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Teofania existiu, existe ?

03 ago

Quando temos uma clarificação ou um insight, podemos dizer que há uma re-velação, algo novo desponta, mas não temos ainda uma ideia finalista ou total sobre determinado mistério, então é velado de novo.

Não se pode confundir com sentimentalismo ou mesmo uma fortíssima emoção, ela pode ser re-veladora (no sentido de velar de novo) porém as consequências e o fim último daquela emoção vão depender de outras novas re-velações, pois são só afetos e emoções temporais.

Desvelar é algo bem mais profundo, significa tirar o véu, a própria ciência tem uma evolução ao longo da história, as chamadas “estruturas da revolução científica” do físico e filósofo da ciência Thomas Kuhn, noutra linha, Karl Popper desenvolveu a ideia do método científico da falseabilidade, que é sempre estar atento as limitações das teorias científicas.

Desvelar significa não se restringir aos aspectos materiais, empíricos e quantitativos da realidade, almeja entender racionalmente o ente real como um todo a partir de suas causas últimas, assim as causas e afetos temporais não estão em jogo, ou seja, não é re-velação.

É possível desvelar mistérios por caminhos científicos, as ideias quânticas desde Werner Heisenberg (A parte e o todo. 2008), passando por Einstein (Teoria da Relatividade) e Neils Bohr que escreveu sobre a teoria de correspondência (átomos e radiação): “parece ser possível lançar uma luz nas imensas dificuldades, pela tentativa de traçar uma analogia entre a teoria quântica e a teoria ordinária da radiação, da maneira mais próxima possível”, depois o modelo avançou.

No desvelar da narrativa bíblica ocorre uma Teofania, uma manifestação divina onde nenhuma explicação humana é razoável e há nelas alguma verdade “eterna” que a confirma.

No caminho bíblico-histórico que percorremos do êxodo, há uma passagem da Teofania (Ex 40:34-35):  “Então a nuvem cobriu a Tenda da Reunião e a glória do Senhor encheu o santuário. Moisés não podia entrar na Tenda da Reunião, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Senhor tomava todo o santuário”.

Isto ocorre também hoje, há manifestações e Teofanias? Sim e até mesmo instituições religiosas duvidam, e elas não tem a ver com as falsas profecias com interesses particulares.

Li um livro na juventude de um iogue e guru indiano Paramahansa Yogananda, em que ele descrevia uma pessoa que conheceu na Alemanha que comia apenas uma “hóstia” consagrada e não tinha uma aparência débil ou doentia, também um herói da unificação da Suíça, Nicolau de Flüe (1417- 1487) viveu o final de vida assim, com permissão da família e da esposa.

O fotografo judeu Judah Ruah do noticiário “O século”, de uma família tradicional judaico-portuguesa, publicou uma foto para o jornal Illustração Portugueza, em 29-09-1917, fotos do chamado milagre de Fatima prometido aos 3 pastorinhos videntes, ocorrido em 13 de outubro de 1917 e que foi anunciado anteriormente por eles como prova de que os sinais místicos que recebiam eram verdadeiros, foram para lá quase 100 mil pessoas (foto), as pessoas todas viram o Sol dançar no céu.

Claro que depois houveram várias explicações científicas para o fenômeno, porém é interessante os 3 pastorinhos anteciparem o dia exato em que o fenômeno ocorreu e por isto a multidão presente, numa aldeia que ainda hoje é pequena e distante de grandes centros.

No caso da Teofania portuguesa é importante notar que antecede a 1ª. Guerra mundial e pede orações pelo futuro da humanidade, com o perigo de guerra poderia acontecer hoje também?

BOHR, Neils. O Postulado Quântico e o Recente Desenvolvimento da Teoria Atômica. Trad. Osvaldo Pessoa Jr. In: Fundamentos de Física I – Simpósio David Bohm. Org. O. Pessoa Jr. São Paulo: Livraria da Física, 2000. p. 135-159, 1928.

HEISENBERG, Werner. A Parte e o Todo: Encontros e Conversas sobre Física, Filosofia, Religião e Política. 4. reimpr. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.

 

Período dos juízes ou nascimento da república

01 ago

Pela narrativa bíblica e também pelos estudos arqueológicos e históricos, o período do final do êxodo e reunificação de Israel ficou conhecido como período dos juízes, entretanto é possível uma leitura tanto bíblica quanto histórica como o nascimento de uma proto-república.

No período final de Moisés, ele chega a avistar Canaã ao longe, ele estabelece uma tenda um pouco afastada de onde diz a narrativa bíblica: “Moisés levantou a tenda e armou-a longe, fora do acampamento, e deu-lhe o nome de Tenda da Reunião. Assim, todo aquele que quisesse consultar o Senhor, saía pra a Tenda da Reunião, que estava fora do acampamento”, e quando Moisés ia para lá o povo o seguia com os olhos. 

Conforme autores (Horowitz, 2005) e  (Everdell, 2000) o período de 1250 a.C. até 1030 a.C. se caracterizava-se pela liderança política, religiosa e militar de um líder que, por instrução divina, unifica  dirigia as tribos de Israel e podia ser considerada uma Confederação Israelita (as antigas tribos de Israel após o êxodo e retomo a região de Canaã), eram um tipo de república governado por juízes, após a morte de Moisés e a liderança de Josué.

Moisés antes havia mandado 12 espias para o território de Canaã, entre entre eles Josué e Kalebe, na volta estabelecem uma estratégia militar onde primeiro ocorre o famoso cerco de Jericó e depois conquistam os montes Betel e Gibeão.

Depois da conquista do território, inicia-se o período dos doze juízes que governarão o povo e os liderarão em batalhas para manutenção do território, e se estabeleceram num território que ia desde o monte Herman ao norte até o monte Haloque e Neguebe ao sul.

Neste período ainda houveram diversas lutas, alguns dos juízes são conhecidos na literatura como os últimos Juízes: Sansão, Eli e Samuel, , porém o relato de Debora como juíza de Israel é único, considerando a sociedade patriarcal que vivia (Juizes 4-5), o último juiz foi Samuel grande profeta e que escolheu, a pedido do povo, os dois primeiros reis: Saul e Davi

Este período histórico foi marcado pela atividade dos profetas do Antigo Testamento: Jeremias, Ezequiel e Daniel, que tentam corrigir o rumo e destino do seu povo. Ao final deste período na história registra-se também a ascensão do Império Assírio, mas chegará aos limites de Israel indo até o Egito, sob a liderança de Assurbanipal de 690 a.C. a 627 a.C.,  em 609 a.C. ocorre a primeira deportação do hebreu para a Babilônia, e em 598 a.C. o jovem rei Joaquim, rei de Judá, rende-se voluntariamente.

HOROWITZ, Maryanne Cline. Republic. New Dictionary of the History of Ideas. 5. Detroit: Charles Scribner’s Sons, 2005.

EVERDELL, William R (2000). The End of Kings. A History of Republics and Republicans (em inglês). Chicago: University of Chicago Press, 2000.

 

Os reinos de Israel e Judá e a história

26 jul

Conforme assinalamos é um período de desagregação histórica, e a necessidade de agrupar os hebreus e também trazer a mensagem divina é explicada por alguns estudiosos como a criação desta figura histórica Josué, que seria um nome modificado por Moisés para Oséas (em hebraico Yehoshua), conforme narra, entre outros, a historiador bíblico Robert Coote (2010).

Josué era filho de Num, da tribo de Efraim, seu livro é o primeiro rolo dos “Livros dos Profetas” acordo com a tradição judaico-cristã, e será ele o líder da batalha da cidade-fortaleza de Jericó, que ficou eternizada como o famoso “cerco de Jericó”.

Entretanto a chega a Canaã, após o envio de “espiões” para reconhecer o terreno de Canaã, a terra prometida será governada por juízes na tentativa de manter a ordem religiosa e política do povo que estava em processo de fragmentação, entre os principais juízes estavam Jefté, Gedeão, Sansão e Samuel.

Quando Samuel ficou velho, os filhos se “tornaram gananciosos, aceitavam suborno e pervertiam a justiça” (Samuel, 8:3), algo parecido com os dias atuais, as autoridades foram até Samuel e pediram reis como os outros povos.

Samuel num encontro com Saul que saíra para procurar suas jumentas do pai Quis, que era um homem de posses da tribo de Benjamin, ali Samuel tem uma visão divina que aquele era o homem escolhido por Deus.

Saul deveria receber as ordens do profeta, mas revela-se como tendo uma fé imatura e pagã, queria oferecer sacrifícios a Deus para obter ajuda rápida a seus interesses, algo parecido a muitos cristãos de hoje, e apesar de muitas vitórias sobre os inimigos de Israel, é destituído, e em seu lugar é nomeado Davi, que havia lutado contra o gigante filisteu Golias.

A divisão do reino de Israel no período que Davi governou durante muito tempo estava apenas na narrativa bíblica, mas em 2015 o nome Is-bosete (ou Is-baal) foi descoberto numa inscrição por arqueólogos israelenses ( ).

Por muitos séculos, o nome Is-baal foi encontrado exclusivamente na Bíblia. Em 2015, porém, arqueólogos israelenses revelaram ter descoberto uma inscrição com este nome em um artefato da antiguidade pela primeira vez “Eshbaal Ben Beda”.

De inveja de David, Saul tentará mata-lo duas vezes e Davi quando tem a oportunidade não o faz e o perdoa, e Saul acaba se suicidando.

Do relacionamento de David com Betsabé, esposa de Uris que Davi manda para frente de batalha para que morra, nascerá Salomão, que governará com sabedoria seu povo unificado, porém depois aproximadamente no ano de 931 a.C. ocorrerá um novo cisma hebraico.

Este período da história é bastante aproximado do período da ascensão do Império Assírio em 912 a.C., em 612 a.C. começa o declínio deste império e ascensão do Império Persa (550 a.C.).

JNS.org. Jewish and Israel news (16 de junho de 2015). «King David-era inscription pieced together from broken jug», 2015.

 

Êxodo: realidades históricas e divina

25 jul

A história do Egito Antigo é geralmente dividida em Antigo Império, das grandes pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos, construídas nas proximidades de Mênfis, a capital do Egito na época, depois o Médio Império (2100 a.C. a 1580 a.C.), o personagem bíblico nasce no final deste período, e Novo Império (1580 a.C.715 a.C.), quando começam a enfrentar invasões até serem derrotados pelos assírios (670 a.C.).

Na narrativa bíblica pode-se dividir o: primeira (1,1-15,21): convivência no Egito de José a Moisés; segunda (15,22-18,27): teofania e caminhada no deserto até o Sinai; terceira (19-40): opção pela proposta divina (Moisés é chamado a liderar o Êxodo) e a aliança no Sinai.

É interessante observar a sequência que se repete ao período de Abraão: saída da Ur na Mesopotâmia, caminhada até Canaã, a aliança com Abraão (Gn 17:15-17) e chamada a Deus na oferta de seu filho Isaac e a formação das 12 tribos de Israel e a venda de José aos egípcios.

É importante analisar as 10 pragas no Egito neste contexto bíblico-histórico, um famoso papiro encontrado em 1909 de um egípcio chamado Ipuwer (ou Ipuur que segundo o estudioso A. H. Gardiner era um nome típico do período de 1850 a.C. -1450 a.C.), o escrito na forma de um poema reclama que as mulheres agora tem “mobílias”, e as meninas tem “espelhos” enquanto o homem rico vivo em trapos.

O papiro é importante pela conexão com a narrativa bíblica fazendo menção à escravos fugindo do Egito e rios de sangue, porém estudiosos falam da erupção minoica, ocorrida nesse período na ilha de Santorini, próxima a ilha de Creta, que devastou um assentamento minoico.

As ondas produzidas podem ter alcançado o Egito na época, porém o efeito sobre o delta do Nilo é questionado pela maioria dos pescadores, mas o papiro de Ipuwer tem uma narrativa próximo a bíblica quanto aos acontecimentos do Egito e o mais importante narra o início da queda do Império através dos costumes, período que a história chama de Novo Império.

As 10 pragas do Egito na narrativa bíblica foram: o rio de sangue, infestação de rãs, piolhos e moscas, peste no gado, úlceras nas pessoas, chuva de pedras, infestação de gafanhotos, escuridão e a morte dos primogênitos das famílias.

Conforme descrito nos posts anteriores o povo de Israel guiado por Moisés vai atravessar o deserto, chega a Canaã após quatro guerras e ali fica até um novo exílio na Babilônia.

O Egito depois da invasão dos assírios citada acima, depois foram dominados pelos persas em 525 a.C. e por Alexandre, o Grande em 322 a.C., finalmente pelos romanos em 30 a.C.

Seja por motivos puramente históricos, decadência social ou por intervenção divina, os impérios caem pela opressão e tirania que exercem, porém há um ciclo de sofrimento.

 

A pergunta certa sobre o mal

21 jul

Não há duvida que existe crueldade, maldade e indiferença que é o grande mal contemporâneo, porém não se trata nem de maniqueísmo nem de puro mal encarnado.

Sempre em todos tempos acordos e guerras foram tentados, muitas vezes apenas por conveniência ou mesmo tática de guerra, já postamos sobre mal acordos de pós-guerra, como a Alemanha que saiu humilhada da primeira guerra mundial e pouco aprendemos com a história.

Estamos fazendo o percurso do povo judaico-sumério até chegar de volta a Canaã de onde saíram pela fome para ir ao Egito, antes de sair Moisés recebe a mensagem divina de se dirigir ao Faraó, vai com seu irmão Aarão, mas qual o sentido sabendo que o Faraó é impiedoso com o povo israelita? É que a verdadeira mensagem divina sempre é semente boa para todos povos, por isto a parábola da semente boa, que deveria ser o nome da parábola do joio e trigo.

Mesmo indo falar com o faraó, os israelitas serão perseguidos, e depois terão que travar 4 batalhas na fuga pelo deserto, a batalha de local incerto de Refidim onde vence os saqueadores amalequitas, a segunda novamente contra amalequitas e cananeus (por isto o local de Refidim pode ser mais ao norte), a terceira uma derrota contra cananeus e a 4ª. a vitória final.

Vejam a leitura (Mt 13,26,27): “Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ e o administrador diz que é para não arrancar o joio porque pode acontecer de arrancar o trigo junto.

A semente divina sempre é boa, mas sempre crescerá o joio no meio do trigo e só a partir daí é que podemos interpretar corretamente, a semente que cai em solo ruim e no meio dos espinhos e não floresce e nem dá fruto.

Há sempre esperança e sempre uma possibilidade de paz e harmonia entre as nações e povos.

 

O episódio da sarça ardente

19 jul

A história da saída do povo israelita do Egito começa num evento extraordinário no qual Moisés levando o rebanho de Jetro, sou sogro e sacerdote de Madiã (a história registra-o como druso) e próximo ao monte Horeb vê uma sarça em fogo mas que não a consome (Ex 3,3): “Vou aproximar-me desta visão extraordinária, para ver por que a sarça não se consome”.

Ali recebe a missão de retirar seu povo do Egito e começará o episódio da Fuga do Egito, assim como Abraão se retirara de um caminho improvável da Ur dos Caldeus, também Moisés vai fazer uma rota indo pela região de Madiã, na narrativa bíblica este povo é também de origem abraâmica visto que Abraão após a morte de Sara teve Midiã ou Madiã com sua esposa Quetura.

O registro histórico das pragas do Egito que antecedem a fuga, pode ser encontrado no “papiro de Ipuwer” descoberto no Egito no início do século passado, e levado ao museu de Leiden na Holanda, ele foi decifrado por A. H. Gardiner, e foi encontrado próximo a cidade de Avaris.

Os israelitas no início da perseguição são estabelecidos nos entrepostos de Rameses e Pitom, depois começam a migrar para Sucode, e dali iniciam a fuga para o deserto do Sinai, será em Horeb onde Moisés viu a sarça ardente que receberá a tábua da lei, os dez mandamentos.

A ligação de Jetro com os madianitas, era sacerdote, é fundamental no apoio logístico para a caravana em fuga, e provavelmente está é a razão que fizeram um caminho mais longo, e vemos pelo mapa que é provável que no final da perseguição acontece um novo episódio milagroso que é a passagem a é enxuto pelo Mar.

A história seguinte do povo vai falar de muitas ligações com os moabitas (Rute era moabita e Ló teria dado origem ao povo através de um incesto com a filha) eles viviam no deserto assim o caminho até Canaã será mais longo ainda, os egípcios ainda dominavam a região, o que era para ser realizado em dias diz a narrativa que levou 40 anos.

Na história naquela região viviam trogloditas, não no sentido folclórico que conhecemos, mas o fato que habitavam em cavernas e casas escavadas nas montanhas, como também era característica ao norte na conhecida Capadócia, região de tantos místicos da antiguidade.

As perseguições e emigrações sempre atingiram os povos nas guerras devido a paranoia e desejo de conquista dos donos do poder.  

 

José do Egito e Moisés na Noosfera

18 jul

José do Egito antes do Êxodo dos Israelitas no Egito,  teve dois sonhos o primeiro que os irmãos identificados como “feixes” que se curvavam a ele, e o segundo que a Lua e onze estelas (simbolizando as 11 tribos) se curvavam a ele, e os irmãos e até Israel não acreditam nisto, esta cosmogonia está presente nas três grandes religiões monoteístas abraâmicas.

Será José no Egito que os alimentará no tempo das vacas magras (o sonho do Faraó que José desvenda), não há relatos precisos, porém, o mais provável é que isto tenha se realizado no tempo do faraó Sheshi I, e a história registra um período de fome e escassez na região.

Porém com a morte de José a narrativa bíblica, agora do êxodo diz que o Faraó sucessor não conheceu José e começa a temer, mandando que se estabeleça trabalhos pesados aos hebreus até que manda atirar todos os recém-nascidos no rio Nilo, e ai começa a saga de Moisés.

Moisés nasceu da tribo dos levitas, que eram sacerdotes e não tiveram território em Israel,   ele era neto de Coate, filho de Anrão, com Joquebede sua tia e meia-irmã de Coate, devido a morte dos recém-nascidos, ele é criado em segredo e depois de 3 meses quando não é mais possível esconde-lo é lançado num cesto preparado com piche e betume e joga-o no Nilo, sua irmã mais velha fica a espreita e vê que a princesa Henutmire junto com Yunet ao ouvirem choro de criança o resgatam, elas sabem que é uma criança hebraica, mas decidem cria-lo.

Será através de Moisés agora, que o povo hebreu irá voltar a Israel, na narrativa bíblica é quando Moisés estava próximo ao monte Horebe que vê uma sarça queimando (mas não se consome) e veste-se de um véu porque não consegue olhar de frente para ela, que recebe a missão de levar seu povo a Israel.  

Este período é chamado de Império médio, de 2.100 a.C. até 1580 a.C., quando a palestina e a Núbia foram conquistados e onde encontraram metais preciosos que estabilizou a economia.

Os egípcios eram politeístas, e Moisés se casa Zipora ou Séfora (Êxodo 2,21) que era uma filha de Jetro, um sacerdote druso, que reivindicava a crença num deus único, porém para os drusos é um tipo de mente universal, algo próximo da noosfera de Chardin, porém reduzida a “mente”.

Depois disto seguiu-se na narrativa bíblica as pragas do Egito e depois de muitos anos, os hebreus passam a pé enxuto pelo Mar Vermelho.

 

O medo de mudar e não evoluir

14 jul

A grande lição de José do Egito é que debaixo de uma aparente “escravidão” ou dificuldade se esconde uma mudança necessária para que povos e nações se desenvolvam, na história a saída do povo hebreu da “terra prometida” é mesmo desejada por Deus conforme a própria bíblica no Genesis (Gn 46,4): “mesmo descerei contigo ao Egito e te reconduzirei de lá quando voltares; e é José que te fechará os olhos”, diz a Jacó (Israel) e pede que leve todos parentes.

A Civilização Egípcia formou-se a partir da mistura de diversos povos, entre eles, os hamíticos, os semitas e os núbios, que surgiram no Período Paleolítico, e é provável pelas pesquisas arqueológicas recentes que os judeus foram realizar seus assentamentos na região dos hicsos que foram derrotados pelos egípcios.

No ano 3200 a.C. Menés unificou os reinos do baixo e alto Egito formando o Império Egito e foi seu primeiro imperador e faraó, os judeus foram para lá mais tarde no ano de 1750 a.C. e ficaram até 1250 a.C. como escravos pois eram temidos pelos faraós.

O mais provável é que foi durante o reinado do faraó Ramsés era filho do faraó Sehti I e da rainha Tuya. Foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia. Com 10 anos de idade Ramsés teve certeza que assumiria o trono ao ser reconhecido como “filho primogênito do rei”, tendo lutado ainda jovem ao lado do pai na conquista do Líbano (veja no mapa entre as linhas azul e vermelha).

O último faraó foi Xerxes I, famoso pela batalha das Termópilas, onde o general grego Leônidas teria lutado com apenas 7000 homens, e preparado uma emboscada nesta passagem esreita dentre montanhas, porém os gregos foram traídos e a estratégia foi descoberta.

Deste período também o arrependimento dos irmãos de Jacó (Israel) que luta “com Deus”, e dos irmãos, em especial de Judá, que se arrepende de ter vendido o irmão José como escravo, mostra como na história de um mal pode-se tirar um bem se forem reconhecidos os erros.

Mesmo a semente má pode florescer ainda que plantada em terreno ruim, mas adubada.

 

A gênese semítica do ocidente

07 jul

Geralmente intitula-se nossa cultura e sociedade de judaico-cristã, porém se olharmos a história mais profundamente, a cultura judaico-cristã descende da semítica, e assim tanto árabes como judeus descendem dos semitas, assim como boa parte do norte da África.

Na raiz de três grandes religiões está Abraão: judeus, árabes e cristãos, sua peregrinação começa na Babilônia dos Caldeus, a narrativa Bíblica situa em Ur dos Caldeus, então ali está a neogênese destes três grandes povos, dos quais ficam fora apenas alguns povos orientais onde estas religiões já penetraram e também alguns povos originários onde ainda há sua religiosidade inicial.

Abraão passa por duas grandes crises civilizatórias a queda babilônica e depois de sua peregrinação para a antiga Assíria chegando a cidade de Alepo, que sob escombros da guerra e o terremoto ainda existe na Síria hoje, e depois desde até o vale do Hebron, onde passou por uma segunda crise civilizatória nas cidades de Sodoma e Gomorra, onde havia orgias e decadência.

Retira-se dali e vai em direção ao Egito, e seu filho Isaac continuará também nômade, é famosa a luta de seus dos filhos Esaú e Jacó, Machado de Assis tem um livro com este nome e poderíamos dizer que a polarização da humanidade é mais antiga do que pensamos.

De Jacó se estabelecerá a linhagem das 12 tribos a partir de seus filhos, e da linhagem de Judá sairá David, enquanto da linhagem deste sairá José filho de outro Jacó, e de José nasce Jesus.

A compreensão desta descendência abraamica, com todas as lutas e contradições que aconteceram na história é fundamental para entendermos tanto a cultura cristã, quanto a islâmica e judaica, um diálogo inter-religioso e multicultura é possível se entendermos que a história de um Deus único, assim como um passado histórico longínquo une estes povos.

O fundamentalismo religioso impede este diálogo, o evangelista Mateus que era um cobrador de impostos inimigo dos judeus, refere-se a sua própria conversão assim (Mt 9,10): “Enquanto Jesus estava à mesa, na casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos” e Jesus dirá “são os doentes que precisam de médicos’ e completa o ensinamento dizendo “eu quero misericórdia e não sacrifícios”.

Quanta divisão, ódio e violência em nome de Deus, isto não é religião, é apenas fanatismo.

 

A noosfera e a cultura oral

06 jul

O período da cultura oral predominava antes de 3.000 a.C., embora tenham existido escribas no Egito, a escrita cuneiforme na Mesopotâmica e Babilônia antiga, também havia escrita na China Antiga e também nas civilizações originárias das américas: maias, astecas e incas.

A forma de divulgação da cultura e, portanto, da evolução da noosfera foi através de profetas e oráculos, cuja função principal era a transmissão da cultura oral e precede ao ensino letrado e filosófico, até que temos uma virada mais notadamente na cultura Greco-judaico-romana.

Em termos bíblicos, de acordo com relatos do Gênesis, usando genealogias apresentadas na bíblia podemos dizer que tem no mínimo 6 mil anos, porém se percebemos a narrativa, Abel era pastor e Caim era agricultor, então esta narrativa começa no momento em que o homem se torna mais sedentário e o processo civilizatório torna-se mais claro, o fato de Abel ser pastor é simbólico para a linguagem bíblica.

Se este é um fato sem comprovação histórica e também Noé e o dilúvio ainda sejam uma eterna busca de documentação, porém seus filhos Sem e Cam já podem ser encontrados na história, uma vez que os povos semitas e camitas estão registrados na história, e Jafé que devia habitar nas tendas de Sem.

Os semitas foram o alvorecer das culturas mesopotâmicas com o auge na Babilônia (1792–1000 a.C.) e que depois foram dominados pelos persas.

Os profetas e os oráculos serão fundamentais nas culturas antigas, eles deviam ter certa iluminação “divina” para que a história não se corrompesse e os costumes fossem alterados.

Segundo o Gênesis 11, do Dilúvio até Abraão passaram cerca de 292 anos, e do nascimento de Abraão ao estabelecimento de Jacó no Egito passaram cerca de 290 anos, ´de Abrão até a vinda de Cristo são cerca de 2 mil anos, e então começa uma era da cultura escrita, e assim surgem os evangelhos enquanto na Grécia antiga as escolas Socrática e Platônica, já que sabemos de Sócrates através de Platão e depois a escola Aristotélica, período que as escolas e escritas se fixam.

Não se trata de superar a cultura oral, mas ela aparece junto com a escrita, os livros manuscritos, que depois se tornarão famosos pelos monges copistas, este período é chamado scriptorium.

A cultura oral permanece junto a povos originários, também entre povos africanos, a escrita impressa será uma conquista da modernidade, assim falar de escolaridade é falar de modernidade, e agora estamos em nova transição devido a novas mídias.