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Arquivo para a ‘Ciência da Informação’ Categoria

A virtude política, educacional e moral

18 ago

As três fases distintas da polis grega podem ser simplificadas na areté política praticada pelos sofistas e que justificavam apenas a capacidade retórica (algo próximo as narrativas de hoje), a areté educacional, o ideal platônico que significa uma boa relação entre a natureza e a educação, porém aqui nos interessa a areté moral, a superação entre os antagonismos da paixão e a razão.

Cedemos as paixões, assim a política é uma espécie de torcida, as paixões estão todas liberadas e assim não há contraposição a impulsos contraditórios da alma, e estas formas existiam já no período clássico, porém acreditava-se na sua “domesticação” usando um termo de Sloterdijk.

O projeto de domesticação falhou, a constatação de Sloterdijk que é bem anterior a pandemia e a guerra, já se fazia presente e escandalizou os filósofos que logo o refutaram sob acusações graves.

Não há espaço mais para a virtude moral, até mesmo o roubo e a violência verbal e “simbólica” já parecem liberadas, combate-se ao contrário qualquer tentativa de construir uma moral sólida.

Assim não se trata da guerra que é o ápice desta barbárie moral, matar tem justificativas por mais insano que isto pareça, tem torcidas e tem até os fatalistas que dizem que era inevitável, no limite, esperamos que não digam a erosão civilizatória seja também inevitável, afinal defender a vida é o último apelo moral que nos resta e até mesmo ele pareceu em crise com a pandemia.

A moralidade pública, uso dos bens públicos como serviço a comunidade, a moralidade social, uso da empatia e da tolerância como formas de diálogo e relacionamento público, direto a oposição e ao contraditório, são todos princípios morais que parecem estar em recesso.

Quais são de fato as propostas de sociabilidade, de representatividade e de política postas a mesa, apenas a negação de valores morais, o descaso com a coisa pública e uma defesa vaga do que de fato são os bens públicos e os interesses da população mais fragilizada no limite da seguridade.

Os discursos de gabinete estão dissociados da realidade, a demagogia e o populismo são os grandes instrumentos de propaganda política, a seriedade do que é proposto não cede ao mínimo exame da realidade dos fatos, e falar de fake News deve-se dirigir a praticamente todos.

A campanha apenas se inicia e do não-diálogo presente nos discursos só nos restas pensar que a moral sucumbiu ao moralismo mentiroso e ao populismo falacioso.

 

A origem e a crise do humanismo

17 ago

As duas guerras e a tensão atual Rússia x Ucrânia e China x Taiwan, que não são outra coisa que a tensão agora entre dois tipos de sistemas coloniais o imperialismo capitalista e o imperialismo ideológico, que não é apenas marxista ou comunista, porque isto exige uma discussão sobre o tema.

Sua proposta, segundo o próprio Sloterdijk, foram bem compreendidas pelos participantes, entretanto na reação dos filósofos havia um conteúdo “fascista” nelas, qual seja da seleção genética da humanidade, ou na indução desta mudança.

Também tive esta reação numa primeira leitura, no meu caso a crítica a “Cartas sobre o humanismo” de Heidegger, um dos temas centrais que aborda, além do questioamento que faz da concepção do humanismo, a sua grande contribuição está em compreender a relação ôntica sobre a ontológica, invertendo a precedência que Heidegger faz do ontológico sobre o ôntico.

Na prática significa uma revisão do motivo da clareira, como a incorporação de sua história natural sobre a social (Sloterdijk, 1999, p. 61), significa que há uma dimensão natural sobre o ontológico.

Pessoalmente prefiro não submeter uma dimensão a outra, digo que elas cooperam, algo parecido àquilo que escreveu Henri Bergson em sua “Evolução criadora” (1907), porém aderindo ao místico, e é claro que isto depende de uma cosmovisão com algum fundo religioso.

A revisão que Sloterdijk faz da “Política” de Platão (Sloterdijk, 1999, p. 47-56) desenvolve as origens do humanismo na Antiguidade, no seu ver, ligada ao exercício de uma inibição, a do hábito de leitura capaz de pacificar, domesticar, desenvolver a paciência, em oposição aos frenéticos divertimentos do “desinibido homo inhumanus”.

A metáfora platônica supõe que essas diferentes naturezas se encontram no Ser, ou seja são ontológicas, e como matéria-prima para formar o cidadão grego (o político), há o artifício de separá-las de modo a ter a configuração desejada para sua função na polis.

É preciso lembrar que também os gregos já falavam da areté, o exercício da virtude, para usar um termo de Sloterdijk “uma vida de exercícios”, porém a visão do filósofo alemão é que este projeto fracasso, e na nossa análise que inclui a mística, significa que há um abandono do areté.

Assim, não faço aqui uma defesa cega de Sloterdijk, apenas constato que sua crítica ao humanismo é a este projeto “pacificador” do homem, daí o porque das “regras do parque humano”, sua sugestão da natureza ôntica, não significa necessariamente a manipulação genética.

Está por trás desta questão a pergunta se o homem é bom ou mão, como fizeram os contratualistas iluministas ao definir o papel do estado, então a pergunta de Sloterdijk procede.

Em meio a ameaça de guerras com perigo civilizatório a questão permanece, e a resposta é o tipo de humanismo que queremos, e os modelos em jogo ainda não são alternativas ao modelo do estado como aquele que “pacifica” o parque humano, daí o recurso da guerra.

Sloterdijk, Peter. Regeln für den Menschenpark – Ein Antwortschreiben zu Heideggers Brief über den Humanismus. Frankfurt/M, Suhrkamp, 1999. Tradução brasileira: Regras para o parque humano – uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. Tradução de José Oscar de A. Marques. São Paulo, Estação Liberdade, 2000.

 

China e Taiwan preparam-se para guerra

09 ago

Muito antes da visita da presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, já havíamos postado aqui o acirramento da luta dos chineses para retomarem a posse da Ilha de Taiwan, que desde 1949, quando a China tornou-se comunista declarou-se uma república democrática independente.

No post anterior mostramos os países que votaram a resolução 2758 (de 1971), 35 votaram pró Taiwan, 76 a favor da presença da República Popular da China (a China continental) como sendo a representante com direito a assento na ONU, e assim Taiwan ficou sem representação.

O mapa das seis áreas de exercício chinesas, escreveu o ex-general australiano Mick Ryan em seu Twitter, “claramente traça onde os chineses pensam que as principais áreas operacionais são para sua intimidação estratégica de Taiwan”, Mick Ryan é membro adjunto do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, mostrando que a tática chinesa e estrangular e isolar a ilha rebelde.

A ilha com 23 milhões de habitantes, se consolidou com uma economia cada vez mais independente, e é líder do mercado mundial de semicondutores, tem atualmente 54% do mercado de chips feitos por sua empresa TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) e este é um forte motivo da disputa, já que as empresas eletrônicas chinesas têm alto crescimento.

A tática de defesa de Taiwan não é claramente exposta, aparentemente a provocação chinesa não disparou os alarmes e sirenes da ilha, a estratégia de defesa da ilha intitulada “Porco espinho”, não é claramente exposta, porém diferente da guerra da Ucrânia poderá atacar áreas internas da China, que segundo esta estratégia teriam período de “inflamação” longos e doloridos.

O arquipélago de Taiwan tem várias ilhas pequenas e em uma delas, os pontas aviadas para evitar desembarques são as que mais lembram os espinhos dos porcos.

A diferença de contingente militar e armamento é enorme, porém os americanos prometem ajuda direta a pequena ilha, claro todo este cenário é lamentável e pouco desejável a uma paz mundial.

O Japão teve parte de sua área marítima invadida e protestou com energia prometendo responder, enfim é um cenário cada vez mais perigoso e é preciso que força da paz se mobilizem.

A paz ameaçada é cada vez mais um pedido de socorro civilizatório aberto às forças humanitárias.

 

Povos que resistiram a impérios

04 ago

O grande império persa se expandiu a partir de Ciro, o Grande, no ano de 558 a.C., e dominou os medos e tomou toda a Mesopotâmia, Ciro respeitava a cultura e costumes dos seus inimigos, mas expandiu até o Egito seu império, e avançou sobre os gregos, mas foi derrotado por Atenas.

Depois de Dario I, Xerxes I e seu filho Artaxerxes também tentaram conquistar a Grécia e não conseguiram, no ano de 332 a.C. Alexandre imperador da Macedônia, o Grande, organizou um exército invencível e acabou tomando a Grécia e acabou vencendo os persas, estabelecendo um novo império, o Macedônico.

A morte de Alexandre por febre tifoide ou malária (a hipótese de envenenamento não é aceita pelos historiadores) a disputa entre generais acabou enfraquecendo o império e iniciou uma decadência.

O período estabelecido entre o ponto inicial da Era Clássica é apontado com o primeiro registro da poesia do grego Homero, nos séculos VII-VIII a.C. e vai se estender até o período de 300 a 600 d.C. que é chamada de Antiguidade Tardia, momento que se inicia a Idade média.

Neste interregno entre o Império Macedónico e o Império Romano/Bizantino se desenvolveu a cultura grega na antiguidade clássica que é profundamente influente até os dias de hoje com a denominada cultura ocidental.

A cultura e língua grega eram para aquele tempo o que hoje é a língua inglesa, grandes desenvolvimentos foram feitos a partir de Sócrates, Platão e Aristóteles, nomes em diversas áreas do conhecimento se destacaram: Hipócrates na medicina, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes no teatro, Apeles na pintura, Fídias na escultura, Arquimedes na matemática, Aristarco, Erastótenes e Hiparco na astronomia, são alguns nomes importantes que influenciam até hoje a nossa cultura.

Esta pequena nação foi grande fundadora de conceitos e pensamentos que chegaram aos nossos dias: o Organon e a Ética de Aristóteles, a Geometria de Euclides e Tales de Mileto e Pitágoras na matemática.

Venceram batalhas unindo as cidades-estado, porém eram um pequeno povo com uma cultura forte e com valores humanísticos que são lembrados até hoje, ainda que possam ser modificados e atualizados.O grande império persa se expandiu a partir de Ciro, o Grande, no ano de 558 a.C., e dominou os medos e tomou toda a Mesopotâmia, Ciro respeitava a cultura e costumes dos seus inimigos, mas expandiu até o Egito seu império, e avançou sobre os gregos, mas foi derrotado por Atenas.

Depois de Dario I, Xerxes I e seu filho Artaxerxes também tentaram conquistar a Grécia e não conseguiram, no ano de 332 a.C. Alexandre imperador da Macedônia, o Grande, organizou um exército invencível e acabou tomando a Grécia e acabou vencendo os persas, estabelecendo um novo império, o Macedônico.

A morte de Alexandre por febre tifoide ou malária (a hipótese de envenenamento não é aceita pelos historiadores) a disputa entre generais acabou enfraquecendo o império e iniciou uma decadência.

O período estabelecido entre o ponto inicial da Era Clássica é apontado com o primeiro registro da poesia do grego Homero, nos séculos VII-VIII a.C. e vai se estender até o período de 300 a 600 d.C. que é chamada de Antiguidade Tardia, momento que se inicia a Idade média.

Neste interregno entre o Império Macedónico e o Império Romano/Bizantino se desenvolveu a cultura grega na antiguidade clássica que é profundamente influente até os dias de hoje com a denominada cultura ocidental.

A cultura e língua grega eram para aquele tempo o que hoje é a língua inglesa, grandes desenvolvimentos foram feitos a partir de Sócrates, Platão e Aristóteles, nomes em diversas áreas do conhecimento se destacaram: Hipócrates na medicina, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes no teatro, Apeles na pintura, Fídias na escultura, Arquimedes na matemática, Aristarco, Erastótenes e Hiparco na astronomia, são alguns nomes importantes que influenciam até hoje a nossa cultura.

Esta pequena nação foi grande fundadora de conceitos e pensamentos que chegaram aos nossos dias: o Organon e a Ética de Aristóteles, a Geometria de Euclides e Tales de Mileto e Pitágoras na matemática.

Venceram batalhas unindo as cidades-estado, porém eram um pequeno povo com uma cultura forte e com valores humanísticos que são lembrados até hoje, ainda que possam ser modificados e atualizados.

 

Povos que mudaram o rumo da história   

03 ago

Durante séculos na planície iraniana os povos semitas e acadianos dominaram e estabeleceram ali sua civilização, os medos e os persas se estabeleceram posteriormente e até o período entre 500ª.C. e 448 a.C. os persas estabeleceram um domínio e iniciaram conflitos com os gregos, as chamadas Guerras Médicas.

As cidades-estado da Grécia se uniram e conseguiram impor seu modelo cultural e d sociedade aos povos e iniciam um processo cultural novo chamado de Antiguidade Clássica, a polis grega, a arte e o modelo civilizatório se estabeleceriam, tendo inclusive um retorno cultural num período posterior chamado renascimento.

Em tempos de crise civilizatória é bom que povos que tinham não apenas uma grande força militar, mas também um grande apelo cultural conseguiu mudar os rumos da história e fortalecer o processo civilizatório em rumo democrático e cultural mais amplo.

Grandes impérios como os persas, o romano, o império mongol (figura) e mais recentemente o austro-húngaro e o otomano também entraram em crise e sucumbiram, infelizmente não sem guerras e sobre grandes perdas de vidas civis e uma análise crítica sobre as guerras é sempre importante.

Estes impérios desapareceram sem deixar vestígios e apenas registros históricos, as marcas da crueldade, da decadência e da impiedade das forças bélicas destes impérios desapareceram.

A parte desta história forças mobilizadoras da paz e do diálogo tiraram a humanidade de flagelos ainda maiores que poderiam ocorrer e se não conseguimos evitar as guerras, podemos maximizar os esforços para que vidas humanas civis sejam poupadas.

A história também ensina que povos que não foram impérios e mesmo numerosos podem e devem influir no rumo da história a partir de uma experiência civilizatória, como a polis-grega e o mundo hoje carece de modelos que possam unir a humanidade num esforço solidário de paz.  

 

Guerra: atualidade e possíveis cenários

02 ago

A liberação de um navio de grãos da Ucrânia é um fator simbólicoimportante, embora a Ucrânia bombardeado o QG da Rússia na Criméia enquanto a Rússia tenha matado Oleksly Vadatursky, fundador e proprietário de uma das maiores empresa agrícola da Ucrânia.

O simbolismo é importante e representa um alívio porque o confisco de grãos poderia causar uma onda de alta de preços em cascata que afetaria o preço dos alimentos em todo mundo.

A guerra, entretanto, está longe de ter um anúncio de paz e denuncias de atrocidades por parte da Ucrânia (um vídeo de castração de um soldado ucraniano por russos foi retirado do twitter) e da Rússia que protestou pelo ataque ao QG da Criméia.

Há polêmica entre especialistas do futuro de 20% do território da Ucrânia que já está ocupado pela Rússia, a maioria considera impossível a retomada destas áreas sem mortes de civis e isto seria para a Ucrânia uma virada em sua narrativa de colocar a Rússia como impiedosa e cruel.

Em pleno verão europeu, a União Europeia consegue uma redução de 15% do consumo de gás, para tentar garantir um estoque para o inverno, mas dependentes da Rússia estarão mais vulneráveis a partir do final de outubro, os gasodutos são mais simples do que o transporte de gás liquefeito que inclusive o torna mais caro, na Alemanha por exemplo, a demanda é grande.

No cenário futuro mais preocupante, recomeçará a 10ª. Conferência de Revisão do Acordo de Não-proliferação das Armas Nucleares, ontem Biden fez um pronunciamento esperando que haja “boa-fé” para realizar o acordo, esclarecendo que mesmo na guerra fria nunca houve ruptura de conversas e o cenário da guerra agora preocupa mais profundamente.

De acordo com os dados de maio de 2019, a Associação Nuclear Mundial (WNA, na sigla em inglês), existem 447 reatores nucleares em operação no mundo e que estão em 30 países, cada um deles é também um perigo nuclear, quer por desastre natural como em Fukushima em março de 2011, quer por erros de operação como Chernobyl em abril de 1986.

Vale lembrar que cada usina é também uma bomba em potencial e que poderiam ser bombardeadas em uma guerra, é provável que o novo acordo nuclear incluam este aspecto.

 

Covid 19: origem e futuro possível

01 ago

Um estudo recente, publicado pela revista Science, com Créditos PixaBaypesquisadores de 18 países, revela que a origem do vírus da Covid 19 foi mesmo no mercado de carnes de Wuhan que comercializa carnes de caça e de tipos impróprios ao consumo humano: como raposas, morcegos e cães.

Os estudos haviam sido publicados on-line como prepints (publicações provisórias em sites de compartilhamento) em fevereiro e tiveram agora a publicação oficial na na revista Science.

Um dos pesquisadores que publica o estudo Kristian Andersen, esclareceu a agência de notícias Associated Press que não refutaram a teoria do vazamento de laboratório, mas “acho que o que é importante aqui é que existem cenários possíveis e plausíveis e é realmente importante entender que não significa igualmente provável” em função do mapeamento dos casos iniciais do vírus.

Na semana passada o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom voltou a afirmar que a pandemia “está longe de terminar”, porém ressaltou que a situação atual é “muito diferente de um ano atrás” com lições importantes como vacinar os grupos certos e que esta avaliação “não é teórica, isso é real” apontando para vários países onde o número de internações é crescente.

Os dados atuais da Covid demonstram que ainda está longe do fim, no Brasil tem uma média móvel de casos abaixo dos 40 mil e o número de mortes ainda acima de 200, com uma ligeira que da de 10% em relação a semana anterior.

Na China, os habitantes de Xangai que estão sob uma longa e dura etapa de Lockdown já se irritam e manifestam cansaço das limitações impostas pelas autoridades, em Wuhan local de origem novos 4 casos fizeram disparar um novo lockdown e a China segue na política criticada de zero casos.

No Ocidente a política é confusa e varia de país para outro, podendo-se dizer que não há um protocolo padrão e quando há, raramente é observado pela população e fiscalizado, o mecanismo de testagem é particular e ineficiente.

 

Dia Internacional da Amizade

30 jul

A data do Dia Internacional da Amizade, foi instituída pela ONU para lembrar a solidariedade entre os povos, o respeito a diversidade e faço uma repostagem especial de um conteúdo deste blog a este respeito:

O filósofo Platão definiu a amizade como “a predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro”, Agostinho de Hipona afirmava que “o ser amigo nos funde na amizade do ser; os amigos são uma só alma” e Aristóteles parece fundir os dois pensamentos: “a amizade é uma alma com dois corpos”.

Foi Aristóteles em Ética a Nicómaco dedicou dois livros ao estudo da philia e da amizade, que definiu a amizade em três tipos: por interesse, aquela por prazer, por interesse e a amizade verdadeira, a primeira é fácil de identificar por é a busca do prazer recíproco, a segunda por que são úteis entre si, e a terceira, é possível entre homens bons porque desejam o bem por si mesmo e não colocam o prazer nem o interesse acima da amizade.

No capítulo IXI o filosofo peripatético afirma:

“Talvez possamos dizer que nada há de estranho em romper uma amizade baseada no interesse ou no prazer quando nossos amigos já não possuem os atributos de serem úteis e agradáveis; na realidade éramos amigos desses atributos, e quando eles desparecem é razoável não continuar amando.” (ARISTÓTELES, IX, 3, 1165b)    .       

No capítulo “O sócio e o próximo” do livro “História e Verdade” de Paul Ricoeur ele vai discorrer sobre a diferença entre estas relações, discorre sobre a caridade: “A caridade não precisa estar onde aparece; também está escondida na humilde e abstrata agência dos correios, a previdência social; muitas vezes é a parte oculta do social ”, Paul Ricoeur, Le socius et le Prochain (1954).

Somos lembrados pelo filósofo que assim como as instituições podem ter apenas relações de societárias, pode-se passar por elas também relações interpessoais, de afeto e de solidariedade e que tornam elas menos frias e menos burocráticas, onde se vê não um cliente ou um serviço a mais, mas um próximo pelo qual pode-se interessar.  

Não por acaso é um capítulo de História e Verdade, porque a verdade só é estabelecida entre amigos verdadeiros e que são próximos, e se são sócios serão apenas para estarem mais próximos.

O site Twinkl fez referência a este post em função deste dia e agradeço a lembrança. 

 

Vaidade e verdadeiros tesouros

29 jul

Para muitos o mundo, a história e até mesmo a felicidade pessoal se desenvolve em torno de riqueza, falsos tesouros e algum reconhecimento público, na verdade, tudo é vaidade e nela se consomem grande parte das energias humanas, sem encontrarem verdadeira alegria, não aquela da euforia, do frenesi ou da catarse, mas aquela do gáudio e da paz interior.
Socialmente significa colaborar para que todo o bem a nossa volta se propague e todos possam estar felicidades não com grandes empreendimentos, festas vultuosas ou mesmo outroas alegrias passageiras, tudo isto é juntar tesouros falsos.
Há uma alegria nas verdadeiras perenes, aquela conforme diz um versículo bíblico “onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam” (Mt 6,19), mas aquelas que existem nos laços entre pessoas boas, como definia Aristóteles para o tipo de amizade verdadeira.
Acumular valores verdadeiros, amizades verdadeiras e bens verdadeiros que não são aqueles que só a riqueza material confere, significa mais que ter uma vida virtuosa, é uma estrada que leva a paz interior e a uma felicidade equilibrada que está além daquilo que passa e por isto tem gosto de eternidade.
Em tempos de guerras, ódios e falsas polarizações (não se tratam de polos entre aquilo que é verdadeiro e falso eternamente, mas sim rivalidades temporais), experimentam apenas o gosto de uma felicidade passageira, narcótica e se uma embriguez passageira e curta.
É melhor cultivar valores e sentimentos que tenham durabilidade, e eles precisam de amor e dedicação com asceses espirituais, do que apegar-se ao passageiro que depois exigirá um tipo de renúncia mais difícil e sofrida justamente porque não tem sabor de eterno.
Homens sábios, santos e grandes filósofos buscaram este tipo de gaudio (uma felicidade mais equilibrada e duradoura) porém é impossível consegui-la com apegos temporais: vaidades, ganâncias, opressões e sentimentos de baixa moralidade porque não podem ter durabilidade justamente pelo que representam: sua limitação em um lapso temporal.
Numa sociedade da performance, do ativismo e da baixa ou pouca capacidade de perceber, viver e contemplar o que realmente é belo e eterno, só os que vão além da vaidade e do prazer temporal, podem alcançar este tipo de gáudio, as jóias preciosas da vida eterna.

 

Covid em queda e OMS muda o foco

25 jul

Com o número de mortes acima de 200 no Brasil a Covid 19 ainda é uma preocupação, já o número de casos caiu abaixo dos 50 mil ‘o que demonstra uma tendência de queda, porém ainda são necessários os protocolos de cuidado e os cuidados com os protocolos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) em documento divulgado nesta sexta-feira (22/07) comunicou que uma nova estragégia global para aumentar a cobertura vacinal contra a Covid-19, principalmente entre as populações mais vulneráveis com comorbidades e idade avançada, onde tem como meta atingir os 100% de vacinados.
A estratégia é correta porque enquanto o vírus circula novas variantes podem aparecer, e como é muito difícil atingir 100% da população ou fazer lockdown, é uma estratégia eficaz.
Já a variola do macaco representa uma nova preocupação, o número de casos cresce no mundo todo, e no Brasil já são mais de 600 casos, agora com transmissão interna, porém o número de casos aumenta no mundo todo.
A transmissão pode ocorrer tanto pelo contato próximo com lesões como por fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados tais como roupas pessoais e de cama, e segundo os orgãos de saúde, , entre seres humanos no contato físico entre pessoas próximas que estão sintomáticas.
As precauções portanto devem ser de evitar o contato com materiais contaminados e pessoas próximas que apresentem sintomas.