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Vidas ignoradas e abandonadas

08 abr

A ideia que existem vidas desperdiçadas, presente em muitos discursos da Modernidade Tardia que querem ser pós-modernos,Brasiliana escondem a ideia que houve um tempo em que houve uma “boa sociedade” que disponibilizaria emprego para todos, e não haveria uma fila de espera de desempregados, afirma Bauman um destes autores, textualmente: “Os desempregados da sociedade de produtores (incluindo aqueles temporariamente afastados da linha de produção) podem ter sido desgraçados e miseráveis, mas seu lugar na sociedade era seguro e questionável” (p. 22).

Custo a acreditar que o autor da liquidez tenha tantos leitores e seguidores, diz ele que este “refugo” ou “dejetos humanos” sejam tratados como condição humana e não como uma falta de humanidade de setores bem determinados da sociedade.

Depois aquilo que ele caracteriza como “medo do outro” ou “O medo cósmico é também o horror do desconhecido, o terror da incerteza” (pag. 61) são leituras negativas de um momento justamente que ocorre esta inversão, o Outro e o Infinito do filósofo Lévinas são uma das várias referencias desta mesma questão, mas com uma leitura positiva.

O que assusta muitas consciências líquidas da modernidade tardia, é que a multidão de pessoas emponderadas (empowerment) que compartilham e constroem conteúdos e não só os doutos senhores que apesar de toda erudição não conseguem mergulhar nos reais problemas da pós-modernidade, e entre eles, as pessoas simples da multidão, e as pessoas abandonadas pela sociedade, condenadas a um futuro incerto como os jovens e a uma dignidade abandonada, no caso dos velhos.

É cada vez mais comum, em especial em países em crise, que aposentadorias sejam retardadas ou depreciadas em seus valores, excluindo uma parcela significativa da sociedade.

Sob um discurso assistencialista e piedoso se escondem muitas vezes o desprezo pelas pessoas de funções humildes: garis, faxineiras, porteiros e demais funcionários serviçais.

O último capítulo do livro de Bauman é intitulado “A cultura do lixo”, diz que a eternidade e o eterno retorno novamente numa leitura negativa são culpados: “Na infinitude tudo é reciclado sem parar, como na ideia hindu do eterno retorno e encarnação” (p. 118),  e mais ainda faz uma leitura enganosa do final da idade média: “Se a vida pré-moderna era uma recitação diária da duração infinitiva de todas as coisas, com exceção da existência mortal, a vida líquido-moderna é uma recitação diária da transitoriedade universal” (p. 120).

Sem alternativas concretas a não ser sua saudade da modernidade, o autor convida a uma “cultura da eternidade”, o seu negativismo chega ao limite ao afirmar: “vivemos na era do desengajamento, da desconfiança, do esquecimento” (p. 135) nada menos eterno.

Imitando um dito do Facebook, não basta ser doutor e não cumprimentar seu porteiro, acrescento: pergunte seu nome e se interesse por sua vida, estabeleça com ele uma verdadeira relação.

BAUMAN, Z. Vidas desperdiçadas, São Paulo: Zahar, 2005.

 

Outra visão da formação do Estado Brasileiro

07 abr

Caio Prado Júnior, escreveu em 1942  Formação do Brasil Contemporâneo  que é um livro em torno dosFormaçãoEstadoBrasileiro três séculos do Brasil colônia, para ele o país foi estruturado como país colônia “para fornecer tabaco, açúcar, alguns outros gêneros; mais tarde, ouros e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu”, revelando apenas a face econômica.

Em sua obra o balanço do país é negativo nesta etapa de colônia, afirma que: “exploração extensiva e simplesmente especuladora, instável no tempo e no espaço, dos recursos naturais do país”, fez o país permanecer atrasado e com bases fundiárias muito fortes.

Em sua “redescoberta do Brasil” seria uma maneira mais radical do que a de Gilberto Freyre e a de Sérgio Buarque de Holanda, pois numa visão maniqueísta estaria ao lado do “Bem” junto a Sergio Buarque de Holanda enquanto Gilberto Freyre representaria o “Mal”, numa análise comparativa feita por muitos historiadores paulistas.

Caio Prado vai sempre se perguntar pelo “sentido da história brasileira”, entendendo como “sentido” a história de um povo analisada num processo de longa duração observando-se os elementos essenciais, os que direcionam os acontecimentos gerais, entre os existentes.

O seu legado político é mais amplo do que sua obra, segundo diversos historiadores, os quais ressaltam que o autor é muitas vezes criticado por ser economicista e censurado por não utilizar fontes primárias.

Penso que nenhuma das obras devem ser suprimidas para uma análise mais ampla das origens do estado brasileiro, e junto com Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro completam autores que fazem uma leitura ampla das origens do pensamento brasileiro.

 

Estamento, corrupção e política

06 abr

A estrutura de classes, em países onde houve um capitalismo fértil e duradouro, quase sempre com todasPatrimonialismo as contradições que lhes são inerentes: exploração, consumo, variações de preços e crises cíclicas, acabaram por desenvolver estruturas onde o estado intervém como mediador de conflitos e permite certas regalias em tempos de expansão econômica, mas onde a corrupção não é tolerada.

As estruturas herdadas em países saxões nas Américas diferem profundamente da estrutura de colonizações ibéricas que envolvem toda a América Latina, Max Weber analisou isto, explicando que esta se constitui numa teia de relacionamentos em determinado poder que influi em algum campo determinado de atividade, isto não é novo e tem origens históricas.

Nas palavras de Raimundo Faoro: “O estamento burocrático comanda o ramo civil e militar da administração e, dessa base, com aparelhamento próprio, invade e dirige a esfera econômica, política e financeira. No campo econômico, as medidas postas em prática, que ultrapassam a regulamentação formal da ideologia liberal, alcançam desde as prescrições financeiras e monetárias até a gestão direta das empresas, passando pelo regime das concessões estatais e das ordenações sobre o trabalho. Atuar diretamente ou mediante incentivos serão técnicas desenvolvidas dentro de um só escopo. Nas suas relações com a sociedade, o estamento diretor provê acerca das oportunidades de ascensão política, ora dispensando prestígio, ora reprimindo transtornos sediciosos, que buscam romper o esquema de controle”, na obra de Raymundo Faoro “Os donos do poder” (2ª. Edição é de 1973, editora Globo), que explica muito a realidade brasileira.

A concepção de Estado patrimonialista, é aquela em que a propriedade individual é concebida pelo estado, chamada por Faoro de “sobrepropriedade” da coroa aos seus súditos e também o Estado sendo redigido por um soberano e seus funcionários.

Estes setores, predominantemente de classe média que vão ocupar altos cargos em estatais, concessões, bancos (em vias de privatizações) quase sempre ligados ao poder político, acabam constituindo uma rede de favores que por fim orienta o poder político.

O fato novo no Brasil, junto com a classe C cuja sustentabilidade é duvidosa, pois parte dela é financiada por cartões de créditos, também empresas e setores estatais tiveram um inchaço devido a um grande plano de obras públicas, mas com poder de fogo limitado, e agora já em cortes cada vez mais profundos para reduzir o déficit público.

Se é verdade que a corrupção está nos estamentos, funcionários e servidores públicos, e de  empresas estatais, também é verdade que há uma conexão bastante forte com setores políticos e sem a eliminação deste poder não adianta estabelecer regras, os corruptos são justamente aquelas pessoas que não querem cumprir as regras, ou relativizam estas.

 

Raízes do Brasil: o homem cordial e o patrimonialismo

05 abr

Quando foi escrito na década de 30, Raízes do Brasil, se inseria  no contexto de questões que mobilizaram a RaizesDoBrasilintelectualidade dos anos 30, e tinha como objetivo entender a “cultura” brasileira, e com a nascente urbanização que criava um “desequilíbrio social, cujos efeitos permanecem vivos ainda hoje” (Holanda, 1930, p. 175) e criou que no século XXI ainda.

Sérgio Buarque de Holanda desenvolve dois conceitos novos o patrimonialismo tomado de Max Weber, caracterizado para elucidar o problema sociológico a partir do que chama de “homem cordial”, expressão tomada de Rui Ribeiro Couto,  um diplomata, poeta, contista, romancista, magistrado e jornalista, nascido em Santos, em 1898.

Ao contrário do que pensa parte da historiografia brasileira, Holanda desmascara a apenas aparente sociabilidade, ele mostra que esta mentalidade “cordial” impõe ao indivíduo mas não exerce um efeito positivo a ideia de uma estruturação a ordem coletiva, e também de um saber aparente que encobre a falta de capacidade quando aplicada ao objetivo exterior.

Tal é a formação dos bacharéis no Brasil, poderíamos dizer não raramente relacionados a formas grotestas de exibicionismo, improvisação e falta de aplicação de discursos vazios, mas cheios de pompa, pode-se dizer de certa forma tendo origem no positivismo brasileiro, tão claramente expresso na Bandeira nacional “ordem e progresso”, vindas das reformas pombalinas portuguesas, com a ideia de expulsar os jesuítas, mas introduzindo o positivismo.

O patrimonialismo de Buarque de Holanda, é tão atual quanto a discussão do público e privado, esclarece ele: “ eles se caracterizam justamente pelo que separa o funcionário ‘patrimonial’, a própria gestão política apresenta-se como assunto de seu interesse particular; as funções, os empregos e os benefícios que deles aufere relacionam-se a direitos pessoais do funcionário e não a interesses objetivos, como sucede no verdadeiro Estado burocrático … “ (pag. 175).

Como se escreve para os dias de hoje, ele afirma; “ao longo da história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente propício nos círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal” (pags. 175-176).

Desta relação mentirosa de puro interesse decorre o “homem cordial”, pois “a vida em sociedade é, de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre si próprio em todas as circunstâncias da existência” (pag. 177) e não se trata de individualismo ou falta de sociabilidade, mas de sociabilidade falsa.

Justamente esta ausência de uma verdadeira sociabilidade fará o brasileiro vestir, isto está também em Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre, “a manifestação normal do respeito em outros povos tem aqui sua réplica, em rega geral, ao desejo de estabelecer intimidade” (p. 177), mas uma verdadeira sociabilidade e respeito mútuo externo são sempre difíceis.

Há quem faça a análise deste ‘homem cordial’ do patrimonialismo, do falso intimismo e do falso coletivismo como algo superado, olhe a realidade brasileira e verá que está aí.

 

Para onde vai a Europa

04 abr

Se Páscoa é passagem, é difícil imaginar para onde vai o mundo sem imaginar para onde vai a Europa, ainda que o OrienteNewEurope e o Oriente Médio não sejam mais expressão do colonialismo Europeu, foi na Europa que nasceu o Estado Moderno e sua democracia e lá também germinou a revolução industrial e o liberalismo, mas em tempos digitais ela ainda é o centro?

Pego dois expoentes do pensamento europeu, porque penso que é preciso ser europeu para entender a própria crise, Peter Sloterdijk que escreveu “Se a Europa despertar” (São Paulo: Estação Liberdade, 2002) e Edgar Morin “Cultura e Barbárie Europeias” (Lisboa: Instituto Piaget, 2005), um alemão e um francês, a Europa me parece bem representada.

Tomo-os e não outros, porque são ao meu ver realmente pós-modernos, ou seja, há uma crítica a modernidade rediscutindo o papel do Estado Iluminista, do pensamento idealista- liberal e finalmente e principalmente, do colonialismo e neocolonialismo europeu.

Morin ao analisar a emergência do totalitarismo na Europa o vê como “fora de todas as previsões … fruto de um processo histórico saído do desastre que foi a Primeira Guerra Mundial … que foi um desencadear de barbárie assassina e ao mesmo tempo um ato suicidário para a Europa” (Morin, p. 51), enquanto Sloterdijk afirma: “a maioria dos estadistas europeus, de Felippe II a Churchill, compreenderia o significado da imagem alegórica do século XVII que retrata o imperador Carlos V como Atlas: sobre os ombros do imperador repousa um globo cingido por uma guirlanda com o dístico O quam grave onus (como um fardo pedado)“ (Sloterdijk, 2002, p. 14).

É o resultado de uma mentalidade colonialista, expressa em Morin assim: “Esta barbárie colonialista, de uma excessiva brutalidade, continuará a manifestar-se em França em pleno século XX, como é testemunha o massacre de Sétif, cometido no próprio dia do fim da segunda Guerra, a 8 de Maio de 1945, e as inúmeras exacções durante a guerra da Argélia” (Morin, 2002, p. 26).

Por fim a crise do pensamento expressa em Sloterdijk com o tripé: absurdo, frivolidade e letargia, absurdo das duas guerras, a letargia do discurso do “retorna da Europa” no pós-guerra com “características psicopolíticas e culturais” e a letargia do consumidor do final do século XX, e frívolo “é aquele que sem fundamento sério na natureza das coisas, deve decidir- se por isto ou aquilo: é o verde-claro e não o carmesim, o teriyaki de salmão e não o carrémouton, … etc” (Sloterdijk, 2002, p. 27), enfim conotações de um vazio existencial típicas de uma crise cultural.

As ideias de Morin são bem conhecidas e já expressas aqui como no post recente dos saberes necessários para o futuro, assim como sua saída para esta crise a “ideia-chave diz respeito ao processo que chamo a era planetária” (Morin, 2005, p. 40).

Somente nesta perspectiva planetária, sem neocolonialismo e solidária com a humanidade, a Europa poderá encontrar seu destino unida a todos povos.

 

A paixão de Cristo para ateus

03 abr

Li e depois reli, sempre com algum preconceito, o livro de Nietzsche “O anticristo”, na primeira leitura era materialista e PaixaoCristo
fazia a leitura de Nietzsche como “irracionalismo”, e recentemente como cristão porque seria apologia ao maior “inimigo” da salvação humana.

Deveria ter lido primeiro “O Nascimento da Tragédia ou helenismo e pessimismo”, mas na verdade perdi o preconceito quando conheci Oswaldo Giacóia Jr e ele me explicou a vida de Nietzsche, em especial, de seu pai pastor luterano e sua mãe pietista, isto explica muita coisa.

Pode ser pretensioso, mas penso que se pode lê-lo a partir do estético, uma vez que afirma: ”Só como fenômeno estético, podem a existência e o mundo justificar-se eternamente.” (NIETZSCHE, 1992, p. 47) e esta talvez seja uma parte essencial do seu pensamento e lembro aqui o escritor Victor Hugo: “A arte salvará o mundo”, veja o que pensa da tragédia grega.

O que isto tem a ver com a paixão de Cristo, é sua análise do papel do “coro” na tragédia, e diz que o problema torna-se grave em Eurípides ao excluir o coro, destrói a tragédia e ao fazer intervir a razão, elimina uma de suas peças tudo que não seja encontrado na vida, mas existe o coro.  Foi assim que muitos o entenderam como “irracionalista”, mas a razão está em xeque.

Mas ao eliminar completamente o coro, Eurípides não considerou a função cognitiva, qual seja, aquela de saber o que o herói estava pensando e assim por ele, mas eliminou a própria a informação era transmitida ao público. Jacques Rancière apronfundou isto em “A emancipação do espectador”, ou poderíamos dizer a sua reintrodução do coro.

É o coro e não o confidente (Nietszche cita o exemplo da dama de companhia), a quem o herói trágico se revela, de maneira verossímil, seus medos e aspirações mais íntimas.

Cristo chama de maneira íntima em várias passagens Deus de pai, chama o  pai de Abba que seria papai ou papaizinho, em sua oração ensinada ao “coro” ele cria o Pai Nosso.

No entanto na crucificação ele se distancia de Deus e se aproxima do coro humano e diz: “Meu Deus, Meus Deus, porque me abandonastes”, é o seu abandono ao Homem e a sua condição.

É a tragédia da crucificação de Cristo que invoca o coro da humanidade, aqui Ele é só O homem em toda sua condição.

NIETZSCHE, F. O Nascimento da Tragédia ou helenismo e pessimismo. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2001.

 

Banquetes, diálogos, memória e amor

02 abr

Não só na liturgia cristã, mas em toda a filosofia e literatura a mesa de refeições tem um significado forte quando UltimaCeiaAmorse fala das relações e diálogos entre os seus comensais.

O Banquete de Platão junto com Fedro, os dois diálogos de Platão que tem como tema principal o Amor, no Banquete Platão ele discursa sobre a natureza e as qualidades do amor, mas está basicamente preocupado com as questões que envolvem a Cidade e os filósofos.

Na última ceia de Jesus (pintura de Da Vinci), após inúmeros diálogos, alguns feitos com base em parábolas, a parábola dos talentos, de Lázaro e o rico, do operário da última hora, do administrador esperto e tantas outras, ele realiza o diálogo com seus apóstolos e os prepara para deixar a sua memória, mas qual seria o verdadeiro memorial de Jesus.

Ele é explícito na última ceia, era comum lavar as mãos e os pés nas ceias, e Jesus começa com um gesto inusitado, geralmente os escravos lavavam os pés, e Jesus vai ele mesmo fazer este gesto, tentando ensinar a humildade e o serviço aos seus discípulos.

Depois durante a ceia, que era a ceia Pascal dos judeus, que a fazem na sexta feia, Jesus a fez na quinta-feira porque o cordeiro que deveria ser Imolado (morto) na sexta-feira será ele mesmo, e aí faz um segundo gesto inusitado, na ceia judaica há o cálice de Elias que fica sempre a parte, e Jesus tomando este cálice (em geral há cálices individuais) o usará, indicando que é Ele aquele que Elias havia anunciado que viria, toma dele e o dá aos seus amigos, para que tomem junto com o pão já repartido, o pão na ceia judaica está escondido e deve ser encontrado, e aí ele dirá qual é o seu memorial:

Na carta de Paulo aos Coríntios, Jesus afirma “Fazei isto em minha memória”.(1Cor, 11, 24) e completará: “Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha” (1Cor,11, 26).

Jesus está falando da sua morte que é o ápice do seu Amor, dar a vida pela humanidade, que deverá acontecer nas próximas horas quando será entregue aos seus carrascos.

Assisti Alice para Sempre, que conta a história de uma professora com um precoce mal de Alzheimer que se prepara para a perda de memória e para a morte, a atriz Julianne Moore ganhou o Oscar de melhor atriz, e o diretor do filme,  Richard Glatzer, morreu dia 11 de março de esclerose lateral amiotrófica, há portanto duas lições de vida no filme.

Há na literatura muitos enredos que se passam ao redor da mesa, um recente é o romance “O jantar”, do escritor holandês Herman Koch, um dos maiores best-sellers da Europa de 2012 com mais de 1 milhão de exemplares vendidos e que vai agora para o cinema.

 

O Mistério Pascal e a existência de Deus

01 abr

Assim como a partícula de Higgs explica através da Teoria Física Padrão, mas válida apenas 4% de todo universo Pascoachamado bariônico (a energia e massa de partículas e subpartículas) e agora tentam desvendam o mistério dos outros 96% de massa e energia escura através de um novo experimento que pode entender os buracos negros e o universo paralelo (nosso post anterior), ainda duas perguntas metafísicas permanece: de onde veio o universo ? Deus existe ?

As pesquisas do Colisor de Hádrons sobre as partículas e o universo paralelo tenta responder a primeira de modo apenas físico, mas poderia o universo foi criado em qual princípio.

Mas que resposta o universo pode nos dar sobre Deus, se seu início for explicado e desvelado.

Há duas tentativas de respostas, chamadas pela ciência de hipóteses, uma delas explica que haveria uma sintonia fina, uma acaso tão improvável de combinações matemáticas, que só a existência de uma inteligência superior explicaria estas combinações, Francis S. Collins que foi diretor do Projeto Genoma Humano e é diretor do Instituto Nacional de Saúde (NIH), órgão americano de pesquisa em Saúde formulou esta hipótese.

Para Collins: “A sintonia final não é acidental. Ela reflete a ação de algo que criou o universo”.

Já para o físico ateu Victor Stenger, professor do Havaí e autor de “God: The failed Hypothesis” (Deus: uma hipótese fracassada, sem tradução no Brasil) descarta a hipótese da sintonia fina.

Para ele o universo não foi sintonizado para nós, nós é que fomos adaptados às condições dele, e cita hipóteses antigas que foram refutadas: “Até o século 20, acreditava-se que a matéria não poderia ser criada nem destruída, só transformada de um tipo para outro”, assim se é impossível criar matéria, a própria existência seria um milagre, Einstein provou que pode ser criada a partir da energia, e a física provou que pode ser transportada algo parecido ao tele transporte da ficção científica, e também a Nasa procura vida em outros planetas.

De fato provar que ele existe ou inexiste continua sendo mistério como o mistério da vida e mais ainda o mistério da morte, e é justamente nesta passagem morte-vida que está a Páscoa.

A Páscoa, que é continuidade cristã da festa judaica em que celebram a passagem da vida no Egito de escravos para a Terra prometida, é para os cristãos a passagem da morte para a vida.

 

Facebook e a Europa: adesões e críticas

31 mar

O número de adesões é crescente no Facebook, mas as críticas e preocupações com privacidade e direitos das pessoas CrescimentoInternettambém está em plena evolução na Europa, onde o número de adesões não é tão grande quanto nas Américas, Asia e até mesmo africana que tem o maior crescimento em número de adesões na internet conforme o site Internet World Stats.

Mas ainda as reações são de diversos tipos, a Comissão Européia recomendou as cidadãos que não querem ter seus dados pessoas nas mãos dos serviços de segurança dos Estados Unidos, devem evitar várias mídias de redes entre elas o Facebook, segundo o jornal “The Guardian” em publicação da última quinta feira, 26 de março.

A sugestão, segundo o diário inglês, foi feita pelo advogado da Comissão Bernhard Schima, ao promotor Yves Bot, durante uma audição de um caso em que se verificação o nível de privacidade na rede social.

Schima tratava de um acordo entre a União Européia e os EUA para troca dos dados pessoais entre as duas regiões, processo chamado de Safe Harbour, o que acontece na realidade é que estados tem interesse em controlar as informações dos cidadãos e isto ainda é complicado.

A discussão foi levantada pelo ativista Max Schrems, que milita pelo direito à privacidade, para ele não é incompatível a exposição na internet e a privacidade, e os governos podem cuidar disto se tiverem interesse, e ele questiona se é seguro enviar informações aos EUA depois do caso Edward Snowden, devido ao monitoramento cibernético feito pelo governo americano.

A discussão é fundamental e está longe de terminar, falta o lado dos cidadãos.

 

Depois da partícula de Higgs, o universo paralelo

30 mar

O colisor de Hádrons (LHC – Large Hadron Collider), equipamento gigantesco que acelera partículas num túnel de 27 km de UniversoParalelodiâmetro entre as fronteiras da França e Suiça, fez a experiência inédita que detectou a partícula de Higgs, necessária para consolidar a teoria da física Padrão, que unificou as teorias: quântica, eletrônica, fotônica, eletromagnética e gravitacional, em uma única teoria.

Agora querem fazer um experimento que comprove a existência de universos paralelos, e que nós viveríamos imersos em 11 dimensões (veja a figura) e não as quatro que conhecemos (altura, largura, profundidade e tempo),  elas estão na chamada “teoria das cordas”.

A teoria das cordas foi o modelo inventado justamente para explicar o movimento dos Hádrons,  que seriam blocos elementares de tudo que existe, inicialmente o modelo proposto foi o do polaco Theodor Kaluza em 1919, partiu das equações de Einstein e, desprezando as massas e expandindo o problema a cinco dimensões (quatro espaciais e uma temporal), mostrou a unificação dos campos gravitacional e electromagnético.

Mas ficou faltando as partículas chamadas da gravidade, dimensão forte e fraca, em 1980, Michael Green e John Schwarz ligaram a teoria das cordas e a Mecânica Quântica, criando a Teoria das Supercordas,  que procura abrange todas forças da matéria existente, incluindo a força gravitacional fraca aquela que explica o decaimento radiativo (chamada de radiação) e a gravitacional forte,  que explica fenômenos a curta distância do núcleo atômica (a fusão nuclear por exemplo).

Para isto o Colisor de Hádrons deve dobrar sua quantidade de energia, tornando possível que sejam gerados micro-buracos negros, algo que impossível nos últimos anteriores.

Este estudo visa visualizar a teoria da gravidade arco íris, que tornaria possível duplicar as dimensões no tempo-espaço, e a gravidade “filtrada” para outras dimensões mais altas, separaria as cores de frequências diferentes, chegando a formar um buraco negro.

Na primavera do hemisfério norte (início do inverno no hemisférico sul),  o LHC está sendo preparado para tentar criar micro-buracos negros para observar estes fenômenos.