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Linguagem, verdade e erro

07 set

O mais comum é entender-se verdade como a tautologia lógica que deriva da concepção do empirismo científico e do silogismo matemático,

A filosofia moderna desenvolveu diversas concepções de verdade, atualmente busca-se a adequação da verdade aos sistemas ideológicos que vieram do Hegelianismo e de uma concepção da História, sobre estes equívocos está a elaboração de Hans-Georg Gadamer, que por sua vez vem da concepção de verdade enquanto Ser de Heidegger.

Do silogismo e do logicismo vem os conceitos idealistas de julgamento e o direito positivista.

A verdade é para Descartes: “Jamais aceitar coisa alguma como verdadeira que não a conhecesse evidentemente como tal” (Descartes, Discurso do Método), é assim oposta ao falso, muito próxima da verdade formal.

O pragmatismo utilitário de Stuart Mill é o extremo oposto disto (é ilógico), e está próximo a concepção de Hegel e Nietzsche, é a verdade relativista que dominam muitos discursos atuais.

Nietzsche também refaz o conceito hegeliano de verdade histórica para o conceito de existência, embora o conceito positivo pareça simples de ser refutado, a dificuldade é estabelecer o que é o verdade e real, que na realidade seriam a mesma coisa, mas o que é real? Muitas vezes esta adequação é feita de modo ideológico, assim surgem as narrativas.

É por causa desta dificuldade que surge o verdadeiro conjugado ao moral, ele tem sentido no contexto do realismo moral. Por exemplo, “A opressão e a exploração são malévolos” é uma verdade moral dentro de uma moralidade humanista, e “A impiedade é pecaminosa” é uma verdade moral numa moralidade religiosa e esta conjugação é resolvida em relação ao Ser e a linguagem, e pode-se retirar o véu, a ocultação através da a-lethéia, o desvelar.

A concepção ocidental de verdade, é assim difícil de ter uma única definição pode estar conjugada no caso ocidental de três raízes, a grega “aletheia” (a- não lethe oculto),  que vem do que vem da definição do que é o ser: “a linguagem é a casa do Ser” (Heidegger), Veritas, o conceito latino conjugado entre lógica/linguagem (verdadeiro e falso) e Emunah (o conceito ético-moral) verdade/fidelidade e sua negação infidelidade, Agostinho de Hipona: “no interior de todo ser habita a verdade”.

 

Uma outra crítica a Hegel

05 set

Já delineamos aqui diversas críticas ao hegelianismo, com seus vícios do idealismo alemão, que ao nosso ver atinge também o chamados jovens hegelianos como Marx, porém há uma outra releitura possível que é a de Sören Kieerkegaard (1813-1855) que é mais contemporâneo de Marx e talvez por isto pouco lido, já que os grandes embates filosóficos se davam no idealismo alemão deste período.

Porém é possível uma leitura hegeliana de Kierkegaard e quem me chamou a atenção para isto, é uma doutora “millenium” brasileira, Natália Mendes que além de fazer uma premiada tese de doutorado do autor, fala cm desenvoltura e propriedade do filósofo.

Primeiro é importante que ele escreve e estuda sobre a metafísica grega, e a autora chama a atenção para a questão de ser “pai do existencialismo”, rotulações que atrapalham o estudo e a percepção de grandes problemáticas que os filósofos trouxeram.

A autora vê a profundidade de Kierkegaard em três eixos fundamentais: o ontológico, o epistêmico e o psicológico sem negar e perceber a origem teológica de algumas de suas inquietações, esclarece o tema da angústia, que deve ser entendida como “angústia filosófica” que é ter as questões certas e para elas respostas certas.

Aqui exploro um ângulo pouco explorado e não secundário que é um pós-positivismo, e pós logicismo filosófico, talvez uma das grandes angústias de Kierkegaard sobre a teologia.

Antes de prosseguir, destaco uma frase do filosofo sobre a oração: “A função da oração não é influenciar Deus, mas especialmente mudar a natureza daquele que ora”, me parece profunda.

Voltando a lógica de Kierkegaard que acredito que seja própria para nosso milênio, além de não se considerar filósofo, que significaria passar por uma crítica severa autores que criticava, ele constrói sua própria perspectiva e nela não abandona a literatura, a psicologia e a teologia.

Para não fazer um tratado sobre sua verdade, faço duas citações suas: “Não há verdade verdadeira que não seja subjetiva, isto é apropriada” e outra: “Há duas maneiras de ser enganado. Uma é acreditar no que não é verdade; a outra é recusar a acreditar no que é verdade”.

Kierkegaard, S. Textos selecionados. Seleção e tradução por Ernani Reichmann. Curitiba: Editora Universidade Federal do Pará, 1886.

 

Temores de uma 3G

04 set

Uma terceira guerra mundial (3G), que seria a maior crise civilizatória já ocorrida, parece chegar junto com a proximidade do outono europeu, entrevistas de um repórter da BBC em Moscou dão conta que há um clima de patriotismo e apoio a guerra na Ucrânia, ainda que seja chamada pelo eufemismo de “operação militar especial”.

O repórter entrevistou o blogueiro Andrei Afanasiev, pró-Kremlin e professor universitário, e também ouviu o outro lado de analistas militares que dizem que a propaganda estatal esconde os fracassos e perdas militares na guerra, entrevistou ainda atividades anti-guerra embora a maior tenha deixado a Rússia ou esteja presa.

O cenário apesar de uma boa quantidade da população manter certa indiferença é de um clima crescente de guerra, algum medo do futuro e nenhuma esperança de paz a vista.

O envolvimento da OTAN cada vez mais declarado e ostensivo cria um clima ainda pior, na semana passada houve um ataque ao aeroporto russo de Pskov, e na Ucrânia ameaça de bombas nas escolas que estão retornando as aulas, desde o início da guerra 3.750 escolas foram parciais ou totalmente destruídas por mísseis e bombas, segundo a Ucrânia.

Noutro front que começa a se desenha uma guerra, após as eleições houve um golpe militar no Gabão, país de língua e influencia francesa, o presidente reeleito Ali Bongo Ondimba, cuja família governa o país a 56 anos, encontra-se preso e as eleições foram consideradas fraudulentas.

Países da União Centro-Africana condenaram o golpe, agora cresce o número de países que não se alinham ao Ocidente e uma guerra pode se iniciar na região que já assisti a outros golpes e juntas militares governando os países, recentemente houve em Níger com apoio da Rússia  (Mali, Guiné, Burkina Faso, Chade e Tunísia são ex-colônias francesas) (veja o mapa).

Na famosa crise dos mísseis em Cuba, três generais da Marinha Soviética deveriam aprovar o disparo de mísseis segundo protocolo russo, mas um deles Vasili Alexandrovich Arkhipov era contra, e isto evitou um holocausto nuclear trágico, a esperança é que existam outros Vasilis que impeçam a guerra 3G.

 

Religiao, Filosofia e Humanismo

01 set

Nem é religioso aquele que simplesmente proclama uma fé sem conhece-la, nem aquele que segue uma série de preceitos sem entender os fundamentos. No cristianismo o que é Amor, a filósofa Hannah Arendt, por exemplo, estudou como seu doutorado “O amor em Santo Agostinho” enquanto Edith Stein descobre a partir da filosofia e de Santa Tereza d´Ávila um caminho religioso e tornou-se freira e mártir (morreu em Auschwitz).

Há muita apologia a superstições e crendices no meio religioso, porém elas não eram desconhecidas por Jesus, é famosa a questão do sábado, que Jesus pergunta se é justo salvar alguém de uma doença no sábado (Mateus 12,10),  chama os fariseus de “sepulcros caiados” (1Jo,2,27) e por fim termina por último revelando aos apóstolos que deverá sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e mestres da lei (Mateus 16,21-22), ao que Pedro se assusta e pede que isto não aconteça, e Jesus o repreende e o chama dizendo que ele não tinha uma inspiração divina.

Assim não é o modelo de vida pública de muitos religiosos nominais, falsos profetas e gente com pouca profundidade de fé que podemos entender o que é religião, mas há um sentido antropológico, filosófico e claro teológico que dão base aos ensinamentos do amor, do suportar a cruz, de não construir ódio, vingança ou rancor a moda daqueles que não creem.

Agostinho superou o dualismo maniqueísta do bem contra o mal, trata-se do Amor que é muito superior a tudo e o mal é apenas sua ausência, Boécio e depois Tomás de Aquino instituíram a questão da pessoa e do Ser, que é parte da polis, mas inseparável dela.

A importância de Severino Boécio, venerado como santo pela igreja católica (sua data é 23 de outubro) para a história da ciência e da filosofia, da “querela dos universais” e da importância da razão, de Tomas de Aquino e de figuras atuais como Edith Stein não separam a fé do pensamento humano e do humanismo contemporâneo.

O humanismo antropocêntrico do período renascentista, a questão da perspectiva foi central na pintura e nas artes, mas é também deste período A Utopia de Thomas Morus.

Disto nasceu a modernidade e seus dualismos (objetivo x subjetivo, corpo x mente, espiritual x material) parte do dualismo ontológico: o ser é e o não ser não é, entretanto, há agora o princípio do terceiro incluído vindo de Stéphane  Lupasco e Barsarab Nicolescu, é físico e real.

É tempo de rever o humanismo e nenhuma face da realidade humana pode ficar sem uma necessária revisão: o que é o Ser, o que é a ideia (o eîdos grego ligado ao Ser) e o que significam os mitos e cosmogonias modernos diante de um olhar mais profundo ao sagrado com diálogo e profundidade.

 

É no outono que se contam as galinhas

28 ago

Aproxima-se a primavera no hemisfério sul e o outono no hemisférico norte, é o período que os europeus sabem que devem ter provisões fazer reparos nas casas para algum tipo de proteção ao frio: sistemas de calefação, carvão, gás e organizar a dispensa para este período.

Há um ditado no leste europeu, versão de nosso ditado “não se contam com os ovos antes da galinha botar”, lá se diz “no outono que se contam as galinhas”, isso serve para a guerra que se aproxima de completar dois anos no leste europeu e que respinga em toda humanidade.

Muitos analistas, entre eles o português Miguel Monjadino, afirmam que o principal objetivo de Kiev “é recuperar território suficiente até o outono para manter o apoio da sua sociedade, de Washington e das capitais europeias para uma campanha militar na primavera” de lá que será nosso outono aqui, só depois de março de 2024.

Analistas americanos indicam mais de 500 mil militares já mortos nesta guerra, e ainda há de se considerar o fim do acordo sobre embarque de grãos da Ucrânia na região dos portos do mar Negro e aumento de armas, e agora também aviões.

Porém a contagem das perdas já começa, o desastre com um avião brasileiro que caiu na Rússia e matou seus ocupantes chama a atenção para mais uma morte estranha de opositores de Putin, a morto do chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhine todos ocupantes do avião foi confirmada em análise genética.  

Ao mesmo tempo que dava condolências a família de Prigozhine, Putin afirmou que cometeu muitos erros na vida, numa alusão clara que não gozava mais de sua simpatia.

No lado econômico os BRICS, aliança que participa a Rússia e o Brasil, anuncio um aumento de seus membros e uma possível moeda no futuro, o objetivo é competir com o euro e o dólar.

A paz parece cada vez mais distante e o aumento de tensão é cada vez maior.

 

A modernidade e Deus

22 ago

Se é verdade que o discurso religioso de nossos dias atuais beira a insanidade, é verdade também que aquilo que a modernidade pensou e pensa de Deus é praticamente desconhecimento de presença na literatura não cristã.

Nascido de família de pastores luteranos Nietzsche não falou da Morte de Deus como pensam sua leitura rasa, não leram a Gaia Ciência onde o filósofo proclama “O homem louco – Não ouviram falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar incessantemente: ‘Procuro Deus! Procuro Deus!’?” e pode-se ler mais a frente: “Para onde foi Deus’, gritou ele, ‘já lhes direi! Nós o matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move agora? Para onde nos movemos nós?’” está no §125.

Buscou na filosofia do oriente: Assim falou Zaratustra a mística perdida, mas sua obra o Nascimento da Tragédia tem passagens marcantes onde mostra a necessidade de compreensão desta forma de entender a vida, onde faz estudos sobre o apolíneo e o dionisíaco, onde o capítulo 5 se acredita que é de onde parte Heidegger para escrever a Origem da Obra de arte. 

Da Influência de Husserl nasceram as filosofias de Heidegger e Edith Stein, que depois se tornou mística, sendo judaica se tornou cristã e foi mártir na Alemanha Nazista, ainda sobre a influência de Heidegger está Hannah Arendt, cuja tese de doutorado é “O amor em Santo Agostinho”, ainda que existam lacunas que seus contemporâneos atestam é uma boa leitura.

De Hannah Arendt nasceu as meditações sobre a Vitta Activa e Vitta Contemplativa, que o filósofo contemporâneo Byung Chul Han vai retomar em sua Sociedade do cansaço, não deixando de tocar na filosofia cristã de São Gregório de Nazianzo (ou Nazianzeno).

Ele foi fortemente influenciado por Peter Sloterdijk, que apesar de seu ateísmo, em todas suas obras a marcas profundas do conhecimento do pensamento cristão, reivindica o profeta Jonas para dizer que todos nós temos uma baleia (Jonas ao recusar sua missão foi devorado por uma baleia e devolvido a praia) e um pouco de Jonas, recusa a nossa missão neste planeta.

Byung Chul Han faz um diagnóstico muito atual, ele acrescenta que a “perda moderna da fé, que não diz respeito apenas a Deus e ao além, mas á própria realidade, torna-se vida humana radicalmente transitória” (Han, pag. 42).

Isto não é um problema a parte, é parte essencial do pensamento moderna, recusa do essencial, adoção do transitório, vida fugaz e frívola e de prazeres passageiros e ex-tásicos (extase, está fora, também pode ser transe).

HAN, B. C. A sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2017

 

Plano cultural e ameaça a paz

21 ago

A Rússia anunciou oficialmente a revisão dos de todos livros de história ensinados aos adolescentes, que lá são a 8ª., 9ª. e 10ª. série do ciclo de ensino, recontando a história das décadas de 1970 a 2000, período do fim da “União Soviética” e uma nova seção dos anos de 2014 aos dias atuais, onde a guerra é chamada de “operação militar especial”.

O anuncio foi feito por Vladimir Medinsky, conselheiro russo do presidente Vladimir Putin em uma coletiva de imprensa, e ao atingir a faixa etária dos adolescentes, não apenas prevê uma guerra longa, estes estão sendo preparados para os próximos 10 anos quando serão adultos, como desperta desconfiança de planos militares mais audaciosos que a guerra na Ucrânia.

As ameaças a Polônia já são reais, e além da Polônia pertencer a OTAN, isto relembra o 1º. de setembro de 1939 quando a Alemanha invadiu a Polônia deflagrando a 2ª. Guerra Mundial.

Isto coloca a paz mais distante, e a esperança vem agora do bloco de aliados declarados ou táticos do governo russo, o próprio Zelensky da Ucrânia acredita que os Brics, banco internacional que a Rússia participa pode ser uma última tentativa e mediação da Guerra.

A guerra cultural com narrativas até opostos, sobre o que é o processo civilizatória e sua ameaça são cada vez mais presentes no cenário mundial, uma guerra em escala global nos dias de hoje, com armas nucleares muito mais letais que anteriormente é a ameaça civilizatória real.

Entre várias análises, o escritor e jornalista israelense Yuval Harari, autor do livro “Sapiens – Breve história da humanidade”, declarou ao jornal londrino The Guardian, que a guerra da Ucrânia vai definir o futuro de todo o mundo, “A cada dia que passa fica mais claro que a aposta de Putin está falhando. O povo ucraniano está resistindo de todo o coração, conquistando a admiração do mundo inteiro e vencendo a guerra”, mas há outras visões.

O que está claro que o processo civilizatório está em xeque sim, não no sentido que os livros culturais da Rússia apontam, não se trata da vitória desta ou daquela tendência “cultural” e sim da convivência de ideias diferentes dentro de ambientes democráticos e de diálogo.

Sempre há esperança para a paz, mas espíritos armados e ameaças preparam somente a guerra.

Jesus relembra ao jovem rico (Mt 19,18-19) os mandamentos: “Jesus respondeu: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo”, mas diz a leitura que ele vai embora porque era muito rico, isto vale para o dinheiro, mas também para o orgulho, o poder e a arrogância.

 

Impostos, lucro e dizimo

15 ago

Sempre que se aponta ao horizonte uma crise a tentação mais comum é sobrecarregar a sociedade e a questão da tributação está em pauta não só no Brasil, mas no mundo todo.

Os problemas no país são enormes, o mais comum é a bitributação (impostos em serviços sobre os quais já há imposto, taxa rodoviária por exemplo), mas os governos são insaciáveis, precisam alimentar as mesas fartas daqueles que os sustentam no poder.

Para que benefícios sejam incorporados a vida civil, o estado necessita de impostos, porém eles não devem servir para regalias do estado uma vez que é um serviço prestado a sociedade, e impostos incorporados aos custos e preços distorcem e podem estrangular os investimentos, a poupança pública e privada e inibir à exportação.

O lucro deve ser pensado como tendo três finalidades, a manutenção dos serviços sociais que servem também as empresas, os bens e a seguridade social que servem a todos cidadãos, em especial aos trabalhadores e ao crescimento da própria empresa e do país em investimentos.

Por último a contribuição aos interesses culturais, sociais e religiosos de grupos específicos, tanto podem ser vistos como uma sociedade, ao qual todos optam livremente, como de caráter compulsório desde que haja um prévio acordo para isto.

O importante é entender que relações de fraternidade que são espontâneas, diferem de obrigatórias que implicam num tipo de sociedade que uma vez rompida se perde o vínculo, e este deve ser o caso do dízimo, da doação espontânea e da ação “entre amigos”.

No campo filosófico, Paul Ricoeur escreveu sobre estas relações do sócio e do próximo (Le socius et le Prochain, 1954) e

Aqueles que duvidam que isto seja bíblico, recomendo a leitura de Mt 17,25 ao serem indagados se eles pagavam o imposto do templo: Pedro respondeu: “Sim, paga”. Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: “Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?” ao que Pedro respondeu dos estranhos, mas Jesus para “não escandalizar” mandou que se pagassem os impostos.

Os três comportamentos não estão muito distantes: lucros desonestos, tributo alto e impostos dos templos.

 

 

Perigos de expansão da guerra

14 ago

Enquanto no front da Rússia e Ucrânia o perigo que a guerra se espalhe por todos continentes é cada vez mais real, o golpe de estado no Níger, na região subsaariana que já outros conflitos e rupturas com a democracia, está no limite e as próprias nações africanas ameaçam intervir.

Esta região aonde estão o Chade, o Mali e o próprio Níger, é uma das regiões mais pobres do mundo com altos índices de mortalidade infantil, analfabetismo e baixa expectativa de vida, entretanto a riqueza em minérios atrai interesses, nestes países da Rússia e França.  

Os líderes da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) aprovaram a intervenção militar no Níger, uma vez que o presidente recentemente eleito democraticamente Mohmed Bazoum foi deposto e se encontra em prisão domiciliar.

Na reunião presidente da Costa do Marfim, Alassane Quattarao afirmou que a intenção é que a operação militar comece “assim que possível” então teremos novo front de guerra em outro continente, enquanto o clima entre as Coreias do Sul e do Norte aumenta a tensão no oriente.

Na Argentina e Equador, em período eleitoral as tensões aumentam, a surpresa argentina foi a vitória do anarco-capitalista Javier Milei do Libertad Avanza, enquanto dentro da proposta Juntos por el Cambio, de tendência macrista (ex-presidente Macri) Patricia Bulrrich da Proposta Republicana venceu Horário Rodrigues Larreta, há ainda o candidato Sergio Massa, economista do governo, com poucas chances pela ruína econômica da Argentina.  

Na argentina os analistas avaliam que a decadência econômica fez a sociedade apostas em propostas novas, com o risco que as novidades sempre carregam, não é claro o que farão, as eleições acontecerão em 22 de outubro.

No Equador a morte por assassinato do candidato Fernando Villavicencio, do Movimento Construye mostra a ação de grupos paramilitares na política, neste domingo (13) o movimento anunciou o novo candidato Christian Zurita, mas as tensões de violência política prosseguem.

 É preciso relançar o princípio de autodeterminação dos povos, o respeito a soberania e a democracia nos países e limitar as intervenções militares e suas ações no âmbito da política.  

 

Novo holodomor, guerra e paz

07 ago

Enquanto há expectativas de novos encontros para a paz com em Jidá na Arábia Saudita, as perspectivas de um envolvimento maior de outros países na guerra crescem com o perigo de uma guerra em escala global.

No período duro da antiga União Soviética, já houvera um conflito entre a República Soviética Russa e a República Soviética da Ucrânia, o holodomor em 1931-32, em que o ditador Joseph Stalin confiscou a produção ucraniana matando um grande número de ucranianos de fome,  há um livro sobre o tema (pdf), os ucranianos conseguiram muitos anos após declarar este episódio de sua vida nacional como um genocídio.

A Rússia já havia minado as fontes de abastecimento da Ucrânia, agora realiza bombardeios sistemáticos em portos e locais de armazenamento de grãos e espalha minas em toda fronteira do território conquistado, a economia ucraniana já em ruinas, agora sofre um duro golpe e com isto há uma ameaça o abastecimento mundial de grãos.

O front de batalha interno continua duro, como pequenos avanços da contraofensiva, mas o polo agora se desloca para o mar Negro, onde os navios de exportação de grãos podem ser atingidos e já uma provocação com a Polônia, pelo grupo Wagner que está na Bielorrússia.

Alguns discursos e narrativas escondem os horrores da guerra, morte de civis, distribuição e desastres em rios e fontes energéticas, e violação de tratados de guerra, com mutilação e tortura de prisioneiros, e uso de armas de guerra proibidas por acordos internacionais tais como, minas terrestres, bombas de fósforo branco e bombas de fragmentação.

Um envolvimento da Polônia e Bielorrússia, seria a primeira escala de uma guerra mundial, faz lembrar a invasão da Alemanha em 1º. de setembro de 1939, que foi estopim do envolvimento de diversos países sendo os primeiros a declarar guerra foram a Inglaterra e França.

O envolvimento político e financeiro de outros países já está praticamente declarado, com forças ao lado da Ucrânia e da Rússia, porém a sensatez ainda faz alguns países e diplomatas mais cautelosos pensarem no desastre para a economia além do grave perigo de uso de força nuclear.

As forças pela paz iniciaram uma conferência em Altos funcionários de cerca de 40 países, incluindo EUA, China, África do Sul e Índia e estão participando das discussões na cidade costeira de Jeddah, no Mar Vermelho, sendo noticiários europeus, entre eles o alemão DW (Deutsche Welle), sem a participação da Rússia (foto).