Arquivo para outubro, 2014
A sociedade em busca de valores
O livro feito em Portugal, na verdade foi escrito e compilado na França pelo Institut de Management d´EDF et de GDR em Paris, no ano de 1996, liderado por dois dos maiores pensadores de nosso tempo, o prêmio Nobel Ilya Prigogine e um dos maiores pensadores de nosso tempo, o educador Edgard Morin, que se uniram a outros 15 pensadores contemporâneos para tentar responder questões cruciais de nosso tempo.
O livro é um elogio a filosofia contemporânea, referindo-se ao fim das certezas (nome de um livro de Prigogine) e a busca de valores sociais e políticos típicos do educador Edgar Morin, mas passeia por grandes pensadores da Europa atual, entre eles, Gilles Lipovetsky, Joel Roman, Pascal Bruckner, Olivier Mongin, Marc Guillaume e muitos outros.
O livro permanecerá entre a ruptura e abertura, eixos norteadores das reflexões, onde ruptura “é a oportunidade de passar em revista as mudanças conceptuais (sobre o indivíduo, o tempo, o político) intervenientes na sociedade contemporânea”, e a abertura tenta “para além da constatação, abrir novas vias de reflexão sem cair no cepticismo sistemático e no dogmatismo”.
Lipovetski mostra a construção do social, o que poucos brasileiros sabem que um programa social chamado RMI (Rendimento Mínimo de Inserção) surgido no início dos anos 90 na França, foi apoiado “por dois em cada três franceses” (pg. 33) e por outro lado a tolerância, que na França era muito complicada, “tornou-se um valor de massa, mesmo se alguns pontos negros vêm manchar essa imagem” (pg. 33), coisa acontece no Brasil só recentemente.
Sobre a polarização ideológica, Oliver Mongin (filósofo e diretor da revista Esprit) esclarece o ceticismo atual: “quer sejamos convervador ou progressista, socialista ou liberal, temos vivido a ideia de que existe um corte enre o passado e o futuro” (pg. 69), mas ao mesmo tempo perdemos uma “felação com o tempo, com a sua passagem” (pg. 69).
Mongin, ao comentar a Fábula das abelhas de Bernard de Mandeville, compara-as ao homem moderno com seus vícios, “a inveja, o ciúme, a vaidade, a cobiça, a mira do lucro, o ódio, a luta irrisória pela glória e pelo reconhecimento” (pg. 78), que são mais para frente chamados de “vícios privados” (pg. 79) que “traduz bem a moral da história” (pg. 79), que traduz bem o dilema entre o social e o privado, e aponta: “numa sociedade como a nossa, só o aspecto político pode dar lugar a essa exterioridade, com os seus valores de interesse geral e bem comum” (pg. 83), ainda que fundamentada na economia, pois “o fato de a moeda ter um valor positivo, assenta, em última análise, na existência de uma imensa cadeia de credulidades compartilhas” (pg. 83) e com a corrupção “simplesmente quebrada a cadeia da confiança”.
Entre os vários caminhos novos apontados, Marc Guillaume (economista e sociólogo) aponta em “A competição das velocidades” o caminho vivo da “coabitação, às vezes pacífica, outras vezes violenta, de movimentos com velocidades diferentes” (pag. 103), a referir que o qualificador da sociedade atual como moderna, “escolheu como emblema a valorização do tempo e da mudança” (pag. 109), irá destacar o papel da inovação e do controle do tempo.
Eleições e ferramentas de redes
São inúmeros os fatos e menções nas redes sociais sobre a política, dados falsos, mentiras e até mesmo calúnias dignas de um processo judicial acontecem nestes meios, porém os dados revelam qual de fato é a novidade e o assunto que surge como emergente nas redes.
Um fato curioso é que apesar dos aguerridos militantes da candidata Dilma ser maioria, os nomes mais citados no twitter são o de Marina Silva com 968 mil em menções, mesmo tendo apenas um terço dos seguidores da presidente, já o candidato Aécio tem apenas 84 mil menções, segundo a revista Exame.
Os dados revelam também que Marina acredita mesmo nas redes sociais, ela já publicou 1.078 tuítes, contra 737 de Aécio e 189 de Dilma, claro isto tem pouco a ver com as intenções de voto, mas significa uma aposta num público novo dos conectados através das ferramentas de redes sociais.
Também os seguidores, tanto no volume de interação como no engajamento (nas redes é claro, na rua é bem diferente) Marina Silva é líder, ela possui o maior número de respostas dadas a suas publicações, indicando que estabelece um diálogo direto com este eleitor, segundo dados do próprio site de microblogs.
Os dados sobre usuários do microblog Twitter não podem ser confundidos com as pesquisas de intenção de votos, porque representam um nicho de pessoas que usam estas ferramentas, mas para quem gosta é uma maneira de acompanhar diretamente a campanha
Redes Sociais e Mafiosas
A rede envolve aspectos de organização de grupo e de certa reciprocidade entre seus membros, é diferente de uma estrutura hierárquica porque seus membros tem alguma forma de comprometimento além do simples comando e das formas de poder, mas existem redes que fazem mal ao conjunto da sociedade com valores e práticas estranhas ao seu bom uso.
Manuel Castells, autor do livro “A sociedade em rede” e agora de “Comunicacion y poder” esclarece este outro tipo de rede: “os campos de cocaína, laboratórios clandestinos, pistas secretas de pouso, gangues de rua e instituições de lavagem de dinheiro na rede do tráfico de drogas que penetra em economias, sociedades e Estados no mundo inteiro” (Castells, 1996), esclarece que infelizmente também há estes tipos de redes, mas como a rede se expande em redes sem escala (free- scale é um aspecto da rede dado este nome por Albert L. Barabási) pode ser que algum ou alguns nós desta rede se expandam e ao sair da rede encontre as redes de solidariedade e de compromisso com a parte saudável do tecido social, e aos poucos minar estas redes mafiosas.
Esta descoberta se deve ao estudo liderado por Albert László Barabási feito na ‘Universidade de Notre Dame em 1998, que ao mapear a World Wide Web verificou que 80% das páginas web tinham apenas 4 hiperligações e que aproximadamente 0,001% das páginas tinha mais de 1000 hiperligações, assim nem só as maiorias influenciam as redes, mas uma “minoria potente” pode influenciar as redes, Barabási chamou isto de ligação preferencial, para explicar o aparecimento de redes livres de escala.
É fácil de explicar que estes grupos de pessoas na rede, que formam comunidades (pequenos grupos onde todos se conhecem), mas existem pessoas que tem ligações com pessoas que não pertencem à comunidade, e assim pessoas (figuras públicas, políticos,..) que tem ligações com várias comunidades dentro da rede social, podem funcionar como estes grupos “potentes”.