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A guerra saindo dos limites territoriais

05 jun

Com as tentativas de paz muito limitadas, a guerra no leste europeu ameaça sair das fronteiras, o que torna os limites perigosos, tanto a tentativa de invadir o território russo como desestabilizar a Moldávia, que agora cogita ser um pais membro da OTAN (sua constituição impede).

A Rússia já tem armas e tropas na Transnístria, uma estreita faixa no norte da Moldávia, enquanto grupos soviéticos com apoio da Ucrânia começam a fazer ataques dentro do território russo.

Embora o acesso por terra e mar da Rússia a Moldávia seja limitado, o governo do presidente do país, Maia Sandu, acusou a Rússia de usar “sabotadores” disfarçados de civis para atiçar a agitação em meio a um período de instabilidade política, porém a Russia ganharia um acesso ao sul da Ucrânia, deixando-a mais cercada e frágil.

A contraofensiva ucraniana até o momento parece não ter se efetivado, a região de Donesk que seria um possível alvo não tem se mostrado frágil, com a Rússia defendendo suas posições.

No plano da diplomacia internacional, começa a crescer um alinhamento ideológico, a chamada terceira via, que a China e também o Brasil seria parte, mostram-se cada vez mais próximas do discurso russo de territórios “conquistados” e o discurso da paz fica fragilizado.

A Europa fará nova reunião para a discussão da entrada da Ucrânia na zona do Euro, parece mais plausível que a entrada na OTAN, já que em seu estatuto nenhum país em guerra pode entrar, seria uma exceção grave e a Rússia entenderia uma declaração de guerra aberta.

Aberta porque o envio de caças e armamentos a Ucrânia já é um apoio declarado, os países, entretanto alegam que é para “defesa” do território, e por isto a entrada em território não é bem vista pelos países da OTAN, era condição inclusive para o envio de aviões de caças para a Ucrânia.

A semana será decisiva com a discussão dos países da zona do Euro, e a contraofensiva da Ucrânia, por enquanto muitos ataques a Kiev, alguns atingiram crianças e uma clínica.

Os acenos da paz são cada vez mais difíceis e menos eficazes, o que ocorre é um alinhamento forte em todos os níveis, do econômico ao político, cada lado tenta se fortalecer.

 

Hegel e a relação com o Absoluto   

31 mai

A relação de Hegel com o Absoluto é importante porque embora não esteja evidente, está presente na maioria dos conceitos religiosos e de poder na atualidade.

Para Hegel, o espírito só é espírito na medida em que é para o espírito, manifestando-se a si mesmo, assim sua forma de Absoluto é representação e na um Ser.

Por forma entende-se os diferentes momentos do conceito que se dividem em esferas particulares ou elementos particulares, em que cada elemento particular o Absoluto se expõe.

Há estágios para Hegel, de elevação da certeza à verdade, no idealismo está é a ascese. Consciência em geral tem no objeto exterior apenas um objeto; aquele que a autoconsciência que tem o eu como objeto do pensamento; e por fim, a unidade da consciência ou da autoconsciência quando o ser e o pensar se tornam idênticos e o Espírito contempla o conteúdo do objeto como a si mesmo.

Acrescenta Hegel, desmontando a relação da consciência com o Outro na elevação da Verdade: “Com efeito, o Em-si é a consciência, mas ela é igualmente aquilo para o qual é um Outro (o Em-si): é para a consciência que o Em-si do objeto e seu ser-para-um Outro são o mesmo. O Eu é o conteúdo da relação e a relação mesma; defronta um Outro e ao mesmo tempo o ultrapassa; e este Outro, para ele, é apenas ele próprio; Com a consciência-de-si entramos, pois, na terra pátria da Verdade” (Hegel, 2012).

Uma passagem importante da Fenomenologia e que dá introdução ao conceito mais importante de Hegel é a passagem da consciência à consciência-de-si. Para que a consciência saia da aporia de se deparar com algo que não pode compreender por meio das categorias até então empreendidas, Hegel usa a postura idealista de se admitir que sujeito e objeto, sendo ambos unidades formadas a partir da internalização de diferenças, possuem a mesma estrutura,  a infinitude é somente este objeto para a consciência, sua “transcendência”.

Assim para-si não é nem a passagem em relação a Outro, nem uma ascese espiritual, é tão somente uma representação na consciência, esta sim uma ascese desespirituaizada.  

 

HEGEL, G. W. F. Fenomenologia do espírito. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.

 

Alienação e espírito absoluto

30 mai

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (Alemanha, 1770-1831) é considerado o último dos filósofos modernos e que escreve de modo sistemático, onde a teria forma um corpo.

A compreensão do que é alienação passa absoluto, tanto em Hegel como no filosofo Marx, o pensamento puro se torna pensamento sensível, visando uma realização material na forma de trabalho, e se nos alienamos, nos separamos da essência pura e abrimos caminho para uma separação entre ideal e real, que se unem naquilo  que Hegel chamou de Espirito Absoluto.

É na relação de poder que ambos se encontram de vencer e ser vencido que a veem: “O senhor é a potência que está por cima desse ser; ora, esse ser é a potência que está sobre o Outro; logo, o senhor tem esse Outro por baixo de si: é este o silogismo [da dominação]” (HEGEL, 1988, p. 130).

O dualismo idealista se torna diabético, a ideia d senhor e do escravo não valoriza uma de si de consciência-de-si mais do que a de um outro, no capítulo IV fala de duas consciências-de-si que vão se confrontando, assim não é possível  diálogo e a fusão dos horizontes, mas a oposição.

“Portanto, a relação das duas consciências-de-si é determinada de tal modo que elas se provam a si mesmas e uma a outra através de uma luta de vida ou morte. Devem travar esta luta, porque precisam elevar à verdade, no Outro e nelas mesmas, sua certeza de ser-para-si. Só mediante o pôr a vida em risco, a liberdade [se conquista]…” (HEGEL, 1988, p. 128).

Hegel não destruiu e nem abandonou a religião, apenas a reescreveu a seu modo: ”A religião é o modo pelo qual a humanidade é consciente da verdade e ela é para todo mundo, ao passo que a filosofia não é acessível a todas as pessoas (HEGEL, 1988, p. 106).

Afirma até mesmo que a religião é necessária, nela o conteúdo deve se tornar objetivo para a consciência sensível e depois, por meio da reflexão, ser compreendida na forma do universal, isto é, do pensar (HEGEL, 1995, p. 133).

HEGEL, G. W. F. Introdução às Lições sobre História da Filosofia. Porto: Porto Editora, 1995.

_______ Fenomenologia do Espírito. Trad. Paulo Meneses e Karl-Heinz Efken. Petrópolis: Vozes, 1992.

_______ Lectures on the Philosophy of Religion: The Lectures of 1827, One-volume edition. Berkeley: University of California Press, 1988.

 

A contraofensiva e a ameaça russa

29 mai

A semana promete ser tensa na guerra do leste europeu, a Ucrânia anunciou o início de sua contraofensiva e a Rússia ameaça retaliações pela ajuda do ocidente em armamento para esta nova fase da guerra.

A paz está muito distante, agora trata-se realmente dos territórios ocupados o ponto de discórdia, e toda a questão da ameaça das fronteiras e avanço da OTAN não é mais o ponto, ainda que seja tocado, os quatro territórios parcialmente ocupados: Lugansk, Donesk, Zaporizhzhia e Kherson são reivindicados por ambos países em guerra, além da Criméia.

Após vários países anunciarem armamentos e apoio financeiro a Ucrânia, as ameaças russas subiram o tom e ameaçaram com armas nucleares “estratégicas”, porém qualquer guerra a um dos países da OTAN é declarada imediatamente guerra a todos e o conflito poderá escalar.

Na província (oblats) Belgorod em território russo foi o primeiro conflito no interior do país nesta guerra, grupos anti-Putin anarquistas e de direita apareceram no cenário, indicando que algo já acontece dentro da Rússia, o governo russo diz estar sob controle, porém evacuou a região.

O cenário é bastante preocupante, porque uma escala da guerra e um possível conflito em solo de países da OTAN poderá significar um início aberto de uma terceira guerra mundial, as ameaças russas não parecem um blefe, mas uma resposta a ajuda do ocidente que prolonga a guerra e dá uma sobrevida para as forças ucranianas em conflito.

O deslocamento de armamentos nucleares da Rússia para a Bielorrússia e navios de guerra nos oceanos indicam que o perigo de resposta ao Ocidente é real e poderá acontecer.

Ainda que na guerra da Ucrânia tenha sido demonstrado que há capacidade bélica para interceptar os misseis hipersónicos russos, com cargas nucleares não importam onde sejam detonadas elas causarão um efeito devastador ao meio ambiente e a vida humana.

Restam aos que desejam a paz pedir que cessem os conflitos e que os homens retornem a serenidade e ao respeito da vida humana e da natureza.

 

Reunião do G7 e avanço russo

22 mai

Reunidos em Hiroshima realizou-se a reunião do G7: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Itália, Japão, França e Alemanha, para o qual foram convidados alguns países entre eles Brasil, a Austrália, a Índia, Indonésia, Coréia do Sul, Vietnã, Ilhas Cook (presidente do Fórum das Ilhas do Pacífico) e Comores (presidente da União Africana), a presença de Zelensky foi como convidado especial.

Os países reafirmaram o apoio a Ucrânia condenando a invasão, mas a esperada reunião de Zelensky com o presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva não aconteceu, de concreto sobre a guerra apenas o apoio americano prometendo mais financiamento para as armas.

No campo de batalha, a Rússia registrou avanço em Bakhmut com apoio do grupo mercenário Wagner, que foram elogiados por Putin, porém a tomada real da região ainda é polêmica, a Ucrânia afirma que ainda há batalhas nos arredores, enfim a guerra continuará e não s e sabe de fato os limites que ainda terá.

Os ucranianos haviam comemorado a intercepção dos temíveis mísseis hipersônicos, sendo que apenas um atingiu o solo do país, ainda é incerta que tipo de contraofensiva será feito, a batalha de Bakhmut pode ser apenas uma isca já mordida pela Rússia, os caças e tanques poderosos ainda não foram usados.

O que preocupa é tanto do lado russo quanto do lado ucraniano há um perigo real de uso de armas químicas e até nucleares, Zelensky disse que ganharia a guerra antes “daquele acontecimento” e do lado russo se fala abertamente da batalha de Armagedon, a Rússia condenou a entrega de caças à Ucrânia.

No campo diplomático poucos avanços, a Rússia quer os territórios que já conquistou, incluindo Mariupol e uma faixa do leste da Ucrânia, além da Criméia que já é considerada território sob administração russa desde 2014.

Os mísseis hipersónicos com cargas nucleares, o maior recrutamento de efetivos do exército, a segurança alimentar e o alinhamento da China preocupam.

O cenário ainda é de guerra e não houve uma proposta mais enfática para a paz, o mundo segue com temores de uma guerra mais ampla.

 

A ascensão em corpo e alma

19 mai

Tanto a ascese humana quanto a espiritual são uma questão a ser respondida pela existência humana, a humana porque implica em avançar para estágios superiores da vida, as fotos da atual guerra no leste europeu nos indagam (que ganharam o prêmio Pulitzer) se estamos caminhando para isto, a espiritual seja a visão grega, a idealista ou a religiosa mostram que há uma questão.

Para ambas a resposta não é simples, senão em milhares de anos de processo civilizatório a humanidade já teria respondido, a questão que se põe para os dias atuais é como uma pode (e deve) cooperar com a outra, a questão de fundo é que tipo de espiritualidade faz esta cooperação ser produtiva.

O lema latino “mens sana in corpore sano” que é do poeta romano Juvenal, do primeiro século da era cristã, indica uma precedência da mente, entretanto a mente assim como o corpo também envelhece e morre, o que separa a ideia de mente de alma, porem somente uma ascese espiritual que não limite a vida a sua finitude corporal pode admitir esta imortalidade. 

A alma também não é tema específico do cristianismo e outras religiões abrâmicas (o islamismo e o judaísmo), também filósofos gregos especularam sobre a alma e as religiões orientais que admitem a reencarnação (no sentido filosófico seria a resubstânciação ou a recorporificação) também não veem a finitude da vida.

Também na filosofia contemporânea as especulações da coisificação (ou reificação, res – coisa) no sentido da finitude.

No modo de ver cristão subsiste uma certa visão de separação de corpo e alma, porém um leitura mais profunda mostra que o corpo pode também ser vivificado pela alma, e a prova bíblica para isto são tanto as diversas aparições de Jesus vivo após a sua morte e ressurreição, onde até come pão e peixe, como a festa máxima de sua ascensão.

A cena bíblica cristã que está descrita no Atos dos Apóstolos 1, 9-10 é descrita assim: “Depois de dizer isso, Jesus foi elevado aos céus, a vista deles. Uma nuvem os encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo. Os apóstolos continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia.”

Aos que não creem na possibilidade desta vida após a morte, só lhes resta consumir a vida e isto pode impedir também uma ascese humana.

 

 

Controvérsias da ascese espiritual e filosófica

17 mai

Para negar a ascese recorre-se a ideia que ela estaria impregnada da “exegese cristã” entretanto a própria literatura mostra que isto é uma contradição, pois tanto a filosofia idealista tenta refazer uma visão daquilo que é o espiritual na “Fenomenologia do Espírito” como também mais modernamente Foucault ( ) vai dizer que os gregos na época helenística e romana estariam longe de compreender o termo que denominamos de ascese. “Nossa noção de ascese é, aliás, mais ou menos modelada e impregnada pela concepção cristã”. (FOUCAULT, 2004, p. 399).

No dicionário hegeliano de Michel Inwood encontramos o conceito de Espírito (geist): “Geist inclui os aspectos mais intelectuais da psique, desde a intuição até o pensamento e a vontade, mas excluindo e contrastando com a alma, o sentimento etc.”, porém o Espirito no uso hegeliano tem um sentido ao mesmo tempo semelhante e diverso do usado no cotidiano (no sentido da alma) e na filosofia, uma vez que ali também há um sentido “trinitário”.

Como em toda filosofia idealista, Hegel é um pós-kantiano é bom que se diga, há uma busca de superação da dualidade sujeito e objeto, para Hegel ela se encontra no Espírito Absoluto, dito de forma a propiciar um encontro entre o sujeito e o objeto, formando uma identidade que se dá no interior da relação mútua entre subjetividade e objetividade.

Enquanto em Kant a transcendência é aquilo que faz o Sujeito ir até o objeto, em Hegel é o Absoluto que marca um encontro entre o sujeito e o objeto, formando uma identidade que se dá no interior da relação mútua entre subjetividade e objetividade, mas em ambos não há na transcendência um Ser.

É importante entender esta relação porque nela se realiza aquilo que Hegel trata como atividade intelectual essencial, para a apreensão intelectiva tanto acerca do objeto (que é justamente o momento da alienação como “saída-de-Si”) quanto do próprio sujeito (o retorno à subjetividade após a experiência com o objeto, isto é, o Outro como ele vê), assim diferente da ontologia de Husserl, Heidegger e outros, que vê nisto uma relação ontológica com o Ser.

Para isto deve se penetrar nas categorias hegelianas: em-si, de-si e para-si, ditas na Filosofia do Direito como: “Com efeito, o em-si é a consciência, mas ela é igualmente aquilo para o qual é um Outro (o em-si): é para consciência que o em-si do objeto e seu ser-para-um-outro são o mesmo. O Eu é o conteúdo da relação e a relação mesma; defronta um Outro e ao mesmo tempo o ultrapassa; e este Outro, para ele, é apenas ele próprio” (HEGEL, 2003);

Muitos filósofos contemporâneos vão ver o Outro, como algo além do Eu, e uma para-si algo além do Eu e do Outro, um “para” de além de.

Ainda que haja controvérsias tanto no idealismo Hegeliano, quanto na sua concepção dialética “trinitária”, é importante notar que para ele os membros de uma comunidade devem sempre entre os princípios sempre ter aquele que “tem objetividade, verdade e moralidade” (HEGEL, 2003, §258).

FOUCAULT, Michel. A hermenêutica do sujeito. Tradução Márcio Alves da Fonseca; Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

HEGEL, G.W.F. Princípios da Filosofia do Direito. Tradução: Orlando Vitorino. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

INWOOD, M. J. Hegel. Dicionário Hegel. Tradução: Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

 

A ascese como elevação humana e espiritual

16 mai

Não é específica de uma religião e também está definida na filosofia, do grego áskesis, “exercício espiritual”, derivado de ἀσκέω, “exercitar”, consiste em uma prática ou mais práticas que propiciam o desenvolvimento espiritual, a simples ideia de renúncia ao prazer ou as necessidades primárias, deve ser vista dentro de contextos ou períodos determinados, portanto não é normal geral e também seu contrário não significa apenas pecar, mas se deteriorar, enfraquecer ao deixar de fazer determinados exercícios.
Peter Sloterdijk, um agnóstico, fala desta ascese despiritualizada, no sentido que somos uma sociedade de exercícios, mas que eles não propiciam nem uma elevação humana nem espiritual, um claro exemplo disto é o número de academias que crescem no país e em muitos lugares do mundo, outro exemplo são as demonstrações de virilidade como uma elevação humana, claro é importante cuidar da saúde, mas algumas vezes excesso de exercícios e remédios fazem o contrário.
Do ponto de vista humano o que experimentamos é uma decadência que vai da moral ao religioso, assuntos tão claros até recentemente, hoje são vistos como tendo controvérsias quase absurdas a ponto do imoral ser considerado “normal” e “humano” e o religioso ser identificado com atrocidades.
A série crise humanitária não poderia deixar de atingir o econômico, não se trata das simples crises de mercados, elas estão no epicentro das guerras e das falácias econômicas, não é preciso ser economista para ver que formulas simplistas não funcionam em nenhum dos extremos: o capitalismo selvagem e o socialismo sem liberdade e sem qualidade humana.
Parece difícil reconhecer o que seria então uma verdadeira espiritualidade, mesmo havendo o princípio da ascese que significa a elevação humana nas relações sociais e na dignidade inerente a todo ser humano, no respeito a natureza e na preservação de seus benefícios, enfim no amor a vida.
Até mesmo para o conceito de paz voltamos na história, a pax romana parece ser o princípio para muitas guerras, qual seja aquela que submetia os territórios “inimigos” para declarar a paz, nem mesmo a paz eterna do idealismo contemporâneo é reivindicada, embora também tenha limitações (na foto, foto do brasileiro Felipe Dana ganhador do prémio Pulitzer).
É prenuncio de grandes tragédias, incluindo a guerra, o que se espera é que de alguma forma forças que ainda tenham um fundo humano e espiritual possam interpor esta realidade contemporânea e reverter o quadro perigoso que todos enfrentamos e poucos trabalham para sua reversão.

 

Visita a Roma, Contraofensiva e Prêmio Pulitzer

15 mai

A semana foi toda protagonizada pela Ucrânia: visita a Roma e ao papa, avanços em Backhmut e fotos da guerra chamaram a atenção ao ganhar o prêmio Pulitzer, as fotos são chocantes e talvez digam mais que palavras, já que hoje há até retóricas incompreensíveis a favor da guerra.
No plano estratégico, não há o analista português Germano Almeida apontou: “aqui no Ocidente não temos ainda conhecimento dos planos, portanto há uma ideia ucraniana de isto é só o começo e ninguém sabe onde é que na verdade essa contraofensiva pode ser feita porque a questão de Bakhmut pode ser uma primeira manobra de diversão [despiste] e o essencial e a ofensiva em massa ser noutro local”, disse Germano.
A visita a Itália, além do apoio já declarado do país, as visitas ao presidente italiano Sérgio Mattarela e com a primeira-ministra Giorgia Meloni, também participou de um talk show da TV italiana, sobre o papa tudo que se sabe é de um acordo humanitário a refugiados.
As imagens que ganharam o prêmio têm também a de um brasileiro na lista: o carioca Felipe Dana que filmou e fotografou cenas de Bucha, a mais cruel e violento massacre feito pela Rússia na ucrânia (primeira foto abaixo), vale lembrar que também a guerra do Vietnã teve prêmios sobre os horrores lá.
Algumas imagens do prémio Pulitzer 2023 (no total foram 30) dada a vários fotógrafos da Associated Press, incluindo o brasileiro, se palavras não comovem talvez as imagens o façam. 

 

 

A ausência de Areté

09 mai

As virtudes e formação educacionais gregas, através da paideia referia-se a formação total do homem grego, assim a Areté era este cume (traduzido como ideal, porém o ideal moderno refere- se mais ao dualismo subjetivo x objetivo do que ao Eidos grego, que está mais ligada a ter visão, dar-se-a-ver a realidade).

Assim estão visão total (para a época, mas menos segmentada que hoje), indicava um homem cidadão da polis com atributos virtuais (este é o verdadeiro sentido, vindo de virtus), que o colocavam em conjunto harmônico com as cidades-estados e seus estatutos.

Tanto na cultura, como principalmente na política de hoje, estes atributos estão pouco em falta, trata-se mais de construir uma narrativa que justifique todo poder brutal sobre o cidadão, assim as leis são feitas de modo a proteger a oligarquia no poder, é verdade também que na época dos gregos os que eram cidadãos eram limitados aos homens livres (haviam escravos) apenas.

O agravamento da bipolarização, onde não é possível a convivência tem uma vertente perigosa para os autoritarismos exclusivistas onde uma parte da sociedade deve ser segregada.

A areté está em falta, assim é impossível pensar em estadistas, líderes que pensem no conjunto da sociedade, porque sua cultura e conceitos estão fundamentados naquela parte que pertecem e arrogam em dizer que seu modelo é universal justificando assim sua barbárie.

Já na leitura dos históricos livros “Ilíada” e “Odisséia” registramos este ideal de areté como força, destreza e heroísmo dos guerreiros, qualidades que eram incomuns aos homens daquele tempo, assim é fato que na origem serviam também ao propósito da guerra.

Porem uma areté moderna que nos levasse a honestidade, ao espirito de diálogo, não a hipocrisia de falar apenas com os que nos convém, poderia nos levar a um novo eidos civilizatório.

Uma cultura que não ignore a história e o que há de bom e de lição através dela, uma visão da polis que ultrapasse o egoísmo partidário e o jogo de interesses, uma política que pudesse “ver”.

A cegueira mundana leva mais e mais o processo civilizatório ao colapso, a barbárie e ao ódio.

Somente uma areté moderna que leve os homens a uma cultura de paz, reverterá o processo civilizatório ao bem comum.