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Viragem da virada: 2023
Para onde iremos depende de nós, de um ambiente mais saudável, mais fraterno e onde os homens desejem e construam a paz.
Não apenas pena pandemia, pela economia e pelas guerras o ambiente social torna-se tóxico, é nas micro-relações, na propaganda cultural e até mesmo falsamente espiritual, que o novo se constrói ou se destrói.
Falamos da violência, indicamos algumas leituras para compreender aspectos culturais (indicamos Zizek e Darlymple), tecnológicos com a brevíssima introdução de Margarete A. Boden e espirituais (indicamos Anselm Grün), porém há muitos outros autores sérios (é preciso separar supersticiosos, fatalistas e adivinhos neste campo), muitos que indicam um perigo civilizatório grande a cada ano que se inicia.
Anselm Grün cita em seu livro Aristóteles: “A alegria é uma expressão da vida plena” e diz ela é própria “daquelas cujas atividades não são bloqueadas por fatores internos ou externos” (Grün, 2014, p. 15) e assim encontramos também alegria em tempo de tensões e ira, e damos espaço para as esperanças que só podem brotar da vida plena e de seu exercício social.
Zizek num pensamento mais amplo, muitas vezes defende a violência de modo, afirma de uma maneira mais consciente que: “Nem no campo da política devemos aspirar a sistemas que explicam tudo e a projetos de emancipação global; a imposição violenta de grandes soluções deve dar lugar a formas específicas de intervenção e resistência”, disse também em uma entrevista que “Não precisamos de profetas, mas de líderes que nos incentivem a usar a liberdade”.
No campo da tecnologia, que está sujeito a crítica sim e muitas vezes citamos o lúcido e crítico das mídias digitais Byung Chul Han, há muito devaneio e tentativas de explicações de ensaístas (que é o que de fato são) que escrevem sobre tecnologia, mas por não conhecerem suas entranhas navegam por problemas e questões que não são nem desmistificadoras nem esclarecedoras e fazem aquilo que mais criticam que é o fanatismo político e religioso, por ignorância tecnológica.
O texto de Margarete A. Bodan proposto (Inteligência Artificial – uma brevíssima introdução), embora seja histórico e pouco profundo (no aspecto tecnológico) é esclarecedor e pode ajudar aos críticos.
Por ultimo apontamos um texto que pode nos ajudar a detectar de modo melhor o problema que vivemos de uma crise civilizatória, abordando os aspectos sociais e psicológicos (Theodore Dalrymple é na vedade o médico e psiquiatra Anthony Daniels) e indicamos seu livro “A nova síndrome de Vicky – porque os intelectuais europeus se rendem ao barbarismo” mostra o fundo cultural e psicológico deste momento social.
Tudo isto não é por causa da pandemia e da crise econômica, que são só novos elementos nocivos, mas principalmente porque não introduzimos na vida pessoal e social mais empatia, mais alegria.
Feliz 2023, segunda tenho nova operação da visão e ficaremos alguns dias sem acesso aos meios e dispositivos digitais, é um bom começo com esta pausa forçada.
GRÜN, A. Viva com Alegria. Trad. Luiz de Lucca. Petrópolis: Vozes, 2014.
2022 alerta e esperanças
O balanço de 2022 começou com o sucesso do lançamento do observatório James Webb (no Natal de 2021, mas chegada em 2022), suas primeiras imagens e dados científicos impactaram a astronomia e já balançam as teorias físicas atuais, novas concepções até do próprio universo, a formação de galáxias, a matéria escura e os buracos negros e é previsível mudanças nas leis físicas a partir destas observações.
Ele chegou ao seu destino um ponto de equilíbrio na atração gravitacional do Sol chamado de ponto de Lagrange L2, e mandou as impressionantes primeiras imagens somente em junho, e sempre acompanhados aqui no nosso blog mostramos as 5 primeiras imagens no dia 12 de julho e disponibilizamos o link ferramenta de zoom disponível que permite que você escolha o alvo de visualização no universo.
Outro aspecto de alerta foi a guerra da Ucrânia, acompanhamos as evasivas da Rússia que não invadiria o país, depois a invasão com a desculpa que era para combater o nazismo e a militarização, porém a guerra foi se tornando mais cruenta e embora tenham chegado a Kiev, depois de inúmeros revezes retrocederam, o número de mortos e refugiados é enorme, além da destruição física do país, a reação da Ucrânia foi uma grande surpresa e a guerra irá completar em fevereiro um ano, ainda com poucas expectativas de negociação e paz.
As tensões entre China e Taiwan, que envolvem os EUA e Japão também estão em pauta, as tensões internas nos países islâmicos também preocupam.
No Brasil o destaque foi a corrida eleitoral, envolta numa polarização ainda maior que a anterior, como denuncias e provocações ainda piores que as anteriores, a intolerância e a falta de diálogo construtivo foi uma das marcas da eleições, com a vitória da esquerda unida em uma frente ampla, e com uma reação ainda dos resultados das urnas.
O novo governo, entretanto, acena para setores conservadores com ministro de centro-esquerda e até pessoas respeitas no agronegócio, a fragilidade ainda é uma proposta clara na economia, o congresso e o senado teve uma avanço no número de cadeiras de conservadores.
Em toda América Latina é visível o avanço das forças de esquerda, Colômbia e Chile foram as vitórias mais impactantes, além do Brasil é claro, mas o quadro geral ainda é um pouco conservador.
A Covid deu sinais de trégua, volta ao trabalho e ensino presencial, mas no final do ano volta a preocupar com uma grave crise sanitária na China e o aumento de casos e mortes em vários países, que podem voltar a crescer a níveis preocupantes.
Ah o Brasil perdeu a copa e a Argentina ganhou.
O ano que vem não deixa de ter esperanças e preocupações, o quadro não é bom para a economia mundial, o aspecto sanitário e humanístico chama a atenção e deve ser tratado com maior profundidade, a reunião do G7 para janeiro, a expectativa de alianças que devem surgir na América Latina devem tornar o quadro geopolítico bastante modificado para 2023, há sempre esperanças e forças que lutam para a paz.
Ira e poder
Toda literatura ocidental contemporânea desemboca na leitura de duas coisas que aparentemente não são opostas, mas se opõe frontalmente: amor e poder.
A violência é tema comum desde que o homem é homem, o confronto visava inicialmente como os animais o domínio de um território, a demarcação de países, nem sempre significa nação e sua cultura, é imposta pelo poder dominador, assim nasceu os primeiros impérios babilônico, persa, romano sua etapa de decadência, as monarquias medievais, o império mongol e depois o turco-otomano.
Desde as discussões de Thomas Hobbes, David Hume e John Locke, e Jean Jacques Rousseau, os chamados contratualistas, que divergiam sobre a origem violenta do homem: o homem é mau, o homem é bom e é a sociedade que o corrompe e o homem natural é bom, o chamado bom selvagem, o certo é que o estado moderno, diferente da polis grega, é aquele que tem direito a violência.
Na República de Platão não era assim, a ideia desta escola filosófica era educar o homem para ser político, deveria ter sabedoria e virtudes (aretê), sendo a sabedoria a maior das virtudes, porém é preciso lembrar a polaridade entre Athenas, cidade dos sábios e Esparta, cidade dos guerreiros, assim a ideia da violência permanecia no cotidiano, e Aristóteles não só caminha nesta direção como se torna preceptor de Alexandre, o grande, imperador da Macedônia.
Assim a Ideia de Platão permanecia influente na Grécia, e a tentativa de aliança entre gregos e macedônicos para derrotar o império persa não aconteceu, mesmo assim o império se estende por toda Asia Menor chegando a Índia, mas não a conquista, sem herdeiros e com disputas entre seus generais o império se divide e enfraquece, logo no período seguinte o Império Romano começa a se formar.
A violência moderna antes das guerras concentrou-se na divisão dos reinados, com a reforma protestante e também a anglicana no Reino Unido, até estabelecer-se a Paz de Vestefália.
A grande teoria sobre o Estado moderno e o poder será elaborada por Hegel, ela é dominante hoje independente de posições ideológicas, afinal Karl Marx era também hegeliano (novos, com ele se denominava), porém é o estado moderno o detentor do poder para causar a Paz, a Pax Eterna como pretendia Kant, mas que resultou em duas guerras e estamos a beira de uma terceira, que esperamos não aconteça.
Porém olhando a literatura atual, boa parte dela trata do barbarismo, os dois livros que indiquei e lerei no próximo ano vão nesta direção, embora com tendências políticas opostas, Zizek e Dalrymple se debruçaram sobre o tema, mas há muitos outros: “Ira e tempo” de Peter Sloterdijk, “Violência” de Slavov Zizek e “Comunicação não violenta” de Marshall Rosemberg entre outros.
De Byung Chul Han lembro a citação do seu livro No enxame, que analise a violência das novas mídias, onde afirma que só o respeito é simétrico, ou seja, os dois lados são não violentos.
O romance/ficção de Gabriel Garcia Márquez “O amor nos tempos do cólera” ele arriscou um happy end, diferente de outros livros ele quis tornar a felicidade possível, criar uma espécie de fábula moderna ou uma esperança desesperada, onde “uma utopia de vida, onde o amor de fato seja verdadeiro e a felicidade possível” (Márquez, 2005).
Márquez, Gabriel Garcia. O amor nos tempos do cólera. Rio de Janeiro, Record, 2005.
Ainda a guerra e ainda a pandemia
As noticias da guerra na Ucrânia são de um esgotamento das forças militares,em meio ao inverno,ainda que Moscou fale em negociação de paz, um ataque novo a Kiev é previsto pelo comando militar da Ucrânia, enquanto a Rússia teve um ataque a Criméia, o que é visível é que cada um dos lados começam a gastar suas forças de reserva e o cenário é de esgotamento.
AS perdas humanas, militares e materiais são enormes, assim como o desafio de manter a iniciativa com o arsenal a disposição, é a análise de muitos observadores de guerra, como Igor Gielow da Folha de São Paulo.
A Rússia não cede os territórios conquistados, que representam seu controle sobre o mar de Azov e o Mar Negro, passagem para o Mediterrâneo, ainda que tenha que passar por Istambul, membro da OTAN e que controla o estreito e a passagem de Navios.
Do lado da Ucrânia e da Otan os territórios conquistados são inegociáveis, assim o acordo possível seria voltar a 2014 quando a Criméia foi anexada à Rússia.
Outro cenário preocupante neste final de ano é o da Pandemia, embora alguns anunciem o fim as máscaras, a explosão da Pandemia na China e um aumento significativo nos casos, ainda que a maioria sejam leves, parece estar longe o fim da Pandemia, e a trégua inspira cuidados ainda maiores.
Em entrevista na véspera do Natal à CNN, a infectologista Raquel Muarrek, da rede D´Or, afirmou que especialistas estão trabalhando com uma nova expetativa onde o Brasil deve ter nos próximos dois meses “maior incidência de casos da Covid-19”, e diz eu a origem é a alta transmissão que já está ocorrendo na China, onde o controle agora gera inclusive uma crise social, pois a população está esgotada.
Resta saber qual será a atitude dos novos governantes no país, uma vez que os estados gozam de certa autonomia para o enfrentamento da grave crise, o certo porém é que não poderemos conviver com o descaso neste início de ano, e esperamos atitudes preventivas dos governos.
Segue-se um cenário de incertezas, o Fórum Econômico de Davos promete muitas controvérsias, é provável que os países de esquerda não compareçam, incluindo o Brasil que está com novo governo no mês de janeiro, quando o evento se realiza.
Natal no escuro e nova pandemia
Devido a dificuldades visuais o post de hoje será curto e sem referências, devido a dificuldade de leitura, porém as notícias da guerra entre Rússia e Ucrânia aumenta as preocupações naqueles que realmente estejam a favor da paz, porque não há paz possível se os discursos e posicionamentos não caminham para acordos.
A Rússia prossegue em sua estratégia de obstruir as fontes energéticas da Ucrânia, que são estratégicas durante o frio do inverno europeu, por outro lado a Ucrânia resiste nas lutas no leste do país e ameaça a Criméia já anexada a Rússia na guerra anterior, com a estratégia Rússia de dominar a região do Mar de Azor e o Mar Negro.
A estratégia da Ucrânia é atingir possíveis alvos em território russo, que além de bases militares podem operar armas nucleares estratégicas, o maior temor desta guerra é uma eminente e possível guerra atômica, que seria um flagelo.
O Natal que é festa da Luz e da paz, tem neste lado do planeta a luta estratégica mais profunda e com consequências ainda pouco previsíveis, porém no curto prazo, haverão mais bases russas atingidas em seu território e a Ucrânia já vive uma séria crise energética, os países aliados reagem com medidas de sansões à Russia e tentativas de ajuda de socorro ao povo ucraniano.
Sobre a Covid 19, há uma preocupação que os casos voltem a crescer em 2023, assim como os organismos de saúde já se antecipam a uma possível nova pandemia, como escrevemos, devido a dificuldades visuais não pudemos elencar as fontes destas informações devido a dificuldade de leitura.
Guerra da Ucrânia e a pandemia
A guerra na Ucrânia continua em situações cada vez mais dramátias em função do frio e da estratégia russa de minar as fontes de energia do país, que é um crime de guerra uma vez que atinge em cheio toda a população civil e não apenas o meio militar, enquanto a Ucrânia procura atacar as bases militares agora em solo russo através de drones suicidas.
As bases atacadas foram em Engels, na província de Saratov e de Diaguilevo, perto de Ryazan, distantes apenas 240 km de Moscou, mostrando que tem armas para atingir alvos em solo russo.
A Rússia teme um ataque na Criméia, enquanto intensifica a defesa na região estratégica de Dombass, território reivindicado pelo governo tusso, as bases para negociação praticamente não existem, uma vez que esta região é disputada pelos dois países e não há acordo possível neste quesito.
A Rússia reitera que não será a primeira a usar armas nucleares, e que sabe o risco deste uso, uma guerra de proporções humanitárias inimagináveis, porém os dois lados tem armas para isto, e as próprias bases que são atacadas pela Ucrânia tem como objetivo destruir possíveis bases destas armas.
Em pleno inverno o martírio do povo ucraniano prossegue e os apelos para a paz não são ouvidos.
A Covid 19 ainda que mais branca segue com índices preocupantes, uma vez que não dá sinais de trégua, no Brasil o número de mortes e a média móvel de casos conhecidos segue em lento crescimento.
No país parece haver uma paralisia de estratégia, recomendações de medidas preventivas e incentivo a vacinação, mas sem respostas da sociedade como um todo, ou de políticas de controle efetivo.
A vereda e a porta estreita
É cultura do senso comum que devemos buscar uma região de conforto ou de segurança, porém ela não está nem nos grandes caminhos desenvolvidos pelas ideologias correntes e nem pela porta larga das facilidades, na verdade os grandes populistas da atualidade são vendedores de facilidades que custam caro a segurança e a à economia popular.
[E sempre mais fácil e mais popular propor aquilo que parece óbvio, distribuir benefícios ou favorecer as grandes empresas e os grandes bancos para fazer a economia crescer, mas são eles os maiores causadores de estragos na economia popular, assim como desenvolvemos no post passado a ideia de tolerância aos crimes como forma de destruir a cultura e favorecer a marginalidade, o que é chamado de impunidade é na verdade o caminho da porta larga para a reeducação cultural social.
Pessoas que crescem e desenvolvem uma vida segura e segura, se não são ladrões e vendedores de facilidades, são aquelas que passaram por privações e dificuldades para construir uma vida estável e sustentável, mesmo em meio a crises e períodos de dificuldades como está sendo a pandemia que custa a ser finalizada, os órgãos de saúde social são importantes, porém sem o cuidado pessoal o que fazem é paliativo.
Para os cristãos a passagem bíblica que diz (Mt 11k28): “vinde a mim todas vós que estão cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” é complementada logo no versículo seguinte Mt 11,29): “Tome sob vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e vós encontrareis descanso”, que é omitido pelos religiosos que proclamam a porta larga dos milagres e favores.
Nas inúmeras correspondências que o famoso físico Niels Bohr trocou com Albert Einstein, uma delas é bastante reveladora, nela Bohr escreve a Einstein que a raiz de todos os males está na ideia dos homens que alguém possa possuir toda a verdade, ela que não era um crente escrevendo a Einstein que era, traz uma ideia fundamental para saber que toda a sabedoria não está presente na consciência humana.
Assim também aqueles que proclamam a soberba de possuírem toda a verdade ou toda a resposta aos desígnios humanos, ainda que proclamem as ideias divinas, não detém toda a verdade, por isto a importância no versículo que apontamos: “aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”, não há soberba na sabedoria divina e nem desejo de guerra ou de contenda.
O Guerra no Leste europeu e covid
O Chanceler alemão Olaf Scholz conversou com o presidente Putin pela primeira vez desde setembro, na sexta-feira passada (02/12), por mais de uma hora, mas pouco avançou.
O líder alemão tentou encontrar um caminho diplomático para a guerra, sugerindo uma retirada de tropas russas das regiões em disputa na Ucrânia, usou as palavras “o mais rápido possível”, que indica um possível agravamento próximo.
O envio de armas de longo alcance para a Ucrânia sugere que é possível um ataque ao território russo o que representaria uma escalada nova na guerra.
Os diplomatas do Kremlin admitiram a pressão alemã, e a resposta de Putin a Schols foi: “reconsiderasse suas abordagens do contexto dos eventos ucranianos” e chamou a atenção para a “linha destrutiva dos Estados ocidentais, incluindo a Alemanha” e por isso rejeitou as propostas de negociação diplomática.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin disse aos jornalistas anteriormente que Putin estava aberto as negociações destinadas a “garantir os interesses” russos, mas está claro que Moscou não está disposta a aceitar as condições impostas pelos EUA: “o que o presidente Biden disse de fato ? Ele disse que as negociações só são possíveis depois que Putin deixar a Ucrânia”, e esta hipótese não existe para a Russia.
A guerra continua a preocupar a humanidade e sua escalada pode levar a um conflito de proporções catastróficas.
Outro problema que a afeta a humanidade é a Covid 19, cujos números voltaram a subir, ainda que menos que o pico da Pandemia, no Brasil foi registrado 86 mortes na e uma média móvel de 26 mil casos na última semana.
Cegueira e novos caminhos
A maior de todas as cegueiras pessoais é o ódio, e a maior social é a guerra, nela os homens perdem a razão e se tornam fanáticos.
É comum em tempos de crise e poucos conhecem e defendem de fato o caminho da serenidade e da sensatez nestes momentos, a polarização e a guerra eram indícios, recorrer ao autoritarismo e ao descaminho social é a consequência.
A limitação física visual me fez ter o exato sentimento do que significa isto, primeiro reconhecer a própria cegueira e depois saber como caminhar com ela e aceitar os limites recorrendo a cura.
Socialmente não é bem assim porque as narrativas fazem os homens crerem no que dizem e falam e naquilo que imaginam enxergar, já postamos aqui do ensaio de Saramago e de outras cegueiras, também o seu significado em torno da pandemia.
O rumo social de uma sociedade em desiquilíbrio e sob tensão é sempre preocupante, porque nem sempre a sensatez vence, lembremos das duas guerras e os seus desastres humanitários e de outras pandemias.
A liturgia cristão neste tempo natalino não fala apenas do advento do menino Jesus, fala também da Parusia, ou seja, de um novo advento, onde também diz que haverão cortes e mudanças (Mt 3,10): “O machado já está na raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo”, ou seja, a raiz de todos males e desavenças.
Em termos religiosos é pedida a conversão, a mudança de rota, em termos sociais é preciso reconhecer aquilo que não está no caminho da esperança e do amor, e cortar pela raiz pois é a única forma de mudar.
Insensatez e casa desarrumada
Além da guerra do leste europeu, uma possível volta da pandemia, a sensatez humana parece estar fora de moda, são dias confusos, até mesmo as datas da semana e o final de ano, tradicionalmente mais festivo e calmo parece ceder a um clima de insensatez e protesto, devido o evento esportivo que envolve pelo menos 32 nações: A Copa do Mundo.
Embora a casa esteja desarrumada, todo furor político parece ter ido para o futebol, aliás a política parece futebol com torcidas organizadas desestabilizando a v ida social e retirando autoridades do do seu status quo, o juiz que se rebaixa ao mané, o presidente que se rebela com o poder que representa, novos movimentos de invasão de terra e pedidos de mais autoritarismo em meio a uma crise evidente de autoridade.
Embora o torcedor tenha jogado a bandeira LGBTQIA+ no gramado, ele também protestava contra a guerra na ucrânia e a opressão das mulheres iranianas (veja a foto).
A Copa já teve protesto de país islâmico que não cantou o próprio hino, torcedor que invadiu o campo para protestar contra a desigualdade de gênero e at[e pedido de seleção que seja expulsa da Copa do Mundo, o jogador se machuca e a própria torcida comemora, enfim a sensatez parece estar fora dos eixos.
Afinal um esporte é uma diversão, envolve paixão sim, mas é só dentro dos seus limites, e também a diversidade cultural deve ser respeitada, assim como o direito de protesto dentro dos limites da manifestação.
A análise importante é que nenhum destes fatos deve ser pensado fora de contexto, fato isolado ou apenas a manifestação de grupos minoritários, a casa está desarrumada, há algo sombrio no ar.
Há vozes isoladas e abafadas que pedem um retorno ao eixo e a solução de problemas que são graves sim, porem não se resolvem com insensatez, uma casa desarrumada exige cuidados de arrumar cada canto, limpar cada sujeita escondida ou deixada de lado, e deixemos que o esporte seja aquilo que é em essência, uma maneira pacífica de competir e trazer alegria a corações e sentimentos nacionais equilibrados.