Arquivo para a ‘Tecnologia Calma’ Categoria
Mais três lições da tecnologia
A resposta nem sempre é o que esperamos.
A pesquisadora Sylvia Earle passou décadas querendo enxergar o oceano mais profundo, pensando em um submarino que pudesse levar pesquisadores até lá, e que material deveria ser feito este submarino.
Após anos fundou uma empresa para explorar vidro, que com 10 a 15 centímetros de espessura será capaz de explorar com seguranças as profundezas do mar, fundou uma empresa da Deep Ocean and Exploration Research Marine.
O diretor desta empresa afirma: “O vidro é o material mais antigo conhecido pelo homem e um dos que nós menos compreendemos”.
Há sempre algo inesperado
Esta história é recente, sobre a sonda Philae que posou em um cometa.
Quem explica este desafio é Stephan Ulamec, diretor do programa Philae, que explica que este pouso para era complicado “Não tínhamos ideia do tamanho, do ciclo de dia e noite nem da intensidade da gravidade do cometa. Não sabíamos como era sua superfície nem a velocidade de impacto do equipamento”, a nave pousou com sucesso, mas numa posição que logo parou.
Sabedoria e genialidade são indefiníveis
Muitas pessoas geniais e sábias, não se julgam como tal, a neurocientista Sheila Nirenberg, afirma: “Eu meio que a ignoro e continuo tocando a vida. Você faz o que faz algo independente do rótulo que te dão. Não consigo pensar em outra maneira de explicar a genialidade”.
Boris Broys e a arte pós-moderna
Parece que há pouco a dizer sobre a arte atual, ou que talvez esteja havendo uma confusão entre os limites do que é ar e o que não é, mas creio que Boris Groys e Jacques Rancière (o post anterior) podem sim dizer algo.
Boris Groys é um alemão de 68 anos de idade, estudo de 1965-1971 matemática na Universidade de Leningrado (hoje São Petersburgo), trabalhando numa série de pesquisas e participou do movimento Conceptualismo de Moscou e publicou em 1979 o ensaio “Conceptualismo Romântico de Moscou”, depois em 1981, foi fazer seu PhD em filosofia na Universidade de Munique.
Groys é um membro da Association Internationale des Critiques d’Art (AICAO), e tem servido como um companheiro de inúmeras instituições, incluindo Centro Internacional de Pesquisa de Estudos Culturais (IFK), em Viena, Áustria, Harvard University Art Museum, e da Universidade de Pittsburg.
Escreveu os polêmicos “The Communist Postscript” (2010) e “Introduction to Antiphilosophy“ (2012), mas é seu pequeno ensaio sobre a Arte na idade da digitalização, para mim um importante trabalho, onde analisa o famoso trabalho de Walter Benjamin “The Work of art in the Age of Mechanical Reproduction” onde assume a possibilidade de uma reprodução tecnicamente idêntica e perfeita de forma que não permita uma distinção entre o original e a cópia (Groys, 2010).
Leciona desde 1994, filosofia e teoria das mídias, na Academia de Design (Hochschule für Gertaltung), que é dirigida por Peter Sloterdijk, em Karlsruhe (Alemanha) nosso próximo post.
Em seus trabalhos de Boris Groys a arte e a filosofia não têm tratamentos distinto, para ele, tanto uma como outra tratam fundamentalmente de questões que não admitem uma solução definitiva e por isto são imortais, neste enfoque, objetividade e subjetividade se confundem, e nesta perspectiva concordamos.
Exigências culturais não são fictícias, dizem a um espectro de coisas, e quase sempre o objetivo de artistas e pensadores é superar aquilo que é considerado mais avançados, que tem algo de morto em determinado campo, e assim posicionar-se na cultura melhor ao ponto que torna mortais imortais por terem cumprido a exigência imaginária do seu tempo, e ainda que esta imortalidade seja artificial, tem efeito de uma política consciência
Assim o que Groys propõe é que o espaço simbólico da arte inclua necessariamente os mortos, representados por suas obras, imagens, teorias, atitudes, linguagens.
Assim, a verdadeira pressão cultural não vem das instâncias de poder, mas dos mortos e é então um caso muito mais sério que os vivos, pois continuam a perturbar o presente como criadores
É o que faz artistas mortos ainda estarem em competição; como eles, querem, por exemplo, chegar a ter edições integrais suas nas estantes das bibliotecas.
Epifania, Eucaristia e a filosofia
A passagem do menino-Deus na Terra é a sua manifestação aos homens, a Epifania, que poderia desaparecer após a morte e crucificação daquele que é pura manifestação do divino em meio a raça humana, poderíamos dizer a manifestação do Ser por excelência entre os seres e entes, temas caros a Husserl, Heidegger, Deleuze e Derridá.
Mas há entre os seres uma manifestação do Ser, que é aqueles que se reúnem em atitude de completa abertura e conseguem chegar a negação do ser, para ser com o outro, rompendo a lógica clássica, o não-ser é ser porque é ser com o outro, conforme pensaram Lévinas e Paul Ricoeur.
A parcela mística da presença de Jesus, para os que creem o homem-Deus, que na cruz assemelha-se ao hommo sacer, figura utilizada por Giorgio Agamben e Hanna Arendt e, recentemente, também Slavoj Zizek, figura usada para dizer o homem comum privado de sua humanidade, embora este não possa ser confundido com uma figura religiosa, poderíamos dizer se privou até mesmo disto, aqui a epifania se torna Eucharistia se pensarmos em coisa, não ser de fato, puro ente, ainda que guarde algum traço do Ser.
Eucharistia do grego εὐχαριστία, na explicação cristã católica a transubstancia do corpo de Jesus em pão e vinho no ápice de uma missa, mas gosto de lembrar o quadro de Rafael Sánzio no Vaticano, chamado “A disputa do sacramento” entre figuras cristãs e religiosas está lá uma disputa entre filosofia e teologia ou entre uma natureza divina e uma pura substância com um ostensório sobre um altar, coloca abaixo das figuras religiosas em meio a filósofos mundanos.
Se há uma tensão entre o ser e o ente, afirma Deleuze “o além celestial de um entendimento divino inacessível a nosso pensamento representativo, ou o aquém infernal, insondável para nós, de um Oceano de dessemelhança”, assim não são os seres e coisas, mas poder se pensamos um Puro Ser transformado em Pura Coisa, ou melhor puro “noúmeno”, a coisa para os clássicos, mal compreendida por Kant onde é pura dessemelhança.
Eucharistia é ser transformado em noúmeno, pessoa transformada em substância, algo definido pelos cristãos como “transubstanciação”, insondável mas não inalcançável.
Epifania é ao mesmo tempo noesis e noema (perceber e o que é percebido) e só será plena em nossos dias na Eucharistia, um Ser-Coisa devorado por homens famintos, mas é preciso a Fé.
Distopia: discurso e corrupção
Nas eleições os discursos eram positivos tudo ia bem, passaram as eleições e agora vai mal, sobem a gasolina, a energia e claro o salário dos corruptos, eis a distopia (antiutopia) nacional.
Históricamente o termo está ligado a sistemas de totalitarismo, autoritarismo, por um grande controle opressivo da sociedade, que se mostra corruptível flexibilizando as normas criadas para o bem comum onde a tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do Estado, seja de instituições ou mesmo de corporações, nunca pelos cidadãos.
O termo apareceu pela primeira vez num discurso de Stuart Mill (e atribuido também a Gregg Weber no parlamento britânico em 1868, ele disse: “É, provavelmente, demasiado elogioso chamá-los utópicos; deveriam em vez disso ser chamados dis-tópicos [‘dis-‘ do grego antigo δυσ, translit. dys: ‘dificuldade, dor’] ou caco-tópicos [‘caco-‘, do grego κακός, translit. kakós: ‘mau, ruim’]. O que é comumente chamado utopia é demasiado bom para ser praticável; mas o que eles parecem defender é demasiado mau para ser praticável.”
No cinema Stanley Krubick é um especialista em distopias: “Laranja Mecânica”, “O admirável mundo novo” , mas também podemos citar os épicos: “Blade Runner”, “Minority Report”, mais recentes: “Matrix”, “Filhos da Esperança” (2006) e “Cisne Negro” (2010) e o recentíssimo “Interestelar” (2014).
Vou ver (já havia lido) o filme de Kubrick “Barry Lyndon”, baseado no romance do indo-britânico William Thackeray “Memórias de Barry Lyndon” (1884), que fala da ascensão e queda de um penetra na nobreza irlandesa, ao mesmo tempo em que mostra a face negativa desta nobreza.
Qualquer semelhança com a nossa realidade não é mera coincidência, dá o que pensar.
Cinco pensadores novos em 2014
Ao lado de já consagrados Edgar Morin, Manuel Castells e Peter Sloterdjik, que teve um programa famoso na Alemanha junto com Rüdiger Safranski sobre cultura, durou 10 anos até 2014, e que vem dos pensadores do final de século de Paul Ricoeur e Emmanuel Lévinas, que ainda não “passaram”, mas já são conhecidos pelos problemas e questões levantadas.
Embora o mais conhecido de Sloterdjik seja “As regras para o parque humano” pela polêmica que causou, é seu debate sobre “as esferas” e o “desprezo das massas” que apontam para as grandes questões contemporâneas.
Será que algo de novo pode ainda despontar ? sempre pode, ainda não tenho opinião definitiva, mas cito alguns que deveriam ser levados a sério.
Cito dois europeus: o fraco-argelino Jacques Rancière (Ainda se pode falar de democracia?) e Piero Coda (Della Trinità), uma americana Martha Nussbaum (Political Emotions: Why Love Matters For Justice) e um americano Boris Groys (On the New) e não poderia deixar de faltar um oriental, claro devem ter outros, o nipo-americano Francis Fukuyama (O fim da história e o último homem).
Sim Fukuyama foi muito criticado pelo seu “fim da história”, e por isto talvez prestem pouca atenção no que poderia ser traduzido como “fim do materialismo histórico” e seu livro “Political Order e Political Decay” (2014), que deve ser lido por muita gente da politica mundial e que afirma que temos um buraco (gap) histórico na política, em especial, na ocidental.
Tomo de Ranciére e Piero Coda ideias básicas para pensar, o primeiro afirma que ninguém tem mais inteligência do que outra pessoa e o segundo dá enormes pistas para um relacionamento multicultural e multireligioso para o mundo de hoje, com história de vida e não de pensar.
Dá o que pensar e é bom pensar, a humanidade precisa de respostas, quais são as questões ?
Teatro independente em risco
A forma de manifestação cultural mais popular, mais avançada continua sendo o teatro, e o teatro independente exerce um papel fundamental nisto, emerge da cultura nacional e paulista de forma mais livre e democrática.
Devido a especulação imobiliária, aconteceu ontem no Centro Cultural paulista o primeiro protesto que mostra a situação de fragilidade dos grupos teatrais paulistas independente, que podem perder seus espaços ou serem deslocados para lugares de menor visibilidade.
O fato já aconteceu em novembro passado com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, que é uma mistura de teatro épico e hip-hop, com 15 anos de estrada e mesmo com o aluguel em dia, o grupo teve que entregar o espaço de um galpão na Pompéia (zona oeste de São Paulo), veja a foto do despejo acima.
Um Manifesto intitulado manifesto “Em Defesa dos Territórios Culturais Ameaçados” quer o reconhecimento público que os 22 grupos teatrais são Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade de São Paulo, um trecho do documento afirma “Não é possível que o direito aos bens de mercado privado de poucos seja mais importante que o patrimônio cultural de muitos”.
As redes sociais ajudaram o grupo Brincante a permanecer no local, Vila Madalena (zona oeste) com a campanha #ficabrincante, por decisão da justiça o instituto permanecerá lá em 2015.
Agora o cinema independente
O prêmio Gotham Awards é dado para os produtores independentes.
Birdman do mexicano Alejandro González Iñárritu ganhou melhor filme, e Michael Keaton na categorias de atuação, então vale a pena ficar de olho neste filme.
O filme conta o drama de um ator que é famoso por retratar super-heróis e luta para montar uma peça da Broadway, mas nos dias que antecedem a noite de abertura ele começa uma luta contra si própria para recuperar a sua família, a sua carreira e a si mesmo.
Já o prêmio de público foi para Boyhood – da infância à Juventude, de Richard Linklater, que os críticos de New York estão chamando de “filme do ano”.
O filme foi feito durante 12 anos, e o ator Ellar Coltrane (que ganhou melhor ator), iniciou as gravações do filme aos 6 anos de idade e só finalizou aos 8 anos de idade, assim durante uma década Coltrane e o resto do elenco se reuniam em períodos de três a quatro dias por ano para as filmagens.
A equipe se reunia anualmente para discutir a história e mudanças no roteiro, sendo, portanto uma proposta coletiva e dinâmica, o que é em si já um novo paradigma.
Projetos que podem ajudar o planeta
Muitas novas tecnologias estão ajudando conservacionistas a melhor analisar os dados que coletamos para melhorar as maneiras pelas quais eles protegem a vida selvagem e habitats naturais, que conservem não apenas animais, mas também todo o ecossistema presente.
O artigo da TechRepublic aponta diversos projetos em andamento, como o programa que usa a plataforma analítica Vertica da HP para analisar milhões de fotos e estimar como uma espécie de animal está ocupando determinada área e assim poder protege-los, usando o programa Earth Insight.For example, Hewlett-Packard (HP) has partnered with Conservation International (CI) to create Earth Insights, a program that uses HP’s Vertica analytics platform to analyze CI’s millions of photos nine times faster and with much greater accuracy to estimate the species occupancy of a certain area.
Outro exemplo é a IBM que está trabalhando para integrar o PAM, um aplicativo baseado em nuvem desenvolvido pela The Nature Conservancy, que possibilita administradores de terras, acompanhar e atender às metas ambientais, numa plataforma chamada Conservation.io.
O Nature Conservacy também pode usar dados por crowdsourcing de diversos observadores de aves que utilizam o eBird, imagens de satélites e ouros dados para criar o BirdReturn,, o que permite observar e auxiliar o controle de aves em locais de ninhos, alimentação e banho durante sua migração.
Outros projetos citados são: Bumble Bee Watch é outro projeto crowdsourced , o projeto crowdsourcing via cartão Intel é o Galileo board, e vários outros.
Tendências tecnológicas nas universidades
Foi divulgado nesta quinta-feira pelo grupo americano New Media Consortium, tendências de estudos nos próximos cinco anos nas universidades brasileiras segundo uma lógica que as tornaria mais inserida no mundo digital, com aulas em laboratórios remotos, uso de ambientes virtuais e uso mais intensivo de aplicativos móveis para o aprendizado.
Segundo Larry Johnson, um dos coordenadores do grupo de 41 pesquisadores, foi a primeira vez que esta análise foi feita, afirmou também que “O Brasil tem uma peculiaridade: sua população tem grande apreço pela tecnologia, mas ainda não a insere em atividades educativas”, disse o pesquisador responsável pelo estudo, segundo a revista Veja.
Segundo o pesquisador, já há iniciativas que estão dando resultado e haverão mudanças no curto prazo. “Nas melhores universidades do país já há um movimento para mudar o padrão de aula, saindo das atividades expositivas e caminhando para a prática, onde o aluno também é protagonista”, deverá ser uma tendência.
Mas ainda há fortes barreiras, segundo o pesquisador “O professor, mesmo no ensino superior, ainda acha que o smartphone atrapalha o andamento da aula e proíbe seu uso, enquanto a experiência internacional tem relatado sucesso no uso desses aplicativos móveis para fazer atividades do curso, como pesquisas na internet.”
Um conceito que surgiu em 2007, falava de salas de aula invertidas, com os Massive Open Online Courses (MOOC’s), e se popularizou com a Khan Academy, um dos sites que divulga mgratuitamente vídeoaulas.
Mas ainda a maioria dos cursos atuais usa vídeoaulas para complementar a educação formal, o conceito de sala de aula invertida parte deles (e de todo o conteúdo disponível na internet) para dar ao aluno ferramentas para buscar informações usando o tempo em sala para enriquecer os conteúdos estudados e encontrar aplicações práticas para ele.
A ideia é que os professores ajudem os estudantes a desenvolver soluções criativas e colaborativas
Nobel da física vai para o LED azul
Lâmpadas LED (Diodo Emissor de Luz, Light Emitting Diode) economizam até 90% da energia em relação as lâmpadas comuns, mas as lâmpadas nas luzes vermelho e verde não são facilmente produzidas em larga escala para serem colocadas no mercado.
As lâmpadas LED são uma realidade de mercado, mas elas usam as cores primárias, e os LEDs vermelho e verde já existiam, mas o LED azul mais potente para iluminação desafiaram 30 anos os cientistas, agora os japoneses Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura invenção das lâmpadas LED azuis, mais facilmente produzidas em larga escala.
Eles ganharam o prêmio Nobel de Física pela invenção e vão receber dia 10 de dezembro, em Estocolmo o prêmio pela invenção.
Lembrando que vermelho, verde e azul produzem o branco, o desafio de fazer o azul foi imenso só foi produzido a partir de quase 30 anos de pesquisa, os cientistas japoneses precisaram trabalhar com um novo material semicondutor, o gálio, para que esta cor primária fosse produzida, e embora tenham ganham o Nobel agora, esta tecnologia já está presente na maioria dos dispositivos que usam a tecnologia LED: telas, smartphones e lâmpadas é claro.
Um diodo é uma microestrutura na ordem de micro milímetros, que permite que uma correte atravesse ou não esta pequena área feita em algum dispositivo semicondutor (silício, germânio e gálio) que funciona como uma chave entre o polo positivo (anado) e o negativo (catado), no caso do diodo emissor de luz, ao “abrir esta micro-chave” ele emite uma luz, gasta correntes menores que 1 Ampere, mas para lâmpadas deve estar um arranjo de uma dezena destes pequenos dispositivos para dar boa luminosidade.