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Nem ético nem moral: apenas mínimo
A pretensa construção de uma modernidade de Estado, conforme o próprio Hegel deseja, a moral do Estado não é senão algo imoral, impensável até mesmo para o humanismo mais revolucionário que possa existir, o que elaboramos ao abandonar a moral pessoal foi a origem de um desastre ético e moral sem precedentes na história da moral, o mais profundo da crise cultural que vivemos é uma crise moral.
Pode parecer um discurso conservador, mas aqueles que releram Hegel a partir de Adorno, irão ver o que está por trás de uma pretensa ideia de um conjunto de instituições “imparciais”, alertava Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969), ao vislumbrar as arbitrariedades da República de Weimar, a luz de suas leituras de Kierkegaard e Nietzsche, elabora entre várias outras obras a MInima Moralia, que reunirá as suas experiências de exilado, onde são observados de modo particular as experiências pessoas na Alemanha antes do nazismo, e nos EUA de Rooselvet.
Não é nem uma a obra baseada em uma polêmica ou mitologia comercial fácil, como seria a contraposição entre duas grandes nações civilizatórias do ocidente, nem um caminho fácil de apresentar uma solução para a crise cultural e social que vivemos, mas vai ao seu cerne.
Aponta seu caminho como aquele que os filósofos “outrora chamavam vida, {e que então} reduziu-se à esfera do íntimo, e depois, do puro, e simples consumo, que não é senão um apêndice do processo de produção, sem autonomia e substância própria. Quem quiser aprender a verdade sobre a vida imediata, deve examinar sua forma ´alienada´, as potências objetivas que determinam a existência individual até nos recantos mais escondidos.” (ADORNO, 1951)
Desvela ao longo de seu trabalho que a autoconsciência preconizada por Hegel e institucionalizada no Estado Moderno, é arte de mostrar, debaixo da falsa aparência da ordem conformista, os mecanismos de controle, as “regras”, ou “métodos”, ou “estruturas ideológicas”, que estão sistematicamente eliminando a esfera da “consciência individual autônoma”, tão “ingenuamente” afirmada pela filosofia tradicional idealista.
Dirá sobre a autoconsciência, em Hegel, “era a verdade da certeza de si mesmo; nas palavras da Fenomenologia: “o reino nativo da verdade” … Hoje, self-conscious significa apenas a reflexão do eu como perplexidade, como percepção da impotência: saber que nada se é.” (ADORNO, 1951, p. 40)
Não sabemos mais o que a moral é, e nem somos mais capazes de elaborar uma “Mínima Moralia”, o roubo de bens públicos é quase uma regra, no dizer de Adorno até a consciência de-si está difusa: “Em muitos homens é já uma falta de vergonha dizer eu.” (idem).
Quem pensa que esta crise nasceu hoje, desconhece a história, e sem revê-la não saberemos como revertê-la para tornar a vida humana possível e saudável neste planeta.
ADORNO, T. W. Minima Moralia. Lisboa: Edições 70, 1951. (pdf)
Leitura-Oração, meditação e pensamento
Deixamos a meditação acima como sugestão, quando fomos olhá-la na Web já tinha mais de 9 milhões de acessos, eis um ponto de partida prático para entender este post.
Pode-se pensar a oração como uma forma de leitura ou escuta, é a mesma coisa, será diferente apenas se usamos a música, mas basta pensar que ela é uma outra forma de escuta, talvez a mais primitiva, há quem diga que a origem do universo foi uma música, em termos físicos está correto porque foram ondas funcionando como cordas (chamada Teoria das cordas) que vibrando num certo tom deram origem a um elétron ao vibrarem em certo tom, em outro tom deram origem as subpartículas que são os quarks e assim por dia …
Podemos pensar que algum anjo ou outra entidade tocava música, é mais ontológico e mais poético, então no início devemos vibrar, atingir certa frequência de vibração, dizem os budistas, mas não é muito diferente para os hinduístas e os muçulmanos.
O que dizer então da Meditação cristã, ela tem origem dentro da tradição oral, mas na sua passagem para escrita, basta lembrar que Platão e Aristóteles são anteriores a Jesus, mas este vem do judaísmo e da tradição abrâmica (os judeus e muçulmanos também) cuja tradição é oral, mas também é a origem da escrita, razão pela qual se escreveram os evangelhos, as “boas novas”, ou as notícias como diríamos hoje.
É preciso depois de ler e meditar, silenciando nossas pré-ocupações, nossas categorias, o époche grego, Plotino afirma, em sua obra de maior influência as Enéadas, que a Alma e, portanto, todas as almas são imagens do Intelecto, assim como a palavra proferida é imagem da palavra interior (está na Enéada V. 1).
Dessa maneira, por um lado, ela é uma realidade semelhante ao Intelecto e, por outro, inferior e derivada. É dotada de intelecção, mas a intelecção que lhe é própria é inferior, discursiva, mas já prevê a forma escrita, o importante, entretanto onde ela é arrastada para o meio:
“Já que a natureza da alma é uma e nela há muitas potências, às vezes toda ela é transportada ao mais nobre de si mesma e do ser. Outras vezes, a parte pior, arrastada para baixo, arrasta consigo o meio” (está na Enéada II, 9, 2, 4-9), é preciso então depois de ler meditar até chegar ao pensamento/conhecimento, tomar conhecimento do meditado.
A tradição escrita nos permitir arquivar, armazenar o meditado, pensando e poder voltar a “lembrar” o que nos foi importante ali, então registra-se de forma escrita, hoje podemos gravar a voz, ou mesmo fazer um vídeo imediatamente.
Os discípulos de Jesus pediram que ele os ensinassem a rezar, lembrando da tradição oral de seus antepassados, e a oração dada pelo mestre foi o Pai Nosso, reconhecer que há alguém (ou algo) acima de nós, que nos guia em conjunto aí a figura do autor da criação como Pai: “Pai nosso que estais nos céus”, cujo nome é bendito, santificado, e devemos nos com-formar com este designo coletivo para fazer “sua vontade”, também lembra de nossas coisas materiais “o pão nosso de cada dia”, de nossas contendas “perdoai nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos tenha ofendido”, e finalmente livra-nos de tantos males: injustiças, desmandos e guerras inúteis que vemos por todo país e todo globo.
Escatologia em tempos de crise
Quando o império Romano dava sinais de decadência, muitas pessoas se desesperaram e diziam o fim está próximo, também no final da idade média, no período da peste negra os sentimentos eram iguais, toda cultura e todo processo civilizatório tem uma escatologia, quer dizer, o que aconteceu no seu fim, que não quer dizer necessariamente o “fim do mundo”.
Na escatologia cristã o Reino de Deus está próximo (Mt 3,2) e mesmo sua presença entre os homens (Mt 12,28) é uma escatologia dizem os teólogos e exegetas, do “já”e também do “ainda não”, já porque Jesus-Deus veio habitar entre os homens, ou seja entrou na história, mas não ainda porque é preciso que um conjunto de fatos históricos se desenrolem para que o homem tenha “vida plena”, que significa tão somente condições mínimas de dignidade.
O tempo presente é lugar dos homens, é preciso portanto consciência histórica, mas aquela romântica de Dilthey, já postamos isto, é romântica no sentido que apenas condições ideais e não factuais para que a consciência histórica nos impulsione a construir uma vida digna.
Na escatologia cristã, para aqueles que não atingem a profundidade dos acontecimentos históricos, o Reino de Deus vai crescendo sem que o homem saiba como (Mc 4,26-27), mas as contradições da vida cotidiana interpelam a ausência de profundidade, ou a consciência mais romântica que apesar de crê que os fatos “são vontade de Deus”, acrescento na história, não podem olhar numa lógica histórica porque creem “idealmente” deslocados de sentido.
Em face a lei judaica, Jesus agirmou a liberdade e o a dignidade humana (Mc 2,27: Mt 12,8-12; lc 11,37-42), em face ao sistema “religioso” ele afirma que todos são filhos de Deus (Mt 12,6; 12,12-13; 24,1-2) e inclui a TODOS (Mt 8,5-10, Mc 7,24-30), mas talvez o que todos devam ler em relação a política com mais atenção são os direitos de TODOS os homens (Jo 19,11); Lc 22,25-26; sem dúvida sem excluir os pobres, mas guarda a fraternidade em lugar sério em (Mt 6,9; Mc 14,37), e com questionamentos profundos (Mt 27,49; Mc 15,34).
É por isso que será condenado a morte, porque quer colocar o homem além das estruturas e sistemas puramente humanos, os detentores de poderes políticos e religiosos não podiam e não podem aceitar um não-poder que é feito por Amor, com Humildade e sem hipocrisia; quem quiser segui-lo tome sua cruz, mas terá o Reino dos Céus já aqui, mas não ainda.
Crise, ontologia e kénosis
Desenvolvida a ideia da crise em uma visão mais profunda, e usando o método da decadialética de Mario Ferreira dos Santos, é possível buscar um caminho pela: “abstração de um dos opostos, cuja positividade passa a ser negada ou reduzida a outra.” (SANTOS, 2017, p. 75)
É preciso também, como indica o filósofo caminhando em seu método: “salvamo-nos do ceticismo e do dogmatismo, que são duas posições de crise sobre a possibilidade gnosiológica do homem.” (p. 79)
Queremos ir além do pensamento para apontar a superação da crise, não que o pensamento em essência de Mario Ferreira não seja suficiente em essência, mas uma atualização é necessária, para superar o que ele chama pensamento de crise, para estruturar uma filosofia da crise: “e, consequentemente, de se ter uma visão crítica da crise do existir finito.” (idem)
A diferença essencial é que Mário Ferreira vai para um caminho de síntese o que ele chama de Filosofia Concreta, que aponta no livro em diversos trechos como uma leitura complementar para entender seu pensamento, o que se propõe aqui é uma retomada ontológica radical.
Assim propõe para além da ontologia a Kénose, segundo Valodomer Koubetch, “Kenose: Kénosis, kenótico, de kenoo, esvaziar, extenuar, reduzir a nada; estado de humilhação” e isto é necessário porque devemos admitir que não temos a resposta pronta, não temos o discurso ou se preferirmos a narrativa única para o pensamento de crise, e nos amparamos no auxílio dado pelo filósofo brasileiro, para falar na Filosofia da Crise, identificando –o em essência.
Pode-se então enumerar a saída como uma ontologia trinitária, se há uma tensão entre polos opostos de discursos descritos na decadialética, pode-se pensar numa lógica do Outro, do não-eu, ou radicalmente do vazio kenótico onde pode emergir no duplo vazio, um terceiro estado.
A comparação coma trindade é inevitável, pois no discurso teológico a realidade de Jesus Cristo, Filho/Verbo de Deus que, sendo Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, aniquilou-se, humilhou-se e assumiu a condição humana, fez sua kénosis, abrindo uma nova realidade.
Pode-se esgotar o discurso do diálogo, do dialogismo e da polifonia, porém todos não são suficientes se não há a possibilidade nas tensões opostos de abrir uma Kenosis, se feito por dois discursos ou duas pessoas convictas, emerge um terceiro não-eu-tu como uma ontologia trinitária, uma superação do dualismo, não sem tensão ou sem contraditório, mas novo.
SANTOS, Mario Ferreira. Filosofia da Crise, 1ª. ed. São Paulo: É Realizações, 2017.
Dualismo e ontologia
Se tudo que há no mundo é relacional, se como diz o filósofo Mário Ferreira dos Santos: “não dizemos tudo de uma coisa, nem muito, quando apenas a classificamos em um conceito, pois sabemos que, na coisa, há muito mais, que não é do conceito que a assinala.” (pag. 56)
Portanto ver ontologicamente significa ver a relação entre os vários aspectos do ser e a relação entre os seres, o que Mário Ferreira vai chamar de decadialética, dez campos de análise da dialética, entre as quais encontramos a idealista oposição entre sujeito x objeto, “e no sujeito o campo da razão e da intuição.” (pag. 64)
A maneira única de nosso filósofo é romper o dualismo por dentro, ou seja, não refutá-lo mas incluí-lo então estabelece “um esquema fáctico-noético da coisa:, que é uma representação, com imagem, um esquema sensível do que a coisa é; ou melhor, do que a coisa simboliza em esquemas sensíveis. O esquema abstrato-noético, construído pela razão, é o conceito.” (pag. 64).
Sempre considerando as contradições, “o terceiro e quarto campo o do desconhecimento e conhecimento racionais, que operam na captação dos esquemas abstratos, que, ao mesmo tempo, implicam os que são desprezados, inibidos, ou seja, o da atualização e da virtualização racional e o da atualização e da virtualização intuitivas.” (idem)
Faz uma constatação fundamental para os dias de hoje (ele morreu em 68): “O objeto, não sendo totalmente captado por nós, podemos considerá-lo como atualidade e virtualidade.” (pag. 65)
Então atualidade e virtualidade são campos de tensão do objeto, afirma o filósofo.
Destes campos “um ser só pode atualizar o que está na sua forma. Outras possibilidades só poderão estar mais próximas se sofrerem uma mutação substancial, como ainda veremos adiante.”
É justamente neste campo que surgem os três novos campos: sétimo, oitavo e nono campos, onde vai analisar os aspectos intensos e extensos, que surgem da tensão do objeto.
O quantitativo é sempre extensivo ao objeto, enquanto o qualitativo é intensivo, e usando uma analogia, afirma que a qualidade é vertical, enquanto a extensividade é horizontal, exemplifica com a qualidade cor verde, “o verde é mais verde ou menos verde, tomando-se como medida um verde perfeito, embora sem posse atual por nós, mas apenas virtual.” (idem)
O mecanicismo, explica, é justamente a redução das intensidades à extensidade, neste caso deduz Mario Ferreira: “não há solução da crise aberta entre essas antinomias, porque a redução é meio abstrato de fugir a ela, e não compreendê-la dialeticamente”, neste caso, decadialeticamente.
‘O décimo campo, de grande importância no exame dos fatos, é o do variante e do invariante” (pag. 67), que é a consciência que devemos ter da historicidade, embora Mario Ferreira não se refira a Gadamer, provavelmente nem conheceu sua obra pelo ano que morreu, faz sua análise baseada na relatividade de Einstein.
Crise, os limites e o conhecer
Estamos lendo Mário Ferreira dos Santos, e no final do primeiro capítulo da “Filosofia da Crise”, aponta que temos consciência do limite que há com o Outro e o nós, para apontar 5 pontos desta separação antes de mergulhar sobre o que é o nada entre as coisas (e seres).
Sobre esta separação, afirma que “as coisas também sofrem dos seus limites, mas caladas, intrinsecamente caladas, silenciosas até ante si mesmas, porque nelas, não há um que que perscrute a si mesmo. ” (pag. 20)
Temos consciência da crise, as coisas também sofrem a separação, e a crise se agrava “se aceitarmos essa separação como irremediável, um abismo insuplantável, traçado entre nós e os outros”, o quarto limite é o da individualidade, o em si de outros filósofos, e deste se origina o quinto limite: “do eu ante o limite da individualidade.” (pag. 29)
“E não há em nós algo que sempre coloca além de todo o nosso conhecimento, algo qe conhecemos, sempre distante, sempre cada vez mais distantes, que marca uma presença sempre se separa de tudo quanto delimitamos, pois conhecer é sempre delimitar? ” (pag. 29), termina a longa reflexão sobre a separação e a crise com uma questão cognitiva central.
É algo como afirmava o filósofo Ludwig Wittgenstein (1889-1951): “o conhecimento é uma ilha cercada por um oceano de mistério. Prefiro o oceano à ilha”, para indicar que a crise é na maioria das vezes um ir além, e penetrar no oceano do mistério.
Termina o capítulo de conceito da crise com duas constatações: “entre os limites de todo o nosso conhecer, não há sempre em nós, algo que conhece, que os vence, porque deles não se deixa apreender? E que sempre se separa, distante, sempre o mesmo?” (pag. 30), e que mesmo em crisis, “há também já um apontar de uma vitória que vivemos em nós.” (idem)
Finaliza o capítulo com esperança: “Portanto, não há razão para não desesperar. Mas é preciso encontrar o caminho prometido.” (idem)
SANTOS, Mario Ferreira dos. Filosofia da crise, São Paulo: É realizações, 2017.
Diálogo e polifonia
Uma presença importante no diálogo é a polifonia linguística, isto é, não se dialogar apenas com um raciocínio na mesma linha ou ainda, quando um autor ao escrever um romance permite que seus personagens dialoguem em ângulos opostos do discurso.
Um dos linguistas a definir polifonia foi Bakhtin que a define como a forma de um tipo de romance que se contrapõe ao romance monofônico, usou para isto Fiodor Dostoiévski, onde cada personagem tem uma visão própria de mundo, voz e posição, ao interagir com outros.
Também na Bíblia em At 2,7-9 se pode ler: “Cheios de espanto e admiração, diziam: ´esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que nós os escutamos na nossa própria língua? “ evidencia o fato que uma mensagem universal estava surgindo e isto é mais importante que qualquer conotação linguística ou menos espiritual que se tenha, uma polifonia estava sendo formada na comunidade cristã primitiva e isto lhe dava força.
Embora correlatos, dialogismo não é polifonia, porque o princípio dialógico deve ser constitutivo da própria linguagem, porém os diálogos monofônicos (uma voz que domina as outras vozes) e os gêneros dialógicos polifônicos, onde vozes polêmicas discursam; podem, ambos serem usados em contextos diferentes.
Assim ambos podem estar presentes em um discurso, será dialógico quando o discurso do Outro é admitido como plausível, e será polifônico, quando uma voz não domina a outra.
Epistemologia e ciências humanas
Do meio do século XIX até o início do século XX, as ciências humanas viveram uma verdadeira transformação na busca de uma alternativa para os fundamentos epistemológicos do conhecimento científico, pois os velhos modelos “positivista” e “naturalista” estavam em cheque.
Dilthey, sucessor de Schleiermacher que propôs o método hermenêutico, buscou fundamentos filosóficos para uma epistemologia do conhecimento científico, assim dizia: “As ciências que têm a realidade sócio histórica como seu objeto de estudo buscam, mais intensamente do que antes, as relações sistemáticas entre elas e com os seus fundamentos.” (DILTHEY, 1989, p.59).
Gadamer vai diferenciar a paridade com as ciências naturais com as ciências humanas (Geistewissenchaften), propondo que o que ocorre com uma interpretação artística, é diferente da leitura, pois “A leitura, enquanto distintas de um ´recital´, não se coloca por si mesma; ela não é uma atualização autônoma de um padrão de pensamento, mas permanece subordinada ao texto restaurado pelo processo de leitura. ” (GADAMER, 2012, p. 11).
O modelo ideal é romântico, como chamado por Gadamer, trata consequências para a epistemologia, pois “O seu ideal é decodificar o Livro da História. Esse é o método pelo qual Dilthey espera pode justificar a auto compreensão das ciências interpretativas e sua objetividade científica. ” (idem)
Assim como os textos possuem um “sentido puro”, também a história o teria, na análise de Gadamer entretanto ”a sua auto compreensão com relação às ciências não é “verdadeiramente consoante com a sua posição fundamental em termos da Lebesphilosophie “ (filosofia da vida) (GADAMER, 2012, p. 12).
Esclarece que ela se encontra sempre “na conexão entre ´vida´, que sempre implica consciência e reflexividade (Besinung) , e ´ciência´, que se desenvolve a partir da vida como uma das suas possibilidades” (idem).
Assim, a implicação epistemológica clara: “As ciências humanas adquirem assim uma valência ´ontológica´ que não poderia permanecer sem consequências para a sua auto compreensão metodológica.” (idem)
Assim, as ciências humanas “encontram-se mais próximas da auto compreensão humana do que as ciências naturais. A objetividade destas últimas não é mais um ideal de conhecimento inequívoco e obrigatório.” (idem).
Irá buscar na Ética a Nicômacos os fundamentos perdidos, quando no livro sexto Aristóteles distingue: “do conhecimento teórico e técnico o modo do conhecimento prático, ele exprime, a meu ver, uma das maiores verdade que permitem ao pensamento grego trazer à luz a ´mistificação´ científica da sociedade moderna em que reina a especialização.” (GADAMER, 2012, pag. 13).
Referências
DILTHEY, W. Introduction to the Human Sciences. Ed. by R. A. Makkreel & F. Rodi; trad. Michael Neville. New Jersey: Princeton University Press, 1989.
GADAMER, H.G. O problema da consciência histórica, 3ª. edição, 3ª. reimpressão, Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2012.
Hermenêutica e fanatismo
Desde a filosofia platônica, que foi uma superação do discurso dos sofistas que serviam unicamente a retórica de poder, o dualismo do conhecimento entre a Doxa que é a opinião e a Episteme que seria o conhecimento verdadeiro, mas alguns autores veem a Doxa como primeiro conhecimento.
Todo o discurso e a lógica Socrática, que Platão a usa abundantemente, não é senão o diálogo entre o conhecimento como se apresenta e a sua elaboração através de perguntas.
O fato que caímos num labirinto de dúvidas e crises na modernidade, mesmo com o conhecimento sistematizado não é senão o retorno ao que de fato é a episteme, como a vida muda, a lógica da vida também seria de se esperar, deve mudar e assim muda o método de investiga-la.
Chamo a esta exigência de nosso tempo de “abertura epistemológica”, permitir que novos sistemas e novas formas de pensar sejam possíveis e passíveis de análise, assim a doxa ou a simples opinião pode não ser apenas uma forma moderna de sofisma, mas um “desvelar”.
O fanatismo é de modo geral a recusa a uma “abertura epistemológica”, é o fechamento em um esquema “que deu certo” por um período, mas pode não mais servir a lógica da vida hoje.
Claro que há diversos níveis de fanatismo, mas em essência é um fechamento ao discurso do Outro, ao circulo hermenêutico onde é possível alguma forma de fusão de horizontes, como o chama o filósofo Gadamer.
Por assim dizer é a comunicação de que outro discurso diferente ao do meu circulo epistêmico não é aceito, não é tolerável e deve ser banido, daí a chegar-se a formas violentas de comunicação não é um passo, mas é um caminho quase inevitável.
Não é um fechamento epistêmico, uma ajuda é o livro de Marshall Rosenberg “Comunicação não-violenta” vai desde a autoajuda para libertar-se de condicionamentos e experiências negativas, até os esquemas filosóficos e problemas de posicionamentos políticos tão comuns em todas esferas de nossa vida hoje.
TOM TOM go Brasil
O GSP Tom tom já é famoso em todo Brasil, e já tinha uma versão para muitos países pelo mundo agora, agora chegou o Tom Tom Go Brasil, ao menos por enquanto gratuito e melhor que o Waze, pois funciona mesmo que seu celular esteja off-line e atualiza online todos os maps sem precisar daquela: “atualização de gps”.
O aplicativo já funciona para dispositivos Androids e está prometendo em breve para HiPhones, e entra numa competição direta com o Waze, o aplicativo popular para transito.
O motorista pode checar as condições do trânsito em diversas rotas, saber onde radar de velocidade em muitos casos identificando radares móveis velocidade, como a velocidade máxima da via, mas a opção mais interessante o download de diversos mapas diversos.
Apesar disto ser interessante, ele dá umas bolas foras, por exemplo, o Ceará fica na região Nordeste, mas é apontado como Norte, então para baixar verifique ao certo em que região está de acordo com o Tom Tom.
Tem serviços interessantes como avisar os amigos a hora de chegada, ele vai calculando e refazendo o horário de acordo com o transito e paradas, ideal para caronistas e gente que adora parar para o lanchinho.
Até o dia 13 de julho (porque esta data), o aplicativo “Conheça Tom Tom Navegação GPS’ pode ser baixado gratuitamente, após esta data custará U$ 1, cerca de 3 reais.
A má notícia é que depois do período de testes, o usuário tem que desembolsas US 15 (R$ 34 reais) por ano para uso das licenças dos maps, ou ficará com eles desatualizados, e não se sabe, se o serviço poderá ser cortado.