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O sinal de e Lázaro e a pandemia

27 mar

A pandemia veio nos alertar que não é a vida que importa mais a economia, postamos nesta semana que não é a oeconomicus da casa e da agricultura (dos alimentos diríamos hoje, pois o processamento de alimentos já faz parte da história), é a da especulação dos bancos e bolsas.
Ora é a vida que regime a economia e não o contrário, talvez um darwinismo econômico pudesse dizer na origem era o dinheiro e depois veio o homem, nada mais insensato, porém é claro que se uma economia vai a ruina a manutenção da vida fica no limite, fica assim nas guerras, vem a fome.
Porém o sinal da pandemia ainda mal lido até mesmo pelos economistas, e mais perdidos ainda alguns líderes e mesmo religiosos é o sinal de Lázaro (sua tumba ao lado), mais de meio milhão de infectados e a morte chegando não é razão suficientemente para a economia ainda mais forte do planeta querer parar.
A leitura atenta da bíblia revela que Jesus sabia da morte de Lázaro (Jo 11: 4-7) e não foi antes porque os judeus relutavam em mudar o estilo de vida da “lei” e da tradição, e queriam apedrejá-lo, porém Jesus explica aos discípulos que não queriam voltar a Judéia por medo, que isto deveria acontecer para que o povo de lá entendesse que era necessário uma mudança.
Que mudança o mundo espera, sim que vençamos a pandemia, mas o esforço global, a ideia de parar e reviver a economia doméstica que inclui a relação e o bem estar dos que nos são próximos requer uma “conversão”, uma mudança de atitude cultural, cuidar do que está ao nosso lado e se cuidar para não ser “infectado”, o sinal de Lázaro é que a morte vem, mas a cura também virá.
O importante é o que faremos depois para que nova crise não se instale, já tivemos a influenza e no Brasil a vacinação está começando, mas será que estaremos preparados para outra pandemia, sem entender que hospitais e a saúde econômica do povo, em especial, do povo simples é essencial, não entenderemos nada.
Lázaro não ressuscitou (mais tarde ele morreu de morte natural), ele apenas reviveu e Jesus afirmou que esta doença “não mata”, quer dizer a humanidade não será exterminada, mas a lição dura deve ser apreendida é a vida que rege a economia e não o contrário, e façamos nossa parte #FicarEmCasa e aplaudir os agentes de saúde.

 

Co-imunidade: curarmo-nos

24 mar

Estamos a espera de um milagre, aqueles que não acreditam ou fazem pouco caso da ciência, esperam agora que os cientistas encontrem a vacina, enquanto vacina para as antigas infecções gripais estão começando a estar disponíveis nos postos de saúde no Brasil.
A lição do ponto de vista médico é que esta doença que tomou aspectos de pandemia nos ensina já são definitivas, que a saúde das pessoas é mais importante que a doença, que podemos todos nos ajudar se cada um fizer bem sua parte, e que ninguém fará nossa parte por nós, o governo e as autoridades sanitárias podem conscientizar, mas dependem de atitudes individuais, culturais.
O filósofo |Peter Sloterdijk trabalhou num sentido mais ampla a ideia de imonologia e co-ímunidade, a ideia que não podemos nos livrar de todos os vírus e microorganismos que sempre fizeram parte da vida, e que agora se atacados e trabalhados pelo conjunto da sociedade podem ter seus efeitos reduzidos, embora eles pareçam cada vez mais agressivos, a influenza alguns anos atrás parece uma gripe comum perto do corona vírus e seu alcance e agressividade.
Herdeiro da fenomenologia, mas misturado a Nietzsche, e co-herdeiro de Heidegger com Byung Chul Han, criou uma nova e surpreendente antropologia para o além do humano, ao definir o homo sapiens como resultado de uma inacabada e infinita autopoiesis (do grego auto próprio e poiesis, criação), assim vamos em cada embate com a natureza nos auto “criando” e revendo.
A revisão deste momento é interessante e será inacabada porque os resultados para a economia e a própria estrutura social futura ficarão indefinidos e dependentes de decisões, porém o combate conjunto de povos e nações a pandemia cria uma nova “ação conjunta”, que Sloterdijk chama de co-imunidade, isto é, criar defesas conjuntas e uma imunologia além do humano.

Em relação a Heidegger ultrapassa o ser-aí para o ser-com, não apenas porque cria uma visão antropológica da relação humana, mas que mostra a eficiência de ação conjunta onde cada um faz sua parte, e a imunidade do todo, depende do rearranjo em rede de cada parte individual.

Em resposta a uma pergunta feita em 2018 a ele (do programa Fronteiras do pensamento) explica sua imunologia assim: “Não nos esqueçamos: a palavra “imunologia” é uma metáfora emprestada por juristas aos biólogos. Eu dou um passo adiante, estendendo o conceito de immunis (que em latim significa “livre dos deveres”) à dimensão religiosa.”.

Comparando-a ao sistema de Luhmann afirmou, continuando o pensamento anterior:

“Enquanto para Niklas Luhmann o sistema legal seria o sistema imunológico do sistema social, a esferologia afirma que a religião é o sistema imunológico original da sociedade”, e este seria a antropologia para além do humano, entrando numa dimensão de transcendência religiosa.

Ao relacionar o problema da imunologia com a ecologia, ele a elabora em relação a natureza:

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Uma noite escura da humanidade

20 mar

Uma noite cai sobre a humanidade, mas é preciso notar que esta noite vinha acontecendo o vírus que atingiu todo o planeta é um catalisador e apesar de ser letal e trazer muitos cuidados pode nos acordar de uma noite que vinha acontecendo: noite da cultura, noite de Deus, noite da ciência reduzida a especialidades e métodos questionáveis e principalmente noite do homem.
A vida desenfreada e muitas vezes sem sentido, a busca pela eficiência e produtividade, a ideia que o crescimento econômico traz felicidade e principalmente a exclusão do Outro, agora parecem se inverter com a necessidade de ficar em casa: #StayAtHome.
Esta noite provocou uma cegueira coletiva, a cultura é “qualquer coisa serve”, rabiscos e borrões se tornaram arte, expressões puramente genitais sem qualquer afetividade de tornou sexo, e a cultura religiosa que ajudava as pessoas a encontrarem paz de espírito se tornou pura superstição, apelo a riqueza e ao dinheiro, ou a mera pobreza de outro lado, sem qualquer coisa que a faça entender o sentido profundo do desapego e do viver na essência da vida.
A noite religiosa ou noite de Deus é um apego dos homens aos seus círculos fechados agora, se forem prudentes, também impedidos de se reunir, a manipulação grosseira, a leitura fundamentalista da bíblia, que são a pior cegueira contemporânea, também reduz o homem a ser-para-a-morte e não o ser-para-a-vida.
Contemplar o mistério do universo além daquilo que já conhecemos, pouco sabemos da massa e energia escura que compõe 94% do universo, e que este pode ainda ter uma além de sua “bolha”, pode abrir os olhos daqueles que acham que sabem tudo porque aprenderam a ciência, ou porque leram a bíblia com seus olhos de cegueira cultural e seu círculo de “eleitos” fechado e pequeno.
Jesus ao curar o cego assusta os fariseus que querem que o cego se cale, a ciência ajudou um pouco este abandono de superstições e ajudou a iluminar a inteligência humana, também posta a prova pelo vírus, é o que lemos na passagem bíblica lemos em Jo 9:7-9:
E [Jesus depois de por-lhe barro no olho] disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (que quer dizer: Enviado). O cego foi, lavou-se e voltou enxergando. Os vizinhos e os que costumavam ver o cego — pois ele era mendigo — diziam: “Não é aquele que ficava pedindo esmola?” Uns diziam: “Sim, é ele!” Outros afirmavam: “Não é ele, mas alguém parecido com ele”. Ele, porém, dizia: “Sou eu mesmo!”, e os religiosos queriam proibir-lhe de falar.

 

As mudanças do século XX

13 mar

As mudanças do século passado, mas cujas estruturas sociais e econômicas ainda estão presentes, foi marcado pelo fim liberalismo econômico mas que era sustentado por grandes impérios, além dos coloniais na Africa e Asia (o fim do império na India, por exemplo), também os costumes sociais e econômicos foram mudando e ainda encontram-se presente no século XIX.
Seria mais oportuno falar do econômico, num momento que os impérios financeiros parecem estar derretendo nas Bolsas de Valores, o chamado mercado do Urso, do medo gerindo os negócios, mas pelo dia 8 de março que foi dia da mulher, optamos por falar da questão.
Desde o romance de Ibsen no século XIX, a Casa de Bonecas, onde por trás da estrutura afável e liberal de um casamento se escondia o machismo do marido, por sinal o momento em que ele assume um Banco de Investimentos, se escondia a opressão da esposa.
Também apontamos o desenvolvimento da questão feminina através de Doris Lessing premio Nobel da Literatura e que tinha uma posição equilibrada mas dura, longe de modismos e do politicamente correto, ela viveu e apontou a questão da mulher, mesmo branca sofreu na Africa do Sul com a questão do racismo por defender os negros.
Chegamos a economia dos “Commons” de Elinor Ostrom, ignorada pela esquerda por não ser contra o capital, e ignorada pela direita porque afirmava que a governança dos bens comuns pode ser produtiva e bem gerenciada, ao contrário do que prevê o “Tragedy of Commons”.
A mudança de postura e de cultura, é verdade que precisamos de leis e politicas para combater o machismo, porém a mudança cultural defende do olhar sobre a mulher, hoje independente, no mercado de trabalho porém ainda sofrendo as consequências de sua emancipação.
Ainda que se afirme que a visão religiosa seja machista, e muitas vezes o é, não é o que a Bibilia apresenta no novo testamento, lembrando que a cultura judaica da época era machista e o velho testamento reflete isto, entretanto a posição de Jesus sobre as mulheres era diferente.
Assim aparece no texto de João (Jo 4, 8-9): “Os discípulos tinham ido a cidade para comprar alimento. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana? “, e o texto esclarece que os judeus não se davam com os samaritanos, e a posição da mulher era inferior, aceita por elas.
Não é verdade a exegese que diz que ela sequer era religiosa, pois vejam o texto (Jo 4,19b-20): “Senhor vejo que é um profeta! Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”, o machismo vem, portanto, das instituições e não da Bíblia.

 

A primeira mulher Nobel de Economia

12 mar

Elinor Ostrom foi a primeira mulher economista a receber o Nobel de Ciências Econômicas junto com Oliver E. Williamson, em 2009, por “sua análise da governança econômica, especialmente com os bens comuns”, os chamados “Commons” que hoje dominam também o mundo da difusão científica, tais como os Creative Commons, onde mantem-se direitos do autor com permissões de uso.
Mas é claro, a teoria de Elinor é muito mais geral, e visava principalmente desmentir a ideia que era então “consagrada” do “Tragedy of Commons”, que ficou conhecido pelo artigo escrito pelo filósofo e biólogo americano Garret Hardin em 1968.
O conceito moderno que Elinor explorou de “Commons”, são os bens comuns universais tais como água, oceanos, rios, unidades populacionais de peixes, estradas e rodovias (privatizadas quase no mundo todo), e até mesmo uma geladeira de escritório ou um espaço público compartilhado.
Elinor Ostrom demonstrou em seu livro “Governing of Commons” dando exemplo de comunidades que se autogeriram se regulações de cima para baixo ou privatizações, com sucesso econômico.
Em 1973 fundou com o marido Vincent Ostrom, o Workshop de Teorias e Análise Política na Universidade de Indiana, e uma de suas últimas atividades foi a preparação para a conferência Rio+20 na chefia do comitê científico da Planet Under Pression, que exerceu forte influência na conferência, embora Elinor tenha falecido em 2012.
Seu último livro Working together : Collective Action, The Commons, and Multiple Methods in Practice, escrito em conjunto com A. Poteete e M.A. Janssen, dá lições praticas de ações coletivas que podem potencializar o trabalho em torno dos “bens comuns”.

 

O livro dourado

11 mar

Escrito em 1962 e considerado um dos grandes romances do século XX o Livro Dourado (Caderno Dourado em espanhol, na foto), conta a história de Anna Wulf, uma escritora imersa em uma crise pessoal que decide contar sua história, a partir do livro negro para sua vida literária quando morou na África do Sul, o livro vermelho sobre sua militância política de esquerda, o amarelo sua vida emocional e azul seu cotidiano.
Doris Lessing que ganhou o Nobel de Literatura aos 85 anos (2007) quando não esperava mais nada, ela própria fez uma piada sobre isto, porém o reconhecimento foi merecido e pouco se sabe hoje desta feminista consequente e que se recusou a aderir a modas e conjunturas seguia sua luta.
Temas como amizade, maternidade e sexualidade tem tons e contornos bem mais profundos nesta autora, em romances como por exemplo “As avós” (2007) onde a velhice é vista por um outro prisma, em especial para as mulheres, ou sobre política no seu livro “O sonho mais doce” que ela sugere como autobiográfico, e que faz reflexões profundas sobre sua visão humanitária.
Mas se tivesse que destacar um romance dela, meu preferido da juventude “Prisões que escolhemos para viver” (1987), ataca de modo sutil e extraordinário a questão da retórica política (ou o que resolveu-se chamar de politicamente correto) onde instiga os indivíduos a saírem das coerções sociais e a construir um mundo melhor, de fato e acima da moda cotidiana.
Não deixa de atacar neste romance a ignorância e a falta de responsabilidade pessoal no desejo de aplausos e mera repetição de lemas, quanta atualidade no seu discurso, diria antecipando os tempos, pois foi justamente pelo excesso de retórica e ausência de atos concretos que caímos em ciladas e ajudamos a ignorância e demagogia contemporâneas.
Sua frase que parece resumir este seu pensamento era: “Não posso e não vou ferir minha consciência só para aderir a moda do dia”, e dizia isto não para conservadores, mas para as posições aparentemente avançadas de seu tempo que não se dirigiam a atitudes concretas.

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A Casa de Bonecas

10 mar

Escrito em 1878 e construída em 1879, o romance norueguês de Henrik Ibsen (1828-1906), Casa de Bonecas é uma das primeiras manifestações da exclusão das mulheres numa sociedade dualista e machista, feito para o teatro teve sua primeira encenação no teatro Kongelige, de Copenhagen na Dinamarca, já em 1879.  Na foto dois filmes da década de 70, um com Claire Bloom outro com Jane Fonda no papel da personagem Nora Helmer.

O romance causou grande alvoroço na época, entretanto Ibsen era de família abastada e respeitada da cidade de Skien, na Noruega, é considerado um dos fundadores do modernismo.

A ambientação é o período natalino, e o casal Nora e Torvard Helmer estão se preparando para a festa, e ele comenta sobre os gastos da mulher, a qual trata com apelidos que a reduzem a infantilidade: “cotovia”, “esquilo” e “minha menininha” como uma criança peralta que ainda sabe pouco da vida adulta. 

No primeiro ato chegam uma mulher viúva Cristina Linde e o Dr. Rank, que vai ao escritório conversar com Holmer enquanto Cristina que é uma antiga colega de Nora, conversam sobre a morte do marido de Cristina, antiga colega de Holmer. Enquanto Holmer vai ao escritório com o amigo, Nora e a colega Cristina conversam sobre a vida pessoal de ambas.

Nora conta que o marido receberá o cargo de gerente num banco de investimentos e isto trará estabilidade a família, enquanto Cristina também a trata como uma “criança crescida”.

A campainha toca novamente e a criada anuncia o Sr. Krogstad, que vem falar sobre negócios com o banco no novo cargo de Helmer, Cristina o reconhece como tendo “negócios de toda espécie”, o Dr. Rank sai do escritório vem a sala e também conhece a Sra. Linde.

Quando Nora fica a sós com o Sr. Krogstad que lhe fizera um empréstimo, e o Sr. Holmer não sabia, do período que a família esteve ruim das finanças, o Sr. Krogstad lhe diz que sabe que a assinatura do pai dela como avalista fora falsificada pois eram 3 dias depois do falecimento deste, e aqui o romance entra no seu enredo.

Cristina na verdade teve um romance com o Sr. Krogstad e ela poderá ajudar Nora, retomando o relacionamento com ele, que o convence a enviar a promissória a Holmer, mas já havia enviado uma carta dizendo do empréstimo que a esposa fizera com ele falsificando a assinatura do pai dela.

O final é surpreendente, Holmer abre a carta de Krogstad que conta o “segredo do empréstimo”, depois em seguida recebe a promissória e a rasga, mas a reconciliação com Nora já era impossível porque dissera palavras duras sobre o empréstimo dela, e ao final Nora vai embora deixando-os com os filhos, que ele dissera não ter capacidade e educa-los, sem dúvida um romance chocante para a época, e que recebeu duras críticas.

 

A mulher e as novas mídias

09 mar

O dia da mulher foi ontem e a perspectiva de uma sociedade não-machista está muito distante, mesmo em países europeus contatei com tristeza que o machismo ainda é cultura geral, por exemplo, o assédio na França tem índices elevados e em Portugal há casos recentes, onde até um juiz do Supremo manifestou seu machismo num caso de violência doméstica que julgava.

O Wikipedia é o 5º. Site mais acessado no mundo, possui mais de 6 milhões de verbetes, e apesar de ter problemas de edição e corrupção nos seus verbetes, o que é tratado mas pode ficar online e causar confusões, sua importância é inegável, e negá-la é não estar vivendo a realidade presente.

 Nas novas mídias não é diferente, o Wikipedia o 5o. site mais lido no mundo, teve recentemente a divulgação que a maioria das mulheres influentes em investigações científicas são ignoradas pelo site.

O artigo escrito por James Vicent em agosto de 2018 na Revista The Verge, consta que 82% das biografias são escritas sobre homens, cita o exemplo de Teresa Woodruff, uma cientista que não tinha entrada no Wikipedia (agora tem), e foi nomeada uma das pessoas mais influentes em investigações e Inteligencia Artificial pela revista Time em 2013.

Outra influente investigadora citada é Jessica Wade, física do Imperial College London que escreveu a nova entrada de Pineau, um sistema chamado QuickSilver, e falou sobre o Wikipedia:

“… é incrivelmente tendencioso e a sub-representação de mulheres na ciência é particularmente ruim”.

O artigo teve como foco as pesquisas na área de IA e citou ainda a investigadora de robótica Joële Pineau.

Entretanto as novas mídias deram poder e voz também as mulheres, é inegável que um número de grupos sociais excluídos, culturas quase desaparecidas, e muitas minorias tem voz agora graças as novas mídias.

Nas mídias de redes sociais, facebook e instagram são inúmeros os casos de exposição de imagens e conteúdos machistas, nem sempre denunciados e punidos por práticas ofensivas.

 

Vicent, James (2018) AI spots 40,000 prominent scientists overlooked by Wikipedia, The Verge, Disponível em:

https://www.theverge.com/2018/8/8/17663544/ai-scientists-wikipedia-primer, Acessado em: 20/10/2018.

 

Podres poderes e o Outro

28 fev

Há algo além da vontade de poder, sim há um não ser, que não despersonaliza nem implica em perda de identidade, mas em dialogia com o Outro, com aquele que não é meu espelho.
A afirmação, o empoderamento de pessoas e grupos em fechamentos lógica de identidade, não são nem originárias no sentido de preservar o diálogo com as tradições culturais, nem são de fato poder porque implica em submeter o Outro que é um a alguma identidade que não é a dele.
Assim a verdadeira identidade ontológica, ao contrário da lógica que é individualista ou de fechamento em grupos, muitos vezes criticamos o individualismo do Outro porque não admitimos sua identidade originária (aquela que vem de raças, culturas e tradições) e em última análise não admitimos o seu Ser, e para admiti-la é preciso um não Ser, ou seja, ver o Outro como ele é.
Os poderes na modernidade cresceram por causa das imposições que as leis do Estado, as regras de conduta e aquilo que historicamente se chamou de “Contrato” que não é senão tornar o direito a consciência algo que seja submetido as regras e leis do Estado.
Não se trata de anarquia, regras de convivência social existente desde o homem primitivo que já se sabia vivia originariamente em grupos: em cavernas, nômades ou estabelecidos em territórios.
O que leva a violência é sempre submeter o Outro a nossa própria vontade, as nossas culturas, olhando para a do Outro como menor, menos culta, menos “evoluída” ou outra justificativa para não entender e respeitar culturas, crenças e etnias diferentes, então chega-se a violência.
O culto do Estado, Hegel chegou a dizer que ele era eterno e não é, muitos se modificaram ao longo da história desde a Cidade-Estado grega até as modernas sociedades democráticas, agora num novo reboliço.
A passagem bíblica que o “diabo” oferece os poderes terrenos a Jesus e ele rejeita é esta (Mc 4,8-10): “novamente o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, e lhe disse: “Eu te daria tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. Jesus lhe disse: “vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ´Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a Ele prestarás culto´.”.
Coloquei o diabo entre aspas, não para negá-la como existência ôntica, mas para ampliar a visão que se tem, onde os “reinos” que o diabo queria dar não são somente os Estados, mas também outras formas de Poder que estão dentro da humanidade, como Nietzsche afirmava em sua categoria “vontade de Poder”, que seria originária de todo homem e impossível de superá-la.

 

Coronavirus, eutanásia, mídias e poder

27 fev

Já pontuamos sobre o poder das novas mídias, o conceito de psicopoder foi também explorado por Byung Chul Han, escrevemos um post sobre isto, mas agora voltamos ao biopoder.

Conforme pensava Foucault o biopoder tem duas formas distintas: uma chamada anátomo-política do corpo e outro da biopolítica da população, a primeira são dispositivos disciplinares encarregados do extrair do corpo humano sua força produtiva, mediante controle de tempo e espaço, no interior das instituições (vejam quantas fazem isto, incluindo as educacionais) e a segunda forma volta-se a regulação das populações inutilizando taxas de natalidade, fluxos de migração, epidemias e aumento da longevidade.

Veja-se discussões do corona vírus, migrações na Europa e problemas de longevidade na previdência social dos idosos, mas agora o caso perverso da “morte assistida” que evita gastos com idosos e permite que morram “assistidos”, claro cadeira elétrica também tem assistência, mas é para criminosos, ao menos supostamente, pois há enganos.

O coronavirus ameaça fugir do controle e os controladores do poder se assustam, poderiam pensar morrer uns poucos, talvez a maioria pobres, mas não é o que acontece, atinge a todos, no Irã até um vice-ministro da Saúde está doente, e diversos eventos estão ameaçados, alguns já cancelados e os testes para as Olimpíadas já estão ameaçados e até podem ser canceladas.

O biopoder, portanto, está fora de controle e o próprio poder pode sofrer com isto, bolsas caem, economias entram em colapso, o turismo e as viagens caem, enfim o biopoder também tem limites, mas tanto ele quanto a psicopolítica estão ainda majoritariamente no controle do estado.

As redes sociais, e nem sempre suas mídias formam redes, estas sim podem protagonizar novo e poderes e empoderamento de grupos, culturas e etnias que estão sob a tutela do estado.