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Morreu Zygmunt Bauman (1925, 2017)
Morreu nesta segunda-feira (09 de janeiro), o sociólogo polonês (Poznan, 1925) que era de família judia, e fugiu de seu país e do nazismo para a antiga União Soviética, e mais tarde foi membro do Partido Comunista, de onde foi expulso por causa de suas obras.
Era professor emérito da Universidade de Leeds, cidade onde faleceu ontem aos 91 anos de idade, criou conceitos como modernidade líquida e amor líquido, porém não compreendeu o poder das redes sociais, às quais criticava duramente e também não elaborou devidamente a crise da modernidade, ao prever que ela iria percorrer um grande caminho até a inauguração de uma nova época, analisando a crise do Estado.
Entre obras, ainda pouco lidas e analisadas, estão como A Cultura Como Praxis (1973, sem tradução no Brasil), Desafios do Mundo Moderno (2015) e A Riqueza de Poucos Beneficia Todos Nós? (2015), por serem muito recentes.
Contrapus ao seu livro Vidas Desperdiçadas analisado em um post, o livro O desprezo pelas massas de Peter Sloterdijk, e também outras análises de sua defesa enrustida da modernidade comentamos em vários posts, e ainda em outro post fiz uma síntese de sua “liquidez” com a questão da consciência.
A última análise que fizemos de Bauman foi uma entrevista dada ao jornal El País, em 2016 , na qual o próprio jornal afirma seu pessimismo:. “seu diagnóstico da realidade em seus últimos livros é sumamente Crítico.”
Certamente suas duas obras merecem ser lidas, é um pensador profundo, porém reafirmo meu ponto de discordância, apesar de vivermos em tempos de retrocessos, historicamente a humanidade sempre soube transpor suas maiores dificuldades no caminho de um progresso para todos, o que estamos vivendo é um fim de uma “época” ainda que não saibamos o que virá depois, é certo que há uma demanda por mudanças estruturais na sociedade.
Presidencialismo de coalisão a nu
Não se pode confundir o atual sistema em agonia com formas legítimas de coalizão, feitas a partir de programas partidários ou programas de governo, formas de criar governabilidade em muitos sistemas de governos democráticos no mundo todo.
O atual sistema brasileiro, definido pelo sociólogo brasileiro Sérgio Abranches em 1988, portanto serve apenas para o sistema brasileiro e começa antes do lulo-petismo, tornou-se uma maneira de gerenciar o estado em relações escusas entre o poder executivo e legislativo.
A recente denúncia da mega-construtora brasileira Odebrecht revela cenas e mecanismos de como isto foi feito durante todos estes anos e vai aos poucos desvelando a verdadeira face de interesses escusos e alheios ao estado e ao povo brasileiro, na gerência do país.
As consequências disto ainda são imprevisíveis, mas é certo que as pessoas conscientes desejam que TODOS os envolvidos sejam punidos, e há poucos inocentes em toda esta lama.
Esta análise, há muitas outras claro como aquela que diz que os programa sociais foram importantes apesar da crise ou que eles foram causadores da crise, ao meu ver ambas falsas, há um problema histórico brasileiro da firmeza das instituições e suas consequências para um futuro estável de democracia e progresso social (desenvolvimento e estabilidade econômica são importantes, mas são de departamentos “vizinhos”).
Só uma boa definição de institucionalidade de longo prazo poderá determinar as possibilidades de evolução estável de um país numa crise crônica que parece não ter fim.
É preciso olhar como a história brasileira tem se caracterizado, pela coexistência, sempre turbulenta de elementos institucionais que, em conjunto, produzem certos efeitos recorrentes e, não raro, desestabilizadores.
Estas bases são facilmente vistas na nossa tradição republicana: o presidencialismo, o federalismo, o bicameralismo, o multipartidarismo e a representação proporcional, mas com efeitos de pequenos estados onde um deputado precisa de menos votos que um estado maior.
É extremamente ingênuo pensar que este político-institucional se firmou por acaso, menos ainda fortuitamente ao longo de nossa história, foi pensado por coronéis e pelo poder central.
As contradições de natureza social, econômica, política e cultural, que identificam histórica e estruturalmente o processo de nossa formação social brasileira é ignorada e principalmente negligenciada ao longo de anos de políticas públicas para “erradicar a miséria” e salvaguardar o direito dos trabalhadores, pouca gente fez isto, em geral, migalhas para “calar o povo”.
Mas temos certass singularidades importantes no aspecto da estabilidade institucional de longo prazo, quando pensamos nas transformações sociais por que passou o País nas últimas quatro décadas, e não duas como querem alguns do mesmo presidencialismo de coalização, o grau estrutural de nossa sociedade parece ser viso há uma decorrente propensão ao conflito.
Tirando os Estados Unidos, a Inglaterra e a Nova Zelândia que são sistemas bipartidários, e merecem análise a parte, a representação de no máximo 5 partidos de Áustria, Alemanha, Bélgica, Suíça, Suécia, Noruega e Japão, com 6 partidos: Japão, Bélgica, Finlândia e Austrália.
Deixamos a parte a Itália, que é parlamentarista, para comentar que não garantir estabilidade, mas apenas a facilidade de troca, aliás acaba de trocar Matteo Renzi por Paolo Gentiloni, que é seu aliado, assim não muda nada e nem garante estabilidade, eis o parlamentarismo.
É possível uma virada para um mundo novo?
O sentido profético destes novos dias estão ai: insatisfação das massas, novas guerras e novas formas de nacionalismo, guerras, fome e multidões sem pátria, mas há nisto um sinal positivo.
Sim, o esgotamento das forças produtivas, o abandono das massas desorientadas e novas formas de exploração, o desprezo pelos mais velhos com reformas das diversas formas de aposentadoria em todo planeta revelam também uma crescente insatisfação, um caldeirão.
Os comentários de Jesus sobre a profecia de João Batista, e sua forma de atribuir multidões também num período da relação do império romano com as colônias, entre elas a Judéia, e Jesus perguntava
João Batista vivia no deserto, pregava uma vida ascética e radical, a simbologia bíblia isto significa lugares sem vida, mas também cheios de esperança na mudança radical, o Evangelho de Mateus (Mt 11,7-8) , Jesus indaga a multidão:
“Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões sobre João: “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis”.
A mensagem é clara, não são os homens de roupas finas, os de colarinho branco, e encontraram um “caniço” agitado pelo vento, um pobre e um profeta anunciando um tempo novo, ele virá, mesmo que religiosos continuem a fazer uma leitura fundamentalista, o tempo novo é agora e um mundo novo está em gestão.
O parto virá, ainda que cheio de dores e dificuldades, haverá um reflorescimento.
Parir um mundo novo
A metáfora do parto é importante se considerarmos que a nossa policrise, termo usado por Morin para designar o momento atual, é também o momento de nascer algo novo, que dentro do útero materno-terreno não tem luz e não é possível saber como o nascituro virá.
Edgar Morin indicava que a questão do desenvolvimento, termo adotado em diversos países para dizer o caminho de saída desta crise, no livro Introdução ao Pensamento Complexo afirmou sobre o isto: “O desenvolvimento tem dois aspectos. Por um lado, é o mito global em que as sociedades industriais atingem o bem-estar, reduzem as suas desigualdades extremas e proporcionam aos indivíduos o máximo de felicidade que uma sociedade pode dispensar. Por outro lado, é uma concepção redutora, em que o crescimento econômico é o motor necessário e suficiente de todos os desenvolvimentos sociais, psíquicos e morais. Essa concepção técnico-econômica ignora os problemas humanos da identidade, da comunidade, da solidariedade e da cultura.”
Para aqueles que ainda acreditam na revolução socialista clássica, diz Morin em A minha esquerda, que questiona os paradigmas ideológicos ainda em moda aqui nos nossos “tristes trópicos”, encontro uma ideia fundamental para sua policrise na página 16: “Uma componente invisível da policrise é a crise do pensamento”, Morin chama de policrise as crises interdependentes: da economia, da civilização ocidental, das civilizações tradicionais, do desenvolvimento, estamos tratando com placebos o câncer de uma sociedade em decadência”, então reconhecer a decadência e a insuficiência do pensamento social deste momento é fundamental para o parto de um mundo novo.
É preciso repensar o pensamento, ser capaz de mexer de modo profundo nas estruturas, deixar de ignorar as multidões, e mundializar a crise aí, justamente aí está o sentido possível desta crise, creio como Morin: “favorecer as cooperações econômicas, sociais, culturais, tudo o que caminha no sentido da unidade solidária da humanidade”, o resto é torcida de futebol, sendo que até este promete se resolver depois da tragédia da Chapecoense.
Detector de notícias falsas
As recentes eleições americanas, mas também muitas outras revelaram uma forma terrível de fazer campanha política, “plantando” notícias falsas em pontos frágeis de certo político.
Infelizmente as mídias sociais, não confundir com as redes de pessoas, mas apenas mídias, há um grande número de notícias falsas, já há sites especializados em denuncia-las não apenas pelo mal que fazer a determinada pessoa, mas principalmente para desmascarar um mal grosseiramente intencional.
Chegaram a um ponto de preocupar empresas como o Google, Facebook e Twitter que tentam criar medidas que combatam estas mentiras intencionais, isto é, visam apenas confundir.
Agora o tecnólogo Daniel Sieradski desenvolveu um plug-in conhecido como BS Detector que indica sites “questionáveis” que são usados no Facebook e no Twitter.
No Brasil existe o site boatos.org revela, por exemplo, boatos como “vídeo no interior do avião da chapecoense”, “fábrica clandestina da coca-cola em Bangu”, “Nasa confirma terra terá 6 dias de escuridão em dezembro de 2016”, etc. etc.
Mas podemos tomar 3 medidas simples para evitar que sejamos propagadores destas noticias falsas: 1) mesmo que favoreça nossa posição investigar se é verdade o que estamos lendo e NUNCA divulgá-la por impulso; 2) noticias bombásticas geralmente serão confirmadas na imprensa e esperar se órgãos públicos as confirmar, CONSULTAR OS SITES PÚBLICO, e, 3) ainda que a notícia seja verdadeira nunca divulga-la de forma a causar PÂNICO.
O dispositivo criado por Sieradski, conforme notícia do BBC News, coloca uma tarja vermelha onde se lê: “Este site é considerado uma fonte questionável”, e desmente Mark Zuckerberg do Facebook, que este “seria incapaz de abordar substantivamente a proliferação de notícias falsas em sua plataforma”, o plug-in já tem mais de 25.000 instalações desde o lançamento.
BS Detector de Sieradski afirma que evoluirá: “Eu e outros colaboradores da fonte aberta passamos muitas mais horas melhorando sua funcionalidade”, disse à BBC.
O profeta João Batista e mudança cultural
João Batista foi para o deserto, onde vivia e pregava uma vida ascética, e falava sobre a mudança radical de vida como forma de conversão, isto implica uma mudança cultural, uma nova rota para a vida, eis uma boa proposta para o Brasil atual: mudança cultural.
A primeira vai se realizar pela força, precisamos de uma vida mais austera porque o dinheiro encurtou exceto para alguns marajás, e depois uma mudança cultural de menos facilidades, ou seja, empréstimos fáceis e a juros baixos, gastança generalizada e dívidas sem fim.
Claro a conversão que o profeta João Batista pregava uma mudança de vida “religiosa” porém ela não está separada de uma mudança cultural, ou seja, hábitos, costumes e também valores.
O que queriam os saduceus e fariseus da época, a libertação dos pesados impostos do império romano, e a garantia de ir para o reino de Deus pelo cumprimento de regras e “ritos”, os judeus deste tempo defendiam uma certeza pureza ritual em questões como lavar as mãos, não realizar trabalhos aos sábados e outros ritos mais sociais que religiosos.
Os fariseus eram mais populares e defendiam uma “Torah oral”, isto é, aquela transmitida pela tradição oral, enquanto os saduceus eram mais aristocráticos, membros da alta sociedade, defendiam uma interpretação mais sóbria da Torah, sem cair em ritualismos e rigor, mas ambos se aproximavam de João Batista mais por medo do que por real mudança do coração.
O que acontece hoje em relação a lisura pública, o medo da lei que promete endurecer com os corruptos, faz com que muitos mudem o discurso, mas sem mudar a atitude, defendem a punição mas dos “outros”, como se fosse possível fazer uma lei casual, para alguns apenas.
É tempo de mudar, gostem ou não fariseus “populares” ou saduceus “aristocráticos”, isto poderá significar uma mudança cultural no país, cada vez mais necessária para um país em crise.
Para onde vai o mundo?
Isto me acontece com frequência, entro numa livraria para ver um livro e outro pula direto para a minha mente, o fenômeno é menos comum na internet, e dizem que ela dispersa.
Para onde vai o mundo, de Edgar Morin parecia querer me confidenciar algo, sobre Trump improvável, sobre a ecologia talvez, o livro é de 1981, embora a edição brasileira de 2012.
As vezes pulo o prefácio, mas este de François L`Yvonnet é muito bom, começa falando da construção de uma obra solitária, embora Morin tantas vezes falou da mulher.
O prefácio de L`Yvonnet fala de sua “obra original, uma das mais consistentes de nossa época, que faz da complexidade um problema fundamental e um novo paradigma.” (Prefácio, pag. 7)
Fala do esvaziamento do homem, ajudaram a “despedaça-lo, a fragmentá-lo, privando-o de sua riqueza multidimensional (sua identidade é ao mesmo tempo biológica, psicológica e social)” (idem, pag. 8) .
Para L´Yvonnet o ser humano deve ser enriquecido de todas as suas contradições. O pensamento deve ser ´dialógico’, capaz de deixar fluir os contrários, que se complementam e se combatem.” (idem, pag. 8).
Repete Heráclito, “viver de morto e morrer de vida”, relembra as pseudo-sínteses antropológicas do homem “o homem não é apenas homo ´sapiens´(enquanto sabe e sabe que sabe), ´faber´(fabricador) ou ´oeconomicus´(calculador e movido exclusivamente pelo interesse pessoal), concepções estas que não deixam de ser redutivas (e narcisicamente valorativas), que colocam o ser humano de escanteio, isto é, isolam-no de tudo.” (idem).
O homem é “igualmente e indissolutamente ´demens´(enquanto inventa, imagina ou mata) e ´ludens´(enquanto se diverte, se exalta, se desgasta).” (idem).
O novo humanismo e o exame do futuro de Morin “resiste a qualquer reconciliação ou otimismo beato.” (idem), mas propõe um “humanismo planetário, que comporta uma conscientização da ´Terra-Pátria´como comunidade de destino de origem de perdição” (idem).
Isto é só uma degustação, para podermos falar para “Onde vai o mundo?”.
MORIN, E. Para onde vai o mundo? Petrópolis(RJ): Vozes, 2012 (3a. edição).
A tecnologia e as larvas
Estamos lendo o tópico 3 do capítulo I: Da tecnologia e das larvas, do livro de Peter Kreeft: As melhores coisas da vida, e .o questionamento é o que de fato é o produto das tecnologias.
Sócrates vai questionar o que é “ciência séria” que foi como a biotecnóloga Marigold se refere ao seu trabalho valorizado, Sócrates diz que Ciência vem de scio que significa “eu sei”, enquanto tecnologia de techn “saber fazer”, e diz que é uma espécie de magia, e que foi na idade médica que magia e a ciência nasceram, estamos na página 48.
Ao retornarem a questão da idade penetram no âmago do livro, qual seria a melhor resposta para uma pergunta ainda mais importante, a questão do summum bonum, o bem supremo..
Lembremos que o diálogo anterior tinha finalizado com a ideia se um bom vinicultor poderia oferecer vinho a um alcoólatra, Peter Pragma retorna a conversa porque agora quer saber o queria saber o que é vida boa, e agora começa a entender que deve saber o que é o bom.
MARIGOLD: … O que é mais importante que a conquista da natureza? E, além disso, não havia milhares de respostas diferentes, diferentes religiões e filosofias, mitos, credos, códigos e cultos?
SÓCRATES: Sim, mas todos eles tinham um motivo em comum, que era oposto dessa sua tecnologia.
MARIGOLD: Um único motivo? E porque não é algo óbvio, então? Não entendo.
SÓCRATES: Talvez porque seja óbvio demais para poder ser percebido por olhos repletos de larvas.
MARIGOLD: Chega! O que é?
SÓCRATES: Todos eles estavam de acordo quanto a coisa mais importante na vida era conformar, de algum modo, a alma humana à realidade objetiva. A sua filosofia de “conquista da natureza” crê que a coisa mais importante é conformar a realidade objetiva aos desejos da alma humana.
Marigold dirá que isto é o progresso, depois saem pela discussão da existem deuses, Sócrates argumentará se existe um princípio comum nas crenças, daí vão para a discussão sobre o que é a profissão superior, qual delas buscaria o sobre-humano e voltam a ideia se é possível dominar a natureza ou conformá-la ao homem.
Finalmente voltam a questão da prática, Marigold dirá que a filosofia não mata a fome, ao que Sócrates argumenta que ainda assim ela não é um bem supremo, e qual seria o bem superior.
PETER: Essa é a primeira questão, não é, Sócrates ? Se não existem deuses, então a tecnologia é superior, pois não há nada com que se conformar, e nós devemos fazer com que a natureza se conforme a nós. O que mais deveria ser feito?
Marigold não quer falar sobre este tema, se despede da conversa, e Peter e Sócrates irão para a questão sobre a inteligência dos computadores.
Sócrates, a boa vida e a tecnologia
Antes de finalizar o capítulo da educação liberal, Sócrates lembra sua celebre frase: “conhecer-se a si mesmo” e retoma a ideia que “uma vida não examinada não vale a pena ser vivida”, assim que sai o seu interlocutor Peter Pragma para pegar um café e espairecer as ideias.
No tópico 3 do capítulo I: Da tecnologia e das larvas, o amigo que havia saído para tomar um café se deparou com a máquina quebrada e disse que se tornaria um técnico.
Sócrates lembra o caráter imediatista e simplista de escolher uma profissão, e Peter afirma que já não pode aguentar mais interrogatórios, então Sócrates pensa em um modo de mudar a própria metodologia que é a pergunta, “talvez haja um modo” e Peter se anima.
Mas seria ilógico Sócrates abandonar seu método, o que ele faz é chamar uma moça próxima chamada Marigold Measurer (algo como medindo as Margaridas, explica a nota de rodapé da página 42), a moça concorda mas fica intrigada com Sócrates, acha que é um psicólogo.
Mas Sócrates diz, bem a gosto de uma filosofia mais contemporânea, que é uma “espécie de conscienciólogo … sou um filósofo”, Marigold pergunta se é o departamento dele, o que refuta prontamente, seria contraditório ter um departamento de filosofia, já que filosofia não é um departamento.
A conversa de desenrola com Marigold mantendo certo segredo de seu trabalho, mas reafirmando que os trabalhos hoje tem certa “hierarquia” e questiona o lugar da filosofia, e finalmente Marigold diz que trabalha com engenharia genética.
Sócrates então questiona o papel da tecnologia de subordinar a natureza e sugere que sejamos apenas “amigos” dela, pergunta “porque gostaria de conquistar sua mãe? Só conquistamos nossos inimigos”, está na página 45.
Questionada se não teria medo de “perder o controle” do seu trabalho, Marigold afirma que seu trabalho é sério, ao que Sócrates pergunta se um produtor de vinhos seja sóbrio, “seria correto que ele fornecesse seu produto a um alcoólatra ?” finaliza na página 46.
O diálogo sobre a tecnologia ainda continua, mas podemos ficar com a pergunta de Sócrates.
KREEFT, P. As melhores coisas da vida. Campinas: Ecclesiae, 2016.
Trolls não é trolagem
Fui assistir o desenho animado Trolls, com minha sobrinha para disfarçar, bem mais infantil do que Frozen, a mensagem é mais interessante, porque é mais coletiva e não maniqueísta.
O filme está em segundo lugar em bilheteria atrás apenas de “doutor Estranho”, e creio que vale por enquanto segundo dados da ComScore, a estreia de “A luz entre oceanos” pode mudar estas posições de lugar.
A estória de Trolls é de uma comunidade triste que tem como única esperança de viver a felicidade devorar os Trolls, havendo para isto um dia especial do trolicídio, as analogias com impérios econômicos e a visão de exploração de povos, que na verdade são felizes, e esta já é uma visão não maniqueísta, é muito interessante, assim como a proposta final.
O filme feito pela DreamWorks, tem direção de Mike Mitchell (diretor Alvin e os Esquilos 3 (2011) e Bob Esponja: Um Herói Fora d’Água (2015)) e Walt Dohrn, e roteiro de Glenn Berger e Jonathan Aib, os bonecos Trolls apareceram no comercio em 1958.
Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) é um cirurgião arrogante que, que após perder o uso das mãos em um acidente de carro, parte em busca de uma cura e acaba encontrando a redenção como o maior mago do universo Marvel.
Doutor estranho tem a direção de Scott Derrickson, e o roteiro escrito por uma equipe: S. Robert Cargill, Jon Spaihts, Joshua Oppenheimer, Thomas Dean Donnelly e o próprio Scott Derrickson.