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Religiao, Filosofia e Humanismo
Nem é religioso aquele que simplesmente proclama uma fé sem conhece-la, nem aquele que segue uma série de preceitos sem entender os fundamentos. No cristianismo o que é Amor, a filósofa Hannah Arendt, por exemplo, estudou como seu doutorado “O amor em Santo Agostinho” enquanto Edith Stein descobre a partir da filosofia e de Santa Tereza d´Ávila um caminho religioso e tornou-se freira e mártir (morreu em Auschwitz).
Há muita apologia a superstições e crendices no meio religioso, porém elas não eram desconhecidas por Jesus, é famosa a questão do sábado, que Jesus pergunta se é justo salvar alguém de uma doença no sábado (Mateus 12,10), chama os fariseus de “sepulcros caiados” (1Jo,2,27) e por fim termina por último revelando aos apóstolos que deverá sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e mestres da lei (Mateus 16,21-22), ao que Pedro se assusta e pede que isto não aconteça, e Jesus o repreende e o chama dizendo que ele não tinha uma inspiração divina.
Assim não é o modelo de vida pública de muitos religiosos nominais, falsos profetas e gente com pouca profundidade de fé que podemos entender o que é religião, mas há um sentido antropológico, filosófico e claro teológico que dão base aos ensinamentos do amor, do suportar a cruz, de não construir ódio, vingança ou rancor a moda daqueles que não creem.
Agostinho superou o dualismo maniqueísta do bem contra o mal, trata-se do Amor que é muito superior a tudo e o mal é apenas sua ausência, Boécio e depois Tomás de Aquino instituíram a questão da pessoa e do Ser, que é parte da polis, mas inseparável dela.
A importância de Severino Boécio, venerado como santo pela igreja católica (sua data é 23 de outubro) para a história da ciência e da filosofia, da “querela dos universais” e da importância da razão, de Tomas de Aquino e de figuras atuais como Edith Stein não separam a fé do pensamento humano e do humanismo contemporâneo.
O humanismo antropocêntrico do período renascentista, a questão da perspectiva foi central na pintura e nas artes, mas é também deste período A Utopia de Thomas Morus.
Disto nasceu a modernidade e seus dualismos (objetivo x subjetivo, corpo x mente, espiritual x material) parte do dualismo ontológico: o ser é e o não ser não é, entretanto, há agora o princípio do terceiro incluído vindo de Stéphane Lupasco e Barsarab Nicolescu, é físico e real.
É tempo de rever o humanismo e nenhuma face da realidade humana pode ficar sem uma necessária revisão: o que é o Ser, o que é a ideia (o eîdos grego ligado ao Ser) e o que significam os mitos e cosmogonias modernos diante de um olhar mais profundo ao sagrado com diálogo e profundidade.
A ética, o humanismo e a filosofia
Peter Sloterdijk disse ao jornal El país: “ a vida atual não convida a pensar” (em 03/05/2019) e a “era do humanismo está terminando” disse Achille Mbembe historiador e pensador pós-colonial camaronês: o humanismo hoje é uma questão de estado e portanto de poder, como sua base é o economicismo impera um humanismo de tipo materialista nem sempre considerado os valores humanos.
A filosofia virou justificativa ideológica do poder, a polarização levou a extremos até mesmo a negação de autores cujo autores juram defender, o epistemicídio eurocêntrico esquece seus fundamentos mais básicos e se entregam a polarização política.
O que significou a ética spinoziana? Qual a crítica da razão atual? Sloterdijk aponta o cinismo.
A guerra era inevitável em uma crescente polarização política e nova ordem econômica pelo avanço da economia chinesa.
A filosofia atual já pensa em alternativas de humanismo, Edith Stein fenomenóloga e aluna de Husserl explorou a questão da Empatia, Heidegger outro aluno de Husserl a questão do Ser, Emmanuel Lévinas sobre influência hermenêutica husserliana e Heidegger define o humanismo como além da essência ou seja, o humanismo do outro homem, que pode ser um ponto de partida para o novo humanismo, e também Habermas (A inclusão do Outro) e Byung Chul Han (A exclusão do Outro) tocam o tema.
A religião se confunde entre ritualismo, fundamentalismo e ausência de valores humanísticos básicos: amor, solidariedade e fraternidade, assim a leitura bíblica é manipulada e parcial, o secularismo avança em campo minado pela ausência de valores humanitários da fé.
Espera-se que nesta crise e fragmentação do desenvolvimento civilizatório os lideres e homens influentes possam encontrar serenidade, diálogo e equilíbrio para possíveis saídas.
A filosofia não pode ser outra coisa que não coopere com a paz, com o avanço civilizatório.
É no outono que se contam as galinhas
Aproxima-se a primavera no hemisfério sul e o outono no hemisférico norte, é o período que os europeus sabem que devem ter provisões fazer reparos nas casas para algum tipo de proteção ao frio: sistemas de calefação, carvão, gás e organizar a dispensa para este período.
Há um ditado no leste europeu, versão de nosso ditado “não se contam com os ovos antes da galinha botar”, lá se diz “no outono que se contam as galinhas”, isso serve para a guerra que se aproxima de completar dois anos no leste europeu e que respinga em toda humanidade.
Muitos analistas, entre eles o português Miguel Monjadino, afirmam que o principal objetivo de Kiev “é recuperar território suficiente até o outono para manter o apoio da sua sociedade, de Washington e das capitais europeias para uma campanha militar na primavera” de lá que será nosso outono aqui, só depois de março de 2024.
Analistas americanos indicam mais de 500 mil militares já mortos nesta guerra, e ainda há de se considerar o fim do acordo sobre embarque de grãos da Ucrânia na região dos portos do mar Negro e aumento de armas, e agora também aviões.
Porém a contagem das perdas já começa, o desastre com um avião brasileiro que caiu na Rússia e matou seus ocupantes chama a atenção para mais uma morte estranha de opositores de Putin, a morto do chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhine todos ocupantes do avião foi confirmada em análise genética.
Ao mesmo tempo que dava condolências a família de Prigozhine, Putin afirmou que cometeu muitos erros na vida, numa alusão clara que não gozava mais de sua simpatia.
No lado econômico os BRICS, aliança que participa a Rússia e o Brasil, anuncio um aumento de seus membros e uma possível moeda no futuro, o objetivo é competir com o euro e o dólar.
A paz parece cada vez mais distante e o aumento de tensão é cada vez maior.
Plano cultural e ameaça a paz
A Rússia anunciou oficialmente a revisão dos de todos livros de história ensinados aos adolescentes, que lá são a 8ª., 9ª. e 10ª. série do ciclo de ensino, recontando a história das décadas de 1970 a 2000, período do fim da “União Soviética” e uma nova seção dos anos de 2014 aos dias atuais, onde a guerra é chamada de “operação militar especial”.
O anuncio foi feito por Vladimir Medinsky, conselheiro russo do presidente Vladimir Putin em uma coletiva de imprensa, e ao atingir a faixa etária dos adolescentes, não apenas prevê uma guerra longa, estes estão sendo preparados para os próximos 10 anos quando serão adultos, como desperta desconfiança de planos militares mais audaciosos que a guerra na Ucrânia.
As ameaças a Polônia já são reais, e além da Polônia pertencer a OTAN, isto relembra o 1º. de setembro de 1939 quando a Alemanha invadiu a Polônia deflagrando a 2ª. Guerra Mundial.
Isto coloca a paz mais distante, e a esperança vem agora do bloco de aliados declarados ou táticos do governo russo, o próprio Zelensky da Ucrânia acredita que os Brics, banco internacional que a Rússia participa pode ser uma última tentativa e mediação da Guerra.
A guerra cultural com narrativas até opostos, sobre o que é o processo civilizatória e sua ameaça são cada vez mais presentes no cenário mundial, uma guerra em escala global nos dias de hoje, com armas nucleares muito mais letais que anteriormente é a ameaça civilizatória real.
Entre várias análises, o escritor e jornalista israelense Yuval Harari, autor do livro “Sapiens – Breve história da humanidade”, declarou ao jornal londrino The Guardian, que a guerra da Ucrânia vai definir o futuro de todo o mundo, “A cada dia que passa fica mais claro que a aposta de Putin está falhando. O povo ucraniano está resistindo de todo o coração, conquistando a admiração do mundo inteiro e vencendo a guerra”, mas há outras visões.
O que está claro que o processo civilizatório está em xeque sim, não no sentido que os livros culturais da Rússia apontam, não se trata da vitória desta ou daquela tendência “cultural” e sim da convivência de ideias diferentes dentro de ambientes democráticos e de diálogo.
Sempre há esperança para a paz, mas espíritos armados e ameaças preparam somente a guerra.
Jesus relembra ao jovem rico (Mt 19,18-19) os mandamentos: “Jesus respondeu: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo”, mas diz a leitura que ele vai embora porque era muito rico, isto vale para o dinheiro, mas também para o orgulho, o poder e a arrogância.
Erro e perdão
Do ponto de vista científico encontrar erros em métodos e análises significa mudar a rota e não a hipótese de pesquisa, se uma hipótese não se confirma isto é um resultado e não um erro, aliás para Popper é assim que a ciência caminha, porém outro pensador Thomas Kuhn defende que há rupturas ou novas hipóteses de pesquisa, a física quântica é um exemplo disto.
Já na filosofia a maioria dos filósofos defendem que o perdão é uma virtude moral, assim ele expressa a capacidade humana de superar o ressentimento e a vingança, e com isto restaurar as relações interpessoais e sociais, mas há filósofos que veem o perdão como fraqueza ou ilusão, já que nega a gravidade do mal e a responsabilidade do ofensor.
O filósofo contemporâneo que tratou o perdão foi Paul Ricoeur, que o desenvolveu sem se afastar do sentido religioso (cristão principalmente) e o vê como um paradoxo, pois vai de encontro ao imperdoável, ou seja, àquilo que não pode ser reparado ou compensado pela justiça.
O tema é relevante por que Ricoeur lembra que o tema se tornou relevante “particularmente característico do período pós-guerra fria, em que tantos povos foram submetidos à difícil prova de integração de recordações traumáticas” em texto publicado em Esprit, no 210 (1995), pp. 77-82 e que pode ser encontrado na Internet (pdf).
O autor coloca “o perdão na enérgica acção de um trabalho que tem início na região da memória e que continua na região do esquecimento” (Ricoeur, 1995), e que um fenômeno “que se pode observar à escala da consciência comum, de memória partilhada” e esclarece que deseja evitar a notação discutível de “memória coletiva”.
Embora escrito bem antes de nosso tempo, tanto a questão totalitária está em jogo como a questão do colonialismo, também o racismo e anti-semitismo e isto significa uma memória “partilhada” que pode levar à fúria.
O filósofo usa o vocabulário do filósofo alemão R. Roselleck, que opõe a “nossa consciência histórica global”, que ele chama de “espaço de experiência” e, por outro, o “horizonte da espera”, se olharmos de fato nossa experiência quase recente podemos superar os ódios e ressentimentos entre povos e culturas, por isto considero correto não usar “memória coletiva”.
É preciso superar erros históricos, equívocos e caminhos já trilhados, que nos levaram ao caos.
RICOEUR, P. O perdão pode curar? Trad. José Rosa, Esprit, n. 210, 1995.
Novo holodomor, guerra e paz
Enquanto há expectativas de novos encontros para a paz com em Jidá na Arábia Saudita, as perspectivas de um envolvimento maior de outros países na guerra crescem com o perigo de uma guerra em escala global.
No período duro da antiga União Soviética, já houvera um conflito entre a República Soviética Russa e a República Soviética da Ucrânia, o holodomor em 1931-32, em que o ditador Joseph Stalin confiscou a produção ucraniana matando um grande número de ucranianos de fome, há um livro sobre o tema (pdf), os ucranianos conseguiram muitos anos após declarar este episódio de sua vida nacional como um genocídio.
A Rússia já havia minado as fontes de abastecimento da Ucrânia, agora realiza bombardeios sistemáticos em portos e locais de armazenamento de grãos e espalha minas em toda fronteira do território conquistado, a economia ucraniana já em ruinas, agora sofre um duro golpe e com isto há uma ameaça o abastecimento mundial de grãos.
O front de batalha interno continua duro, como pequenos avanços da contraofensiva, mas o polo agora se desloca para o mar Negro, onde os navios de exportação de grãos podem ser atingidos e já uma provocação com a Polônia, pelo grupo Wagner que está na Bielorrússia.
Alguns discursos e narrativas escondem os horrores da guerra, morte de civis, distribuição e desastres em rios e fontes energéticas, e violação de tratados de guerra, com mutilação e tortura de prisioneiros, e uso de armas de guerra proibidas por acordos internacionais tais como, minas terrestres, bombas de fósforo branco e bombas de fragmentação.
Um envolvimento da Polônia e Bielorrússia, seria a primeira escala de uma guerra mundial, faz lembrar a invasão da Alemanha em 1º. de setembro de 1939, que foi estopim do envolvimento de diversos países sendo os primeiros a declarar guerra foram a Inglaterra e França.
O envolvimento político e financeiro de outros países já está praticamente declarado, com forças ao lado da Ucrânia e da Rússia, porém a sensatez ainda faz alguns países e diplomatas mais cautelosos pensarem no desastre para a economia além do grave perigo de uso de força nuclear.
As forças pela paz iniciaram uma conferência em Altos funcionários de cerca de 40 países, incluindo EUA, China, África do Sul e Índia e estão participando das discussões na cidade costeira de Jeddah, no Mar Vermelho, sendo noticiários europeus, entre eles o alemão DW (Deutsche Welle), sem a participação da Rússia (foto).
Conflito se amplia e esperança de paz
O front de combate se estende por toda região leste da Ucrânia, que afirma avanços, a região da Criméia também sofre ataques, enquanto a Rússia volta a bombardear os portos de estoques de grãos na Ucrânia, o que ameaça a segurança alimentar de vários países.
Putin promete entregar grãos “de graça” a vários países africanos, mas a África do Sul avisa que não é o suficiente, e o Níger teve um golpe de estado apoiado pela Rússia, e o presidente Hohamed Bazoum está preso, enquanto general Abdourahamane Tchiani assumiu o país, a EU europeia cortou todo apoio dado ao país, tendo a França com interesses em negócios do país.
O grupo Wagner de mercenários da Rússia atuou na região, tendo influenciado as posições do Mali e influenciam atualmente Burquina Faso, o grupo está atualmente na Bielorrússia e aumenta os temores da Polônia que possa causar um conflito na região, ampliando a zona de guerra e atingindo “pontos fracos” da OTAN.
Mali e Burquina Faso estão entre os países mais pobres do mundo e dependem de ajuda externa, tanto para a segurança alimentar como militar, são países predominantemente agrícolas.
A esperança vem da Arábia Saudita que sediará na cidade de Jidá, um encontro para tratar da situação da guerra na Ucrânia, além de Brasil e Índia, que são membros dos Brics, o Reino Unido, a Polônia e África do Sul estão entre países que confirmaram a presença, Egito, Indonésia, México, Chile e Zâmbia estão entre convidados, o secretário de Segurança dos EUA Jake Sullivan deve participar da reunião e Putin não irá.
A reunião é importante porque houve acusações ao grupo da OPEP+, em outubro de 22, dos países produtores de petróleo estarem apoiando a Rússia, entretanto o bloco junto a outros países convidados para a reunião mante uma posição firme de ampliar as conversas de paz.
A reunião para tentar um acordo de paz na Ucrânia, será nos dias 6 e 7 de agosto, enquanto os Brics terão reunião dias 22 a 24 de agosto e a China propõe a inclusão da Arábia Saudita e Indonésia no grupo, enquanto Brasil e Índia resistem a ideia, Putin não deve participar.
Jidá (Gidá ou Jeddah) (foto) fica a beira do Mar Vermelho, é patrimônio mundial da UNESCO, tem 23 cidades irmãs, entre elas, Rio de Janeiro do Brasil, Odessa da Ucrânia, Cazã e São Peterburgo da Rússia, e sua principal geminação (outro conceito de cidade-irmã) é com Miami dos EUA.
Segurança alimentar e escalada da guerra
O fim do acordo sobre grãos impede que carregamentos de escoamentos dos grãos produzidos na Ucrânia, em especial: trigo, milho e cevada, com isto o trigo já subiu 8,5% nas bolsas internacionais e o milho 3,5%, pois isto bombardeios em Odessa que ainda é um porto livre da Ucrânia, que fica na ponta oeste da Ucrânia no Mar Negro.
A Ucrânia tem recebido ataques constantes em seus portos e armazéns em Odessa, em resposta realiza bombardeios em armazéns de armamentos e abastecimentos na Criméia e a ponte de Kersh no estreito de mesmo nome que liga a Criméia a Rússia foi novamente atingida. (na foto a catedral de Odessa atingida neste domingo)
No front norte não há grandes avanços da contraofensiva e a propaganda russa diz que suas forças avançaram, enquanto as forças ucranianas admitem apenas um avanço pequeno e lento, muito aquém do esperado, enquanto espera mais armas e munições.
O número de soldados russos e forças aumentou, porém é na batalha aérea que tem um maior poderio, e o resultado final é que em todos os fronts a escalada da guerra se amplia.
Hungria, Áustria e nesta semana a Bulgária enviaram armas para Ucrânia e a tensão da Rússia com a Polônia atinge um nível máximo, através da Bielorrússia que tem fronteira com a Polônia.
Os Brics realizaram sua reunião sem a presença da Rússia, que é um alivio para o grupo, porém isto não significa ruptura com o grupo, a China é cada vez mais aliada russa, o Brasil e a África do Sul tergiversam sobre o tema, enquanto a Índia tenta reforçar seus apelos para a paz.
Uma perda na distribuição de grãos a nível mundial afetará fortemente a América Latina e uma boa parte da África, cujos líderes também tentaram fazer pressão sobre Putin, sem sucesso.
Rússia e China voltaram a fazer exercícios militares no mar do Japão, em função disto Coréia do Sul e Japão se tornam cada vez mais próximos das forças ocidentais e da OTAN.
A pergunta certa sobre o mal
Não há duvida que existe crueldade, maldade e indiferença que é o grande mal contemporâneo, porém não se trata nem de maniqueísmo nem de puro mal encarnado.
Sempre em todos tempos acordos e guerras foram tentados, muitas vezes apenas por conveniência ou mesmo tática de guerra, já postamos sobre mal acordos de pós-guerra, como a Alemanha que saiu humilhada da primeira guerra mundial e pouco aprendemos com a história.
Estamos fazendo o percurso do povo judaico-sumério até chegar de volta a Canaã de onde saíram pela fome para ir ao Egito, antes de sair Moisés recebe a mensagem divina de se dirigir ao Faraó, vai com seu irmão Aarão, mas qual o sentido sabendo que o Faraó é impiedoso com o povo israelita? É que a verdadeira mensagem divina sempre é semente boa para todos povos, por isto a parábola da semente boa, que deveria ser o nome da parábola do joio e trigo.
Mesmo indo falar com o faraó, os israelitas serão perseguidos, e depois terão que travar 4 batalhas na fuga pelo deserto, a batalha de local incerto de Refidim onde vence os saqueadores amalequitas, a segunda novamente contra amalequitas e cananeus (por isto o local de Refidim pode ser mais ao norte), a terceira uma derrota contra cananeus e a 4ª. a vitória final.
Vejam a leitura (Mt 13,26,27): “Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ e o administrador diz que é para não arrancar o joio porque pode acontecer de arrancar o trigo junto.
A semente divina sempre é boa, mas sempre crescerá o joio no meio do trigo e só a partir daí é que podemos interpretar corretamente, a semente que cai em solo ruim e no meio dos espinhos e não floresce e nem dá fruto.
Há sempre esperança e sempre uma possibilidade de paz e harmonia entre as nações e povos.
O povo se cansa e não acredita mais
O retorno a terra das tribos de Israel não será fácil, mas é para fugir da opressão do Egito, nação que enfrentará as famosas “pragas do Egito”, que são bíblicas, mas também históricas: a peste, a guerra e a decadência e a fome, episódios comuns nas decadências dos impérios.
Diz a passagem da narrativa do Êxodo (ex 3:17): “E decidi tirar-vos da opressão do Egito e conduzir-vos à terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, a uma terra onde corre leite e mel”, vemos no mapa como era Canaá na época.
A longa jornada e a escassez de alimentos, comiam um alimento caído do seu que chamavam de maná e faltava também água, em um lugar chamado Massa e Meriba, onde o povo começa a discutir e “tentar o Senhor” questionando: Está o Senhor no meio de nós ou não?
É quando Moisés sairá em busca de água numa inspiração profética.
Ali Moisés consegue “ferir a rocha”, de alguma forma destruiu uma rocha na montanha e encontrou água, mas depois veio a batalha com os saqueadores amalequitas (Êxodo 17:1-16), embora a literatura indique a proximidade de Horeb ao sul, o local provavelmente era bem mais ao norte, porque o local da Batalha Refidim (que significa local de descanso) deve ser bem mais ao norte, na ponta Mar Vermelho, próximo ao Monte Sinai (Êxodo 15,17-22).
Durante a batalha Moisés deve ficar com o cajado levantado. Porém com sua idade avançada o braço vai se curvando, e é preciso apoiar o braço dele para que os israelitas vençam a batalha.
Em tantas vezes estas guerras aconteceram, a história diz que a primeira delas foi a batalha entre suméricos e Umma (por volta de 2.700 a.C.), as guerras do Egito, depois vieram os persas e as famosas guerras púnicas (gregas), o império romano, as batalhas medievais, a guerra dos cem anos e as duas guerras mundiais, as guerras menores de impérios e colônias.
Se aprendêssemos não apenas com as histórias escritas, mas também com as cosmovisões (elas que estabeleceram os ciclos: peste, guerra e fome) e acreditássemos de fato numa possibilidade de paz universal, não a da pax romana que é a submissão a um império, respeitar as culturas e povos de diferenças raças e credos, um verdadeiro processo civilizatório poderia ser construído.
A ideia que quem quer a paz se prepare para a guerra, não é humanitária e ainda persegue a cabeça dos homens e dos líderes com sede de poder.