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Uma questão de pobreza, mentalidade e cultura
Os suíços rejeitaram este fim de semana uma proposta social ambiciosa de uma renda mínima de cerca de U$ 2.500 por mês, por ampla maioria de 76,9% dos votantes, este valor seria garantido para qualquer pessoa, independente da sua condição de saúde e de trabalho e até mesmo independente de sua contribuição para a previdência social.
Um segundo referente que propunha a estatização a transformação de algumas empresas estatais como a Swisscom de telecomunicações em empresas sem fins lucrativos, também foi rejeitado por 67,6% dos eleitores, seriam os suíços insensíveis, capitalistas ou cruéis.
Não creio, claro que há lá inúmeras situações de proteção de pessoas carentes, de apoio a pessoas com dificuldades financeiras, idosas, etc. a primeira questão clara é que não existe uma pobreza tão visível como aqui no Brasil e nossos vizinhos, mas a segunda é a cultura.
A Finlândia, outro exemplo de paraíso econômico, que tem um governo conservador aprovou um programa que selecionou 10 mil pessoas a quem pagará 550 euros mensais (pouco mais de R$ 2 mil), porém irá monitorar a relações destas pessoas, incluindo a busca de trabalho.
Não podemos ser cruéis com as pessoas que não tem o mínimo para subsistência, porém é preciso lembrar das condições de saúde, educação e segurança que é o problema que vem mais preocupando os brasileiros.
Não se trata de crescer o bolo para distribuir migalhas entre os pobres, trata-se de ter um bolo onde não hajam empresários inescrupulosos, aliados a políticos corrupto em um sistema que seja economicamente saudável, para incluir as pessoas no trabalho, nada disto há aqui.
Novidades Computex 2013
A feira mundial de eletrônicos que começou ontem em Taipei, entre muitas novidades traz os híbridos, que segundo comentaristas tem o Dell Inspiron 17-7000, portátil e tablete, com tela de 17 polegadas, câmara de infravermelho que suporta o reconhecimento facial, no caso do Windows 10, o Windows Hello.
No mercado internacional terão o preço de 749 dólares, mas no nacional devem chegar mais caros por causa dos impostos, haverá ainda uma versão simplificada de apenas 250 dolares.
A intel que lançará somente no final do ano sua nova geração de processadores, aproveita a feita e apresenta-os por enquanto conhecidos pelo código Kaby Lake, também lança o i-7 com 10 núcleos apelidado de Broadwell-E, que promete deixar o multi-tasking para trás.
A Origin e Velocity micro são os dois primeiros computadores anunciados com chipset i-7.
Apostando na Internet das coisas (IoT) a Intel anuncia o AnyWAN GRX 750 SoC junto ao XWAY WAV500, chipsets capazes de integrar equipamentos complexos do ambiente doméstico em uma só rede, no conceito de “casa inteligente”.
Outro lançamento prometido, a MSI mostrará seu “computador mochila”, com uma proposta de tornar móveis os jogos baseados em realidade virtual (VR), trazendo a VR mais próxima dos usuários.
Democracia, transparência e a crise
A decisão do presidente do STF Ricardo Lewandoski de abrir os processos “ocultos” parece desagradar a todos, porque com certeza os famosos dois lados estão comprometidos e não tem interesse em transparência alguma, apenas em distorcer fatos: a corrupção campeia.
Bresser Pereira, que pode ser criticado como economista, afirmou sobre o estado uma ideia importante: “a transparência do Estado se efetiva por meio do acesso do cidadão à informação governamental, o que torna mais democrática a relação entre o Estado e a sociedade civil” (BRESSER-PEREIRA, 2004, p. 23).
A visibilidade pública de tudo que está acontecendo agrada a quem quer o fim do uso privado do estado e desagradam setores que gostam de distorcer fatos, sem exceção, a postura ética e transparente dos negócios públicos, deve ser feito além do controle parlamentar (que é comprometido) e pelo STF (por direito), com procedimentos que dê ao cidadão comum a possibilidade de um acesso direto, sem precisar de interpretes, vazamentos seletivos e outras manipulações.
O Portal Transparência Brasil, criado em 2004, serviu de referência aos demais portais, permitindo que este seja um instrumento a mais na prestação de contas da administração pública e, junto com ele vieram a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000, e mais tarde a Lei Complementar n° 135/2010, chamada Lei da Ficha Limpa.
Agora o procedimento adotado por Lewandoski, a Resolução 579/2016, edita que fica “vedada a classificação de quaisquer pedidos e feitos novos ou já em tramitação no Tribunal como ‘ocultos'”, põe fim a chamada “judicialização” de que gostam alguns setores políticos, ainda há outras tentativas como: proibir a delação premiada para manter o pacto de silêncio entre os que roubam o erário público e outras operações de obstrução da justiça.
A sangria, para usar o jargão do momento, é dura, mas é o caminho de tentar mudar o rumo do assalto ao dinheiro público feito sistematicamente por uma máquina de estado incapaz de levar a sério o que querem a maioria dos cidadãos comuns: ética e moralidade no uso do dinheiro público, fim dos lobbies que atuam no senado e câmara federal, e compromisso de fato com as grandes questões sociais.
BRESSER-PEREIRA, Luis Carlos. “As formas de responsabilização na gestão pública”. In: BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos & GRAU, Nuria Cunill, 2004.
Como termina o Mercador de Veneza
A obra de Shakespeare O Mercador de Veneza mostra porque este autor é grande, a sua capacidade de manipular a opinião do público, colocando personagens ardilosos e negulosos de propósito, na verdade Belmonte é uma cidade fictícia, mas talvez tenha pensado em Malta, já que dizem alguns de seus biógrafos que era inspirada em O Judeu de Malta, de seu contemporâneo Christopher Marlowe, e a ficção nos fez pensar no Brasil,
Antonio é um mercador com prestígio, na nossa parábola os bons empresários brasileiros, e Shylock, é um sórdido usurário que o leva ao tribunal, corruptos e políticos na parábola.
A heroína da trama, a rica dama italiana a procura de marido Pórcia, é o povo em busca de governantes sérios para um Brasil com moral baixo, agora com possibilidade de perder as olimpíadas, mas mais que isto quase falido, com uma crise política que continua.
Quando tudo parecia perdido, é o caso atual do Brasil em que corruptos aparecem do lado do governo e do povo, aparece um jovem doutor em direito Baltasar, que na verdade é Pórcia disfarçada, com um jovem aprendiz Estéfano, que é Nerissa (dama de companhia de Pórcia) também disfarçada, elas que com um artifício capcioso, conseguem mostrar que retirar uma libra de carne de Antonio escorreria sangue que não estava previsto no acordo, e então seria o judeu a pagar com a vida, pelo sangue escorrido.
A abertura dos dados de processos sigilosos no supremo, mais do que novos vazamentos “seletivos”, é o desmascaramento dos políticos corruptos e seus planos ardilosos.
A crise 2º. Ato
O governo interino Michel Temer, adotou a pragmática do poder dos primeiros ministros para garantir a governabilidade, e os técnicos no segundo escalão para tentar recompor as perdas da crise no plano econômico e estrutural do país.
O primeiro plano já revela problemas, uma vez que um ministro importante foi pego em gravação, é bom que se diga anterior ao impeachment, onde manifestava um interesse de barrar a operação lava-jato que investiga os crimes de corrupção no país.
O fato que é necessário manter determinados políticos no primeiro escalão de governo para passar propostas que são impopulares poderá levar o governo à ingovernabilidade, o que seria neste caso um paradoxo, para garantir a governabilidade chegou-se a ingovernabilidade.
Agora começam as medidas de técnicas de combate a crise, a saber o aperto nos gastos públicos e os cortes a médio e longo prazo (o caso da previdência) nas contas da governo, embora necessários poderão não ter a legitimidade de governo que daria crédito às medidas adotadas.
Hoje começa a segunda batalha, ou o 2º. ato do governo, considerando a nomeação dos ministros o primeiro ato, medidas duras são necessárias, mas há legitimidade e respeito popular para toma-las ? é uma preocupação, mas não há uma resposta certeira possível.
Vamos de crise em crise, qual é o fundo do posso, o que parece movê-las é o combustível da corrupção, neste caso este fogo da crise não se pode apaga-lo com mais gasolina, denuncias de pessoas de governo envolvidas em corrupção, neste caso o último ato possível é novas eleições, não consigo vislumbrar outro horizonte.
As FinTechs vem ai
Na definição da empresa de pesquisa Venture Scanner, são empresas novatas, feitas na sua grande maioria por jovens de no máximo 35 anos, e que fazem exatamente o que um banco faz, porém com uma estrutura bem mais enxuta (o que reduz os custos dos serviços).
Usando tecnologia de ponta, garante grande eficiência e usam alcance maior da internet, e já existem no mundo nada menos do que 1.406 fintechs, a maior parte delas com menos de seis anos, e um fato histórico importante é que foi depois da crise financeira mundial.
Usando tecnologia de ponta, garante grande eficiência e usam alcance maior da internet, e já existem no mundo nada menos do que 1.406 fintechs, a maior parte delas com menos de seis anos, e um fato histórico importante é que foi depois da crise financeira mundial.
Em 2014, essas fintechs já captavam US$ 29 bilhões com fundos de investimentos, com taxas muito menores, e o famoso JPMorgan, através de seu presidente Jamie Dimon afirmou aos seus acionistas: “O Vale do Silício está chegando”, eles estão “trazendo um monte de startups com cérebro e dinheiro para mudar a nossa indústria”.
Segundo o Goldman Sachs estima-se que US$ 4,7 trilhões em receitas dos bancos podem ir parar nas mãos dessas “intrusas”, maior que o PIB brasileiro, então um pais digital vem aí.
A tecnologia digital já chacoalhou a indústria da música, dos transportes e do cinema, e agora a emissão de cartões, empréstimos e contratação de seguros, é uma revolução sim.
A maior parte delas surgiu há seis anos, não por acaso, depois da crise financeira mundial na qual a JPMorgan foi um dos epicentros, nasceram estas fintechs, no Brasil já existem algumas empresas, os juros são bem melhores, mas é feita uma pesquisa detalhada do cliente.
A internet tá lenta, use um bot
AlekseyP é um um cliente de uma determinada operadora de internet,
que criou um bot (um software automático) que reclama toda vez que sua conexão fica abaixo dos 50 mbps, segundo um post feito por ele no Reddit.
Ele postou todo o código, para isto você cria um perfil na Comcast User e toda vez que a internet fica muito lenta ele envia uma série de reclamações que pergunta sobre a queda enorme da velocidade, ele afirma que aceita quedas eventuais e limitações, mas receber um sinal de um terço que ele paga não aceita.
É importante saber que todas as vees que houverem reclamações no bot, a própria conta da Comcast terá entrado em contto com o perfil, e pedirá mais informações sobre o caso, mas AlekseyP não o faz porque quer se destacar como o consumidor que só para receber a conexão desejada.
Se a moda pega no Brasil, as operadoras vão ficar paralisadas, mas somos pacientes …
Campus Party: sinta o futuro
Com a palestra Feel the future (sinta o futuro) o fundador do evento, o espanhol Paco Ragageles inciou o evento Campus Party Brasileiro “tentando falar em português”.
Ragageles terminou o evento falando de sua emprega que tem o nome do evento, é claro está se promovendo, falando que espera com “mil cérebros” associados a ela tentar desvendar os impactos da tecnologia no futuro.
O governador de Brasilia (DF), Rodrigo Rollemberg (PSB), anunciou a realização da 1ª edição do evento em Brasília, em 2017, também haviam representantes da prefeitura e governo de SP.
O evento não conta como se fosse um programa “cultural”, não conta com apoio da lei Rouanet, fato que foi comentado no evento tendo até uma carta aberta ao ministro Juca Ferreira, excluir a cultura digital é excluir uma parte da cultura, embora deva haver prioridade é claro, mas não é o caso para financiamentos milionários para outros eventos.
Entre os principais participantes estão Grant Imahara (hoje as 20 hs), engenheiro que participou do programa “MythBusters”, Daniel Matros, produtor da desenvolvedora de games Dice e a astrofísica brasileira Thaisa Bergmann, ganhadora de prêmio da Unesco.
O tradicional acampamento de barracas dos “campuseiros”, pessoas que dormem nos eventos está lá, e espera-se contar com 120 mil participantes, com 8 mil acampados.
Lixo eletrônico em Gana e Paquistão
Nos portos de Karashi, no Paquistão e também no subúrbio de Agbogbloshie, da capital do Acra de Gana, chegam toneladas de lixo eletrônico, sendo o de Gana já considerado o maior aterro eletrônico do mundo.
A chave do problema é o custo da reciclagem, enquanto enviar um monitor para Gana custa € 1,50 o mesmo monitor sem sair da Alemanha para ser reciclado lá custaria € 3,50.
O relatório ambiental da ONU de 2010, calculava naquele ano que 50 milhões de toneladas de lixo industrial são produzidas por ano, é claro que a curva deve ser ascendente ano a ano.
O relatório ambiental da ONU de 2010, calculava naquele ano que 50 milhões de toneladas de lixo industrial são produzidas por ano, é claro que a curva deve ser ascendente ano a ano.
O lixo eletrônico de Karashi vem de Dubai, recolhido vem dos Estados Unidos, Japão, Austrália, Inglaterra, Kuwait, Arábia Saudita, Singapura e Emirados Árabes.
Os containers dali vão dar emprego a mais de 20.000 pessoas que num bairro de Sher Shah, a cidade que recebe o lixão, mas sem nenhum cuidado com o meio ambiente e a saúde.
O lixo digital é uma indústria global em Gana, empregam cerca de 30.000 trabalhadores, gerando entre U$ 105 a U$ 268 milhões, mas o problema é que o rejeito sem uso é de 75%, e o emprego de mão de obra infantil pode chegar perto dos 40%, além dos efeitos para saúde.
Lá o lixo vem de Reino Unido, Holanda, Bélgica, Dinamarca e Holanda em um volume de 600 contêineres que chegam no porto de Tema, o maior de Gana.
De lá vão para o subúrbio de Acre, e em áreas de Agbogbloshie, a concentração de chumbo no solo chega a ser mil vezes a tolerada e substâncias como cádmio e mercúrio são encontradas também em alta concentração.
Sher Shah tem um alto índice de casos de câncer de pulmão e também tem os maiores índices de problemas respiratórios do país, devido a inalação de gases tóxicos, emitidos durante o processo de separação das peças que em geral é feito pela queima do lixo tecnológico.
Há uma Convenção da Basiléia de 1989, que trata sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigos e seu Depósito, mas nestes casos há um flagrante desrespeito às leis, à saúde humana e ao equilíbrio sustentável do planeta.
São Paulo pode parar ?
Lema de muitos prefeitos e de paulistanos durante centenas de anos ouviu-se: São Paulo não pode parar, também o poeta Mario de Andrade chamou-a de Paulicéia Desvairada.
São Paulo completa hoje 462 anos de existência, fundada em 1554 pelos jesuítas vindos de Portugal, a cidade se tornou o maior centro financeiro da América Latina, mas isto poderá parar ou mudar, tornando-a mais possível de ser humanizada e vivida ?
Seus números são exagerados, cerca de 12 milhões de habitantes sem contar as cidades vizinhas, mostram a sua dimensão: São Paulo é a cidade que produz o maior PIB do Brasil, tem uma malha metroviária pífia (se comparada a cidades do mesmo porte), um dos maiores engarrafamentos do mundo e taxas de homicídos que, apesar de estar em seu menor nível, ainda podem ser comparada a números de uma guerra civil.
As eternas inundações, problemas básicos de infraestrutura permanecem: água, saneamento, luz e mobilidade; e a apesar disto tudo o paulistano ama sua cidade e quer ocupa-la.
Resgato Mário de Andrade porque foi um intelectual avante do seu tempo ao discutir os efeitos da modernidade Brasileira, conforme afirma Alain Touraine: “a afirmação de que o progresso é o caminho para a abundância, a liberdade e a felicidade e que estes três objetivos estão fortemente ligados entre si, nada mais é que uma ideologia constantemente desmentida pela história (Touraine, 1999, p. 10).
Podemos, guiados pelo conceito de metáfora de Paul Ricoeur, olhar com uma visão mais estética e menos desenvolvimentista de São Paulo.
Paul Ricoeur partiu da noção de Aristóteles de metáfora e afirma que esta se refere a “um estado de alma” e que, portanto, seria centrípeta, assim parte de um real para um imaginário, que por sua vez recriaria poeticamente este real, este é o OCUPAR.
A função desta metáfora é redescrever a realidade, relacionando-a com uma função cultural e poética capaz de mudar o referencial ou duplicar a referencialidade (Ricoeur, 2000).
No sentido literal é recriar a realidade, inserindo nela o homem expulso, isto reconstrói o sentido e a re-humanizá-la, trazendo de volta uma referencia perdida: suas ruas, paisagens e histórias, fazendo o homem reviver e ocupar o espaço em que vive.
ANDRADE, Mário. Paulicéia Desvairada. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 1987.
RICOEUR, Paul. A metáfora Viva, trad. Dion Davi Macedo. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1999.