudança global deverá ser feita se desejamos combater com eficiência o vírus, deixar os avisões em terra e proibir as pessoas de viajar, é possível temporariamente, e o pior favorece a visão neo- nacionalista que levou muitos países a crise pandêmica, pensava-se o problema é na China.

Afirmou Castells, em entrevista recente: “um sistema global interdependente requer uma governação global, não necessariamente um governo global. Mas os Estados-Nações resistem a perder seu poder e cada um utiliza mecanismos de governança supostamente globais para defender seus interesses nacionais”, apesar das barreiras diria que o vírus não sabe que existem fronteiras construídas, mesmo com os “isolamentos” nacionais por barreiras protetoras.

O que precisamos diz Sloterdijk é um “escudo global”, a co-imunidade, agora com investimentos sérios, como co-governanças globais e levando a sério a saúde, o trabalho e a educação em uma nova normalidade, podemos voltar a frivolidade anterior, mas seremos irresponsáveis com o futuro que pode vir, ou uma nova onda deste vírus ou sua mutação, ou outro que é certo virá.

 

LockDown e frivolidade

11 mai

Enquanto o vírus se expande e começa a chegar mais no interior do Brasil e em muitos lugares a vida continua “normal”, enquanto a Europa tenta aos poucos voltar a nova normalidade, isto é, voltar ao comércio e o consumismo e a vida agitada anterior, que Sloterdijk chama de frivolidade (El país).

São dois cenários, o caso brasileiro enquanto alguns apostam que a curva chegou no platô, os novos dados apontam para uma expansão ainda maior do vírus, apostar que podemos conter a grave situação pandêmica com medidas pouco radicais vai se mostrando ineficiente.

A razão da pressão para abertura do comércio, mais que econômica, é claro que ela atinge a economia de todo o planeta, o motivo real na cabeça de muitas pessoas é voltar ao dia a dia de um elevado stress, de correria e de consumismo para aqueles que dispõe de recursos para isto.

Atingimos, no Brasil, o patamar de 10 mil mortes, tanto na vida pessoal quanto na vida social, se chegamos a uma gravidade de uma doença ou tomamos medidas radicais ou assistimos ao total agravamento da doença, no caso social, a expansão virótica e o agravamento da pandemia.

Na reflexão de Sloterdijk, que escreveu ao meu ver, dois livros emblemáticos Esferas e Crítica da Razão Cínica, ele apresenta dois conceitos-chave que são a coimunidade e a antropotécnica.

O primeiro conceito de coimunidade significa que podemos estabelecer um compromisso individual voltado à proteção mútua, que marcaria uma nova maneira mundial de enfrentar os problemas e o conceito de antropotécnica significa entender que as técnicas, neste caso e é o principal conceito usado por Sloterdijk, a biotecnologia, ou seja, o que inclui a manipulação genética.

Quando lançado gerou muita polêmica na Europa, devido a manipulação de genes por exemplo, porém agora que as principais pesquisas de defesa do coronavirus mostram a importância do uso de anticorpos para a produção da vacina, e a primeira coisa foi a foi a sequenciação genética.

O agravamento da crise brasileira exigirá um confinamento mais sério, ou veremos os números extrapolarem e o Sistema de Saúde já praticamente esgotado.

O confinamento é necessário e a volta a frivolidade deve ser repensada como forma não apenas de evitar uma crise econômica maior, mas principalmente a distribuição de bens mais justa.

 

Equilíbrio e calma em tempos de crise

08 mai

Visto o agravamento da crise pandêmica no Brasil e alguns países das Américas, a chegada do frio neste hemisfério e o esgotamento do Sistema de Saúde, sem o #LockOut preventivo, teremos que fazer agora uma intervenção emergencial, com as consequências que ela traz.
É preciso nesta situação uma disciplina que culturalmente não temos, uma consciência que nem sempre se entende bem o que é, só há a consciência de algo, e neste caso é a saúde pública e os cuidados extremamente necessários e urgentes para que a curva inicie um processo de recuo.
Aquelas pessoas que têm alguma espiritualidade, que conseguem nesta situação equilíbrio precisam ajudar o conjunto da população, defender os médicos, enfermeiros e pessoal de apoio que trabalham na saúde (motoristas, secretários, socorristas etc.) para ter condições de trabalho.
Existem diversas formas de encontrar o equilíbrio pessoal, exercícios físicos e respiratórios, leitura, música e relaxamento, porém o estado da alma é que conta mais, e na turbulência do perigo de uma pandemia, é essencial encontrar uma forma de espiritualidade, de pensamentos e de Ser.
Para os cristãos que creem na existência de um Deus onipotente e soberano sobre todas as coisas que regem suas vidas, sabe que a atitude interior é de passividade, de tolerância e de um profundo Amor a todos que o cercam, e nesta pandemia ter atitudes de proteção a todos.
O consolo de suas almas, para espiritualidades cristãs verdadeiras, é a crença no Amor de Deus.
Está escrito pelo evangelista João (Jo 14,1-2): “não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também [Jesus]. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós”, e sua morada terrena agora é refúgio.

 

Como reagir ao medo e a evolução da pandemia

07 mai

Conhecer nossas fragilidades e angústias é um caminho do autocontrole, porém digo o que é o medo e como podemos controlá-lo numa pandemia em que todos nos descobrimos frágeis podem ser pensados em 7 aspectos que são essenciais.
Uma reflexão do que causa estes sentimentos em nós é importante e a primeira atitude, um pouco de meditação e silêncio e nos perguntar qual a consciência que temos dos perigos e as atitudes frente a eles é fundamental, assim além das atitudes sanitárias corporais existem as mentais e/ou espirituais, sem as quais ficamos apontando culpados fora de nós.
A segunda já apontada na primeira é a consciência, lembrando que consciência é sempre, diz a fenomenologia, consciência de algo (ou da coisa do fenômeno) que significa o que nos causa medo, qual a sua origem, as fobias do passado, entes perdidos, relações sociais, etc.
O terceiro é entender que existe uma “coisa” na relação entre você e o outro que está na fronteira do seu medo, atribuí-lo ao outro é um escapismo, estudo o que causa o medo e não antecipe percepções, é o que se chama na fenomenologia de epoché, neste caso, colocar entre parêntesis.
Medos e fobias desembocam em ansiedades, e se ela já está presente como consequência do medo, controle das emoções e não torná-las caóticas e irracionais, é fundamental, dê um passo atrás, note se a relação com os outros não está indo para este caminho.
Compartilhe o medo com o outro, mas com mansidão e clareza, isto não me dá segurança ou não é aquilo que penso (não é sua consciência sobre a coisa), mas respeitando a visão do Outro.
Por último é claro um especialista pode ajudar, não sei o quanto eles estão inseridos no sistema de saúde, mas no momento de pico da pandemia estas sensações podem vir a tona e talvez seja o caso de solicitar ajuda de especialistas.
O importante também neste caso é o isolamento social, dar espaço a cada um, não cutucar as feridas e fragilidades do outro, ou o que é mais indigno, explorar justamente a fragilidade do outro desconhecendo que também temos a nossa e gostaríamos que fosse respeitada.

 

O medo entre a filosofia e a realidade

06 mai

É preciso diferenciar medo, angústia e ansiedade, aqueles que culpavam o mundo “virtual” (o virtual vem de virtus que é a raiz também de virtude) devem perceber na pandemia que não estavam corretos, é a situação de inapropriação que leva ao medo.

Também a angústia, outro sentimento típico nesta pandemia, é um sentimento ligado a não pertença ou não compreensão da realidade que se vive, pode-se dizer que é quase o contrário do medo já este gera uma impropriedade, isto é, não enfrentamos o problema ou o adiamos ou saímos pela positividade, assim ou aceleramos a vida, como um correr do “perigo”, ou somos otimistas, “isto passa” como se diz aos pequenos.

Deixamos a ansiedade para o fim, ela é o final de um ciclo, fizemos um post muito tempo atrás para explicar que não era correto atribuí-la a tecnologia a ela, há um livro chamado Ansiedade da Informação (Wurman, 1989) que trata o tema, entretanto, na psicologia ela é o final deste ciclo: medo, angústia (liga a um sistema de crenças ou outro) que chega a ansiedade e pode levar à síndrome do pânico ou à de Burnout, que realimenta o ciclo com o medo.

A primeira questão portanto é tratar o medo com a impropriedade combatendo-o com a-propriação, isto é, entender o que o causa, torná-lo consciente e com isto a etapa seguinte da angústia possa ser bloqueada, porque não fugiremos da realidade, a ideia de esconder ou ignorar os fatos é que realimenta este ciclo.

Não precisamos ser especialistas ou médico no caso da pandemia, para entender que algumas medidas são necessárias, que sem elas entramos uma angústia e isto sim pode levar ao stress do pânico, conscientes enfrentamos até mesmo o problema da internação ou das dificuldades sociais causadas pelo isolamento.

Também isto explica porque algumas pessoas que fazem apenas um raciocínio primário, caem no lugar comum de encontrar inimigos fictícios (a inapropriação os leva a angústia por estarem sem respostas) e na última etapa quando as fatalidades chegam, os levam ao pânico ou a síndrome de Burnout, assim faz todo sentido algumas claques que saem as ruas pedindo o fim do “isolamento”,  já é o pânico no estágio primário.

Como são as crenças e sistemas que levam a última etapa, trato o problema religioso, que nada tem a ver com espiritualidades que buscam o equilíbrio, e até mesmo em sugestões de psicólogos você vai encontrar tais como, faça uma autoanálise e tenha autocontrole, uma boa espiritualidade ajuda, um fanatismo religioso prejudica e acelera este processo.

 

A nova normalidade

05 mai

Quando temos dificuldade de mudar uma rotina que é fundamental para fugir de perigos as consequências são piores que aquelas se aceitamos que uma nova rotina se impôs.

Claro isto implica um tipo de cultura que por alguma razão histórica ou disciplina já adquirida por anos de tradição ajuda algum momento, que mesmo sendo traumático, é possível ser socialmente incorporado como “nova normalidade”.

Não por acaso o termo surgiu em países lusófonos, onde durante a crise pandêmica se ouvia com frequência, atestam os noticiários e brasileiros viajando por países hispânicos ouvem a exclamação “¡No es normal!”, mas a tradução para o português vem da expressão inglesa (da Inglaterra e não da America): “new normality”, expressão que atestam a sua incorporação como nova expressão no Reino Unido.

Nos países orientais, se observamos em aeroportos e em reportagens, mesmo anteriores a pandemia, o uso de máscaras e um certo comportamento tranquilo em situações difíceis mostram que a disciplina oriental já é normal, não sei que expressão usam, mas o comportamento social é facilmente observável no ocidente.

Em pleno pico da pandemia preferimos dizer, tudo voltará ao normal, que seria o mesmo que dizer só admitimos a “normalidade antiga”, não quero justificar a atitude irresponsável de líderes e até de governos que preferem não admitir a crise sanitária.

Agora o que teremos que adotar em alguns estados e cidades do Brasil, será uma nova normalidade que admita o esgotamento do sistema de saúde e o pico da pandemia, a notícia boa é que tudo indica que estamos perto do patamar superior e a curva já achatada poderá recuar em número de mortos.

Precisamos reagir culturalmente incorporando uma nova normalidade, o filósofo Byung Chul Han chama de excesso de positividade, embora indicasse o fato que a sociedade caminha sempre não direção da aceleração, a expressão agora pode parecer mais apropriada, pois o contrário não é a negatividade, mas a realidade pandêmica.

Os países que conseguiram frear a aceleração do dia a dia, já colhem resultados, alguns como a Nova Zelândia (que adotou um #lockdown extremo e a presidente se tornou um ídolo nacional) colheram o fruto mais cedo, agora já sem a pandemia.

 

O pico da crise e não apressar o futuro

04 mai

Estamos no pico da crise e já se fala no pós traumático, não são poucos de médicos a sociólogos aqueles que querem apressar uma análise, a China saiu da crise, a Europa começa a nova etapa em 3 fases distintas e alongadas e o Brasil e países do hemisfério sul a inverno se aproxima.
A análise da curva e do pico feita por DataScience mostra que o distanciamento social valeu a pena, no entanto, as hesitações governamentais e a aproximação do inverno poderá mesmo se a curva achatar, os dados indicam que sim, poderá se alongar, isto é, a “nova normalidade” tardará.
O nome nova normalidade já exclui todas análises que indicam qualquer impossibilidade de voltar ao estágio anterior, isto é, uma vida agitada e desprotegida, aquilo que Edgar Morin chama de “intoxicação” do cotidiano, e um desenvolvimento econômico acelerado, com seu preço agregado.
O momento no Brasil e acredito que a maioria dos países do hemisférico sul é de criar condições ainda mais apertadas para desfavorecer o “relaxamento social”, de certa forma até compreensível já que a quarentena se fossem mesmo 40 dias, já estaria se esgotando, tudo indica que não.
Para complicar ainda as crises políticas, no caso brasileiro, se aprofundam e parecem não ter fim, o problema da governabilidade e da instabilidade política acelera e aprofunda a crise sanitária.
Concentrando nossos esforços e foco apenas na crise sanitária, a econômica e a social existem no entanto não deveriam justificar mortes e crise na assistência sanitária, devemos considerar que estamos no patamar superior da curva, e os números parecem estabilizar, são altos é verdade, se tomarmos a sério o #lockDown já poderíamos estar vislumbrando uma saída, mas não é o caso.
Uma das consequências da pandemia é a chamada Síndrome de Kawasaki, na Inglaterra por exemplo, o Sistema de Saúde (NHS, é a sigla em inglês) já detectou um aumento no número de crianças com inflamação multissistêmica, problemas gastrointestinais e inflações físicas.
Em meio a primavera, mas já com sinais de verão, a Europa retornará aos poucos as atividades, e poderemos perceber como os problemas sociais e econômicos serão enfrentados, aqui é futuro.