Arquivo para a ‘Tecnologia Calma’ Categoria
1 ano da tragédia de Mariana
Um vilarejo de 600 pessoas, que já fez parte da rota da chamada “Estrada Real” no século XVII, onde haviam monumentos e igrejas de valor cultural, no dia 5 de dezembro do ano passado foi varrida por 62 milhões de metros cúbicos de lama, assim sumiu do mapa Bento Rodrigues, dez mortes e uma tragédia ecológica.
A onda que em onze minutos devastou sete distritos de Mariana, também contaminou os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e o rio Doce, ainda sem sinais de alguma recuperação, e cujos resíduos chegaram ao Espírito Santo e ao mar.
A mineradora Samarco era pouco conhecida da população local, mas era considerada modelo de sucesso, e associada a uma joint venture da Vale do Rio Doce e da anglo-australiana BHP Billiton, tinha 37 anos no local.
Em 2014 a empresa teve um faturamento de 7,5 bilhões de reais, com um lucro líquido de 2,8 bilhões de reais, mas as ações da empresa e da vale despencaram e não tardou para Andrew Mackenzie, executivo da BHP desembarcar no Brasil, e o presidente executivo da Vale Murilo Ferreira, e seu colega Ricardo Vescovi de Aragão da Samarco, tentaram apagar a imagem negativa, mas sem sucesso.
Ainda há duvida quanto a restauração ecológica, o papel que órgãos fiscalizadores do Estado e do Governo exerceram, pois hoje aparecem documentos com indícios da possibilidade da tragédia, um documento falava inclusive que o número de mortos poderia chegar a 19, foram dezoito, é incrível a precisão da previsão.
Um ano após ainda há sombras sobre os verdadeiros culpados, além os engenheiros da Samarco e o monitoramente do governo, também a recuperação da fauna e flora da região, a indenização dos atingidos segue em passos lentos.
O pessimista Bauman de novo
Em entrevista ao jornal El País, o pessimista Bauman volta a atacar, não sou eu quem digo mas está com todas está com todas letras no livro “Bauman é considerado pessimista. Seu diagnótico da realidade em seus últimos livros é sumamente Crítico.”, pode-se ler no periódico.
Embora com diagnóstico correto, seu remédio é mortífero, em A riqueza de poucos beneficia todos nós?, afirmou que o alto preço que se paga hoje em dia pelo neoliberalismo triunfal dos anos 80 e a “trintena opulenta” que veio em seguida, levou a uma “grande mentira” (o que é verdade), mas não ve novidade nos novos partidos, sonha com o que ? a volta do Politburo ?
Ataca as redes por desconhecimento, diz que ela seria oposta a “comunidade”, afirmou na entrevista:” A questão da identidade foi transformada de algo preestabelecido em uma tarefa: você tem que criar a sua própria comunidade. Mas não se cria uma comunidade, você tem uma ou não; o que as redes sociais podem gerar é um substituto. A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você.”, criando uma dualidade fictícia.
Fica claro que nunca participou de uma comunidade virtual, que não é irreal, esperamos que ele apesar da idade algum dia faça a experiência, e vai verificar que não só estará numa comunidade como será bem mais aberto, e a transparência (por que fica registrado) é mais clara, e também mais fácil de ser provada e observada.
O pessimismo de Bauman vai ao extremo ao negar o “progresso” chegando a chama-lo de mito, diz por exemplo: “As políticas de austeridade vão continuar, não podiam pará-las, mas podem ser relativamente efetivos em introduzir novas formas de fazer as coisas.”
A entrevista deixa claro que ele sabe que novas formas de manifestação e de propostas existem, mas ele próprio se confessa: “Não sou capaz de profetizar. Estamos experimentando novas formas de fazer coisas.” Afirmou ao periódico, sim não consegue nem jamais conseguirá, porque não propõe nada, apenas dá o seu diagóstico negativo, os problemas estão ai para resolvermos e propormos.
O resultado do “liquidismo” baumaniano é a inércia, criticar a rede e os novas formas de manifestações e a metodologia de seu pessimismo, o que propõe ?
e-Estônia: um pais digital
Desde sua independência da antiga União Soviética (20 de agosto de 1991), a Estônia decidiu que seria um país que se manteria conectado, descentralizado, em uma plataforma aberta de infraestrutura e num processo continuo de continuar melhorando, chamando isto de 4 princípios no seu site.
Os dois pontos chaves desta e-cidadania são o cartão de Identidade ou e-ID e a conexão descentralizada da infraestrutura chamada X-Road, estes abrem as portas para todos os serviços do estado, os dados sociais e econômicos, sendo o eID a identificação capaz de verificar a identidade de uma pessoa em todo o ambiente online.
Os povos da Estônia são de origem dos Fenícios, mas estão intima e etnicamente ligados aos finlandeses e lapões (norte da Noruega), portanto com ligações históricas com toda a Escandinávia, tendo o porto de Tallinn, como sua capital e maior cidade, tendo o país todo cerca de 1 milhão e meio de habitantes.
Com isto a economia se beneficiou com a força dos setores de eletrônica e telecomunicações e dos fortes laços comerciais com a Finlândia, a Suécia, a Rússia e a Alemanha
O sistema de governo é o parlamentarismo, com um congresso com 101 deputados eleitos diretamente pelo voto dos cidadãos.
A Estônia entrou na União Européia em 1 de maio de 2004, ao mesmo tempo que Letônia e Lituânia, tem um PIB de US$ 35.398, que dá uma renda per capita de US$ 26.000.
Infraestrutura nas cidades
Entre os itens analisados pelo IBEU, embora o saneamento é uma prioridade, o com maior destaque dentre aspectos negativos é o da infraestrutura urbana (calçamento, pavimentação, iluminação pública, etc.) já que 91,5% estão em níveis ruins e muito ruins, correspondendo a 2.579 como ruins (46,3%) e muito ruins (45,2%), ou seja, é gravíssima a questão.
Os dados mostram que são grandes os problemas urbanos dos municípios brasileiros. Talvez o principal seja o da infraestrutura urbana (pavimentação, calçamento, iluminação pública etc), já que 91,5% dos municípios estão em níveis ruins e muito ruins, correspondendo a 2.579 como ruins e 2.516 como muito ruins.
Dentre as capitais, as com condições boas para média são: Vitória (1º), Goiânia (2º), Rio de Janeiro (3º), São Paulo (4º), Curitiba (5º), Belo Horizonte (6º), Brasília (7º), Porto Alegre (8º) e Florianópolis (9º), estão em condições ruins: Aracaju, Campo Grande, Palmas, Recife, Salvador, Fortaleza, Teresina, Manaus, Natal, Cuiabá, João Pessoa, São Luís, Maceió e Belém, e em condições muito ruins: Rio Branco (24º), Boa Vista (25º), Porto Velho (26º) e Macapá (27º).
Há apenas 441 municípios em condições médias de bem estar urbano quanto a infraestrutura, 28 apresentam condições boas, e somente um em condição muito boa que é Camboriú (SC).
O mapa mostra pequenas regiões entre o amarelo e azul claro que significam as condições médias e boas, enquanto os tons do vermelho indicam as condições ruim e muito ruim.
Eleições e melhores cidades
Eleição municipal é provinciana, valem as forças locais e as fofocas do
dia-a-dia, mas na verdade é nas cidades que se está mais perto dos problemas e soluções e nem sempre são os mais visíveis, é o que foi detectado em pesquisa do Observatório das Metrópoles, da UFRJ.
Por exemplo, o Relatório que foi publicado dia 22/09 passado, afirma que 50% dos municípios estão em condições ruins de saneamento de esgoto, questão pouco lembrada e comentada em eleições.
O estudo liderado pela UFRJ, revelou o Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU) das melhores e piores cidades do País, tendo peso central cinco indicadores de qualidade de 5.565 municípios brasileiros, a partir da análise de dimensões como mobilidade, condições ambientais urbanas, condições habitacionais, atendimentos de serviços coletivos e infraestrutura.
O ranking das capitais, que também consta da pesquisa não é tão revelador, pois as melhores cidades (e também as piores) estão em cidades pequenas, poderíamos dizer em smart cities.
cidades (e também as piores) estão em cidades pequenas, poderíamos dizer em smart cities.
Cód. Munic. | Nome do município | Cód. UF | Nome da UF | IBEU | Ranking IBEU |
3508207 | Buritizal | 35 | São Paulo | 0,951 | 1º |
3547650 | Santa Salete | 35 | São Paulo | 0,941 | 2º |
3553658 | Taquaral | 35 | São Paulo | 0,937 | 3º |
3513850 | Dirce Reis | 35 | São Paulo | 0,936 | 4º |
3547205 | Santana da Ponte Pensa | 35 | São Paulo | 0,936 | 5º |
3515657 | Fernão | 35 | São Paulo | 0,934 | 6º |
3500600 | Águas de São Pedro | 35 | São Paulo | 0,934 | 7º |
3540002 | Pompéia | 35 | São Paulo | 0,932 | 8º |
3103108 | Antônio Prado de Minas | 31 | Minas Gerais | 0,931 | 9º |
3557105 | Votuporanga | 35 | São Paulo | 0,931 | 10º |
3158409 | Santana de Cataguases | 31 | Minas Gerais | 0,930 | 11º |
3510104 | Cândido Rodrigues | 35 | São Paulo | 0,929 | 12º |
3530003 | Mira Estrela | 35 | São Paulo | 0,929 | 13º |
4202008 | Balneário Camboriú | 42 | Santa Catarina | 0,928 | 14º |
Entre as 15 cidades brasileiras com melhor índice IBEU, 12 são do estado de São Paulo, duas de Minas Gerais e uma de Santa Catarina, mas entre as capitais São Paulo fica apenas em 12º.
Entre as piores a cidade Presidente Sarney do Maranhão, com índice 0,444 é a última.
Tecnologia, meios e Heidegger
A questão da técnica remete a essência, o que significa em termos mais claros o que é o “agenciamento de meios para a consecução de fins”, por isto usar tecnologia causa mal-estar em alguns, pois é preciso compreender os “meios” que se usam para certos “fins”.
Aristóteles classificou em quatro as causas definidas para fins operatórios, que em certo sentido são os meios, onde a causa eficiente (a que atinge os fins), é aquela que mais propriamente está ligada a produtos ou efetuação dos efeitos.
Só para constar as outras três causas são: a material, a substância que é feita certa coisa, a formal, a essência da coisa e a final: a razão de algo existir, está é a que muitos confundem.
No significado grego a causa é o que caminha na relação operatório, ou seja, a efetuação pode ser substituída como o comprometimento, assim as quatro causas podem ser vistas como o comprometimento da produção de uma coisa.
Assim supera-se a ideia de fazer algo, a partir de alguma coisa para atingir determinado fim, e devemos rejeitar até mesmo aquilo que se chama uso “consciente” da coisa”, pois pode ter uma interpretação pessoal ou até mesmo utilitária do que é este uso.
O sentido heideggeriano é deixar acontecer, o ocasionamento ou o que vem a aparecer, por isto uma criança se surpreende com a técnica e o adulto fica apreensivo, pois acontece algo novo no que pode ser chamado de plano natural, com a diferença que o tecnicamente produzido, tem esse deixar aparecer por meio de um meio construído e não algo da natureza.
O que aparece de novo no texto heideggeriano “A questão da técnica” é que o questionar não é deixado de lado, mas faz um ajuste entre meios e fins, saindo da esfera puramente instrumental para fazer o “desocultamento” da técnica, o que por vezes é difícil por toda complexidade que se esconde nela;
O que ele faz é estabelecer uma relação entre o uso da técnica e a verdade, que permanece aprisionada quando se faz o seu uso sem estabelecer esta relação, o que significa a representação de um fim perante o uso de uma técnica, ou seja, a verificação se fazemos com “exatidão da representação”, aquilo que se deseja atingir (fim) com uso deste meio (técnica).
A dançarina Amy Purdy fez apresentação de uma dança acompanhada por um robô industrial na Abertura das Paraolimpíadas do Brasil, representando a relação do homem com a tecnologia (foto).
As mídias sociais e não dizer nada
As mídias mostram que muita gente ainda a usa de maneira imprópria, ao terminar o master chef, programa que não assisti porque cozinha é um prazer e uma arte, que a chef Paola Corosella, uma juíza do programa finalizado ontem, chama de ofício, mas ela também reclamou de insultos, palavrões, etc. que sofreu por suas opções no programa.
O que mais me surpreende são pessoas que não dizem nada e viram celebridades, há muita coisa boa é bom que se diga, porém recebo pelo menos umas três vezes muitos lemas de autoajuda, espiritualidade de bolso e coisas do gênero, que não me dizem nada e é bom não reclamar, aí mais pessoas passam a te mandar as mesmas mensagens.
Will Stephen foi convidado para participar dos famosos programas TED para falar do nada, que gosto primeiro pela duração, no máximo 20 minutos e depois porque escolhem pessoas que tem o que dizer, posso até não gostar, mas reconheço alguém que tem ALGO a dizer.
Ele elaborou um divertido programa, e diz logo que de cara porque estamos “atentos e ávidos para saber tudo, sobre NADA ou como fazer, de um tema desinteressante, assunto para seis minutos de coisa prazerosa”, eis as seis dicas que ele deu:
Primeira EU SEI!!! Não importa que esteja inseguro, fale com absoluta certeza do que está dizendo, muitos prestarão atenção e até se tornarão seus seguidores.
Segundo GESTICULE! Sua expressão corporal pode parecer que tem capacidade de convencimento, enfatize informações com gestos ou mudando o tom da fala, em especial se falar de algo que julga relevante.
Depois EI VOCE!!! Interaja com o público, dando exemplos de coisas pessoais ou da vida cotidiana, cria um clima descontraído e as pessoas podem estar Entendendo o NADA.
Se for algo difícil atribua ao um terceiro NÃO SOU EU QUE ESTOU DIZENDO, diga que a pessoa é importante e depois repita se for necessário.
USE IMAGENS, ilustre, crie gráficos, ornamente o caminho de sua fala, abusando dos recursos audiovisuais, e por último tenha RITMO, faça sua fala acompanhar as ideias até a conclusão.
Mas ainda assim você poderá estar falando de absolutamente NADA, haverá quem ouça.
A estética e a filosofia
Perdeu-se um pouco da estética e da filosofia no interior daquilo que se denomina “arte” na modernidade, mas que na filosofia grega tinha um significado mais amplo o termo grego aisthetiké, ao pé da letra pode ser “aquele que nota, que percebe” portanto está no olhar de quem vê, mais do que no olhar do artista, significando então a percepção do belo, da harmonia.
Para o filósofo alemão A.G. Baumgarten, para descrever aquilo que na sua altura se chamava de “crítica do gosto”, de certa forma então pode significar a nossa percepção da cultura.
Ao longo dos tempos, a filosofia sempre se interrogou a respeito da essência do belo, um tema central de estudo de estética, para Platão significava o bom, e na origem de toda a estética idealista esta noção permanece, mas no caso de Aristóteles, ela significará dois princípios mais realistas: a teoria da imitação (lembra a virtualidade moderna) e a catarse.
A teoria neoplatônica de Plotino que influenciou fortemente A.C.C. Shaftesbury (escola inglesa do sentimento moral) e que influenciará algumas concepções do idealismo romântico, verá apenas o belo como manifestação do espírito e veremos isto em Hegel.
Para ler corretamente Hegel, precisamos retomar o classicismo francês (de Descartes e Boileau-Despréaux), onde aparecerão os conceitos de “clareza” e “distinção” como critérios de beleza, onde é clara a influencia da razão.
A ideia de belo como sublime, vai corroborar com o que Kant determina como caráter “a priori” do juízo estético, identificando o belo como uma “finalidade sem fim” ou ainda como “ciência de todos os princípios a priori da sensibilidade”, eis a estética transcendental.
Nesta escola estarão nomes como Schiller, Goethe e W. Von Humboldt, e influenciaram Hegel.
A pintura de William Blake s(1957-1827) obre Newton (figura) ilustra bem este período.
Problemas do simplismo reducionista
Como há muita informação atualmente, mas pouca informação de qualidade, o princípio reducionista, que devemos adotar sempre uma solução mais simples, parecido aquele da navalha de Ockham, entre duas explicações, escolha a mais fácil, parece levar-nos hoje a coisas bastante complexas, o que é um paradoxo com o princípio da “simplificação” reducionista.
O mais reducionismo é o maniqueísmo, isto é totalmente bom ou mal, foi algo resolvido no século IV por Agostinho de Hipona, ao dizer que o mal é ausência do bem, mas o problema retornou com Hanna Arendt em “A banalidade do mal”, ou com Martha Nussbaum “a fragilidade da bondade” ou do bem, como preferem alguns tradutores.
Fractais são um bom exemplo de complexidade, mas há a simplificação ideal dos números, o efeito borboleta é outro exemplo, Edgar Morin escreveu sobre o pensamento complexo.
Em 1995, o italiano Piergiorgio Odifreddi, dedicou-se ao “paradoxo do mentiroso” de Epimênides, segundo o qual todos os cretenses seriam mentirosos por uma lógica “sistêmica”.
Epimênides mostrou o erro de adorarem deuses que não poderiam os ajudar em nada, e mandou que colocassem ovelhas no alto do areópago que estas iriam lhes mostrar o local onde esse Deus queria ser adorado. Foi então que num ato “místico” as ovelhas desceram o areópago e andaram até um local onde não havia nenhum tipo de idolatria, ali está o altar do Deus Desconhecido que a Bíblia fala, mas curiosamente os cristãos desconhecem sua origem.
Einstein fazendo um radiciocínio bastante simples, afirmou que “Não podemos resolver problemas usando o mesmo tipo de pensamento que usamos quando os criamos”, ou seja, aqueles que estão dentro de uma lógica sistêmica podem entrar em colapso sem resolver seus problemas ou tornarem-se mentirosos dizendo que não tem problemas, a tecnologia é um destes.
O problema ou o bom uso da tecnologia deve ser tratado em sua complexidade, ela está aí.
Os críticos de Hegel
Considero a mais importante aquela surgida a partir de Husserl, que tem raízes em Franz Brentano, porque daí surgiu grande parte do existencialismo, e três dos mais importantes pensadores contemporâneos: Heidegger, Paul Ricouer e Emmanuel Lévinas, há ainda Karl Popper, uma crítica a parte, que ficará para o próximo post.
Os primeiros críticos ferozes de Hegel são Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzche, ambos tiveram uma importante influência do transcendentalismo americano de Ralph Waldo Emerson (1803-1882), e embora ambos tivessem também a influência de leituras orientais, é através desta influencia que pode-se explicar o subjetivismo transcendentalista de ambos, ou dito de outra forma, não tem rompido totalmente com o centro egóico da cultura ocidental onde o eu é de onde parte a filosofia, ambos farão discursos sobre a questão da “vontade”.
Karl Marx não é exatamente um opositor, parte do sistema Hegeliano de crença no Estado, e neste de certa forma em um tipo de “deus”, por exemplo, com a filosofia da história, ele faz o que ele próprio definia como um Hegel de cabeça para baixo, não um sistema do céu para a terra, mas da terra para o céu, mas qual foi paraíso celeste de Marx? Uma sociedade sem classes, o socialismo real revelou que acabamos construímos novas “castas” no poder.
Retornemos a Edmund Husserl (1859-1938), em trabalho da maturidade A crise das ciências europeias (1936), ele escreveu: “nossas reflexões críticas sobre Kant já nos tornou claro o perigo de conclusões impressionantes, mas ainda obscuras ou, se se quiser, a iluminação de conclusões puras na forma de vagas antecipações … e isso também tornou compreensível o modo como ele foi forçado em direção a uma construção conceitual mítica e uma metafísica perigosamente hostil a toda a ciência autêntica.”
Ele defendeu uma essencialismo, é famosa sua frase “voltar as coisas por elas mesmas”, mas é sua crença no modelo fenomenológico que cria bases para uma ciência autêntica, religada ao ser (o existencialismo viria com Heidegger, seu aluno que o sucedeu na academia) num novo transcendentalismo, assim explicado: “Nós mesmos seremos dirigidos a uma transformação interna pela qual ficaremos frente a frente – em experiência direta com – a dimensão há muito sentida mas constantemente ocultada do ´transcendental´. A base da experiência, revelada em sua infinidade, tornar-se-á então o solo fértil de uma filosofia de trabalho metódico, com a auto-evidência, além disso, de que todos os concebíveis problemas filosóficos e científicos do passado estão destinados a serem apresentados e resolvidos a partir desta base”, em sua obra magna “A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental” (1936).