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A lei do mais fraco
Toda a lógica, inclusive parte da lógica científica, está em defesa da lei do mais forte, a pandemia mostra que também os mais fracos devem ser pensados, pessoas que tenham comorbidades, idosos, diabéticos, obesos enfim os que estão fragilizados por alguma doença ou condição de vida (a idade por exemplo, e também a vida nas periferias).
Foi nome de um filme de Hector Babenco, Pixote: a lei do mais fraco, que é baseado numa história real, e que foi protagonizado pelo ator Fernando Ramos da Silva, o verdadeiro Pixote da vida real, que o diretor do filme conheceu, veio a falecer pouco tempo depois do filme, morto por policiais em Diadema, na grande São Paulo.
O filme conta a história de um garoto que sem ter conhecido os pais, vai morar na rua, e após um roubo de uma carteira de um desembargador vai para uma instituição de recuperação de menores, a FEBEM, que deveria ser uma casa de reeducação, mas na verdade é onde sofrem abusos, violências, humilhações podendo até mesmo perder a vida.
Pensar nos mais fracos significa olhar para uma sociedade e desejar maior equilíbrio, além da distribuição de renda, o tratamento de dignidade a todos, o respeito e a proteção daqueles que por alguma razão tornam-se frágeis num contexto social de concorrência, consumo e desumanidade, onde fatalmente sofrerão ainda mais se não há proteção.
A situação da pandemia, além de expor a fragilidade médica de muitas pessoas, agrava a situação de distribuição de renda, que coloca milhões de pessoas em situação de desespero e angústia, somente uma grande virada de amor e de fraternidade poderá evitar um caos social e até mesmo uma crise civilizatória já em processo.
Claro cada um pode fazer sua pequena parte, porém as políticas desenvolvidas por governos nos diversos níveis da administração pública deve ser pensada pensando naqueles que trabalham na informalidade, além da taxa de desemprego que já era alta antes da pandemia, os que precisam de socorro imediato e a saída da crise.
Se pensar apenas nos motores centrais da economia o resultado demora a chegar ao emprego formal, então outras soluções emergenciais podem ser pensadas, tais como: frentes de trabalho, micro empreendimentos e auxílio aos pequenos negócios que podem a curto prazo empregar muita gente.
É hora de solidariedade, infelizmente não é o que se vê em parte alguma, nem mesmo nos que se dizem realmente preocupados e que procuram mais a denúncia do que a iniciativa e o apoio a boas iniciativas, é hora de solidariedade.
A pobreza e a ajuda externa
Não é apenas pelos fatores de desigualdades, o fluxo de riqueza que corre sempre numa única direção, depende do desequilíbrio de áreas como educação, infraestruturas não apenas sanitárias, mas também de transportes e fontes de riqueza regional e nacional, e para isto a ajuda externa é imprescindível.
A relação entre ajuda externa e combate a pobreza global é positiva e eficaz, dizem os relatórios de muitos fóruns.
Talvez alguns dos exemplos mais fortes da eficácia da ajuda externa sejam os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio desenvolvido pela ONU, porém as metas não foram alcançadas, corrupção interna e ajuda externa ineficiente.
Essas metas, propostas pelas Nações Unidas e ratificadas por todos os países do mundo, visavam: reduzir a pobreza, a fome e a mortalidade infantil, mas os planos de desenvolvimento local e regional foram timidamente atacados.
O chamado Borgen Project foi na verdade direcionado a ações de capitalistas locais e interesses externos,
Os objetivos propostos e ratificados por todos eram:
– reduzir a pobreza, a fome e a mortalidade infantil;
– alcançar educação primária universal, igualdade de gênero e sustentabilidade ambiental;
– melhorar a saúde geral, lutando contra doenças tratáveis; e
– atuar como uma parceria global para o desenvolvimento.
Parecem louváveis e dificilmente alguém deixaria de apoiar a estes planos, mas a aplicação local foi para reduzir a natalidade, sustentabilidade ambiente sem desenvolvimento, e as doenças tratáveis não são de fato atacadas, ainda doenças infantis subsistem, a malária é comum em muitas regiões da África e há o risco agora da pandemia.
Restou o problema fundamental da parceria global para o desenvolvimento, onde deve-se olhar os interesses, a cultura e aquilo que é socialmente valorizado localmente, e infelizmente a mentalidade colonialista ainda impera, a chamada decolonização vem no enfrentamento desta questão.
Um processo que contemple este novo processo deve ser pensado, observando autores e as culturas locais.
Auxilio efetivo a pobreza
Se por um lado é necessário o auxílio emergencial, principalmente porque a pandemia impede o exercício de trabalho informal e muitas famílias economizaram com empregados domésticos, é necessário um plano de recuperação a médio e longo prazo para evitar uma degradação e uma distribuição de renda ainda pior do que a que já existe.
O economista Muhammad Yunus é conhecido no mundo inteiro como “o banqueiro dos pobres”, mas na verdade não é um banqueiro no sentido convencional, pois ele auxilia pessoas que nunca tiveram acesso a nenhum sistema bancário, o que fomenta é um empreendedorismo, principalmente entre mulheres, e seus resultados são surpreendentes.
É verdade, entretanto que fundou um banco, o Grameen Bank em 1983 em Bangladesh, porém hoje o que mais faz são palestras, é um dos oradores mais solicitados do planeta, e recebeu entre outros prêmios, o Nobel da Paz em 2006.
Em suas palestras censura e critica banqueiros que visam apenas o lucro fácil, os juros escorchantes e pouco ou nada olham para a realidade social em que vivem, uma de suas frases muito conhecidas diz: “Lidar com teorias econômicas diante de pessoas morrendo [de fome], para mim era uma piada”, isto é ainda mais verdade numa pandemia.
O produtivismo utilitarista, a produção é necessária principalmente em bens essenciais, é aquele que visa apenas os setores mais atrativos onde o lucro é alto e o impacto social nem sempre tão alto, no que se refere aos pobres, e no caso da educação e da saúde, é necessário até mesmo que não seja considerado o lucro, pois se trata de investimento.
A ideia que invadiu diversos setores, e infelizmente também na educação e na saúde pública, que é necessário que estes setores sejam produtivos não é senão uma reprodução de um capitalismo selvagem incapaz de gerir a crise atual, e só está em alta por causa da desinformação da população, em tempos sombrios teorias autoritárias ganham voz.
O que Yunus diz sobre empregos é muito interessante: “Uma questão essencial está na ideia de emprego. Quem disse que nascemos para procurar emprego? A escola? Os professores? Os livros? Sua religião? Seus pais? Alguém colocou isso na cabeça das pessoas. O sistema educacional repete: ‘você tem que trabalhar duro’. Seres humanos não nasceram pra isso. O ser humano é cheio de poder criativo, mas o sistema o reduz a mero trabalhador, capaz de fazer trabalhos repetitivos. Isso é vergonhoso, está errado”, aqui precisamos vencer também o economicismo assistencialista.
O mundo digital no qual qualquer pessoa pode ter um sistema online e trabalhar nele, onde empregos “informais” podem tornar pessoas de qualquer localização, inclusive da periferia empreendedores, vão de encontro a proposta de Yunus, tornar os “serviços” mais próximos da população de periferia é possível graças a onipresença do digital.
Empreendedores existem em todas camadas sociais, arrisco até a dizer que eles se concentram na periferia, o problema é quem se arrisca a colocar capital ali, quem poderia financiar estes “microempreendedores” de periferia, aí há solução, o número de empregos pode crescer rapidamente e haver circulação de bens e renda em ambientes frágeis.
Número de casos cresce e as vacinas
O número de dados voltou a crescer, se olhamos o vale do dia 7 de setembro, feriado nacional no Brasil, vemos o vale de decréscimo com 10 mil casos, nesta avaliação de curto prazo é melhor o número de infectados, porque o número de mortes só será afetado de 7 a 14 dias, que neste período também voltou a crescer.
Foi um escândalo e comentado em todo país a descida dos paulistas para as praias litorâneas, coincidência ou não, é um dado real e científico, o número de casos voltou a crescer e o número de mortes voltou a aproximar das mil diárias.
Enquanto a vacina não vem, teremos que conviver com esta realidade, o período de um possível lockdown passou o vírus está em todo país e o único isolamento que funciona é o social para evitar a infecção entre pessoas próximas, partindo justamente da ideia que todos podem ser portadores do vírus agora e todo cuidado é necessário.
Agora estamos a espera da vacina, e o caso de um efeito colateral de uma mulher em Londres da vacina de Oxford, a que usa o princípio vetor viral, o efeito foi uma mielite transversa que causa um problema neurológico e pressão alta, sendo possível que a causa foi um fator externo a fórmula, a mulher passa bem, há avaliação do caso por um comitê que é independente (vejam o quão complexo e sério devem ser os testes), e a retomada dos testes já foi autorizada, há outras 6 na fase dos testes.
É importante notar que o problema foi o efeito colateral e não a infecção, a vacina da Oxford e do Laboratório Astrazeneca, que tem participação do laboratório da Fiocruz brasileira, não tem possibilidade de infecção, ela não replica o vírus, por isto é considerada segura, mas efeito colateral existem em quaisquer remédios e vacinas e deve-se prescrever os casos, como aqueles que encontramos nas bulas, do tipo, crianças ou adultos não podem tomar, etc.
O caso foi importante para que todos tenhamos consciência da seriedade e da lentidão dos testes, que são necessários.
Outras vacinas sobem na “cotação”, a vacina da Pfizer. que segue o princípio ácido nucleico (RNA), e com boa cotação na área médica, porém esta também está sujeita aos testes e sem a avaliação das “contraindicações” não se deve apressar seu uso, por isto, a demora, é necessária e não se pode dispensar esta fase.
Socialmente o que esperamos, passado um período de ajuda (deve ir até o final do ano, mas que já está ai), é preciso já começar a pensar nas consequências econômicas, sociais e educacionais, elas serão fortes e exigirão o esforço de todos e deve-se pensar não como um peso, mas como uma necessidade social que determinados grupos tenham proteção.
É o caso de idosos, crianças e grupos socialmente marginalizados, se a sociedade e as políticas públicas não abraçarem estas pessoas, as consequências sociais que já são graves, poderão ir para o campo do descontrole e seria uma tragédia.
Mistério não é ignorância
Histórias de culturas, de tradições culturais que envolvem o imaginário, e o próprio imaginário são envoltos em mistérios, mas não se deve confundi-los com ignorância ou superstições, é isto que pode-se ler no livro do quase centenário Edgar Morin “Conhecimento, Ignorância e Mistério”. le-se aí muito sobre o conhecimento, algo sobre a ignorância e o essencial sobre o mistério, a dosagem de Morin é perfeita e um bom remédio para o pandêmico.
Ele prepara um livro para a pandemia, mas como sempre se antecipa à história espero ler e acredito que ele é um dos poucos que pode falar sobre o novo nomrla ou o pós-pandêmico justamente porque enfatizou numa de suas conferências que a crise sanitária nos pegou de surpresa e nos colocou de joelhos.
Além de livros planetários como “Terra Pátria”, sobre epistemologia “O Método” em seis volumes, é um dos raros que se arriscou a trilhar novos caminhos em nossos dilemas globais através de “Para Sair do século 20” e “Diante do Abismo”, porém neste livro de 2018, o seu salto é sobre o mistério sem escorregar pelos caminhos fáceis da crendice e da ignorância, questiona tanto o fetiche da razão como o determinismo materialista, entre suas diversas obras estão os Estudos Transdisciplinares feito num no Centro destes estudos em Paris com o filósofo, importante para o mundo digital Michel Serres, recentemente falecido, e proclama que podemos com a disciplinaridade e com a excessiva especialização caminhar para um novo “obscurantismo”.
Separa claramente a ignorância do mistério, para ele ““Só podemos apreender o real por meio das representações e interpretações. A realidade do mundo exterior é uma realidade humanizada: não a conhecemos diretamente, mas por meio do nosso espírito humano, traduzida/reconstruída não só pelas nossas percepções, como também pela nossa linguagem, nossas teorias ou filosofias, nossas culturas e sociedades”, e o mistério é para ele equacionado pela transdisciplinaridade como “a contradição a que chega todo conhecimento aprofundado não é erro, mas última verdade concebível”.
Valoriza o mistério como caminho de descoberta e conhecimento: “O conhecimento complexo é o caminho necessário para chegar ao incognoscível. Caso contrário, continuamos ignorantes da nossa ignorância. O mistério em nada desvaloriza o conhecimento que a ele conduz.”
Chama o nosso meio atual como tendo uma “cultura do cancelamento”, uma meia-sola mais rancorosa nas velhas patrulhas ideológicas, e elas parecem agora recrudescer com o retorno da polarização ideológico, que no pós guerra criou uma tensão constante em toda humanidade.
Que lembra quando as crianças tapam os ouvidos e emitem cantilenas miméticas (ele chama de guturais) para não ouvir interlocutores que as contradizem (se você nunca fica sabendo que pode estar errado, estará certo para sempre), assim a polarização e radicalização parece vir da educação berçária.
Não é só o meio natural que precisa de biodiversidade, o meio cultural e a democracia também precisa, como afirma Morin na verdade “dependem da biodiversidade”, estamos dispostos a conviver com o que é diferente ou desejamos eliminá-lo, a resposta dada em escala global é assustadora, está sim não é mistério para ignorância e desprezo pelo Outro.
MORIN, Edgar. Conhecimento, Ignorância, Mistério. 1ª. edição. BR: Bertrand do Brasil, 2020.
Porque é difícil uma vacina este ano
Há três fases para que uma vacina seja liberada, no Brasil o órgão responsável pela avaliação e aprovação de solicitações para realização de pesquisas clínicas com fins de registro e de pedidos de registro de produtos imunobiológicos desenvolvidos na indústria farmacêutica é feito pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), há comitês de ética que acompanham as etapas dos estudos, os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) e/ou da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), então há critérios e cuidados que são observados.
Na fase 1, são selecionados pequenos grupos de voluntários, normalmente adultos saudáveis, são avaliados para a verificação da segurança e determinação do tipo de resposta imune provocada pela vacina, na fase 2, há a inclusão de um maior número de indivíduos e o produto é administrado em indivíduos representativos da população com menores proteções imunológicas (crianças, adolescentes, idosos e pessoas com imunologia comprometida), já na terceira fase é preciso aplicar numa grande quantidade de indivíduos e garantir o mínimo possível de reações adversas e contra-indicações, nesta etapa o número de voluntários deve ser grande.
A empresa só vai solicitar o registro de produtos com estudos na fase 3 em andamento, assim os dados das etapas 1 e 2 devem estar consolidados e sua eficiência demonstrada com alta eficiência terapêutica e/ou preventiva, e não exista terapia alternativa comparável aquele estágio da doença, aqui entra em cena o jogo dos interesses econômicos que podem ser levados para o campo político e até mesmo de disputa de mercados, porém é de se esperar que no caso da Covid-19 haja alguma ética neste processo.
Há 26 vacinas em estágio avançado, mas as quatro vacinas com potencial uso no Brasil são de quatro técnicas diferentes: o vetor viral é a técnica de Oxford e AstraZeneca que tem colaboração da FioCruz brasileira, a do laboratório chinês Sinovac tem participação do Instituto Butantan, a BioNTech – Wytech/Pfizer tem laboratórios privados no Brasil e anunciou que poderia estar pronta em Outubro, e, a Janssen Pharmaceuticals (Johnson & Johnson) adota a técnica do vetor de adenovírus (veja as técnicas e colaborações na figura).
A Sinovac com a técnica de vírus inativado poderá estar pronta para o ano que vem, a Janssen não fez grandes anúncios ainda, mas sabe-se que irá para a terceira fase, e a mais promissora que é a de Oxford está na fase 3, mas não deverá estar disponível até na melhor das hipóteses em dezembro.
De acordo com a Anvisa, o prazo para a manifestação sobre a vacina é de até 60 dias, embora a Anvisa tenha acelerado o processo de pedidos para medicamentos e vacinas no caso da Covid-19 instituiu um Comitê de Avaliação de Estudos Clínicos, Registro e pós-registro de Medicamentos, que inclui vacinas.
Assim ainda que o pedido esteja encaminhado em Outubro o provável de sua aprovação é para dezembro, até iniciar a produção e colocar a disposição dos órgãos de saúde deverão estar pronta para início da vacinação em meados de janeiro, antes disto cuidado, prevenção e manter as esperanças.
Enquanto isto estamos, no Brasil, paralisados num patamar de mil mortes diárias.
Depois da chuva e a pandemia
O filme de um assistente de Akira Kurosawa, Tadashi Koizumi, tem este nome “Depois da chuva” (Ame Agaru, 1999) era um roteiro de Kurosawa que Tadashi herdou, o primeiro ponto que pode-se destacar neste filme é a relação homem/natureza que limita a ação humana e ficam presos no meio de um caminho esperando a chuva passar, como muitos outros tem também um samurai, mas ele vai ter ali que realizar uma tarefa que não é muito digna de um samurai, arrumar dinheiro para as pessoas que ficam ali poderem comer, esta é minha analogia com a pandemia, ali do tempo em que todos ficam presos na casa, analogia que faço com o isolamento social.
O protagonista do filme é um personagem do tipo “jidai-geki” (os filme que tem inspiração na história do Japão), poderia ser também um filme sobre o “outono de um samurai”, há outro filme de roteiro feito por herdeiros de Kurosawa chamado “Rapsódia em Agosto” (1991), neste o diretor foi Kiyoko Mura.
Esta cosmovisão de não conceber o homem separado da natureza, em tempos que a ecologia era ainda tema marginal, agora com a redescoberta da natureza temos uma interessante analogia a ser feita, a natureza nos limitou atrás de um vírus, e ontem assistimos picos de temperaturas baixas no sul do continente americano, as temperaturas tem ficado 20ºC abaixo de zero em Rio Grande (Terra do fogo), de acordo com os dados do Serviço Meteorológico Nacional (SMN) da Argentina.
Já nos EUA onde é verão, o recorde de temperatura alta foi no “vale da morte”, 54,4ºC um recorde muito próximo da maior temperatura já registrada na região que foi de 56,9ºC em 1913, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) americano, a natureza dá seus sinais de reação a ação ecológica pandêmica de séculos.
Voltando a chuva no meio de uma mata por onde passam pessoas pobres, num certo momento o samurai se vê na condição de ajudar aquelas pessoas devido o longo período que estão isolados, e ao sair depara-se com um assassino que o samurai vai impedir um duelo que poderia terminar em morte, e por isto o senhor feudal dono daquelas terras decide emprega-lo como mestre espadachim, resta um escrúpulo que é aceitar dinheiro, o que é desonroso para o samurai.
O Samurai decide fazê-lo por um fim nobre que é ter alimento para aqueles pessoas que estão retiradas ali quase todas pobres por estarem fazendo aquele caminho pelo meio da mata, quando foram impedidos de prosseguir pela chuva.
Se a mensagem naquele tempo foi pouca apreciada, hoje com a situação econômica que teremos depois da pandemia, a mensagem é nobre e social.
Abaixo um link para ver o filme:
https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=1mR0KV-c9EY
A pandemia e o Areté
Areté era para os gregos um conjunto de virtudes que deviam ser exercitados para evitar uma crise ainda maior na democracia grega.
Embora esteja ligada a virtude moral, no sentido grego é claro, duas características da areté são necessárias neste momento da pandemia: a prudência e adaptação perfeita.
As condições da pandemia exigirá de todos uma adaptação, os números de infectados e mortos evoluem numa curva estável, porém em números absolutos significa um aumento diário na casa dos milhares de mortos, e milhões de infectados, os cuidados devem se tomados e significa uma adaptação a situação atual, um novo normal incerto virá , o que vivemos agora é uma adaptação a uma situação de exceção.
A prudência deve estar em nossa mente, é uma situação de limitações, porém se levada a sério torna o dia-a-dia menos tenso, também as autoridades de saúde e políticas devem tomar cuidados ao adotar as vacinas, além da saúde existem questões políticas e interesses econômicos envolvidos, e novamente a saúde deve ter prioridade, toda prudência na adoção da vacina será necessária.
A grande razão de termos dificuldades em cumprir regras, e também ter sensibilidade e respeito ao cumpri-las é que as virtudes não estão na moda, a moda é a plena liberdade, e não ela nunca é possível por razões de leis e regras sociais de boa convivência, em período de um estado completamente excepcional exige de todos atitudes ainda mais disciplinadas, de higiene, de distanciamento social e de delicadezas.
A solidariedade é outro valor que deve voltar a moda porque muitas pessoas precisaram de nossa compreensão para poderem ter sua sobrevivência garantida, não faltam campanhas e atitudes é verdade, porém será necessário um esforço ainda maior para que realmente todos tenham o mínimo de dignidade para viver.
Os gregos que construíram o primeiro modelo de polis, podem nos ajudar a corrigir valores que a cultura contemporânea corrompeu, por isto, durante toda a semana que passou tratamos deste tema, prudência e adaptação exigem esforço para que o drama da pandemia não seja um flagelo ainda pior.
A espera de uma vacina
Duas vacinas estão próximas de brasileiros pela participação de institutos de pesquisa locais, a vacina de Oxford, onde que tem o brasileiro Pedro M. Folegatti na equipe de desenvolvimento (autor do artigo na revista The Lancet), da qual participa também o laboratório Fio Cruz com incentivo do governo, e a vacina chinesa a qual na etapa de testagem participa o Instituto Butantã da USP, com acordo do governo de São Paulo para o desenvolvimento.
Pode gerar uma confusão de interpretação o fato que o laboratório AstraZeneca britânica, que está no desenvolvimento da vacina de Oxford, fechou acordo para produzir a vacina também na China através da empresa Shenzhen Kangtai Biological Products, anunciado na quinta feira passada, de 6 de agosto.
As vacinas tem também diferentes desenvolvimentos, enquanto a vacina chinesa segue o desenvolvimento tradicional de vacinas para gripes e algumas doenças comuns como sarampo, cachumba e outras, que é o desenvolvimento de uma dose mais fraca do próprio vírus produzindo assim uma imunidade no corpo, após alguns pequenos incômodos, no caso do corona vírus fica uma pergunta, será que não há a possibilidade de reinfecção, já há casos no mundo todo, que estão sendo estudados.
A vacina de Oxford, que tem a participação da FioCruz e incentivo do governo brasileiro, já foi explicado num post que é produzindo um vetor viral não replicante, ele é modificado e não infeccioso, uma proteína escondida no vetor leva uma proteína que produz anticorpos e imuniza o vacinado, o laboratório de Oxford afirma que com duas doses é 100% eficaz.
Há muitos outros projetos em desenvolvimento no mundo, as empresas chinesas participam além destes dois, em mais 8 dos 26 projetos que lideram o desenvolvimento da vacina por estarem já na etapa de teste das vacinas em humanos ao redor do globo.
A corrida pela vacina tem dois aspectos, o positivo há uma corrida que pode trazer a vacina mais cedo, a outra temerosa é que etapas de segurança sejam ultrapassadas, a Rússia diz já ter uma vacina para breve, mas há duvidas sobre o cumprimento dos protocolos antes da vacinação em massa, é necessário prudência.
https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S0140-6736%2820%2931604-4
#LockDown de feriado, não fizemos a lição de casa
A taxa de isolamento social subiu para 51% no Estado de São Paulo e 53% na Capital, o que é muito pouco perto do avanço da Covid 19, embora os números indiquem estarem estabilizados num patamar em torno de mil mortes, a queda poderá ser muito lenta se não houver formas de aumentar o nível de isolamento social, o dia de hoje também é feriado antecipado em São Paulo.
Aos poucos vamos tirando lições duras da pandemia no Brasil, mesmo com a reunião do governo com governadores o já previsto “day after” aconteceu e da pior maneira possível, o vídeo da reunião ministerial causou perplexidade em todo país e aumentou a distância entre poderes e do governo com governadores e prefeitos.
O frio também chegou embora ainda estejamos no outono no hemisférico sul, e a América Latina já é o novo epicentro da pandemia, enquanto a Europa devagar vai retornando a nova normalidade (embora Espanha tenha problemas), e com esperanças de eliminar a pandemia e que os índices de infecção caiam ainda mais.
Os leitos na capital estão se esgotando, chegaram neste domingo a 91% de ocupação, assim ou toma-se uma medida dura ou será inevitável acontecer um novo avanço na curva de mortes e o Brasil já é o segundo só abaixo dos EUA.
A esperança da vacina avança na farmacêutica AstraZeneca da Inglaterra, seu CEO Pascal Soriot afirmou neste domingo (24) que o Reino Unido poderá ter acesso a vacina em setembro deste ano se os testes forem bem sucedidos, agora com 10 mil voluntários que começam a ser vacinados.
Apesar do isolamento social ser aquém do necessários, sua eficácia é comprovada, a curva que é exponencial de mortes e de infecções, deve ser analisada numa escala logarítmica (veja figura), onde pode ser observado, inclinações cada vez menores podendo ficar numa inclinação horizontal quando este número parar num patamar, que seria o desejável para não ultrapassar o limite do sistema de Saúde, dependendo da medida de #LockDown podemos variar de 30 a 100 mil mortes.
Sobre São Paulo, os cientistas avaliam, a analise foi feita por pesquisadores da USP segundo o portal G1, que ao invés de termos um pico podem ter uma platô onde o pico máximo se mantém por vários dias antes de recuar, isto também esgotaria o sistema de saúde já em taxa elevada.
Alguns estados já revelam uma atenuação da curva, é o caso de Rio Grande do Sul e Santa Catariana, porém Amazonas continua grave, já o Ceará e Maranhão devido ao #LockDown tiveram melhoras enquanto o Pará ainda não mesmo com o isolamento radical.