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Arquivo para a ‘Economia’ Categoria

Amazon agora vende tickets

14 ago

A Amazon volta a sacudir mercados mundiais, agora de tickets, já aparecem ofertas tanto noATPNitto site americano como no inglês, os tradicionais vendedores de ingressos estão ameaçados, como por exemplo, a Ticket Master que viu suas ações despencarem na bolsa americana.

Vai demorar para chegar no Brasil, mas o futuro já nos espera, o que acontece é que uma série de eventos e promoção de vendas locais, que significam empregos e algum dinheiro circulando nos locais dos eventos, podem ser subtraídos e gerar mais monopólio para o site que inicialmente vendia apenas livros digitais, agora já avança em outros mercados.

Mas as tradicionais vendedoras de tickets para eventos são culpadas, as taxas abusivas que cobram para as vendas podem chegar a 10% em grandes eventos e eventos que rapidamente esgotam ingressos, sem a garantia que estes ingressos podem cair nas mãos de cambistas.

Um dos controles que podem ser observados na Amazon é a limitação do número de ingressos por pagantes, como em geral são registrados no site este controle pode ser efetivo, é claro a menos que usem um grande número de laranjas, porém todos devem estar “registrados”.

No site inglês por exemplo, pode-se notar as finais de Tenis do ATP 1000 Nitto em Londres, de 2 a 18 de Novembro, além de outros como show dos GlobeTrotters, o evento para junho de 2018, o Glastonbury Festival em New Castle , Cardif, Manchester e Glasgow chamado El Sheeran que envolve música, performances e teatro, e muitos outros.

O mercado vai se agitar, nas bolsas já agitou caindo ações de empresas que vendem ingressos.

 

O que falta  na 4ª. Revolução industrial

31 jul

Li o livro do criador do Fórum Mundial de Economia, Klaus Schwab, é impressionante o cenário que descreve, passando pelo mundo digital chama o sistema de contabilidade de dinheiro digital, o blockc4thRevolutionhain, de “livro-caixa distribuído” (mal traduzido como  livro-razão), afirmando que “cria confiança, permitindo que pessoas que não conheçam (e, portanto, não têm nenhuma base subjacente de confiança), colaborem sem ter de passar por uma autoridade central neutra – ou seja, um depositário ou livro contábil central.” (Schwab, 2016, p. 27), indo da categoria física ao mundo biológico, mas talvez falte algo: uma “alma” para isto tudo.

Os céticos e fundamentalistas vão continuar a bradar: injusto! poder da tecnociência ! uma autêntica desumanização ! sim pode ser, mas simplesmente protestar ou torcer o nariz não vai fazer o avanço rápido e vertiginoso da tecnologia recuar, nem mesmo o apelo ecológico, mais tecnologia é muitas vezes mais ecologia, vejam os LEDs, a energia solar e o controle agora possível por dispositivos sensores em plantas, florestas e até mesmo micro-organismos.

Talvez um problema que mereça questionamento sério é a desigualdade, mas Schwab não fugiu do assunto, ao explicar nas páginas 94 e 95 a emergência de” ecossistemas orientados para a inovação, oferecendo novas ideias, modelos de negócios, produtos e ser viços, e não aquelas pessoas que podem apenas oferecer trabalho menos qualificados ou capital comum” (Schwab, 2016, p. 94), e conclui “o mundo atual é muito desigual” (p. 95).

O fenômeno da desigualdade é sem dúvida o mais preocupante, mesmo em países que pode- se pensar menos desiguais, o índice Gini por exemplo na China, aponta o autor, subiu de 30 na década de 1980 para 45 em 2010.

Aponta mais ainda que os níveis de desigualdade: “aumentam a segregação e reduzem os resultados educacionais de crianças e jovens adultos.” (idem, p. 95), isto mudou por exemplo o padrão da chamada “classe média”, que nos EUA e Reino Unido tem o preço de “um bem de luxo”, afirma o autor.

Ao contrário do que se possa pensar, o Global Risks Report do Fórum Mundial de 2016, fala de “des-empoderamento” do cidadão, embora haja campanhas como “get-out-the-vote” (sai para votar), já que em muitos países o voto não é obrigatório, mas os conteúdos que nós consumimos online são miseráveis, carecem de verdade e de fatos, e eles influenciam.

Não falta ao autor os conceitos de identidade, moralidade e ética, expressos no capítulo da página 100, fala da OpenAI, iniciativa presidida por Sam Altman, presidente da Y Cominator e Elon Musk e CEO da revolucionária Tesla Motors, que acredita que a melhor maneira de desenvolver a AI é torna-la gratuita para todos e fazer que ela seja emponderada  para melhorar os seres humanos, mas seu programa é abstrato e pouco realístico, ainda que o apresente no quadro H o limite ético.

È preciso descobrir nas fissuras do avanço tecnológico aspectos de desenvolvimento da sensibilidade humana, do apreço pelo Outro, onde ambientes colaborativos e de coworking favorecem isto, mas o que se ouve é ainda uma gritaria fundamentalista contra a tecnologia.

 

IoT e a segurança de dados

21 jun

Muitos aspectos de segurança de dados foram desenvolvidos, mas há uma máxima daIoTSecurity computação que afirma que nenhum sistema é totalmente seguro, e se prevemos um crescimento exponencial das conexões com a internet das Coisas (IoT – Internet of Things), é um fato que o problema de segurança tenha também um crescimento nesta proporção.

Enquanto o mundo da IoT já chegou (smartphones, relógios, TVs, carros, óculos e outros aparelhos, nos de pode dizer que há uma plataforma IoT realmente segura e com operacionalidades simples.

Para os especialistas, um desses recursos básicos de segurança é a criptografia de dados, mas ela deverá estar agregada ao tratamento de Big Data, já que este para o volume de dados atuais já é praticamente indispensável, com a IoT será compulsório.

Os dispositivos IoT transacionam toneladas de dados, a criptografia já é um aspecto óbvio destes dados porém, ainda é raramente usada, menos ainda se pensamos de ponta a ponta, isto é, do produtor ao consumidor de dados, e então neste aspecto a IoT é mais sombria.

Com os avanços na computação quântica, a criptografia poderá também não ser suficiente para proteger dados vitais, pois computadores quânticos podem descobrir as chaves criptográficas ainda mais rapidamente, e os algoritmos ainda que eficiente agora, não há dado totalmente seguros,  as chaves dos criptogramas com uso de computação quântica serão mais rapidamente abertas, e enquanto a maioria dos hackers não tem acesso a esse nível de computação podemos estar seguros, mas por quanto tempo ?

É preciso começar desde já a repensar dois assuntos, o tratamento de dados por BigData e as chaves criptográficas a prova de computação quântica antes que estes recursos estejam nas mãos dos hackers.

Privacidade de dados, muitas vezes vitais para determinados sistemas, estão e estarão em cheque cada vez mais.  

 

Esfera pública: transparência e utopia

20 jun

O termo “esfera pública”, popularizado pelos conceitos desenvolvidos porTransparencia Jünger Habermas (1929- ), em especial no livro publicado em 1962, “Mudança estrutural da esfera pública”, que é uma tradução para a palavra alemã, Öffentlichkeit, substantivação do adjetivo öffentlich (público). “Publicidade”, que é usado de certa forma também como “tornar público” Publizität é por sua vez um termo empregado no sentido de tornar público certos debates judiciais.

O tema volta a ter atualidade não apenas pela situação do Brasil, mas o uso de “publicização” feitas tanto na campanha de Trump como de Marie Le Pen, além dos inúmeros e já incontáveis casos de denúncias de corrupção no Brasil e outros países da América Latina e do planeta.

A ideia geral de Habermas, grosso modo, é que a publicidade crítica é subvertida pela publicidade/propaganda, onde a opinião pública passa a ser objeto de manipulação tanto dos meios de comunicação de massa como por parte das políticas partidárias e administrativas, mas o termo não deve ser confundido com as dificuldades público/privadas do estado.

Posteriormente Habermas relativizou o termo, pois as experiências políticas e sociais que desmentiram uma total despolitização da esfera pública mostram também fatos curiosos como uma certa volta ao nacionalismo, e a questão da transparência pública é questionada.

O que fez que posteriormente Habermas desenvolvesse a ideia da ação comunicativa, consagrada no livro (em algumas edições como a inglesa em dois Volumes) “The theory of communicative action”, publicados em 1984, mas o que negligenciado que também ali foi necessário um reparo, colocando a questão da “nova intransparência”, onde ao mesmo tempo que admite o esgotamento utópico, vê um horizonte onde há alguma fusão entre o pensamento utópico e a consciência histórica.

Habermas cita os cenários utópicos da idade Média: “Thomas Morus e sua Utopia, Campanella com Cidade do Sol, Bacon com sua Nova Atlantis”, sua atualização nos tempos  modernos por “Robert Owen e Saint Simon, Fourier e Proudhon rejeitavam o utopismo violento”, e há uma atualização com “Ernst Bloch e Karl Mannheim” que na visão de Habermas “purificaram o o termo ´utopia’ “, mas negligencia a análise feita de Manheim por  Paul Ricoeur em cursos feitos na Universidade de Chicago em 1975, que depois virou livro: “A ideologia e a utopia”.

A análise de Ricoeur mostra que distorção ideológica se baseia no fato de considerar apenas a estrutura simbólica da vida social, em geral vista sobre a perspectiva da justificações e identificações de grupos sociais, embora necessária, não é suficiente para fazer projeções para o futuro, onde o uso de inovações e agentes sociais transformadores são necessários.

HABERMAS, J. A nova intransparência. In: Novos Estudos CEBRAP, nº 18, set. São Paulo: Ed. Brasileira de Ciências Ltda, 1987.

 

Entre o público e o privado: a transparência

19 jun

O termo parece um slogan de propaganda político, e de fato pode ser, a ideia que tudoSociedadeTransp pode ser revelado e o controle de aparatos, principalmente presidenciais, sobre o que pode e deve ser divulgado pode ao contrário do que anunciam muitos, estar fortalecendo serviços feitos às sobras, o desaparecimento da privacidade, o colapso da confiança e aspectos cruciais para manter a democracia e o controle econômico.

O livro de Byung-Chul Han é uma denúncia que o ideal da transparência pode ser tão falso quanto as piores utopias e mitologias modernas: a desconfiança de todos e a falta de privacidade por uma “homogeneização” da interpretação dos fatos.

Qualquer pessoa com instrumentos adequados pode obter informação sobre praticamente qualquer assunto, desde que disponha de instrumentos e muitas vezes força econômica para fazê-lo, e isto já revela uma das possíveis manipulações.

Grupos poderosos, grupos perigosos e principalmente políticos mal-intencionados podem usar a informação disponível para fazer uso inadequado da informação disponível.

Depois de publicar A Sociedade da Transparência, A Sociedade do Cansaço e A Agonia de Eros do filósofo germano-coreano Byung-Chul Han entra em outra seara.

Sociedade da Transparência é uma tradução de Miguel Serras Pereira direta do texto alemão Transparenzgesellschaft, no original, de Byung-Chul Han. Em Portugal o livro foi publicado em Setembro de 2014, na colecção Antropos, da editora Relógio D’Água.

Byung-Chul Han denuncia neste livro: “A Sociedade da Transparência” (Editora Espelho d´Agua, 2014) é que a transparência total é um ideal falso, e segundo o autor a mais forte e perigosa das mitologias contemporâneas, revela sua ingenuidade e estranheza “quando chegou na Alemanha: De filosofia não sabia nada. Soube quem eram Husserl e Heidegger quando cheguei a Heidelberg” (HAN, 2014).

Critica o que chama de “transparência é desprovida de transcendência” (idem, p. 59): “A sociedade positiva evita toda a modalidade de jogo da negatividade, uma vez que esta detém a comunicação. O seu valor mede-se exclusivamente em termos de quantidade e de velocidade da troca de informação. A massa da comunicação aumenta também o seu valor econômico. Os vereditos negativos toldam a comunicação (HAN, 2014, p. 19).

Qual o remédio, há informações que devem permanecer privativas, mas quais ? quem as controlará ? eis as questões que devem ser respondidas.

Han, B.C. A Sociedade da Transparência. Lisboa: Relógio D’Água, 2014.

 

MIT explica Blockchain

14 jun

O famoso instituto americano MIT explicou em seu site, de maneira objetiva umBlockChain2 conjunto de tecnologias para o dinheiro digital, de maneira objetiva e clara, eis um resumo das questões respondidas, a primeira é claro é o que significa o termo.

Em um nível alto, a tecnologia blockchain permite que uma rede de computadores concordem em intervalos regulares sobre o verdadeiro estado de um livro gerencial distribuído”, diz o professor adjunto do MIT Sloan, Christian Catalini, especialista em tecnologias de cadeias de blocos e crypto-currency. “Esses livros contabilísticos podem conter diferentes tipos de dados compartilhados, como registros de transações, atributos de transações, credenciais ou outras informações. O livro de contas é muitas vezes protegido através de uma mistura inteligente de criptografia e teoria de jogos, e não exige nós confiáveis como redes tradicionais. Isto é o que permite que bitcoin transfira valor em todo o mundo sem recorrer a intermediários tradicionais, como os bancos “.
O prof. Christian Catalani do Instituto acrescentou: “A tecnologia é particularmente útil quando você combina um contabilidade distribuída junto com uma crypto-token.”

A segunda questão também óbvia e´a ligação entre BlockChain e BitCoin, em um artigo recentemente publicado ele afirma: Catalini explica por que os líderes empresariais devem ser entusiastas do Blockchain e pode economizar dinheiro e pode aumentar conforme a forma como os negócios são conduzidos.

Cada empresa e organização se envolve em vários tipos de transações todos os dias e cada uma dessas transações requer verificação.

Em muitos casos, essa verificação é fácil. Você conhece seus clientes, seus clientes, seus colegas e seus parceiros de negócios. Tendo trabalhado com eles e seus produtos, dados ou informações, você tem uma boa ideia de seu valor e confiabilidade.

“Mas de vez em quando, há um problema, e quando surge um problema, muitas vezes temos que realizar algum tipo de auditoria”, diz Catalini. “Podem ser auditores reais entrando em uma empresa. Mas em muitos outros casos, você está executando algum tipo de processo para se certificar de que a pessoa que reivindica ter essas credenciais tinha essas credenciais ou a empresa que vendeu a mercadoria possuía a certificação. Quando fazemos isso, é um processo oneroso e intensivo em mão-de-obra para a sociedade. O mercado diminui e você deve incorrer em custos adicionais para combinar a demanda e a oferta “.

“A razão pela qual os ledgers distribuídos se tornam tão úteis nesses casos é porque, se você gravou esses atributos, agora você precisa verificar com segurança em uma cadeia de blocos, você sempre pode voltar e encaminhá-los sem nenhum custo”,

O artigo e o paper são mais longos e claros é claro, mas o objetivo aqui era reduzir um pouco as questões técnicas e e explicar as ferramentas BlockChain.

 

 

Filosofia da crise

05 jun

Há diversos sentidos para a crise, do grego crisis, significa separação, abismoValleyMontain e, também juízo e decisão, alerta-nos o filósofo brasileiro Mario Ferreira dos Santos (1907-1968).

Tomaremos dele emprestados alguns pensamentos, pois muitos pensamentos que se julgam atuais, Mario Ferreira viveu só até 68, já estavam presentes em seus raciocínios, e, portanto, nem a crise, nem o que pensa sobre ela é tão novo assim.

Em seu livro, relançado este ano pela editora paulista É Realizações, nosso filósofo conceitua logo no início do livro: “quem tem uma visão de mundo presa apenas ao devir, no quaternário, como o chamavam os antigos filósofos, não poderá deixar de reconhecer que todo o existir é um separar-se, bem como todas as combinações ônticas de existir finito são sempre seletivos. ” (pag. 11)

Será assim que Mário vê nas separações as crisis, e se as cavarmos mais fundo chegamos aos abismos, e dirá sobre as separações: “se todas as combinações são possíveis, nem todas são prováveis, muito menos se atualizam. ” (idem)

Portanto conclui: “há assim, em todo  o existir, um separar-se, uma crisis, um abismo”, mas este existir tem também uma função intelectiva, e então coloca-a intelecção justamente nesta capacidade formada pelas raízes inter lec, que significa captar entre, sendo portanto uma das capacidades do nosso espírito, entre muitas outras a capacidade de selecionar, o que une.

Usa o que propôs Tomás de Aquino, que afirma termos uma capacidade de captar dentro (pag. 12), num captar seletivo “porque preferirá isto àquilo.” (idem)

Dirá como “não podemos viver sem a crisis, e não podemos viver com ela” (pag. 12), e faz uma analogia com “os cumes das montanhas que é possível unir, sem negar os vales, que não esqueçamos, são também positivos, e nada adianta esquecê-los.” (pag. 13)

Questiona sobre a crisis “mas porque crescem os abismos, porque se distanciam cada vez mais os cumes das montanhas? ” (pag. 14), e reflete sobre a separação “não somos nós os coveiros da crisis?” (idem)

Diz sobre o fanatismo: “e quando não crê e procurar crer, fanataza-se” (pag. 15), e dirá sobre o imediatismo de seu tempo (década de 60) “decepcionado de suas crenças e de suas utopias, sempre malogradas, aceita a proposta daqueles que se decepcionaram antes dele. Pactua com o imediato, porque o mediato não surgiu: por isso vive os meios que lhe estão próximos, e não mais os fins.” (idem), vejam a analogia com as mídias e a vida de hoje, mas na década de 60 !!!

E recomenda para a crise; “não aprofundeis o abismo com as vossas ideias, as vossas atitudes, as vossas religiões, as vossas crenças, as vossas artes.” (pag. 17)

Dá uma receita para todas crises: “desconfiai do abismo, quando ele falar dentro de vós. Procurai ouvir o uivo agudo dos ventos que sopram nos cumes.” (idem)

SANTOS, Mario Ferreira dos. Filosofia da crise, São Paulo: É realizações, 2017.

 

A felicidade e o bem-estar

26 mai

A ideia que sempre temos uma alternativa entre o Poder, com P maiúsculo paraHappiness indicar Potência ou Vontade de Poder como querem alguns filósofos, não só Nietzsche, mas antes dele quase todos os iluministas e alguns utilitaristas, é uma ideia aparentemente convincente, mas que se a colocarmos em contato com a ideia de Felicidade, sua consistência não é tão sólida

Há uma potência entre os mansos, os silenciosos e os que sabem escutar e se envolvem num processo dialógico, o poder para eles é diferente de potência porque todo ato agápico, uma forma de amor “feliz”, é também um ato de potência que não faz o jogo maniqueísta.

Em termos bíblicos no mesmo trecho que Jesus diz aos discípulos que “toda autoridade foi lhe data entre o céu e a terra” (Mt 18, 28), também garante que estará com eles logo na sequência, “até o fim dos tempos”, significando paz agápica, que traz conforto e felicidade; mas não devem ser confundida com falta de consciência sobre as injustiças e conflitos existentes.

É justamente disto que trata a hermenêutica de Gadamer, e seu livro e principal obra Verdade e Método, não faz outra coisa que não a construção da verdadeira consciência histórica dentro de um processo dialógico e de síntese hermenêutico, é o seu método e pode muito bem interagir com outros sistemas logicistas, desde que abertos, mas não é uma Teoria de Sistemas.

O que é felicidade então ? na lógica hermenêutica a relação com os outros, a abertura a assistência propõe a capacitação de Amartya Sen, e a construção do bem-comum, como desejam pessoas de boa fé e isto é capacitar as pessoas para a vida.

Claro que não é a felicidade do consumismo e do poder como os homens a entendem não deve ser confundida com esta felicidade agápica, afinal não é bom misturar poder e religião, diz a sabedoria popular, então é o poder de estar sempre livre, o capacitado pode ser feliz se dentro de uma estrutura social que favoreça sua capacitação para a vida social.

 

O que é capacitar em sociedade ?

24 mai

A reconstrução dos argumentos de Adam Smith, em sua “A Teoria dosCapacitar sentimentos morais”, os quais aplicava à economia, fez Amartya Sen (1988) desenvolver alguns aspectos críticos de quais seriam os princípios duradouros da teoria econômica convencional para criar uma teoria que poder-se-ia chamar de uma teoria econômica sustentável, que ao mesmo tempo que garante a liberdade não permite que alguns cidadãos permaneçam a margem do processo.

Essa visão fez Amartya Sen desenvolver o que é chamado de “abordagem das capacitações” (1880 com desenvolvimentos posteriores (1985, 1988a e 1988b) e com trabalhos correlatos como o de Martha Nussbaum (1986, 2009), colocando-a no centro da questão da distribuição de renda e também a valorização de pessoas sem nenhuma privação de liberdade.

O princípio que move um auto interesse é o descrito assim por Sen (1988, p. 11):  “O reforço das condições de vida deve ser claramente um objectivo essencial – se não o essencial – de todo o exercício econômico e que a valorização [da pessoa]  é parte integrante do conceito de desenvolvimento (abordagem das capacidades) .” (SEN, 1988a, p. 11).

Nesta perspectiva a busca do bem-estar social é meta privilegiada, única capaz de dar pleno sentido às escolhas sociais envolvidas nas estratégias de desenvolvimento, assim a chamada base na “abordagem das capacitações” (capabilities approach), colocado o desenvolvimento como tendo um conjunto de expansão das capacitações das pessoas para fazer aquilo que valorizam, sem eliminar as liberdades que permitam as escolhas e as oportunidades destas de exercerem atividades como agentes econômicos capacitados.

A ideia é que cada agente tem “atividades” (doings) e “existências” (beings), chamadas genericamente de “funcionamentos” (functionings), cada um com uma importância para a avaliação da natureza do desenvolvimento e a liberdade de escolha (SEN, 1988a).

A ideia de capacitação, apresentada no trabalho de Sen (1982 [1980]), é justamente um reflexo da liberdade para realizar funcionamentos que tenham valor, e neste sentido são também são características onde cada indivíduo na situação real tem de “ser” e de “fazer”.

Referências:

NUSSBAUM, Martha. A fragilidade da bondade: fortuna e ética na tragédia e na filosofia grega. São Paulo, Martins Fontes, 2009.

SEN, A. K. Equality of What ? In: SEN, A. K. Choice, Welfare and Measurement. Oxford: Basil Blackwell, 1982. ch. 16. 25, 1980.

____. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. (em inglês The Concept of Development. In: Handbook of Development Economics, vol. 1. Amsterdam: North Holland, 1988 (1988a). p. 10-26.)

____. On Ethics and Economics. Oxford: Basil Blackwell, 1988 (1988b).

 

O Bem e as Capacidades

23 mai

Para olhar a questão da capacidade de Martha Nussbaum e Amartya Sen, CapacidadeModelocomeçamos pelo olhar da “distribuição política” de Aristóteles que a utilizou extensivamente na análise do “bem dos seres humanos”, onde esse bem está ligado ao exame que faz das “funções do homem” e da “vida no sentido de atividade”, ou seja, a função como capacitação humana para uma atividade.

Pensando a vida como “atividades e modos de ser” e por que são tão valiosos, a avaliação da qualidade da vida toma a forma de uma avaliação dessas efetivações e da capacidade de efetuá-las, ou seja, se levamos em conta apenas as mercadorias ou os rendimentos que auxiliam no desempenho daquelas atividades e na aquisição daquelas capacidades, como ocorre na maioria das teorias do valor, que vem de Adam Smith e Marx, acabamos tendo uma confusão de meios e fins, e nisto concordam Amartya Sen e Martha Nussbaum.

Retomando a teoria aristotélica, pode-se que a vida “é vivida sob compulsão, e a riqueza não é evidentemente o que buscamos, pois, a riqueza é meramente útil na consecução de outros bens”.

Então nossa tarefa é a de avaliar as várias efetivações na vida humana, superando o que, num contexto diferente, embora relacionado, aquilo que Marx chamou de “fetichismo da mercadoria”, nelas o consumo de mercadorias só podem ser examinadas pela capacidade da pessoa de realizá-las terá de ser apropriadamente avaliada não quantitativamente, mas como uma combinação das efetivações.

Sen e Nussbaum apontam como primeiro ponto fundamental as ambiguidades e relevância no quadro conceitual do enfoque da capacidade, Sem afirma: “natureza da vida humana e o conteúdo da liberdade humana são conceitos problemáticos. Não pretendo varrer essas dificuldades para debaixo do tapete”.

Os segundos pontos são qualidade de vida e necessidades: “Há uma ampla literatura sobre o desenvolvimento econômico que trata da avaliação da qualidade de vida, do atendimento das necessidades básicas e de temas correlatos”, Sen afirma citando Lipton (1968).

Os terceiros pontos são bens primários e liberdades, onde o trabalho de Rawls deve ser analisado, pois o “foco nas mercadorias e nos meios de realização pessoal neste trabalho contrastado ao enfoque da capacidade é também influente na moderna filosofia moral” afirma Amartya Sen.

Sen, Amartya. O desenvolvimento como expansão das capacidades. (veja o Link).

Sen, Amartya. “Development as Capability Expansion”, Jounal of Development Planning, nº 19, 1989 (encarte especial sobre “Desenvolvimento humano a partir dos anos oitenta”) Tradução Regis Castro Andrade (veja o  Links ])

Lipton, Michael, Assessing Economic Performance, Londres: Staples Press, 1968.