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O problema da consciência histórica
Em 1957 Hans-Georg Gadamer foi convidado a lecionar por um trimestre na Universidade de Louvain, em 1963 apareceu em francês com o título Le probleme de la conscience historique, e ainda não havia a obra maior do filósofo hermeneuta “Verdade e Método”.
Depois dela apareceu em 1969 uma versão italiana do texto, mas foi na versão inglesa de 1975, que conforme afirma Gadamer ele se “reencontrou consigo mesmo” revendo o texto original para publicação em inglês, desta edição foi feita a tradução para o português, como primeira edição em 1998, e a edição que leio é de 2006, 3ª. edição feita pela FGV.
O livro é, portanto um poderoso preâmbulo para quem deseja ler Verdade e Método, onde o problema da consciência histórica e sua relação com o método remonta a Schleiermacher e sua releitura feita por Dilthey, sendo Gadamer “seu ideal é decodificar o Livro da História” (Gadamer, 2006, p. 11).
As conferências de Gadamer que foram base a este opúsculo, refletem o “problema de introduzir o problema hermenêutico a partir da perspectiva de Husserl e Heidegger” (pag. 10), problema que foi portanto tratado de modo especial na Alemanha, onde graças a Wilhelm Dilthey e ao que se chama sua Lebensphilosophie” (idem), a filosofia da vida.
O problema da interpretação conforme as leis da natureza, em alemão Geisteswissenschaften*, Gadamer esclarece que em Verdade e Método ele começou deliberadamente a invocar outro exemplo, “representado pela experiência da arte e a dimensão hermenêutica, que intervém, com toda certeza, no estudo científico da arte, mas antes de tudo na própria experiência da arte.” (pag. 10)
Ele vai com isto se distanciar de Dilthey, que se propôs a construir uma base epistêmica para as Geiteswissenchaften, mas não se via como o filólogo, esclarece, mas como “um teórico do método de uma escola história que não via “a compreensão de textos e outros fragmentos do passado como seu objetivo último”, escreveu Gadamer citando Dilthey.
O que Dilthey esperava era conciliar as ciências interpretativas com sua objetividade científica, a ideia inicial era dar a hermenêutica um método universal.
Gadamer esclarece qual é sua posição: “mostrar que a autocompreensão com relação às ciências não é verdadeiramente consoante com a sua posição fundamental em termos da Lebensphilosophie” (pag. 12), e esclarece que a possibilidade humana do pensamento reflexivo, “não coincide em verdade com a objetivação do reconhecimento através do método científico.” (idem)
Vai esclarecer que a conexão entre a “vida” quando se fala de consciência e reflexividade e “ciência” (ele pôs entre parêntesis), desenvolver-se a partir da vida é uma das possibilidades.
*A tradução segundo o próprio Gadamer é “Ciências Humanas”, no Brasil “Humanidades”.
Verdade & Método e a lógica indutiva
Conforme já explicamos, o esboço revisado de O problema da Consciência Histórica, após a escrita de Verdade e Método, obra máxima de Hans-Georg Gadamer, é uma boa introdução a esta obra que esclarece muitas questões da filosofia contemporânea: o seu problema que é claro entre outros é sua relação com a mudança social, a questão do método e principalmente o que é verdade, mas terá pontos secundários não menos importantes, tais como o diálogo.
Retomando a tradição humanista fará uma releitura de São Tomás, Santo Agostinho e Vico, e esclarece o principal problema da filosofia de nosso tempo: “se diferencia da clássica tradição da filosofia pelo fato de não representar nenhuma continuação imediata e ininterrupta dessa última.” (Gadamer, 1997, pg. 35).
Critica a instrumentalização do pensamento filosófico no ocidente que fez dele: cujas relações com conceitos tornaram-se “um estranho descomprometimento, quer suas relações com esses conceitos sejam da espécie de uma concepção erudita, para não dizer arcaizante, ou da espécie de uma manipulação técnica, que faz dos conceitos algo como ferramentas.” (pg. 36).
Criticará o que é chamado como ciências do espírito e colocará como transcendente dentro de uma dimensão estética, negando o contexto da lógica de Stuart Mill, que afirma ter uma formulação mais correta no Tratado da Natureza Humana, e todo o equívoco deste conceito.
Cita o autor J.G.Droysen, estudioso da história do helenismo, como uma tentativa importante para uma dar um sentido novo a história: “de que as ciências do espírito deveriam dixar-se fundamentar, da mesma forma, como um grupo independente de ciências.” (pag. 43).
Aponta o logicismo da indução de Stuart Mill, e critica mesmo Scherer e Dilthey ao afirmar que mesmo estes: “continua sendo o modelo das ciências da natureza que orienta a autoconcepção científica de ambos” (pag. 44), é fácil observar as consequências de um modelo que se propõe crítico do modelo romântico, mas acaba retornando-se ao seu próprio núcleo.
Afirma que mesmo Dilthey acabou chegando as constatações que Helmhotz fez, ou seja, que não existe método para as ciências do espírito, e que método aqui: “se as outras condições, sob as quais se encontram as ciências do espírito, não serão, para sua forma de trabalhar, quem sabe muito mais importantes do que a lógica indutiva.” (pag. 45)
Não podemos negá-la afinal Hegel escreveu Fenomenologia do Espírito e mesmo seus críticos procuraram uma método para adequá-la a consciência histórica, esclarece que a resposta que “deram a essa questão não é suficiente … acompanham Kant, por se orientarem pelo conceito da ciência e do conhecimento segundo o modelo das ciências da natureza e procurarem a marcantes singularidade das ciências do espírito no momento artístico (sentimento artístico, indução artística).” (pag. 45)
GADAMER, H.G. Verdade e Método, Petrópolis: Vozes, 1996.
O que foi bom ler em 2016
Falei muito de livros sobre a Hermeneutica, o Outro e questões de política e ética que bombaram em 2016, mas há livros menos “densos” e igualmente bons, são leituras fáceis e que podem ajudar muita gente, o primeiro deles é de Mario Sérgio Cortella: Porque fazemos o que fazemos ? curtinho, barato e muito interessante.
O que nos tira o prazer do dia a dia ? falta de tempo para tudo ? você tem um propósito para a vida ? parece auto ajuda, mas não é, é um livro de filosofia muito prática, sem “teorias”.
Baratinho e muito simples também é o Ansiedade e Autocontrole, do já conhecido e famoso Augusto Cury, dá dicas importantes sobre o estresse de nossas vidas e como é gerada a ansiedade, gostei principalmente porque desmistifica o fato que seria muito ou muita informação, o problema é “autocontrole”, passamos a fazer muita coisa no impulso.
Meu terceiro lugar está na ordem invertida, porque preciso sempre de livros mais profundos foi a garota do trem: audacioso e muito inteligente, conta a história de Rachel que todos dias anda de trem até Londres, certo dia ela segue um casal e descobre que a jovem está desaparecida, vai até a política e conta tudo, ah virou filme sim, é o que esteve em cartaz, mas não vi, a autora é Paula Hawkings, ela mudou como vejo o meu dia a dia e as pessoas ao lado.
Meu segundo lugar é Peter Kreeft, foi uma descoberta quase ao acaso, mas me fez muito bem, ele faz filosofia a moda socrática, isto é dialogando, li as Melhores Coisas da Vida, vejam meu post e seguintes, e Sócrates encontra Hume, mas há outros para ler.
O primeiro e último nesta lista foi o livro de Edgar Morin: Para onde vai o Mundo ? o livro é antigo, mas esta virada de 2016 para o nacionalismo e o pensamento conservador me pareceu oportuna, segundo o prefácio de de François L´Yvonnet, Morin “resiste a qualquer reconciliação ou otimismo beato” e propõe um “humanismo planetário, que comporta uma conscientização da ´Terra-Pátria´como comunidade de destino de origem de perdição” (seja meu post e os seguintes).
Minha pilha para 2017 está pronta, mas sempre os acontecimentos desviam minha leitura.
O que nos prepara o futuro ?
Além da liquidez baumaniana, uma visão sombria do futuro da humanidade, ou do voluntarismo do tipo “faça alguma coisa” sem refletir sobre o que, há pistas muito próximas de nós, ignoradas por muitos, mas não por todos.
Uma pista sensível é Edgar Morin, sua principal obra é o Método, escrita por quase três décadas e meia, começando em 1973, com o seu livro O paradigma Perdido: a Natureza Humana, o questionamento dele é sobre o fechamento ideológico e paradigmático das ciências, mas nós poderíamos dizer que acompanham a cultura e de certa forma a religião.
O que ele faz é apresentar uma alternativa ao conceito de “paradigma” encontrado em Thomas Khun, para em seguida apresentar o seu “pensamento complexo” que é a tentativa de reunificar as diversas áreas do conhecimento humano, separadas em especialidades, e cujo principal livro é Sete Saberes Necessários à educação do Futuro, procurando inspirar o educador e dar “dicas” para uma boa prática educacional.
Afirma neste livro de modo encisivo? “Afinal, de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma configuração que responda a nossas expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas ? ”, ou seja, um conhecimento capaz de questionar o conhecimento.
Depois de falar da “Vida da vida”, em seu Método 2, o tema não é propriamente novo já que Husserl cunhara a palavra “Lebenswelt”, para dizer a lógica da vida, Morin dirá no seu Método 3, o que é o conhecimento do conhecimento, mas antes completando o Método 2, escreverá Cabeça Bem-Feita, para mim sua obra prima, ninguém que leia este livro, ficará o mesmo.
O Método 3, o conhecimento do conhecimento, apresenta-o de forma inédita, primeiro como uma antropologia do conhecimento, isto é, abordar as condições bio-antropológicas das possibilidades do conhecimento, afirma que “o conhecimento do conhecimento requer um pensamento complexo, que requer necessariamente o conhecimento do conhecimento” (Morin, 1999, p. 257), ou seja, “um pensamento ao mesmo tempo dialógico, reflexivo e hologramático” (Morin, 1999, p. 256), mas o que significa hologramático ?
Hora o holograma é uma projeção de algo real ou imaginário, mas no ar sem sustentação nem substancialidade, com esta metáfora quase-perfeita (ainda é uma metáfora), supera as nossas dicotomias do holismo/reducionismo, do construtivismo/realismo e do espiritualismo/ materialismo, permita “deslocar e ultrapassar o problema dos fundamentos” (Morin, 1999, p. 256) do conhecimento, voltaremos ao espiritualismo/materialismo depois de ler Morin.
O holograma coloca em cena a questão do “inacessível ao conhecimento” (Morin, 1999, p. 16), assim isto nos obriga a “questionar tudo o que nos parecia evidente e reconsiderar tudo o que fundava as nossas verdades” (Morin, 1999, p. 16) de maneira que “a busca da verdade está doravante ligada à investigação sobre a possibilidade da verdade” (Morin, 1999, p. 16)
Para ele o conhecimento é um fenômeno multidimensional, “simultaneamente físico, biológico, cerebral, mental, psicológico, cultural, social” (Morin, 1999, p. 18), mas que foi “rachado” no interior de nossa cultura, pela própria organização do conhecimento, pela disjunção entre ciência e filosofia e pela fragmentação disciplinar da ciência.
A ideia principal de Morin é o “fundamento perdido”, “convergindo para a crise ontológica do Real (…). Nada de base de certeza, nada de verdade fundadora. ” (Morin, 1999, p. 23)
MORIN, Edgar. O método 3: o conhecimento do conhecimento. Porto Alegre: Sulina, 1999.
Tendências para 2017
Enquanto a Gartner aponta que os desktops começarão a sumir do mercado se as empresas destes monstrengos não começarem a se reinventar, a ThoughtWorks divulgou uma lista de tecnologias emergentes om destaques para o crescimento de conceitos como Realidade Virtual e Aumentada (VR/AR), processos baseados em Docker, e plataformas de serviços em nuvens (PaaS), produzindo uma arquitetura de “microsserviços”.
Estes microsserviços são processos que executam nos ambientes virtuais em nuvens, como ambiente primário para o desenvolvimento de um “ativismo” digital capaz de influenciar mercados, segundo Mike Mason da ThoughtWorks: “vemos um avanço nos níveis de abstração” do que é considerado “ativismo”, isto é, não apenas políticos e social, mas também econômico e empresarial.
Embora o fenômeno “Pokemon” seja restrito ao entretenimento, este conceito deverá migrar para outras áreas de aplicação e deverá influenciar equipes de TI agora mobilizadas para o desenvolvimento de Plataformas em Núvens, o PaaS (Platform as a Service).
Docker é já um exemplo de sucesso nesta linha, feito para colocar soluções em nuvens, que o mercado tem chamado pelo nome desta metáfora “Silos” (uma tradução para Docker).
Docker é um projeto de código aberto que automatiza a implantação de aplicativos dentro de recipientes de software, fornecendo uma camada adicional de abstração e automação de virtualização no nível do sistema operacional.
Outra solução nesta linha é o desenvolvimento de Linguagem Natural, a anos esperada para soluções de aprendizagem, este tipo de solução auxiliária as assim chamadas Machine Learning, isto é, serviços que levam a uma aprendizagem rápida de processos com uso de computadores, numa relação homem/máquina bastante interativa.
Machine Learning é um método de análise de dados que automatiza o desenvolvimento de modelos analíticos. Usando algoritmos que “aprendem” interactivamente a partir de dados, isto permite que os computadores encontrem insights escondidos nos dados, sem serem explicitamente programados para o fazer.
Comprometimento ou consciência
Consciência imediata, até mesmo o que chamamos de consciência política, é uma negação da intencionalidade no sentido que esta “representa uma característica essencial da esfera das experiências vividas porquanto todas as experiências têm, de uma forma ou de outra, intencionalidade … “ (Idéias I, Husserl, § 84), isto é, experiência vivida.
Assim o que é essencial para fenômeno é estar ligado a um elo primordial da vida intencional (é oposto aos outros ter-consciência, os quais, a priori, são idealistas e um tanto “vazios”) e, portanto, intencional é bastante distinto modo de consciência.
É a compreensão de um Ser que existe em cada entes, que pode dar a um estado-de- coisas, uma universalidade, um valor, o que na filosofia denomina-se um “ai próprio”, ou um “imediatamente aparecido, ou em muitos autores (Husserl, Buber e outros) o EU ISSO, que aponta para algo de modo confuso, vazio e de puro expectador, mas ao mesmo temo o seu ser mesmo (do algo) é observado, reconhecido e vivenciado.
Assim, para Edmundo Husserl, a intencionalidade é “aquilo que caracteriza a consciência em sentido grave e concordante em indicar a corrente da experiência vivida como corrente de consciência e como unidade de consciência” (Idéias I, § 84)
Por isto Husserl dirá sua célebre frase: “consciência só existe como consciência de algo”, e poderíamos completar que algo só existe se é experiência vivida por alguém.
Então é esta consciência intencional que faz o mundo aparecer como mais evidente e não mais consciente (no sentido convencional), assim não se trata de definir como algo definitivo, mas nos colocar no horizonte do mundo da vida, eis a atitude fenomenológica.
Mais tarde veio o racionalismo
No capítulo O ponto de partida (continuando o livro de Peter Kreeft), Sócrates começa a dialogar com Hume, parte da premissa que há uma ruptura com a vida no pensamento do empirista e que no fundo é racionalista.
Explicando, é Descartes que funda o pensamento racional moderno com a ideia de que tudo pode ser explicado pela razão, mas há nela uma relação essencial com a física e o logicismo matemático, Hume tenta consertar isto colocando junto a experiência, mas seu empirismo não é exatamente a “vida” e Kant tentará mais tarde ainda conciliar os dois com seu idealismo.
Voltando ao roteiro de Peter Kreeft, que faz um hipotético diálogo de Sócrates com Hume, no ponto de partida, afirma Sócrates a Hume: “A tua divisão de Descartes entre a mente e o corpo: é definida e clara e é mais racionalista que experimental. Quase nenhum filósofo jamais apresentou tamanha lacuna entre sua filosofia e sua vida.” (Kreeft, 2014, pag. 31).
E iniciam o diálogo dizendo que Hume é ”um Racionalista disfarçado de Empirista”:
“HUME: Então, já que ainda não pretendes julgar minha filosofia, não pretendo julgar o teu julgamento … (segue)
SÓCRATES: … minha suspeita que és um Racionalista, a qual advém do outro ponto principal da primeira seção do seu livro … nos dizes o que pretendes realizar com tua filosofia
Mas não nos será lícito esperar que a filosofia, cultivada com esmero […], possa […] revelar, pelo menos até certo ponto, os móveis e princípios ocultos que impulsionam a mente humana em suas ações? Os astrônomos por muito tempo se contentaram em deduzir dos fenômenos visíveis os verdadeiros movimento, a ordem e a magnitude dos corpos celestes, … (segue) … [citando David Hume Investigações sobre o Entendimento Humano].
Aqui, para explicar o que a tua ciência das ideias pretende alcançar, fazer uma analogia com Newton: assim como ele reduziu os fenômenos complexos do comportamento de toda a matéria a uns princípios exploratórios, também reduzes … os fenômenos complexos de toda consciência a uns poucos princípios exploratórios. E isso também se parece mais com um ideal Racionalista do que um Empirista” (Kreeft, 2014, pags. 31 e 32).
Mudanças nas mídias e a educação
Um estudo europeu, feito durante 5 anos em 12 países, patrocinado pela European Science Foudation, comparou em diversos países a influencia das novas mídias no ambiente educacional das crianças, e foi publicado no livro “Children and their Changing Media Environment: A European Comparative Study”, editado por Sonia Livingstone e Moira Bovill, em 2001 pela editora Lawrence Erlbaum Associates, e reeditado em 2013 nos EUA pela Routledge, com edição revisitada.
O estudo ganha agora alguma evidencia, passados quase 15 anos porque alguns aspectos que poderiam ser considerados “modismos” são bastante evidentes hoje.
O livro lembra no prefácio, que 40 anos antes Himmelweit, Oppenheim and Vince publicaram “Television and the child” (1958) e também Scharamm “Television in the lives of your children” (1961) estudando tanto na América como no Reino Unido a influencia em criança, e diz que este estudo foi inspirado em fazer um paralelo com a chegada das novas mídias.
Algumas questões são novas outras foram revisitadas, conforme está descrito no prefácio, embora não diga isto podemos ver que são questões do primeiro bloco: há influência das novas mídias nas mídias antigas, quais as novas oportunidades de integração, aprendizagem, socialização e brincadeiras, como parte do segundo bloco: quais os questões adicionais para as novas formas de atividades e participação social e politica, como as mídias podem suportar a emergência de identidades transnacionais: europeias, ocidentais, globais, etc.
Não vamos responder aqui, mas afirmar o que já está também no prefácio há um balanço entre as oportunidades e perigos das novas mídias, o estudo vale a pena, para aqueles que desprovidos de preconceitos querem analisar serenamente as novas mídias.
PLT – Tecnologia para Literacia de Pessoas
Ao pé da letra, seria Tecnologia para “iniciação” de Pessoas (People-Literacy Technology, em inglês), o que daria em português TAP, mas não sei se vão adotar exatamente isto.
O certo é que pela primeira vez isto apareceu no famoso hipociclo de Gartner, iniciando a curva de expectativas.
Uma das coisas importantes de saber o ponto que uma determinada tecnologia está numa curva de hipoclico é entender o que significa exatamente “literacia” (ou aprendizagem) em determinada época conforme expectativa e a maturidade dentro daquela curva, por exemplo, até o início dos anos 1990 não significava nada a Web, os celulares eram grandes demais para o bolso, o Google só apareceu em 1998 e justamente neste período um sistema de metadados chamado Dublin Core estava aparecendo, até 2003 não havia o MySpace e o Youtube foi lançado somente dois anos depois disto.
Assim, ferramentas são criadas, desenvolvidas e trabalhadas conforme a época, em 1995 era básico trabalhar com processamento de texto e folhas de cálculo, mas hoje há ferramentas mais sofisticadas e planilhas já elaboradas onde basta você saber quais são os campos a serem preenchidos, os processadores de textos tem ferramentas de correção, de comentários personalizadas e até mesmo vocabulários próprios para determinados contextos.
Definir “literacia” ou aprendizagem digital significa agora, uma vez que entrou na curva de hipociclo de Gartner (no ano de 2015) algo designado como PLT (People-Literate Tecnology), o que significa uma definição mais rica e complexa sobre literacia, por exemplo, a Universidade do Colorado definiu colocando diversos tópicos a serem considerados nesta complexidade: Comunicar, Resolver problemas, Acessar, gerenciar, integrar, avaliar, projetar e criar informações para melhorar a aprendizagem em todas as áreas, e, finalmente, adquirir conhecimentos ao longo da vida e as habilidades do século 21.
Note-se que dois itens referem-se a Comunicação e Informação, um outro a resolver problemas e um quarto ao que significa adquirir conhecimentos no século 21.
Claro que “literacia” já é um termo recorrente no meio da cultura digital, mas agora trata-se de “tecnologia” de auxilio a literacia.
Lendo o pensamento ?
Um dispositivo do tamanho de um palito de fósforos que lê pensamento, chamado de stentrode foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Melbourne (Austrália) com um teste já feito em animais, para testar a capacidade de sinais neurais e convertê-los em sinais eletrônicos.
A ideia inicial é usar o dispositivo para mover um braço biônico por exemplo, e seria facilmente implantado e não sendo invasivo (seria implantado no pescoço de um paciência e posicionado num vaso sanguíneo), conforme afirmou o médico Terry O´Brien do Departamento de Medicina e Neurologia da Universidade e membro da equipe de pesquisa.
O´Brien afirmou que: “A grande inovação é que agora nós temos um dispositivo de interface cérebro-computador minimamente invasivo que possivelmente é prático para uso no longo prazo”, conforme notícia no site da universidade que anunciou o stentrode.
Os métodos atuais para acessar sinais cerebrais precisos requerem cirurgias complexas com abertura do crânio e se tornam menos eficiente após alguns meses, sendo o controle dos sinais de pouca confiabilidade.
O stentrode é menos invasivo porque é anexado a uma veia do pescoço e portanto de maior facilidade de manutenção.
Será que no futuro poderemos ler pensamentos e nos comunicar por sinais cerebrais ?