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A antropotécnica e a ascese desespiritualizada
Para definir sua antropotécnica, Sloterdijk vai estabelecer a relação das relações dentro das religiões atuais como os mais puros procedimentos antropotécnicos:
“Se reduzimos essas “religiões” às suas características essenciais, surgem três complexos básicos dos quais cada um tem uma relação clara com a dimensão antropotécnica. Primeiro, do lado dogmático: um clube de exercícios ilusionistas, rigidamente organizado, cujos membros no decorrer do tempo estão sendo impregnados com as concepções do milieu. Em seguida, do lado psicotécnico: um roteiro de treinamento para a exploração de todas as chances na luta de sobrevivência. Observamos, por fim, o topo do movimento; podemos ver tudo, mas nenhum “fundador de religião”: na nossa frente está um inescrupuloso, radicalmente irônico, flexível para todos os lados, business-trainer” (Sloterdijk, 2009, p. 168).
Vendo também a Scientologia e o movimento olímpico como religiões, ele usa o conceito de habitus, mas sem deixar de criticar o desenvolvimento feito tanto por Pierre Bourdieu como por Marx, resolvendo o problema de como a base ou a “infraestrutura” social se refletiria na “superestrutura” ou como a concepção geral da sociedade consegue penetrar o indivíduo de forma duradoura, eis o seu habitus feito como um procedimento antropotécnico.
Para atualizar e historicisar seu conceito ele recorre ao conceito de habitus em Tomás de Aquino e de hexis em Aristóteles, que “…descreve um processo aparentemente mecânico sob os aspectos da inércia da superação para explicar a encarnação do espiritual. Eles identificam o homem como aquele animal que pode o que deve, se alguém se importou em tempo com suas habilidades.” (idem, p. 289).
Segundo o autor ao apresentar sua própria teoria do desenvolvimento cultural, a própria humanidade, apesar do fato de encontrarmos costumes e tradições diferentes em cada momento da sua história, não seguiu o roteiro conservador da identidade, por isto esta questão é falsa, embora seja referencia para muitos autores contemporâneos.
A conclusão sobre esta ascese desespiritualizada é treinamento, deixar-se operar: deixar-se-informar, deixar-se-divertir, deixar-se-servir, deixar-se-curar, deixar-se-transportar, e se este é, para o autor, o ser-aí, sua contraposição não é a negatividade geral, mas deveria ser o epoché geral, o deixar-se esvaziar, pode haver o ser-aí-não-ser que poderia se complementar como onto-antropotécnica, a luz do habitus social, fazendo uma releitura das condições antropotécnicas atuais e capaz de criticá-las, seria um ser esvaziado total, um não-ser-aí que é também ser.
SLOTERDIJK, P. Du musst Dein Leben ändern. Über Antropotechnik. Frankfurt, Suhrkamp, 2009.
A crise e as cinzas
A crise econômica, política e social é mundial, mas a brasileira tem mais cara de quarta-feira de cinzas do que de carnaval, mas é possível sobre-viver nesta crise ?
Um livro sugestivo e profundo é o livro em parceria de Edgar Morin e Patrick Viveret: Como viver em tempo de crise? (Bertrand Brasil, 2013) que sugerem no livro “Arrisco a hipótese que talvez tenhamos chegado a um momento de ruptura” (pag. 22), mas qual ruptura ?
Relembra Ortega y Gasset “não sabemos o que acontece, e é justamente o que acontece”, diz isto sobre a dificuldade de se relacionar fatos, a revolução digital, o ressurgimento de nações (armênio, curdos, croatas entre muitos outros), o grande saltos dos tigres asiáticos, enfim uma gama grande de relações novas, e agora novas tensões e guerras na África.
Os pragmáticos, que desconhecem a complexidade, querem ser práticos, ignoram a teoria ou repetem apenas um único autor, a ilusão de uma teoria “universal”, o que precisamos afirma Morin e Viveret: “o presente, o real não é aquilo que parece estável … é preciso estar aberto para o incerto, para o inesperado.” (p. 25).
Mas indagam os autores: “qual seria então, a boa notícia? Uma conscientização da amplitude, da complexidade, dando conta de um novo começo. Estamos em um período de crise planetária e não sabemos o que sairá disso; aquilo que der conta da possibilidade de transcender esta crise será uma boa notícia.” (p. 27).
Viveret escreve no capítulo “O que faremos de nossas vidas”, afirmando que devemos sair positivamente preservando o melhor”, mas paradoxalmente “mantendo a lucidez de que nelas existe o pior” (p. 44), parece que não dá uma solução definitiva, mas podemos reencontrar o melhor das “sociedades e civilizações tradicionais”, sendo preciso conhecer estas civilizações.
Saliente o autor que é “preciso reapropriar-se democrática e semanticamente das palavras ´valor´e ´riqueza´cuja raiz reich (em alemão) remete ao poder criador.” (p. 60 e 61).
Relembra também Karl Polanyi, em seu livro “A grande transformação”, “analisa as economias de mercado, que são legítimas, para as sociedades de mercado, que são perigosas, ou seja, o momento em que a mercantilização invade o conjunto do universo social.” (p. 61).
O autor nos dá como remédio sair da dupla infernal “excitação/depressão”, para ir em direção a outra dupla: “intensidade/serenidade” (p. 76).
Finalizam o livro com a frase: “é preciso crescer em humanidade”, este é o desafio atual, para renascermos das cinzas.
A exclusão e os leprosos de hoje
Não é raro mesmo em lugares de relativa calma e bem estar social, que o homem se sinta incomodado e desalojado de tudo que vive e sente a sua volta: as famílias não são mais somente lugar de conforto, no Brasil os índices de violência doméstica assustam, até mesmo espaço de laser como campos de futebol e outros esportes se encontram brigas, corrupções e diversos tipos de violência, sem falar a sociedade em geral que vive taxas alarmantes.
Pensamos que o isolamento é a solução, quando não sozinhos também em grupos e muitas vezes em grandes grupos, também formamos nossas bolhas de “segurança”, não são mais espaços de conforto pois ele é quase inatingível, mas de segurança.
Alargando o conceito do individualismo para o de microesferas e esferas de Sloterdijk, o espeço que encontramos saindo do em si e caminhando para o de si não é suficiente, nele sentimos a ausência de algo essencial, se não podemos atingir a esfera espiritual, a qual chamo de noosfera (esfera do espírito), devemos entender os processos de exclusão das “bolhas”.
Primeiro porque são irreais nos dias de hoje, vivemos uma exposição ampla, Byung-Chul Han fala disco e no livro recentemente de Domenico de Mais (post da segunda-feira) também fala da “desorientação” social, e, portanto, não se trata de liquidez, mas de esferas fugazes e uma nova relação com a exclusão: as periferias existências e suas “bolhas” de segurança.
Não haverá solução se não houver um salto além do de si, é um além aquilo que foi mal definido na filosofia como um para si, embora aí também ocorra o perigo do fideismo e do subjetivismo, é nele que reencontramos as esferas abertas de nossos sonhos, de nossa poesia e de uma visão de mundo sem exclusão, o problema que Heidegger chamou de Weltanschauung.
Oscilando entre uma pieguice religiosa e um materialismo rasteiro pseudo-religioso, a visão de mundo necessária transformar-se numa visão de mundo sem exclusão deve superar preconceitos ideológicos, e tornar-se uma visão que todos possam fazer parte.
No tempo em que a hanseníase (a lepra) era o pior tipo de exclusão, e era inclusive consideradas um pagamento pelo “mal”, as palavras de Jesus podem resumir bem a exclusão daquele tempo em Marcos quando um leproso pede a ele de joelhos: “Se quiseres, podes purificar-me!” Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Quero. Seja purificado!” (Marcos 1,40-41).
As lepras hoje são muitas, olhemos a nossa volta e quanta gente excluída nas diversas bolhas que olham ao seu redor e dizem altivos: “não são nossa gente” pois estes “são impuros”.
Exclusão e choque imunológico
A ideia de Petr Sloterdijk que a história é “uma colisão de sistemas imunológicos”, poderia muito bem ser traduzida para ser entendida como o “choque de exclusões”, e a ideia que as pessoas que fazem isto são apenas as religiosas é falsa e ideológica.
Em entrevista e no diálogo feito nas Fronteiras do Pensamento, o filósofo afirmou: “Marx estava errado quando pretendia que toda crítica devia começar com a crítica da “religião”. A verdadeira crítica tem de começar pelos falsos conceitos. A ideia de que Deus queria destruir a humanidade no Dilúvio é uma expressão pesada de como as pessoas podem se sentir culpadas, mas é um conceito falso. A ideia de que as viúvas devem ser queimadas com seus maridos também é um falso conceito. Para colocar a questão paradoxalmente como ela é: [religião] não tem nada a ver com religião.”, veja no site Gauchazh.
A ideia que religião, no sentido filosófico e teológico, não tem nada a ver com religião, religação a Deus e aos nossos semelhantes é facilmente demonstrada bastando ler os teólogos que estão mais preocupados com uma religião “imune” (dos Outros, quem são os outros?) e menos com a inclusão de pessoas que são invisíveis para o mundo contemporâneo.
O filósofo que escreveu a “Crítica da Razão Cínica” em 1986, afirmou na referida entrevista, que esclarece muito o cenário político mundial: “Em nossos dias, a síndrome do cinismo como uma revolta agressiva contra a ideia de justiça, progresso e boa vontade está novamente alterando o campo partidário. Vejo muito poucos elementos “conservadores” nos novos movimentos de direita em todo o mundo, se por conservadorismo entendermos o justo sentimento pelos valores do passado. Percebo, em vez disso, muita raiva contra a civilização como tal e um ódio profundo contra as “elites” – sintomas que conhecemos muito bem das tentações totalitárias do século 20. Entre os intelectuais franceses tem havido, nos últimos meses, um debate significativo sobre a nova “desmoralização”.”
Além da exclusão imunológica, provemos em escala social uma “desmoralização”, a religião que inclui leprosos, viúvas, mulheres e pobres, nada tem a ver com a imunológica
Princesa Léia: de Volta para o Futuro
Eu sei, são dois filmes distintos, porém a Universidade Brigham Young (BYU) parece retornar ao caminho da transmissão e projeção de imagens holográficas 3D no ar.
“Nossa equipe tem como missão tornar realidade os hologramas em 3D das ficções científicas” disse Daniel Smalley, professor de engenharia computacional e informática, um especialista em holografia que publicou recentemente (25/01) um artigo na Revista Nature.
A técnica que desenvolveu baseia-se no fenômeno da fotoforese, na qual partículas suspensas em meio a um líquido gasoso (há experiências com gotículas de água que o obriga a serem aspiradas no ar), podendo ser as próprias partículas que estão no ar atmosférico, que precisam ser movimentadas por gradientes térmicos e que pode ser feito por raios laser, explica Smalley “essas telas são capazes de produzir imagens em um ´ar fino’ que são visíveis de qualquer direção e não estão sujeitas a recortes”, ou seja, é visto de qualquer posição do espectador.
O nome técnico deste efeito é mais precisamente: “photophoretic-trap volumetric display” (uma tradução pode ser ´display de projeção volumétrica por armadilha fotoforética´), e é superior a técnicas antigas que não conseguiram capturar a luz por meio do ar para criar um objeto virtual com a mesma noção de profundidade do objeto real.
Mas o mais espetacular é a possibilidade de projeção RGB (Red-Green-Blue, as três cores primárias que compostas foram o espectro visível pelo ser humano), como o ponto de luz é capaz de mover-se rapidamente e assim o ponto de luz produz a cor, a projeção dos rádios laser verde, vermelho e azul produzem o efeito visual da cor.
A imagem colorida em três dimensões volumétrica (3D), terão a resolução de 10-micrómetro (10^-6 do metro ou 10^-4 do centímetro), isto significa produzir 10 mil voxels (Pixels volumétricos) por centímetro ou um milhão por metro cúbico.
Em pouco tempo a comunicação mudou, em 10 anos falamos pela Web em interação visual, graças ao VoIP (voz sobre Internet), agora a interação volumétricas em hologramas, ou também, assistir imagens de objetos e pessoas a nossa volta que estão a milhares de quilômetros de distancias, ou simplesmente, em filmagens de outros tempos, estamos de volta ao futuro.
O mal metafísico-ontológico
Entendemos o mal como ausência do Bem ou sua fragilidade, e com isto superamos o maniqueísmo, entendemos de certa forma o mal moral como aquele que tem uma relação direta com o comportamento ético, e indiretamente com a religião e muita raramente com a história da filosofia, embora esta seja essencial para se entender o “mal moral”.
A ideia que desenvolveu-se durante vários aspectos analisando o Bem deste a antiguidade clássica, pode abordar o problema do mal metafísico-ontológico.
Agostinho de Hipona abordou o tema no livro I De libero arbítrio que Agostinho através de duas questões que está especificamente preocupado, a saber: Qual é a causa da prática do mal (malefacere)? E o que significa proceder mal?
Em outra obra de Agostinho (Cidade de Deus) ele afirma: “Todo movimento da alma tende ou na direção de um bem a ser adquirido ou conservado, ou para longe de um mal a se evitar ou descartar: o movimento livre da alma para adquirir ou evitar algo é a vontade”.
Este conceito é importante numa sociedade marcada pelo cansaço e pela ansiedade, uma vez que toda vontade deve ser satisfeita imediatamente, só para exemplificar, apesar da proibição é comum se ver pessoas que consomem imediatamente o produto que estão comprando em supermercados ou lojas de vendas.
É de certa forma, entre muitos outros, o chamado “mal estar da modernidade”, atinge o ser humano no mais íntimo do sentido da vida, não apenas o social, mas chegando ao social.
Em confissões ele afirma: “O mal não é somente uma privação, é uma privação que reside num bem como em seu sujeito”, ou seja, uma relação direta entre objeto e sujeito, dito de outra forma: “o objeto do desejo” uma vez que a vontade é humana.
Assim, somos levados a fazer um raciocínio de Agostinho, a vontade livre é caracterizada como um bem mediano cuja natureza é boa, mas cujo efeito pode ser mal ou bom, de acordo com a maneira pela qual o homem a usa, assim o mal não reside no objeto, mas no seu uso.
Assim o mal metafísico-ontológico, que já estava presente nos escritos de Agostinho, refere-se a contingência e a finitude humana, a imperfeição e a falta de harmonia no ambiente que temos a nossa vontade, desde o contexto história até o humano-existencial.
O bem entre Platão e Aristóteles
A razão que deste tema da antiguidade clássica para a contemporaneidade é o reconhecimento, para diversas interpretações da prática do dia-a-dia para a mais alta teorização que ainda nosso pensamento está intrincado desta ideia de bem.
Hans-Georg Gadamer em seu livro “A ideia do bem entre Platão e Aristóteles” (2009) desmonta desde o início do texto “as comparações ideais e ingênuas, tal como “Platão, o idealista”, ‘Aristóteles, o realista’ “ (pag. 2) e afirma que este é o testemunho da parcialidade “no campo da consciência idealista.” (idem).
Demonstra isto com a interpretação neokantiana de Platão feita por Paul Natorp ao fazer a aproximação de Platão e Galileu, onde interpretou “a ideia” como “a lei natural”, e que fora alertado pela ruptura de Nicolai Hartmann com este tipo de idealismo, e foi o que fez inúmeros autores (Robin, Taylor, Ross, Hardie e Hicks) que mostraram a unidade da filosofia do Lógos com toda “a conceptualidade do pensamento ocidental” (pag. 3).
Reconhece que o conhecimento que goza de amplo reconhecimento é a tekhné, enquanto o conhecimento que é mais importante para o homem: “sobre o Bem parece de outro tipo, diferente de todo o conhecimento conhecido …” (pag. 25) então este tipo é ainda muito mais importante para nossos dias, como mostra a “banalidade do mal” de Hanna Arendt ou a “fragilidade do bem” de Martha Nussbaum, o tema está de volta.
Como isto pode ser dito de modo mais direto: corrupção, violência, terrorismo , fome e diversos tipos de intolerância demonstram a nossa ignorância ainda hoje sobre o tema.
Em densa e complexa análise, Gadamer mostra o fundamento ocidental deste tema,
Destaca o autor, a partir da República de Platão, que o mundo idealizado do Estado pelos autores da Antiguidade Clássica, pensavam que esta ideia de Estado ia harmonizar a sociedade,
Platão em vida observou a corrupção da polis grega, Gadamer cita sua Sétima Carta da República: “a não ser que ocorresse uma reforma de dimensões incríveis” (p. 70),
Fica a pergunta de Leo Strauss e Allan Bloom, citados por Gadamer: “Intenciona Platão nada mais a não ser caracterizar o conflito entre theoría e política?” (p. 72), a resposta de Gadamer caminhará (de modo complexo) para uma areté coletiva, bem ao gosto de seu círculo hermenêutico, mas pensamos que uma verdadeira ideia do “Bem comum” ainda precisa ser explicitada com uma reforma de “incríveis dimensões”.
GADAMER, H.G. O bem entre Platão e Aristóteles. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
Ainda sobre o mal
Não completamos o nosso raciocínio sobre o mal, duas análises ainda podem ser feitas, e se desejamos comentar Kant três análises: Kant, Paul Ricoeur e Gadamer.
Serei breve com Kant (1724-1804), embora seja necessária uma análise mais profunda indo até Hegel, o ponto central de seu pensamento nesta questão, é que o mal quanto à origem é insondável, mas para ele existe o “conceito” (idealista claro) de mal radical, e assim seria a escolha entre uma máxima boa ou má, a partir do qual todas as outras derivam.
Paul Ricoeur afirma que ele (Kant) explica a liberdade pelo mal e o mal pela liberdade, num raciocínio tautológico portanto, Ricoeur vai procurar em fonte originárias, ou seja, o resgate do conceito de mal deve vir fundamentado em fontes originárias, a partir delas encontramos a origem existencial do mal, e assim ela está nos símbolos e nos mitos.
Interessa-nos por questão de colocar a técnica e tecnologia (estudo e desenvolvimento da técnica) em questão, analisar os passos originários antropológicos, por isso a questão que os grupos nômades de 200 mil anos atrás de homo sapiens fazem migração e incursões em novos territórios em grupos é significado, porque revela intensão de expansão e de “ocupação”.
De forma embrionário este raciocínio está escrito também em Paul Ricouer, o autor fala da influência em seu pensamento de Jean Nabert da frase lapidar de Spinoza “desejo de ser e esforço para existir”, e que exerceu influência decisiva no pensamento de Ricoeur (RICOEUR, 1995, p. 23)
Ricoeur chama de “pequena ética” sua visão do mal como aquela que o sujeito se descobre envolvido, está com um mal-ser, um mal-substância, um mal-fazer que resulta do uso de modo equivocado de sua liberdade, ainda há nele um resto de maniqueísmo.
Só daí que ele vai para o mal simbólico (nome de sua obra principal no tema), num caminho do simbólico ao mitológico, e daí para os textos, implica no conceito de mal ligado a cultura.
Ainda que não sejam conclusivos, são raciocínios importantes para se entender o que a cultura contemporânea chama de “mal”.
RICOEUR, P. Da Metafísica á Moral. Trad.: Sílvia Menezes. Lisboa – Portugal: Instituto Piaget, 1995.
Novas descobertas do homo sapiens
Em estudo publicado nesta quinta-feira (25/01) pela revista Science, numa caverna africana chamada Misliya, foram encontrados fragmentos faciais com a mandíbula e vários dentes pelos quais se pode fazer a datação com cerca de 200 mil anos, o homo sapiens é mais velho do que nós pensávamos, e então migrou da África para o continente asiático passando pelo Oriente Médio.
Foram encontrados no sítio arqueológico Caverna Misliya (próxima a Israel), localizada no Monte Carmel, os ossos têm entre 177 mil e 194 mil anos.
O coautor do estudo Rolf Quan, afirmou à revista: “é uma descoberta emocionante, ele fornece a clara evidência que nossos ancestrais migraram da África muito antes do que acreditávamos”.
O fóssil que foi chamado de Mislya-1 possui dentes como os humanos modernos, além de mostrar características da espécie humana, e outras evidenciam mostraram que caçavam animais grandes e já usavam o fogo, ferramentas de pedra e lâminas sofisticadas para a época foram encontradas também no local.
Recentemente outros fósseis de cerca de 300 mil anos foram encontrados no Marrocos, e depois em Israel, que já eram luzes sobre esta imigração, e isto reforçou a idéia que traçaram uma rota ao longo do vale do Nilo (a necessidade da água) e não por uma rota através do estreito Bab al-Mandeb, costa da Arábia Saudita, indo depois ao lesta da Ásia e ao subcontinente indiano, afirmou outro coautor Israel Hershkobitz, da Universidade de Tel Aviv.
Os humanos de Misliya eram nômades e migravam pela região no decorrer das estações do ano em busca de alimentos e buscavam cavernas para se abrigarem.
Oscar 2018 e estréias
Estava pronto para nem comentar o Oscar, mas para minha surpresa o filme The Post – A Guerra Secreta, dirigido por Steven Spielberg aparece entre os indicas, com Meryl Streep (candidata a melhor atriz) e participação de Tom Hanks, conta a história real sobre a guerra do Vietnã e os bastidores do jornal The Washington Post, em 1971, que chega as telonas nesta quinta-feira em muitos cinemas nacionais.
Outras duas estréias com indicados ao Oscar 2018 foram Artista do Desastre e Visages, Villages que também são estreias no cinema nacional e valem a pena serem assistidos.
Outras surpresas boas foram às indicações dos filmes: “Blade Runner 2049” para direção de arte, fotografia, efeitos especiais, edição de som e mixagem de som, assim como o diretor Jordan Peele, por “Corra!” que é indicado também para melhor filme.
Também foi surpresa a atriz Mary J. Blige é a primeira indicação em um ano em duas categorias: melhor atriz coadjuvante e melhor canção original em “Mudbound”
Decepções 13 indicações para “A Forma da Água”, a fantasia romântica dirigida pelo mexicano Guillermo del Toro, parece muito exagerada, e a omissão do filme O Rei do show, que teve várias indicações ao Globo de Ouro, ganhou apenas melhor música “This is me”.
Surpreendentes as indicações de “Dunkirk”, do britânico Christopher Nolan (oito indicações), e a produção independente “Três Anúncios para um Crime” (com sete).
“O Destino de uma Nação”, filme politico centrado na figura de Winston Churchill, obteve seis indicações, mesmo número do drama “Trama Fantasma”, justas, mas exageradas.