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Olhar interior: a identidade e o mesmo
Além da questão da vida interior, que devemos ao pensamento de Agostinho, mas é bom dizer que vem de certa forma do neoplatonismo de Plotino, questão que parece quase morta na vida contemporânea pela substituição pelo pensamento idealista da identidade e do si, assim dito por Ricoeur: “o parentesco com a problemática cristã da conversão à interioridade deixou de ser discernível.” (Ricoeur, 2007, pg. 113).
Também deixa claro que não é factível aproximá-lo de Descartes, com o cogito (penso logo existo) ou o conscious (conhecentes, conhecer atual, experimentar), na verdade ao afastar- se de ideias inatas cria três noções novas do olhar interior: identidade (identity), consciência (consciousness) e self (o si-mesmo).
Locke torna consciênciou uma referencia “confessa ou não” para Leibniz e Condillac, Kant e Hegel, até Bergson e Husserl, para aqui teremos que fazer uma terceira parada no próximo post, sobre o si e o outro.
O capítulo XXVII “Of Identity and Diversity” do Livro II de sua obra prima Ensaio Filosófico sobre o entendimento humano,afirma Ricoeur, “ocupa uma posição estratégica na obra a partir da segunda edição (1694)” (Ricoeur, 2007, pg. 2007).
Riceour explica que Locke “depois de uma série de operações para limpar terreno”, há diferença entre Descartes das Meditações que é “ … uma filosofia da certeza, que é uma vitória sobre a dúvida, o tratado de Locke é uma vitória sobre a diversidade, sobre a diferença” (Ricoeur, 2007, pg. 114), poristo os idealistas contemporâneos de todos os matizes se debatem sobre estes temas.
Depois de várias depurações (exclusão da metafísica da substância, purificação a linguagem pelo Mind versão inglesa do latim mens e outros operações), chega a noção do “mesmo” tão cara a filosofia atual, em sua própria escrita a fórmula da identidade a si: “Pois sendo nesse instante o que é e nda mais, ele é o mesmo e deve assim permanecer enquanto continuar sua existência: de fato, para toda essa duração, ele será o mesmo e nenhum outro” (Ricoeur, 2007, pg 114).
Aqui faz o corte da vida interior separada de qualquer possibilidade de relação com a comunitária, explica Ricoeur: “Para nós que nos indagamos aqui sobre o caráter egológico de uma filosofia da consciência e da memória, que não parece propor nenhuma transição dialogal ou comunitária, o primeiro traço notável é a definição puramente reflexiva que abre o tratado.” (Ricoeur, 2007, pg. 114)
A falta de visão dialogal e comunitária é justamente o fim da possibilidade de vida interior.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Trad. Alain Fraçois. Campinas: Editora Unicamp, 2007.
Renascer das cinzas, mudar a mentalidade
O período da quaresma (quarenta dias descontando os documentos) ou 46 (contando os domingos, depende da data que cai a Páscoa é uma data renovada na igreja primitiva cristã que relembrava e dava continuidade a Páscoa judaica (Pessach), que é passagem ou libertação.
Não caem na mesma data, algumas vezes coincidem porque o ano judaico tem um controle de datas diferente, não assumindo o calendário cristão.
Então primeiro se marca a Páscoa, depois o seu início que é a quarta-feira de cinzas, e então o carnaval que deveria terminar neste dia (na Bahia continua alguns dias mais).
É para os cristãos, em especial, os católicos e anglicanos (as datas não coincidem com os ortodoxos) um período de conversão, mas para o mundo laico poderíamos propor uma mudança de mentalidade, e assim ajudaria também os cristãos a entenderem que eles não estão num mundo a parte, líquido é verdade porque a modernidade está se derretendo, e o importante é lembrar isto que tudo é perecível, talvez algum dia o próprio universo, que já nasceu um dia, no Big-Bang.
Lembrar que tudo é perecível nos remete ao essencial, na vida pessoal, social e também na política, muitos políticos se imaginam eterno e por isto não pensam no futuro, grandes países e civilizações foram grandes porque pensaram no futuro e não apenas nesta geração.
A proposta de olhar “nossa morada” em campanha ecumênica (diversas igrejas participam) é também a “casa comum” de todos co-habitantes do planeta, que temos pelo menos uma coisa em comum: todos habitamos o mesmo planeta neste tempo presente.
Artista chinês protesta por refugiados
A polêmica restrição de direitos aos refugiados aprovada pelo Parlamento da Dinamarca provoca protestos.
Ainda é pouco conhecido do grande público Ai Weiwei, um artista da China moderna, mas que é também seu crítico, cujas obras já estiveram no Brasil, agora ele protesta contra as medidas sobre refugiados aprovada pelo Parlamento da Dinamarca, que impede seus direitos civis e “privados” de terem bens, capitalismo de araque.
Seu protesto foi encerrar sua exposição Rupturas, na Faurschou Foundation de Copenhague, conforme está em seu perfil do Instagram, e também no museu de Aros no oeste do pequeno país, de onde já retirou sua mostra desta instituição.
Disse o artista no Instagram: “como resultado dessa lamentável decisão, terei que deixar a exposição para expressar meu protesto contra a decisão do Governo dinamarquês”, cuja obra à mostra é uma crítica ao seu país Uma Nova Dinastia, Made in China.
O artista contou que sua decisão foi apoiada pelo diretor da Faurshou Foudation, Jens Faurschou, disse na mídia de Rede Social que “lamenta a decisão do Parlamento dinamarquês de situar-se na vanguarda da política desumana na maior crise humanitária da Europa e do Oriente Médio”.
O artista que expõe atualmente na Espanha, conforme a sua obra “Forever” na figura, teve uma polêmica recente com a fábrica Lego que se recusou a enviar peças ao artista, e ele solicitou dos fãs que lhe enviassem legos, a resposta foi avassaladora.
Talvez a arte não salve o mundo, mas pode salvar o direito a vida dos refugiados.
Ficção científica, futurismo e o presente
Desde o filme Laranja Mecânica adaptado para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, mas que é do livro de Anthony Burgess, até o atual Perdido em Marte, a ficção científica na sétima arte passou por etapas e discursos semelhantes, mas com ênfases distintas e de certa forma influenciaram o senso comum.
Burgess e Stanley Kubrick invocam a perturbadora história de uma provável sociedade do futuro onde a violência atinge proporções gigantescas e exige um governo totalitário tomar medidas de controle, não é diferente do tema tratado no livro 1984 de George Orwell, nem no admirável mundo novo de Aldous Huxley também adaptado para o cinema por Orwell, como 2001: uma Odisseia no Espaço (1968) escrito por Arthur C. Clarke e Kubrick.
Também o épico Blade Runner (1982, no Brasil com o subtítulo O caçador de Andróides), narra uma sociedade futurista onde a humanidade inicia uma colonização espacial, onde seres geneticamente alterados, os replicantes, são utilizados em tarefas pesadas, perigosas e degradantes nas novas colônias, mas um motim começa com a presença não permitida de replicantes na Terra que se confundem com os humanos.
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Passou 1982, 1984 e 2001 e nada disto aconteceu, também o ano passado foi até comemorada data 21 de outubro de 2015, quando os personagens dr. Emmet Lathrop Brown (Christofer Lloyd)), Marty McFly (Michael J. Scott) e Jeniffer Park (Elisabeth Sue) do filme De Volta para o Futuro II (1989), então bem vindos ao presente.
Passou quase desapercebido, primeiro pela questão ideológica e depois por volta de entendimento, as duas versões do filme Solaris (1972) de 1972, realizado por Andrei Tarkovski no qual astronautas vão para um planeta formado por um imenso oceano, e um psiquiatra Dris Kelvin (Donatas Banionis) é enviado a aeronave para verificar se a missão deve continuar.
Ao chegar à aeronave, uma cena que passa quase despercebida vê uma máquina em pane e a desligada e depois outra surpresa é o suicídio de um tripulante, enfim o drama é humano.
Uma nova versão foi feita em 2002, produzida por James Cameron, dirigido por Steven Soderbergh e estrelado por George Clooney e então foi um sucesso ? não, a mentalidade bélica de Wars não pode entender que no fundo o drama da humanidade é humano e não tecnológico nem futurista, é o hoje.
Mas “Interestelar“, que ganhou melhor trilha sonora (sic!) com Hans Zimmer, que fala do drama ecológico e concorreu a melhor edição e melhor mixagem de som além de desenho de produção com “Interestelar” de Nathan Crowley e Gary Fettis, já mostram novo caminho; também Gravidade (2013) com melhor diretor Alfonso Cuarón, melhor trilha sonora e melhor mixagem de som (sic!).
Resgatem o Perdido em Marte
Em tempos de niilismo e culturas pseudo-revolucionárias sempre com algum toque ideológico para parecer séria, o filme é surpreendente, não vi a versão 3D, mas me mandaram ver.
O ator Matt Damon, o astronauta deixado em marte que descobrem que está vivo, já havia sido resgatado na pele de Soldado Ryan (1998).
Li 100 anos de solidão outros tipos de solidão, mas ao ligar solidão e sobrevivência a ideia foi feliz e todo mundo vai querer salvá-lo, não por aquela pieguice do coitadinho esquecido para trás, mas porque ele cativou o espectador.
A colorida e a bem feita fotografia de Dariusz Wolski é outra possível indicação para o Oscar, além do ator Matt Damon, mas é possível que o diretor Ridley Scott também tenha uma indicação, lembro de um fracasso dele com Prometheus.
Quanto a melhor filme quase tenho certeza de sua indicação para o Oscar (já foi indicado no Globo de Ouro), mas classifica-lo como comédia me parece forçado, eu diria divertido como boa parte da crítica também tem dito.
Os resultados do Globo de Ouro saem domingo (10/01) e já saberemos quem ganhou o que, e como antecede ao Oscar 2016 o que podemos esperar dele.
Star Wars é tudo isto ?
Sim e não, fui assistir a versão 3D porque acreditava e estava certo que os efeitos especiais vão além do gosto dos aficionados, mas não creio que eles sozinhos garantam toda esta bilheteria, e espero que esta seja uma das indicações para o Oscar.
Não porque gosto de filmes de ficção e não me surpreendeu como deste ano, por exemplo, Perdido em marte, que chega a ter um toque de “realismo” muito bom.
Com poucas semanas é extraordinária a bilheteria que já consegui, por ordem de faturamento, as bilheterias mais rentáveis nos Estados Unidos foram:
- Avatar: US$ 760,507,625.
- Star Wars: O Despertar da Força: US$ 740,265,583.
- Titanic: US$ 658,672,302.
- Jurassic World: US$ 652,270,625.
- Os Vingadores: US$ 623,357,910.
No mundo ainda é o sexto, mas as estréias apenas começaram, o primeiro é Avatar, do cineasta James Cameron, mas Star Wars: O Despertar da Força não tem nem um mês de estreia no resto do mundo e o lucro de bilheteria mundial, o filme dirigido por J. J. Abrams está atrás apenas S$ 20 milhões de Avatar, isto é, vai alcança-lo.
Aficionados e efeitos especiais a parte, pode ter várias indicações para o Oscar (já está indicado no Globo de Ouro), mas não de melhor filme, nem de roteiro original, mas a sociedade do espetáculo gostou e rendi-me a ela, fui ver e gostei.
Globo de Ouro, os indicados
A entrega do Globo de Ouro é anterior ao Oscar, e por isto influencia-o, o prêmio
existe desde 1961, e ocorre no Hotel Beverly Hilton, e baseia-se nos votos de 93 membros da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood.
Entre os filmes indicados destaco Carol (que tem também a indicação de melhor diretor Todd Haynes) para drama e Perdidos em Marte como “comédia ou musical” (sic) que também tem seu diretor indicado: Ridley Scott.
Reaparecem indicados para melhor diretor: Alejandro González Iñárritu (O Regresso), ganhador no ano passado com Birdman e Tom McCarthy (Spotlight – Segredos Revelados) que já havia ganho o melhor roteiro original em Up – altas aventuras.
Dois indicados chamam a atenção este ano, o brasileiro Wagner Moura que disputa o título e “Melhor ator em série dramática”, por ter feito Pablo Escolar em “Narcos”, e Lady Gaga por sua atuação em “American Horror Story: Hotel”.
Se o prêmio for para Mad Max: estrada da Fúria ou seu diretor George Miller, para mim será um decepção por estarmos cedendo a arte ao “espetáculo”.
Em animação aparece o esperado O Bom Dinossauro, o muito visto e aplaudido Divertida Mente e o curioso Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, O Filme, não posso comentar Shaun, o Carneiro e também Anomalisa, indicados.
Como curiosidades o filme sobre Stevie Jobs (mais um) aparece com as indicações de melhor diretor: Michael Fassbender e melhor trilha original.
Fico curioso com A Garota dinamarquesa, melhor ator Eddie Redmayne e melhor trilha original, além do filme O regresso, indicado para melhor diretor, melhor filme e melhor Trilha Sonora, porque Iñárritu já mostrou a que veio.
Dia do arquiteto e urbanista
Já fizemos alguns posts sobre arquitetura, mas hoje no dia do arquiteto e urbanista, queria falar especialmente de Frank Lloyd Wright, cujas frase: “Todo grande arquiteto é – necessariamente – um grande poeta. Ele deve ser um grande intérprete original do seu tempo e da sua idade”, me inspirou e me emocionou.
Li num artigo publicado no Huffington Post como The Architecture of the Future is Far More Spectacular than You Could Imagine, o futuro está mais próximo do que poderíamos pensar, onde vários projetos corresponde a próxima geração, mas aqui comento alguns.
Entre pontes hipnóticas, edifícios giratórios e outras entre 14 tendências escolhi quatro, que me impressionaram e que julgo viáveis para as próximas décadas.
A primeira é uma concepção de parque fechado, em concurso proposto pelo Instituto Strelka em novembro de 2013, para projetar o Zaruadye Park em Moscou e o vencedor foi Diller Scofidio + Renfro (em colaboração com Hargreaves Associates e Citymakers), algo baseado numa teoria de “Urbanismo Selvagem”, ou um conceito de uma “paisagem híbrida, onde o natural e o construído coabitam para criar um novo espaço público.”
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Como fã de tecnologia e principalmente das ecológicas, o projeto que parece uma ficção científica, e segundo CNN em reportagem de 2013 criou uma “ilusão de invisibilidade será alcançada com um sistema de fachadas em LED de alta tecnologia que utiliza uma série de câmeras que enviará imagens em tempo real para a superfície reflexiva do edifício” , informou a empresa stpmj, criadora do projeto.
O terceiro é um projeto que procura harmonizar as formas humanas com o poder das plantas, criado pelo escritório arquitetura AZPA (Alejandro Zaera-Polo Arquitectura) planejou usar a usina Wedel Vattenfall na Alemanha em um novo complexo industrial, construindo a partir das instalações anteriores e envolvido com uma pele ondulada de plantas trepadeiras.
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O escritório usou plantas para criar uma bainha de trepadeiras para absorver as emissões de CO2 e imaginou em 2013, como “uma tentativa de resolver o conflito entre a ecologia e o ambiente criado pelo homem.”
O último é o ganhador de um prêmio da 15 ª edição do Programa Jovens Arquitetos (YAP), promovido pelo Museu de Arte Moderna e MoMA PS1, chamado de “torre circular de tijolos orgânicos e reflexivos” projetada pelo The Living – chamada de “Hy-Fi” (sim com y).
Passarinhos na rede eBird
O site eBird já existe a algum tempo, e no Brasil foi lançado em setembro deste ano sendo administrado por diversos colaboradores que incluem a SAVE Brasil, o Observatório de Aves do Instituto Butantan e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
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O eBird Brasil é o portal regional do eBird para “birders” de todo o Brasil, você pode se cadastrar no site e fazer parte desta iniciativa ou participar das iniciativas mais próximos de onde mora, por exemplo, em São Paulo o Instituto Butantan da USP realiza o passarinhando.
Um dos objetivos além de admirar as aves e ajudar a preservar os meios ecológicos em que elas vivem e traçar rotas e localizações das aves, no site ebird existe um help para isto.
A ferramenta de mapeamento é ótima para isto traça locais específicos e pode-se usar os dados já existente, olhando o mapa encontra vários marcados, onde os vermelhos são chamados de “Hotspots”.
O termo “hotspot” pode parecer que ele amplia o conceito de local para passarinhar, mas na verdade isso é um equívoco, são apenas lugares de marcação onde encontram-se passarinhos, enquanto os locais em azul são os seus locais, quando desejar repetir ou explorar novos.
Assim os Hotspots eBird são locais públicos compartilhados por toda a comunidade de observadores de aves, para a entrada e saída de dados. O termo “hotspot” pode implicar que ele tem que ser um ótimo local para passarinhar, assim por crowdsourcing os pessoas vão marcando locais “mais frequentados” pelos passarinhos.
Não use os conceitos de cidades, estradas e ruas, felizmente os passarinhos não respeitam isto, por isto um “sub-local” sempre é possível de ser colocado como um hopspot.
Como viver em tempo de crise
Não se trata da crise econômica, ela é só a parte mais sensível de toda uma crise sistêmica que envolve a cultura, os processos civilizatórios, a compreensão correta do uso da tecnologia, e sobretudo e principalmente que é o Ser que somos.
O livro escrito por Edgar Morin e Patrick Viveret, filósofo e que foi conselheiro do Tribunal de Contas do governo Jospin numa missão importante que era a de redefinir o que são de fato os indicadores de riqueza.
Viveret é autoridade nisto porque escreveu Réconsidérer la Richesse (Éditions de l’Aube) e de Pourquoi ça ne vas pas plus mal? (Fayard), mas a parceria com Morin torna este discurso de fato apreciável para o momento que vivemos no planeta.
Justamente no momento que tudo parece concorrer a catástrofe, talvez esta seja apenas uma visão superficial de um mundo em mudança e com muitas oportunidades interessantes.
Devemos estar prontos para acolher o improvável, e isto só pode acontecer com aqueles que estão atentos à utilização positiva desta crise, como uma nova oportunidade para uma nova relação com o poder democrático, com a riqueza monetária, mas principalmente com o que pode dar sentido à tudo o que estamos vivendo e presenciando.
Uma Europa também árabe e negra, uma América que acolha e modifique a vida dos pobres, sem corrupção, ditaduras e polarizações ideológicas, tudo isto parece improvável, mas …
O que Morin e Viveret negam são os modelos convencionais, as polarizações já vencidas e os raciocínios simplistas … o improvável poderá acontecer: um novo tempo.