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Entre o testemunho e o perdão: a cura
A análise de Paul Ricoeur se o perdão pode curar vai da memória ao esquecimento, mas o autor esclarece que “no quadro da dialéctica mais vasta do espaço da experiência e do horizonte de experiência”, e lembra que Freud chama isto de “translaboração”, que significa ultrapassar a crença que o passado é fechado e determinado e o futuro é indeterminado e aberto.
Os fatos passados são inapagáveis: não podemos desfazer o que foi feito, nem fazer que o que aconteceu não tenha acontecido, mas é preciso lembrar que o testemunho de quem sofreu os fatos ou de quem os praticou pode e deve ser modificado, em função de “nossas lembranças”.
Não se trata do perdão, ou de construir nova narrativa, mas Paul Ricoeur relembra Raymond Aron em sua Introdução a Filosofia da História, como o que ele chama de “ilusão retrospectiva da fatalidade” e que ele opõe a obrigado do historiador de se transportar para o momento da ação e se fazer contemporâneo dos autores.
O autor sentencia: “toda memória é seletiva”, e lembra o autor “se poderia implantar o esquecimento da fuga, a estratégia da escusa, a tarefa da má-fé, que faz do esquecimento passivo-activo um empreendimento perverso”, assim não é só esquecer, mas re-ver.
O ponto do texto de Ricoeur onde pode ser inserido o testemunho é precisamente este no qual afirma, tentando conjugar perdão com trabalho e luto: “Ele casa-se com um e com outro. E, juntando-se a ambos, traz aquilo que em si não é trabalho, mas precisamente dom, O que o perdão acrescenta ao trabalho de lembrança e ao trabalho de luto é a sua generosidade”, diria então lembrando que “dom” tanto em francês (don, termo usado na obra de Marcel Mauss) ou em italiano donno, tem uma tradução difícil (dádiva?), mas seria mais próximo de gratuidade, não gosto de dádiva porque embora possa ter algo de divino, é um desapego de quem dá (o perdão) e é um testemunho.
Relembrando o mito adâmico bíblico, parece natural a morte, a vingança e a guerra, mas é o dom e o perdão que podem dar uma reviravolta civilizatória e construir a paz e a prosperidade.
RICOEUR, P. O perdão pode curar? Trad. José Rosa, Esprit, n. 210, 1995. (pdf)
Erro e perdão
Do ponto de vista científico encontrar erros em métodos e análises significa mudar a rota e não a hipótese de pesquisa, se uma hipótese não se confirma isto é um resultado e não um erro, aliás para Popper é assim que a ciência caminha, porém outro pensador Thomas Kuhn defende que há rupturas ou novas hipóteses de pesquisa, a física quântica é um exemplo disto.
Já na filosofia a maioria dos filósofos defendem que o perdão é uma virtude moral, assim ele expressa a capacidade humana de superar o ressentimento e a vingança, e com isto restaurar as relações interpessoais e sociais, mas há filósofos que veem o perdão como fraqueza ou ilusão, já que nega a gravidade do mal e a responsabilidade do ofensor.
O filósofo contemporâneo que tratou o perdão foi Paul Ricoeur, que o desenvolveu sem se afastar do sentido religioso (cristão principalmente) e o vê como um paradoxo, pois vai de encontro ao imperdoável, ou seja, àquilo que não pode ser reparado ou compensado pela justiça.
O tema é relevante por que Ricoeur lembra que o tema se tornou relevante “particularmente característico do período pós-guerra fria, em que tantos povos foram submetidos à difícil prova de integração de recordações traumáticas” em texto publicado em Esprit, no 210 (1995), pp. 77-82 e que pode ser encontrado na Internet (pdf).
O autor coloca “o perdão na enérgica acção de um trabalho que tem início na região da memória e que continua na região do esquecimento” (Ricoeur, 1995), e que um fenômeno “que se pode observar à escala da consciência comum, de memória partilhada” e esclarece que deseja evitar a notação discutível de “memória coletiva”.
Embora escrito bem antes de nosso tempo, tanto a questão totalitária está em jogo como a questão do colonialismo, também o racismo e anti-semitismo e isto significa uma memória “partilhada” que pode levar à fúria.
O filósofo usa o vocabulário do filósofo alemão R. Roselleck, que opõe a “nossa consciência histórica global”, que ele chama de “espaço de experiência” e, por outro, o “horizonte da espera”, se olharmos de fato nossa experiência quase recente podemos superar os ódios e ressentimentos entre povos e culturas, por isto considero correto não usar “memória coletiva”.
É preciso superar erros históricos, equívocos e caminhos já trilhados, que nos levaram ao caos.
RICOEUR, P. O perdão pode curar? Trad. José Rosa, Esprit, n. 210, 1995.
Ética mínima: corrigir o erro
É muito comum o discurso, até eu as vezes digo, que o maior erro é não dizer não, mas educar significa explicar o não e ajudar as pessoas a corrigirem seus erros e ouvir o contra-argumento.
Isto implica em manter a ética, mesmo diante do erro, quando é comum apelar e sair pelo erro, mas o que significa errar?
Diz Aristóteles em sua “Ética a Nicômaco” que é possível, do ponto de vista moral, errar de muitas maneiras, mas só há uma forma de acerta: “Erramos quando temos medo de tudo e não enfrentamos nada; erramos quando nos entregamos sem medida a todo tio de prazer; erramos quando não restituímos o que é do outro por direito. Por outro lado, acertamos quando evitamos os excessos”.
O excesso pode dizer respeito até mesmo aquilo que consideramos virtuoso, que é o que diz respeito ás nossas disposições: o estudo, o lazer, o trabalho enfim tudo que é importante, mas exige equilíbrio e temperança.
Os hábitos e os vícios dependem dos hábitos, e hábitos dependem de contínuas ações, mas como corrigir os vícios e erros? a prática de ir direto ao ponto pode ser um equívoco, todo erro deve ser contextualizado para evitar o julgamento precipitado e ás vezes equivocado
Corrigir é sobretudo dar espaço a que o erro seja compreendido e a repreensão exige já uma ação social, em muitos casos legal, assim exige os fatos comprovados, testemunha e a forma correta de corrigir, a justa medida é sempre aquela que permite o erro ser corrigido.
A correção fraterna é indicada em (MT 18, 15) diz para tomar seu irmão em particular, se ele te ouvir terá um irmão, se não te ouvir toma uma testemunha se ainda não te ouvir é um pecador público.
O que mudou, não há mais correção, mas apenas punição e nem sempre ela é de direito.
Limites e importância do testemunho
Os homens que deram grande virada na história e que fizeram a diferença em seu tempo foram aqueles cujo testemunho influenciou e muitas vezes mudou o rumo da história, o que parecia inevitável foi evitado, o que parecia perdido foi esclarecido.
Não significa que não pensaram e raciocinaram, mas que testemunharam e viveram primeiro.
Mahatma Gandhi desencadeou uma desobediência civil em seu país a Índia, para incentivar a luta pela independência do país da Inglaterra, em 15 de agosto de 1947 foi conquistada com a violência sendo praticada apenas pelos colonizadores ingleses.
Todos conhecem a luta pacífica de Martin Luther King, porém foi o gesto de uma mulher negra que desencadeou sua luta, a mulher chamada Rosa Parks, que no Alabama, em 1º. De dezembro de 1955 se recuou a ceder o lugar no acento de um ônibus a um homem branco, foi presa e obrigada a pagar uma fiança de U$ 14,00.
Nelson Mandela depois de sair da prisão, e liderar o fim do regime racista do “apartheid”, em 1994 torna-se o primeiro presidente negro da África do Sul, ao invés de se “vingar” dos brancos propõe uma nova atitude, contrária a dos dominadores e recria a África do Sul com tolerância racial e os presidentes que o seguiram foram todos negros, numa demonstração que venceu a luta e desarmou seus perseguidores.
Se fala do milagre dos pães, mas o mais importante segue depois na narrativa bíblica em Mateus 14, 22-24, havia despedido a multidão que comera os pães, os discípulos subiram na barca e Jesus retirou para orar sozinho, depois foi caminhando até os discípulos sobre o mar.
Os discípulos assustam com esta imagem, dizem “é um fantasma”, mas Ele diz: “sou Eu”, Pedro também quer andar sobre as águas, Jesus o chama, mas ele afunda, fraco na fé, o testemunho não só requer verdade e vivência, mas também uma crença no sentido religioso e não pode ser distante dela.
Mais do que o milagre dos pães que sacia o corpo, Jesus quer o milagre da fé, que sacia a alma.
Testemunho e humanismo
O humanismo verdadeiro é o que permite a evolução do processo civilizatório preservando aquilo de essencial que todo homem possui que é o seu Ser, isto vai além das condições de sobrevivência econômica, social e política, ele deve incluir o Outro e dar este testemunho.
Testemunhos vão desde casos em que alguém precisa de uma informação e recorre a alguém ou a algum meio epistêmico (organizado do saber) até relatos científicos novos que revelam os mais intrincados mistérios da vida e do universo.
Os epistemólogos estão de acordo quanto a importância do testemunho como fonte de justificação, juto a percepção (cognitiva e além dela), da memória (todos meios de informação e difusão) e do raciocínio (além do lógico, do físico e do metafísico), a divergência estão no modo como crenças falsamente justificadas testemunhais podem surgir de crenças justificadas.
Isto se deve ao fato não apenas de crenças consideradas no aspecto religioso, mas também elas, mas do fato que é possível de crenças testemunhais que envolvem percepção, memória e cognição (acréscimo meu) são confiáveis a partir de crenças previamente justificadas, esta é a corrente chamada de reducionista, porque independente do testemunho, já é justificada.
Anti-reducionistas defendem que a justificação de crenças testemunhais é direta: estamos justificados em acreditar que algo pelo simples fato de alguém testemunhar algo mesmo sem haver razões para não fazê-lo, há diferentes tentativas de respostas a este debate.
Fora deste debate epistêmico, devemos pensar que vivemos num tempo que é difícil o pensar e o organização informações de modo a chegar ao testemunho como fonte de verdade, pode-se defender a paz mesmo fazendo a guerra, pode-se defender a democracia limitando os direitos civis e as ideias divergentes, pode-se definir justiça mudando as regras da lei para dar margem a injustiça, pode-se proclamar uma crença mesmo limitando-se a uma prática parcial.
Assim o que está em jogo não é o testemunho das crenças, mas muitas vezes sua própria negação, e pode-se tratar não apenas de má fé ou má vontade, mas dificuldade de cognição, por isto fiz este acréscimo a percepção e memória, onde o problema é a fonte de informação.
Um verdadeiro humanismo deve ter como pressuposto o testemunho, do contrário não temos um referencial confiável para nossos argumento, diálogos e superação de divergências.
Só podemos testar nosso modo de viver se vivermos de acordo com o que testemunhamos.
Referência:
Leonard, Nick, “Epistemological Problems of Testimony”, The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Spring 2023 Edition), Edward N. Zalta & Uri Nodelman (eds.), URL = https://plato.stanford.edu/archives/spr2023/entries/testimony-episprob/ , 2021.
A decadência social e a confiança
A mais grave crise social de nossa sociedade, é que mesmo sendo eleito democraticamente, governantes eleitos como deputados, senadores, prefeitos e os mandatários máximos dos países são pouco dignos de credulidade e respeito e isto as vezes explode fora do que é moral.
Confiança como um conceito epistemológico, que possa dar credibilidade ao termo, é indispensável se pensamos na vida social, familiar ou de círculos de amizade, mas não há um consenso sobre uma definição confiável, não querendo fazer uma redundância.
Se lermos estudiosos vemos que sentiram necessidade de verificar as origens do conceito, na busca por compreender melhor seu uso em áreas do conhecimento onde há um arranjo epistemológico que auxilie este esclarecimento.
Um trabalho pioneiro do assunto, foi desenvolvido por David Hume, que a partir das razões históricas quanto ao papel do testemunho na justificação das crenças, o que acabou sendo conhecido como Epistemologia do Testemunho.
Quem imagina que isto é um assunto superado e pouco ou nada tem a dizer ao pensamento atual, cito o pensamento de Giogio Agamben em entrevista no Il Manifesto, em que afirmou? “Contra essa experiência testemunhal do mito está a concepção do mito da modernidade, a qual (por um lado, na forma da desmitização e da ciência do mito e, por outro, na busca de uma ‘nova mitologia’), na verdade, é apenas a sombra produzida pela razão iluminista” (reproduzido em Flanagens, em 14-06-2021), afirmou o octagenário filósofo italiano.
Tanto na cultura oral como na escrita o testemunho é importante, mas surge uma questão para os dias de hoje: por que confiamos, senão em todos, pelo menos em muitos testemunhos?
Na história da epistemologia, o testemunho como fonte de crenças verdadeiras foi relegado a um segundo plano ou desautorizado na conduta filosófica, isso porque a tradição atual da epistemologia é fortemente individualista.
O aspecto social da aquisição de conhecimento, portanto, não era parte do problema do conhecimento. Mas não é difícil demonstrar nossa dependência epistêmica de outros para aquisição de crenças verdadeiras.
Não é possível voltar a confiança sem uma verdadeira Epistemologia do Testemunho.
A clareira, o desvelar e Ser
A clareira é um pequeno espaço com luz que se abre no meio da floresta, Heidegger faz a definição no sentido filosófico assim: “O destino se apropria como a clareira do ser, que é, enquanto clareira. É a clareira que outorga a proximidade do ser. Nessa proximidade, na clareira do dar lugar, mora o homem como ex-sistente, sem que ele já possa hoje experimentar e assumir esse morar” (Heidegger, 1979), neste sentido o ser se apropria de um “morar” verdadeiro e eterno.
A clareira é então o lugar do desvelar do Ser, em sua temporalidade de ex-sistente ele experimenta, por sua condição finita, um morar agradável e sensível, quase eterno, no entanto temporário como ente.
Então a clareira parte da condição humana, e não é apenas a Teofania divina, entretanto a narrativa bíblica dá ao Jesus humano e temporal em um momento específico no monte Tabor, já postamos algo sobre o tema, mas no sentido da ascese da alma, aqui deseja-se completá-la num desvelar.
Conforme postamos anteriormente, é possível tanto um revelar quanto um desvelar humano, no primeiro caso uma compreensão temporária que se re-vela (esclarece, mas permanecem dúvidas novas) e o desvelar, muitas vezes parcialmente incompreensível ao ser humano por sua finitude cognitiva ou uma ascese mística cujos detalhes são muitas vezes de difícil comunicação pela ausência de palavras ou metáforas apropriadas, como uma obra de arte.
Na narrativa bíblica é no Monte Tabor onde ocorre uma Teofania, não foi no batismo de Jesus e nem nos milagres que ela aconteceu, ao subir o monte Jesus leva três discípulos mais próximos: João, Pedro e Tiago e diante dos olhos deles se transfigura e aparece ao lado de Moisés e Elias, diz a narrativa (Mt 17. 2-3):
“E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus”.
Os apóstolos sentem a “clareira” e querem ficar ali e construir três tendas, depois uma nuvem os cobrem, como no tabernáculo de Moisés, ouvem uma locução divina e prostram o rosto por terra, Jesus os acalma e quando levantam os olhos veem apenas Jesus e descem a montanha.
Para os que não creem a narrativa bíblica é imaginária, mas ajuda a entender o desvelar.
HEIDEGGER, Martin. “O fim da filosofia e a tarefa do pensamento”. In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 79.
Teofania existiu, existe ?
Quando temos uma clarificação ou um insight, podemos dizer que há uma re-velação, algo novo desponta, mas não temos ainda uma ideia finalista ou total sobre determinado mistério, então é velado de novo.
Não se pode confundir com sentimentalismo ou mesmo uma fortíssima emoção, ela pode ser re-veladora (no sentido de velar de novo) porém as consequências e o fim último daquela emoção vão depender de outras novas re-velações, pois são só afetos e emoções temporais.
Desvelar é algo bem mais profundo, significa tirar o véu, a própria ciência tem uma evolução ao longo da história, as chamadas “estruturas da revolução científica” do físico e filósofo da ciência Thomas Kuhn, noutra linha, Karl Popper desenvolveu a ideia do método científico da falseabilidade, que é sempre estar atento as limitações das teorias científicas.
Desvelar significa não se restringir aos aspectos materiais, empíricos e quantitativos da realidade, almeja entender racionalmente o ente real como um todo a partir de suas causas últimas, assim as causas e afetos temporais não estão em jogo, ou seja, não é re-velação.
É possível desvelar mistérios por caminhos científicos, as ideias quânticas desde Werner Heisenberg (A parte e o todo. 2008), passando por Einstein (Teoria da Relatividade) e Neils Bohr que escreveu sobre a teoria de correspondência (átomos e radiação): “parece ser possível lançar uma luz nas imensas dificuldades, pela tentativa de traçar uma analogia entre a teoria quântica e a teoria ordinária da radiação, da maneira mais próxima possível”, depois o modelo avançou.
No desvelar da narrativa bíblica ocorre uma Teofania, uma manifestação divina onde nenhuma explicação humana é razoável e há nelas alguma verdade “eterna” que a confirma.
No caminho bíblico-histórico que percorremos do êxodo, há uma passagem da Teofania (Ex 40:34-35): “Então a nuvem cobriu a Tenda da Reunião e a glória do Senhor encheu o santuário. Moisés não podia entrar na Tenda da Reunião, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Senhor tomava todo o santuário”.
Isto ocorre também hoje, há manifestações e Teofanias? Sim e até mesmo instituições religiosas duvidam, e elas não tem a ver com as falsas profecias com interesses particulares.
Li um livro na juventude de um iogue e guru indiano Paramahansa Yogananda, em que ele descrevia uma pessoa que conheceu na Alemanha que comia apenas uma “hóstia” consagrada e não tinha uma aparência débil ou doentia, também um herói da unificação da Suíça, Nicolau de Flüe (1417- 1487) viveu o final de vida assim, com permissão da família e da esposa.
O fotografo judeu Judah Ruah do noticiário “O século”, de uma família tradicional judaico-portuguesa, publicou uma foto para o jornal Illustração Portugueza, em 29-09-1917, fotos do chamado milagre de Fatima prometido aos 3 pastorinhos videntes, ocorrido em 13 de outubro de 1917 e que foi anunciado anteriormente por eles como prova de que os sinais místicos que recebiam eram verdadeiros, foram para lá quase 100 mil pessoas (foto), as pessoas todas viram o Sol dançar no céu.
Claro que depois houveram várias explicações científicas para o fenômeno, porém é interessante os 3 pastorinhos anteciparem o dia exato em que o fenômeno ocorreu e por isto a multidão presente, numa aldeia que ainda hoje é pequena e distante de grandes centros.
No caso da Teofania portuguesa é importante notar que antecede a 1ª. Guerra mundial e pede orações pelo futuro da humanidade, com o perigo de guerra poderia acontecer hoje também?
BOHR, Neils. O Postulado Quântico e o Recente Desenvolvimento da Teoria Atômica. Trad. Osvaldo Pessoa Jr. In: Fundamentos de Física I – Simpósio David Bohm. Org. O. Pessoa Jr. São Paulo: Livraria da Física, 2000. p. 135-159, 1928.
HEISENBERG, Werner. A Parte e o Todo: Encontros e Conversas sobre Física, Filosofia, Religião e Política. 4. reimpr. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.
Período dos juízes ou nascimento da república
Pela narrativa bíblica e também pelos estudos arqueológicos e históricos, o período do final do êxodo e reunificação de Israel ficou conhecido como período dos juízes, entretanto é possível uma leitura tanto bíblica quanto histórica como o nascimento de uma proto-república.
No período final de Moisés, ele chega a avistar Canaã ao longe, ele estabelece uma tenda um pouco afastada de onde diz a narrativa bíblica: “Moisés levantou a tenda e armou-a longe, fora do acampamento, e deu-lhe o nome de Tenda da Reunião. Assim, todo aquele que quisesse consultar o Senhor, saía pra a Tenda da Reunião, que estava fora do acampamento”, e quando Moisés ia para lá o povo o seguia com os olhos.
Conforme autores (Horowitz, 2005) e (Everdell, 2000) o período de 1250 a.C. até 1030 a.C. se caracterizava-se pela liderança política, religiosa e militar de um líder que, por instrução divina, unifica dirigia as tribos de Israel e podia ser considerada uma Confederação Israelita (as antigas tribos de Israel após o êxodo e retomo a região de Canaã), eram um tipo de república governado por juízes, após a morte de Moisés e a liderança de Josué.
Moisés antes havia mandado 12 espias para o território de Canaã, entre entre eles Josué e Kalebe, na volta estabelecem uma estratégia militar onde primeiro ocorre o famoso cerco de Jericó e depois conquistam os montes Betel e Gibeão.
Depois da conquista do território, inicia-se o período dos doze juízes que governarão o povo e os liderarão em batalhas para manutenção do território, e se estabeleceram num território que ia desde o monte Herman ao norte até o monte Haloque e Neguebe ao sul.
Neste período ainda houveram diversas lutas, alguns dos juízes são conhecidos na literatura como os últimos Juízes: Sansão, Eli e Samuel, , porém o relato de Debora como juíza de Israel é único, considerando a sociedade patriarcal que vivia (Juizes 4-5), o último juiz foi Samuel grande profeta e que escolheu, a pedido do povo, os dois primeiros reis: Saul e Davi
Este período histórico foi marcado pela atividade dos profetas do Antigo Testamento: Jeremias, Ezequiel e Daniel, que tentam corrigir o rumo e destino do seu povo. Ao final deste período na história registra-se também a ascensão do Império Assírio, mas chegará aos limites de Israel indo até o Egito, sob a liderança de Assurbanipal de 690 a.C. a 627 a.C., em 609 a.C. ocorre a primeira deportação do hebreu para a Babilônia, e em 598 a.C. o jovem rei Joaquim, rei de Judá, rende-se voluntariamente.
HOROWITZ, Maryanne Cline. Republic. New Dictionary of the History of Ideas. 5. Detroit: Charles Scribner’s Sons, 2005.
EVERDELL, William R (2000). The End of Kings. A History of Republics and Republicans (em inglês). Chicago: University of Chicago Press, 2000.
Conflito se amplia e esperança de paz
O front de combate se estende por toda região leste da Ucrânia, que afirma avanços, a região da Criméia também sofre ataques, enquanto a Rússia volta a bombardear os portos de estoques de grãos na Ucrânia, o que ameaça a segurança alimentar de vários países.
Putin promete entregar grãos “de graça” a vários países africanos, mas a África do Sul avisa que não é o suficiente, e o Níger teve um golpe de estado apoiado pela Rússia, e o presidente Hohamed Bazoum está preso, enquanto general Abdourahamane Tchiani assumiu o país, a EU europeia cortou todo apoio dado ao país, tendo a França com interesses em negócios do país.
O grupo Wagner de mercenários da Rússia atuou na região, tendo influenciado as posições do Mali e influenciam atualmente Burquina Faso, o grupo está atualmente na Bielorrússia e aumenta os temores da Polônia que possa causar um conflito na região, ampliando a zona de guerra e atingindo “pontos fracos” da OTAN.
Mali e Burquina Faso estão entre os países mais pobres do mundo e dependem de ajuda externa, tanto para a segurança alimentar como militar, são países predominantemente agrícolas.
A esperança vem da Arábia Saudita que sediará na cidade de Jidá, um encontro para tratar da situação da guerra na Ucrânia, além de Brasil e Índia, que são membros dos Brics, o Reino Unido, a Polônia e África do Sul estão entre países que confirmaram a presença, Egito, Indonésia, México, Chile e Zâmbia estão entre convidados, o secretário de Segurança dos EUA Jake Sullivan deve participar da reunião e Putin não irá.
A reunião é importante porque houve acusações ao grupo da OPEP+, em outubro de 22, dos países produtores de petróleo estarem apoiando a Rússia, entretanto o bloco junto a outros países convidados para a reunião mante uma posição firme de ampliar as conversas de paz.
A reunião para tentar um acordo de paz na Ucrânia, será nos dias 6 e 7 de agosto, enquanto os Brics terão reunião dias 22 a 24 de agosto e a China propõe a inclusão da Arábia Saudita e Indonésia no grupo, enquanto Brasil e Índia resistem a ideia, Putin não deve participar.
Jidá (Gidá ou Jeddah) (foto) fica a beira do Mar Vermelho, é patrimônio mundial da UNESCO, tem 23 cidades irmãs, entre elas, Rio de Janeiro do Brasil, Odessa da Ucrânia, Cazã e São Peterburgo da Rússia, e sua principal geminação (outro conceito de cidade-irmã) é com Miami dos EUA.