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A guerra e a inocência

27 mar

Há inúmeras razões políticas, econômicas, históricas e até religiosas para se iniciar um conflito, porém isto não está na ótica do pensamento inocente de uma criança que sonha um mundo sem conflitos de paz e de dignidade humana para todos.

O desenho de uma criança, omitimos o nome e a situação de polícia que envolveu o caso depois, é um olhar generoso e inocente sobre o mundo, e reforça a ideia que existe sentimento sincero de amizade e fraternidade ainda presente na humanidade.

A situação do conflito se agrava, com a ameaça russa de enviar armas “estratégicas” nucleares para a Belarus, país aliado da russa, no campo de batalha a Ucrânia “estabilizou” a situação em Bahkmut, o front mais violento da guerra e onde estavam as forças dos mercenários do grupo Wagner.

A possibilidade de um terceiro bloco de negociações com a Rússia, anunciado pela China cujo presidente fez uma recente visita a China e esperava a visita do governo brasileiro, entretanto o presidente apresentou um quadro de pneumonia e influenza e adiou a visita.

São mais próximos ideologicamente da Rússia, porém este terceiro bloco tem isto com um trunfo já que é visível que Putin não dá ouvidos a OTAN, nem a ONU, veja a condenação de Haia sobre a extradição de crianças ucranianas para a Rússia, que o condenou a prisão.

O quadro é delicado e exige cautela e esforço para uma possível negociação de paz, as pessoas que olham com generosidade a humanidade não podem ver o mundo diferente, não devem buscar justificativas e pressupostos para a guerra, devem ter o olhar generoso de uma criança.

 

Entre a morte e a não morte

22 mar

Recuperado o conceito de uma vida bem vivida, que é aquela que pode ser examinada e deve-se vive-la até o fim, há outra questão que são os hiatos da vida ou o que chamei de intermitentes da morte, em referência ao que Saramago descreveu em “As Intermitência da morte”, veja o post.

Se lá postamos sobre os intermitentes, aqui queremos falar da não morte, para abordar a não vida, o exercício de Saramago é pensar num país ou lugar fictício onde durante alguns dias não se fosse noticiada nenhuma morte, e vai mais além pensando em uma situação na qual as pessoas pudessem saber antecipadamente da morte, depois de algumas reflexões, pensa:

“Em teoria parecia uma boa ideia, mas a prática não tardaria a demonstrar que não o era tanto. Imagine-se uma pessoa, dessas que gozam de uma esplêndida saúde, dessas que nunca tiveram uma dor de cabeça, optimistas por princípio e por claras e objectivas razões, e que, uma manhã, saindo de casa para o trabalho, encontra na rua o prestimoso carteiro da sua área, que lhe diz, Ainda bem que o vejo, senhor fulano, trago aqui uma carta para si, e imediatamente vê aparecer nas mãos dele um sobrescrito de cor violeta a que talvez ainda não desse especial atenção …” (p.123) e recebe uma notícia antecipada de sua morte.

Pensa poderá evitar pisar numa casca de banana, não receber a carta, jogá-la fora, mas alguém a trará de volta educadamente julgando tê-la esquecido, enfim no ápice do conto encontra-a fatal.

Se no post anterior não ficou claro os “intermitentes” aqui a carta é esta personificação, a morte tornada Ser não apenas aponta para um discurso alegórico, mas pode-se vê-la como ela é.

Então escreve: “Morte onde esteve a tua vitória, sabendo, no entanto, que não receberá resposta, porque a morte nunca responde. e não é porque não queira, é só porque não sabe o que há de dizer diante da maior dor humana” (pgs. 123-124).

O discurso pode parecer estranho, mas só quem o acompanha consegue entender que a sua pura personificação traz a compreensão de que existe algo além da vida e não apenas a finitude, isto é o que incomoda Saramago, porém não cede até chegar ao seu oposto que é aceita-la como fatal.

A carta personificação da morte e a narrativa se fundem, este é um elemento essencial para entender o conto de Saramago, embora não se refira a ela ao dizer no apartamento do violoncelista: “Então aconteceu algo nunca visto, algo não imaginável, a morte deixou-Se cair de joelhos, era toda ela, agora, um corpo refeito, por isso é que tinha joelhos, e pernas, e pés, e braços, e mãos, e uma cara que entre as mãos se escondia, e uns ombros que tremiam não se sabe porquê, chorai não será, não se pode pedir tanto a quem sempre deixa um rasto de lágrimas por onde passa, mas nenhuma delas que seja sua.” (p. 152).

Ainda que seja, ao meu modo de ver pelo avesso da vida, Saramago refaz o sensível e o finito.

 

SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

 

A próxima estratégia pode ser decisiva

20 mar

Enquanto as batalhas de Bakhmut seguem sangrentas, aparentemente nem Rússia nem Ucrânia a consideram mais vitais, para a Ucrânia é um empasse a espera de armas do Ocidente: tanques, jatos e mais munições, para a Rússia um despiste que custou muitas vidas, em especial de mercenários do chamado “comando Wagner”, que critica a Rússia por isto.

Para reforçar isto Putin visitou Mariupol e a Criméia, posições de retaguarda russa, em pontos já conquistados em outras batalhas, com uma segurança extrema, mas para garantir a moral da tropa e a própria, uma vez que foi condenado junto a sua comissária Maria Alekseyevna Lvova-Belov por terem levado 6 mil crianças ucranianas para “reeducação” na Rússia.

Com a condenação ambos poderiam ser presos, porém é improvável que venham ao Ocidente.

A nova estratégia esperada pelos ucranianos é uma invasão ao norte pela Belarus, porém seu exército é pequeno e só teria efeito se apoiado por forças russas, os russos por sua vez gostariam de consolidar as posições em Donetsk e Mariupol, ganhando uma faixa do território da Ucrânia.

China e Belarus continua a afirmar “extremo interesse” na paz e fim das hostilidades, uma vez que perdem muito comercialmente com a guerra, mas certamente apoiarão as conquistas russas.

O evento de intercepção de um drone americano no Mar Negro por um caça russo também causou forte tensão, a escalada da “primavera” na Ucrânia está prevista pelo envio de mais armas.

Sempre há algum alento para a paz, porém desde o início da guerra o cenário apenas evoluiu no caminho oposto, há uma suspensão de folego sobre as novas estratégias de guerra.

 

Sobre a lucidez

14 mar

Já postamos sobre a cegueira, em alguns ensaios (sobre o ensaio de José Saramago que virou filme do brasileiro Fernando Meirelles em 2008) e também fizemos relação com A peste de Albert Camus, fazendo uma relação com a guerra, 3 coisas relacionadas e analisadas foram de nosso tempo (a Pandemia, a cegueira da visão na Pandemia e a Guerra), também postamos a semana passada sobre a clareira.

Agora fazemos o movimento inverso, analisemos a lucidez e o que ela significa na história da humanidade, partindo novamente de Saramago olhemos seu Ensaio sobre a Lucidez, isto porque ele faz um jogo interessante para nosso desenvolvimento aqui, uma alegoria entre claro e escuro.

É importante esta relação porque Saramago recupera elementos do primeiro ensaio da cegueira (a cor branca como símbolo, por exemplo, as personagens e a epidemia de gueira) pode-se dizer que é um prolongamento da primeira narrativa.

A lucidez fala de uma eleição onde dois partidos ficaram com apenas cerca de 8% dos votos, com uma expressiva votação em branco, ao contrário de muitos argumentos sobre esta possível despolitização, Saramago faz um contraponto curioso, ele não viveu a polarização atual:

“… é porque aqueles votos em branco, que vieram desferir um golpe brutal contra anormalidade democrática em que decorria a nossa vida pessoal e colectiva, não caíram das nuvens nem subiram das entranhas da terra, estiveram no bolso de oitenta e três em cada cem eleitores desta cidade, os quais, por sua própria, mas não patriótica mão, os despuseram nas urnas.”

Resolve-se fazer uma pesquisa, mas os 83% não se manifestaram até que uma pessoa resolve enviar uma carta aos líderes, e foi esta carta que deu rumo novo a investigação e por mais resistência que houvesse, o governo não cederia tão fácil, pode-se perceber onde está o problema.

Essa leitura às avessas do nosso cenário político, que não é muito diferente dos EUA e Itália, só para dar dois exemplos, é muito interessante para se compreender a lucidez política, que parece andar na contramão na política contemporânea.

SARAMAGO, J. Ensaio sobre a lucidez”. Ed.: Companhia das Letras, 2004.

 

Guerra se torna perigosa e pode sair do controle

13 mar

Conforme o cenário de guerra avançava no leste europeu, várias análises foram feitas aqui mostrando uma guerra cada vez mais cibernética e com chances de ser nuclear, agora tanto noticiários internacionais (como a CNN por exemplo), como os serviços de inteligência americano, apontam esta trágica evolução.

Oficiais do Comité de Inteligência do Senado americano falaram na quarta-feira passada (08/03) deste cenário afirmaram o que está escrito no relatório do Gabinete de Inteligência Nacional: “degradaram as capacidades terrestres e aéreas convencionais de Moscou e aumentaram sua dependência de armas nucleares”, assim uma janela para a paz está se tornando cada vez menor.

A batalha de Bakhmut, que pode abrir caminho para uma invasão maior no território da Ucrânia, está custando caro para ambos lados, porém irá intensificar a guerra em solo ucraniano, com perdas e cenários imprevisíveis.

Enquanto os russos anunciam vitória em Bakhmut, os ucranianos dizem que cada soldado ucraniano morto custou a vida de 5 soldados russos, propaganda a parte, a Russia paga sim um custo caro pela disputa da região e mostra que será uma guerra passo a passo e custando muitas vidas, além dos refugiados e da destruição material.

No plano global cresce o envolvimento da OTAN enquanto a Rússia busca aliados além da China.

O envolvimento com armas e até treinamentos de tropas da Polônia e Alemanha, assim como o já evidente envolvimento da OTAN desde o início da guerra pode extrapolar os limites de Rússia e Polônia e passar a todo continente Europeu, já um “novo Pear Harbour” russo, lançando mísseis de longo alcance em território americano iniciaria uma tragédia global pela potencia das armas.

As armas estão disponíveis e também no oriente há uma tensão, agora com aproximação da Coréia do Sul e Japão das forças ocidentais.

A paz sempre é possível, mas ela exige um ambiente de cooperação e compreensão entre nações.

 

 

A floresta que limita a clareira

10 mar

O homem moderno, vítima de ideologias, culturas e apostasias religiosas vivem apenas com a consciência da liberdade individual, sem compreender de fato quem é o Outro que não é igual, o filósofo coreano/germânico Byung Chul Han desenvolveu isto em “A expulsão do outro: Sociedade, percepção” (Editora Vozes) no qual fala do vazio adiposo da plenitude.

Este vazio, nada tem a ver com o epoché fenomenológico, abertura da mente e da alma para dialogar e receber o Outro, o diferente, o discurso e a narrativa contrária a nossa, para depois fundir os horizontes no “circulo hermenêutico”, o vazio de alma é positivo, nos eleva.

Através de sucessivas tragédias, a pandemia foi a primeira e não será a última, e aqui não se trata de discurso apocalíptico, e sim da constatação social de uma crise civilizatória em processo cada vez mais profundo e perigoso, não apenas nos governantes, mas também na consciência pessoal.

Chul Han chega a falar estes processos são obscenos na “hipervisibilidade, a hipercomunicação, a hiperprodução, o hiperconsumo, que levam a uma rápida estagnação do igual. Obscena é a ‘ligação do igual com o igual” (Han, 2022) enfim tudo de traduz numa mesmice obscena.

Cita um exemplo muito ilustrativo que é a animação Anomalisa de Charlie Kaufmann (foto), que fala de uma palestrante Michael que vai a Cincinnati para uma palestra e lá se aproxima de uma pessoa por sua voz, Lia é uma pessoa que já o conhece e veio para ver sua palestra e se apaixonam.

Mas o inferno do igual são os funcionários do Hotel, todos iguais e que querem seduzir Michael.

O ensaio dá ênfase ao amor erótico, porém isto serve também para o amor agápico, sem se apaixonar e dialogar com o diferente, vivemos no inferno do igual, no nosso circulo vicioso, em um ambiente cheio de vícios e de obscenidades, no pior sentido da palavra.

Na narrativa bíblica, Moisés que tentava levar seu povo a um caminho novo, queriam apedrejá-lo e blasfemavam contra a proposta de uma vida diferente (Êxodo 17,3-7), chegam a pedir a volta da escravidão egípcia (qualquer semelhança com a política atual não é coincidência), e também no capítulo 4 de João, Jesus vai ao encontro da samaritana, mulher e “pagã” e dialoga com ela.

Na semana que se comemorou o dia da mulher, é importante isto que não é um detalhe bíblico, mas a essência de sua mensagem, Jesus ao encontrar-se com ela que estranha seu interesse e diz “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” (Jo 5,9).

A obscenidade e a mesmice do igual não só empobrecem cada um, mas limita o processo civilizatório que é enriquecedor quanto mais o diferente possa existir com dignidade.

 

HAN, B. C. A expulsão do outro: sociedade, percepção. Trad. Lucas Machado.Petrópolis, Vozes, 2022.

 

Clareira: método e contestação

08 mar

É através da fenomenologia que é possível retomar a positividade do ente em relação à única transcendentalidade possível, onde a coisa se abre na dimensão do transcendental aquela que no post da semana passada desenvolvemos e que de certa forma é oposta ao transcendente de Kant, que vai em direção ao conhecimento do objeto e por isto se confunde com a subjetividade.

Na fenomenologia há uma consciência intencional em seu “a priori”, tomado de forma parecida ao subjetivo (próprio do sujeito), porém a consciência como fenômeno deixa transparecer o que está encoberto, o que os gregos chamavam de “alétheia”, porém naquele momento a ciência e toda a consciência dela era inicial.

Na experiência fenomenal da clareira (lichtung) ocorre a verdade do ser que se doa com uma espécie de “arqui-fenômeno” (Ereignis), esta é a coisa mesma da fenomenologia, onde está a sua intencionalidade, mas também esta permanece oculta.

Se fazemos um vazio na consciência de forma fenomenal (o époche fenomenológico), nos abrimos a nossa verdade podemos entrar numa clareia antes mesmo de uma evento externo nos aclarar, esta é a razão do humanismo tanto em Heidegger como em Sloterdijk estarem presos ao histórico, presos a nossa cosmovisão limitada.

Foi Hans Georg Gadamer que desenvolveu “A questão da consciência histórica” em sua contestação da verdade histórica romântica que é uma quase-determinismo defendido por muitas variantes do pensamento de esquerda (Marx não a defendia), porém há a questão do “tempo natural” em oposição ao “tempo humano”, uma autopercepção da própria consciência.

O método do círculo hermenêutico é uma forma de romper esta concepção de consciência apenas “temporal”, porém se esbarra no que deve ser o “além do humano”, envolto de mistério e vícios de interpretação histórica.

Diz Rüsen (2011) que há um tipo de consciência histórica feita por meio da “transformação intelectual do tempo natural em tempo humano”, entendendo o tempo natural como eventos contingentes e tempo humano como representações humanas da própria vida.

Poucos conseguem ver nas próprias representações falseamentos da verdade, interpretações e sentimentos reprimidos que não “clareiam” a consciência, isto visto num panorama civilizatório transforma conceitos autoritários, desumanos e destrutivos em obscurecencia da consciência, para não usar novamente a alethéia grega.

RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história: os fundamentos da ciência histórica. Tradução Estevão de Rezende Martins. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 2001.

 

A civilização e a clareira

07 mar

O mérito de Heidegger ter escrito sobre a clareira em pleno período pós guerras mundiais, foi o de voltar a contemplar aquilo que essencialmente estava obscurecido: O Ser, não só o ser humano, já que suas Cartas sobre o Humanismo foi polemizada por Peter Sloterdijk (bem mais tarde), mas principalmente por retomar a questão da Vida do Ser.

Diz a leitura Heideggeriana: “O destino se apropria como a clareira do ser, que é, enquanto clareira. É a clareira que outorga a proximidade do ser. Nessa proximidade, na clareira do Da lugar, mora o homem como ex-sistente, sem que ele já possa hoje experimentar e assumir esse morar” (em Cartas sobre o Humanismo, 1967).

Esta clareira é diferente de qualquer ideia sobre a modernidade, como iluminismo ou algum processo místico de iluminação, diz Heidegger: “”… o claro, no sentido do livre aberto, não possui nada de comum, nem sob o ponto de vista linguístico, nem no atinente à coisa que é expressa com o adjetivo luminoso’, que significa ‘claro'”, em outro escrito seu sobre a tarefa do pensamento.

Volta a ser importante em meio a ameaças de guerra (veja nosso post anterior), o pensar e o desejo de transformação política e social não pode deixar submergir a ideia do “Ser”, o fato que somos e que a morte e a guerra escondem este verdadeiro propósito, que é a vida do Ser.

Este livre aberto significa que podemos diante de uma situação de negação do Ser, ter a visão do que é ex-sistente, não como iluminação, mas coo visão real daquilo que está em nossa presença, na filosofia grega o nosso “ón”

Não se trata de revelação, mas sim de “desvelação”, isto é, algo que está sempre presente em nós, mas oculto e quase dormente, retomando a leitura de Parmênides sobre o Ser, escreveu Heidegger: “Na medida em que o ser vige a partir da alétheia, pertence a ele o emergir auto-desvelante. Nós denominamos isso a ação de auto-iluminar-se e a iluminação, a clareira “, entendendo iluminação aqui como visão e não como “esclarecimento” e aletéia como não-esquecimento (a-lethe).

A crescente barbárie não é fruto só das questões sociais emergentes ou da disputa política territorial, mas da ocultação do Ser.

 

HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 61.

 

Guerra e o fim do inverno

06 mar

A estratégia russa era “congelar” os ucranianos e seus aliados da Europa no inverno, assim não só limitou o envio de gás como também bombardeou várias fontes energéticas na Ucrânia, com a Europa estoca gás antes e sabendo da estratégia russa, foi buscar gás natural em outras fontes, como na África, e agora estamos no fim do inverno lá (e verão aqui no hemisfério sul).

Uma possível tática de guerra agora seria uso de armas biológicas, já há denuncias que isto tenha ocorrido na Ucrânia, elas são proibidas por acordos internacionais, porém um confronto direto com a Otan traria um desgaste enorme além da possibilidade de uma catástrofe nuclear.

A votação e a intervenção do Brasil para a paz tiveram reação negativa na Rússia, que já alertou o Brasil para uma posição de confronto, o Brasil foi o único país a votar contra a intervenção russa na ultima votação que aumentou a rejeição a intervenção russa, não há outro nome para o fato.

O final do inverno trás um período de grandes alagamentos e terrenos movediços e o avanço de forças terrestres não é possível, os jovens recrutados para a guerra na Rússia não tem habilidades para armamentos pesados e aviação em sua grande maioria.

Qual o caminho para a paz no momento, o Brasil tenta formar um bloco “neutro” que dialogue com os dois lados, porém a OTAN é parte fundamental da guerra na Ucrânia e aí está a dificuldade.

O jornal alemão Der Spiegel afirmou que a chefe da Comissão Européia, Ursula von der Leyen disse que o tempo de paz acabou na Europa, é uma declaração grave, que veio em resposta as ameaças russas, também já há um movimento visível (tenho conhecimento de alguns casos) de serviços que podem ser feitos home office estarem se deslocando para fora da Europa.

No caso de uma guerra biológica, claro esperamos que jamais chegue a este ponto, a evacuação de muitos serviços seria inevitável e um clima totalmente bélico se instalaria no continente.

Esperamos e sempre acreditamos que a paz possível, e os homens desejarem.

 

A narrativa eletrônica

02 mar

A rápida evolução da Inteligência Artificial, depois de uma séria crise até o final do milênio, trás no cenário da divulgação científica e às vezes até mesmo na própria investigação científica, tanto um aspecto mistificador que a vê além das possibilidades reais ou aquém do que é capaz.

Por isso apontamos no post anterior a evolução real e sofisticação dos algoritmos de Machine Learning e o crescimento da tecnologia de Deep Learning, esta é a evolução rápida atual, a evolução dos assistentes eletrônicos (já estão no mercado vários deles como o Siri e a Alexa) é ainda limitada e comentamos num post sobre a máquina LaMBDA que teria capacidade “senciente”.

Senciente é diferente de consciência, porque é a capacidade dos seres de perceberem sensações e sentimentos através dos sentidos, isto significaria no caso das máquinas terem algo “subjetivo” (já falamos da limitação do termo e sua diferença da alma), embora elas sejam capazes de narrativas.

Esta narrativa or mais complexa que seja é uma narrativa eletrônica, um algorítmica, com a interação de homem e máquina através de um “deep learning” é possível que ela confunda e até mesmo surpreenda o ser humano com narrativas e elaborações de falas, porem dependerá sempre das narrativas humanas das quais são alimentadas e criam uma narrativa eletrônica.

Cito um exemplo do chatGPT que empolga o discurso mistificador e cria um alarme no discurso tecnófobo e cria especulações até mesmo sobre os limites transumanos da máquina.

Uma lista de filmes considerados extraordinários, exemplifica o limite da narrativa eletrônica, devido a sua alimentação humana, a lista dava os seguintes filmes: “Cidadão Kane” (1941), “O Poderoso Chefão” (1972), “De Volta para o Futuro” (1985), “Casablanca” (1942), “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel” (2001), “Um Sonho de Liberdade” (1994), “Psicose” (1960), “Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca” (1980) e “Pulp Fiction” (1994).

Nenhuma menção do japonês Akira Kurosawa, do alemão Werner Herzog ou do italiano Frederico Felini, só para citar alguns, sobre ficção não deixaria fora da lista Blade Runner – o caçador de androides, bem conectado as tecnologias do “open AI” ou o histórico Metrópolis (de 1927 do austríaco Fritz Lang).

A narrativa eletrônica tem a limitação daquilo que a alimenta que é a narrativa humana, mesmo sendo feita pelo mais sábio humano, terá limitações contextuais e históricas.