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De que é composto o universo e qual sua origem
Os filósofos gregos do século 6 a.C. acreditavam que os quatro elementos de toda natureza eram: fogo, terra, água e ar, Pitágoras propôs uma escola praticamente religiosa que tudo eram números enquanto Demócrito propôs o átomo e que eles teriam formas arredondadas, lisas, irregulares e lisos podendo formas uma infinidade de elementos, mas até o final da idade média se acreditava que o fogo eram composto de uma destas partículas: o fogisto, devemos a tabela química a Dimitri Mendelev que em 1869 organizou os seus elementos químicos, antes o alquimista Henning Brand descobriu que o fósforo aquecido com resíduos de urina provocava chamas e Antoine Lavoisier em 1789 organizou alguns elementos em simples, metálicos, não metálicos e não metálicos.
A física padrão atual estabeleceu 7 elementos: neutrinos, elétron, quarks, fóton, gráviton, glúon e bóson de força fraca, mas há um mundo quântico mais misterioso o das supercordas, parece assustador ou usando a palavra dos físicos fantasmagórico (Einstein a usou a primeira vez ao perceber que há um terceiro estado na física quântica em que o elemento nem é nem não é, chamado mais tarde de Terceiro Incluído).
A teoria do universo mais convincente até recentemente era a do Big-Bang e um universo em expansão, a entropia, Stephen Hawking foi seu grande teórico, embora esta teoria já existisse antes, e propôs assim uma “flecha do tempo” em seu livro mais famoso uma “Uma breve história do tempo” (1988), porém as descobertas do James Webb colocaram em cheque ao encontraram nos confins do universo galáxias e corpos celestes que não deveriam estar lá, agora até mesmo a flecha do tempo é questionada.
O importante ao olhar para o universo é entender de onde veio tudo e se este todo e a vida inteligente, que por enquanto só encontramos em nosso planeta terra, teve um início e mais importante que isto teve uma intenção.
O “fiat lux” bíblico parece concordar tanto com a teoria do Big Bang, antes dos átomos haveriam ondas ou “cordas” criadas nos primeiros 10−44 segundos (tempo de Planck) e depois criados os elementos subatômicos, no caso das cordas, tudo é formado inicialmente por cordas unidimensionais que se dividiriam em cordas “abertas” (lineares e cordas “fechadas” (em força de laço), vibrando em diferentes frequências que dariam origem não apenas aos 7 elementos, mas também as moléculas iniciadoras da vida.
Seja como for existiu um momento inicial, e a forma deste “ente” deve ter sido precedida por um “ser” criador, o paleontológico e teólogo cristão Teilhard Chardin propôs que todo universo seria corpo deste supremo “Ser” do “ente”, assim ele deveria ter uma realidade divina e outra material (humana), assim propôs que o universo é cristocêntrico.
Do nada não é possível ter surgido o Tudo, e se há uma forma original do Todo, de algum “elemento” o mundo físico é composto, assim há um “Corpus” deste Todo, com a diferença que Ele é criador e todo o resto criado, mas criado com algum substrato do seu próprio Supremo Ser, claro a teoria para isto é mais elaborada, mas a sua compreensão é simples, somos parte de um corpo, de um conjunto que se comunica, a ideia da individuação do universo não é plausível, porque lá no início éramos uma coisa só: um pequeno corpúsculo cósmico, um conjunto de cordas vibrantes (poderíamos pensar até mesmo num coro fazendo uma música), porém houve uma momento de criação e um Ser o criou a partir de si mesmo.
Eu, o Outro e o Terceiro Oculto
O princípio da incerteza que vinha da física, a partir de Heisenberg, no início do século passado aos poucos colocou a Física em cheque, pondo o determinismo científico, o logicismo também em cheque devido o paradoxo de Gödel que determinava que um sistema matemático axiológico ou é completo ou consistente, não podendo ser os dois ao mesmo tempo, porém uma nova visão científica e ontológica se desenhava, a Ontologia Transdisciplinar.
Na semana de 13 a 17 de julho de 2008, a 9ª. Conferência anual do Instituto Metanexus, realizada em Madrid, Espanha, entre filósofos, biólogos, físicos, cosmólogos, neurocientistas, cientistas cognitivos, historiadores, educadores, teólogos e líderes de comunidades aconteceu com o tema “Subject, self, and Soul: Transdisciplinary approches to Personhood”, onde Barsarab Nicolescu foi convidado a abrir a Conferência.
Nela Nicolescu vai desenvolver a ideia do terceiro oculto, a filosofia já havia falado do Outro através de Lévinas, Ricoeur e o educador Martin Buber, que no livro “Eu-Tu” reconhece no outro um algo “divino”, mas para aí como os outros, para na beira do conceito de alteridade.
Nicolescu foi a frente, escreve como Heisenberg um modelo de ultrapassar o dualismo sujeito x objeto, característico da modernidade: “: “Nunca podemos chegar a um retrato exato e completo da realidade (Heisenberger, 1998, p. 258). A incompletude das leis da física está presente em Heisenberg, mesmo que ele não faça nenhuma referência aos teoremas de Gödel. Para ele, a realidade é dada como “texturas de diferentes tipos de conexões”, como uma “abundância infinita”, sem qualquer fundamento último” (Nicolesceu, 2008)
Citando ainda Heisenberg, afirma Nicolescu citando a consonância com Husserl, Heidegger, Gadamer e Cassirer (que ele conheceu pessoalmente), que é preciso suprimir qualquer distinção rígida entre Sujeito e Objeto.
O ideia do sujeito oculto em Nicolescu está além do limiar Eu e o Outro, está na concepção que vem da física que existe um terceiro estado na natureza, o Terceiro Incluído além do Ser e do Não-Ser, chama-os de Objeto-Transdisciplinar e Sujeito-Transdisciplinar, na física quântica já estava claro que a análise de um fenômeno do Objeto deve ser transdisciplinar devido um estado então desconhecido na natureza, agora também um Sujeito Transdisciplinar é descrito por Nicolescu (chama-o TD-Subject) que desvela o Terceiro Oculto.
Embora o tema fale da alma e chega a falar de espiritualidade, para uma boa leitura bíblica é preciso entender o desvelamento de Jesus após sua morte (aparição é um termo limitado) que se revela de modo surpreendente e divino aos discípulos, o Terceiro Oculto é Ele próprio.
Na passagem de discípulos que estão caminhando para Emaús e um Terceiro caminhante se infiltra entre eles, ao verem partir o pão logo vão lembrar de sua “conversa”: “ Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).
NICOLESCU, B. “Subject, self, and Soul: Transdisciplinary approches to Personhood”, Metanexus Conferece, Madrid, 2008.
O paradoxo da informação no cosmos
A questão da informação com os buracos negros é que qualquer objeto que cai lá e você jamais o verá ou terá alguma informação que sobre o que aconteceu, até mesmo a fusão de dois buracos negros é impossível de ser desfeita, não se pode separá-los e o que acontece?
Os buracos negros simplesmente parecem não preservar nenhuma informação.
Em toda história da ciência as nossas leis científicas foram sendo escritas a partir de observações quantificáveis, essas informações são certas propriedades físicas mensuráveis de matéria e energia. Uma molécula ou uma partícula, como um próton ou um elétron por exemplo, contém um valor de massa, uma carga elétrica, um spin e diversas outras propriedades quânticas (número de bárions, léptons, hipercargas etc.).
Porém havia a famosa partícula de Higgs ou “de Deus” algo que atribuía massa as outras e uma experiência no Grande Colisor de Partículas (hadrons (LHC) conseguiu detectá-la, num buraco negro que absorva determinada quantidade de partículas, de matéria e energia ao longo do tempo, ele própria seja constituído de partículas com propriedades únicas, e assim ele deveria conter uma significativa quantidade de informação, mas onde está ?
A pergunta certa é para onde foi esta quantidade de informação? Em teoria, um buraco negro feito a partir do colapso de uma estrela normal, onde pode-se observar o buraco negro que surge, tem informações codificadas totalmente diferentes do que as de um buraco negro feito a partir do colapso de uma estrela de antimatéria (considerando-o possível), por exemplo.
Isto não é uma violação das leis físicas newtonianas, mas sim a própria teoria quântica, pois quando Stephen Hawking aplicou as regras da mecânica quântica aos buracos negros ele descobriu (ou supôs) que sistemas isolados emitiriam uma forma de radiação, chamada por isto de radiação de Hawking, que seria independente do estado inicial do buraco negro e dependeria apenas de sua massa, carga elétrica e momento angular.
Se a informação não se preserva ou se evapora inteiramente através da radiação de Hawking, tem-se um paradoxo, entre as hipóteses mais aceitas atualmente está a teoria das cordas, a principal candidata a uma nova teoria unificada da natureza, que aceita que a informação realmente escapa de um buraco negro.
Assim se você pular em um buraco negro, não irá necessariamente embora para sempre; ao invés disso, a informação do seu corpo poderá emergir, partícula por partícula, para reconstitui-lo de alguma forma a partir destas pequenas ondas, chamadas de “cordas”.
As observações do super laboratório espacial James Webb e os contínuos estudos para as fronteiras do pensamento nos levarão ainda mais longe, rumo as confins e enigmas do Cosmos.
O terceiro incluído da física e o pensamento
O fato que estamos presos ao dualismo, A e não-A, o Ser é e o Não Ser não é, e agora transformado em pensamento político como se a natureza e a sociedade houvesse apenas sempre duas opções em conflito não havendo uma terceira (ou mesmo quarta e quinta opções) é um pensamento desatualizado se olhamos o paradoxo lógico desenvolvido pelo físico Barsarab Nicolescu que encontra paralelo não só na física quântica (foto), mas também no pensamento social e ontológico: a terceira opção (figura).
Tanto que isto é verdade que o próprio texto de Barsarab que pede uma reforma da Educação e do Pensamento (Barsarab, 1999) indica que pode-se ver nesta mudança uma saída do centro de uma crise maior que as questões físicas ou lógicas, afirma Barsarab: “Uma coisa é certa: uma grande defasagem entre a mentalidade dos atores e as necessidades internas de desenvolvimento de um tipo de sociedade acompanha invariavelmente a queda de uma civilização”, ou dita de outra forma, mais ontológica, ente o Ser e o não-Ser há um estado Não-Ser-sendo que rompe dualismos e paradoxos.
Tanto a carta de Barsarab que pede uma reforma da educação, como outros pensadores como Edgar Morin e outros perceberam uma crise na modernidade com raiz no pensamento e na educação, o teórico do Terceiro Incluído T, dá uma sentença preocupante: “O risco é enorme, porque a contínua expansão da civilização ocidental, em escala mundial, faria com que a queda dessa civilização fosse equivalente ao incêndio de todo o planeta, em nada comparável às duas primeiras guerras mundiais”.
Existe ainda um pensamento linear e monodirecional onde a intencionalidade é sempre polarizada e criar um caminho “único” e monocromático, com o eterno perigo de autoritarismo e desvios de poder, para distensionar será necessário um mundo mais aberto e onde todos fossem incluídos e não apenas o que é conveniente ao poder.
A educação deve caminhar e auxiliar este contexto, Barsarab diz em sua carta: “A harmonia entre mentalidades e saberes pressupõe que tais saberes sejam inteligíveis, compreensíveis. Mas será que essa compreensão pode ainda existir, na era do big bang disciplinar e da extrema especialização?”
A dura realidade da pandemia mostra que oscilamos entre uma verdadeira solidariedade e uma distensão para enfrentar a crise, e a polarização oportunista que quer tirar vantagem sobre as mortes e os desvios de uma crise sanitária mal gerenciada, em alguns países mais, mas em quase todos.
A sentença de Barsarab que parece dura não o é: “Existe alguma coisa entre e através das disciplinas e além de toda e qualquer disciplina? Do ponto de vista do pensamento clássico não existe nada, absolutamente nada. O espaço em questão é vazio, completamente vazio, como o vácuo da física clássica”, neste epoché (a visão grega do vazio) pode florescer uma verdadeira filosofia, também ela quando não é (a suspensão de juízo, os novos horizontes além dos pré-conceitos, etc.) é que ela é.
NICOLESCU, Basarab. O manifesto da transdisciplinaridade. Trad. Lúcia Pereira de Souza. São Paulo: Trion, 1999.
Globalismo ou Universalismo, um novo período
A atual crise aponta claramente por uma crise civilizatória, as visões eurocêntricas e iluministas já mostravam seu esgotamento em períodos anteriores, por pensadores como Nietzsche e Shopenhauer que foram buscar elementos na filosofia ocidental, porém a física quântica e estudos sobre uma era chamada de “antropoceno” como os estudos transdisciplinares de Anna Tsing, fundadora da AURA (Arhus University Research on the Antropocene) e uma das editoras do Feral Atlas (feralatlas.org) publicado pela Stanford University Press.
Assim as teorias do globalismo e NOM (Nova Ordem Mundial) não passam de teorias conspiratórias, embora as forças políticas em jogo possam ter também influências de diversas organizações políticas que desejam formas novas de imperialismo e controle populacional.
O simples olhar para um universo cada vez mais complexo em que morrem velhos paradigmas copernicanos e newtonianos, de grande influência no pensamento ocidental, mostram uma realidade muito mais complexa, como a teoria das cordas apontada por Michio Kaku como uma das poucas alternativas para explicar o universo como vemos agora por megatelescópios.
Mesmo a ideia de Einstein de entender a mente de Deus é muito distante daquilo que significa realmente uma teoria do Tudo e do Todo, onde é quase impossível não pensar em um Ser com uma inimaginável inteligência que criou tudo, uma simples energia ou acaso é simplista demais e mesmo físicos teóricos como Albert Einstein, Stephen Hawking e Michio Kaku admitiram esta hipótese.
Porém é difícil imaginar uma consciência mega-inteligente diante de raciocínios tão primários que envolvem a maioria dos pensadores cristãos, figuras como Agostinho de Hipona, Thomas de Aquino, Duns Scottus e Boécio, estes dois últimos são considerados santos pelos católicos, parecem estarem ofuscados por um primarismo fundamentalista que ignora o universo complexo que vivemos e que se revela ainda incompreensível para os limites humanos.
Para religiosos sérios bastaria examinar a visita dos reis magos (veja o documentário da Discovery) que vieram adorar o recém-nascido em Belém para tomarem consciência que Deus é universal e não se limita aos ditames e costumes humanos, mas há muita falsa profecia.
O limite de um verdadeiro cristianismo deveria ser como dizia Agostinho de Hipona: “o limite do Amor é amar sem limites”, isto deveria ser essencial a um verdadeiro Deus de Amor.
Os 3 Reis Magos – Documentário Discovery Civilization l Dublado l (youtube.com)
O mistério dos buracos negros
O centro da via Láctea, a galáxia onde habita nosso sistema solar é formada por um disco de braços espirais e uma região central densa e amarelada conhecida pelo nome de “bojo” e ali habitam cerca de dez bilhões de estrelas orbitando o objeto colossal que é seu centro chamado de buraco negro supermassivo Sagittrius A* ou apenas Sagitário A*.
Assim se outrora o geocentrismo (a Terra como centro) era uma ideia ingênua, agora também o Heliocentrismo (o sol como centro) é uma ideia provinciana e superada, mas o que são os buracos negros, não foi Einstein e sim Karl Schwarzschild o primeiro a propor sua existência.
O livro de Steven S. Gubser “O pequeno livro dos buracos negros”, trata de modo simples, tanto quanto possível, explica a relatividade especial e geral de Einstein e as equações de Schwarzschild que deram origem ao tema, os buracos negros são um dos temas fortes da astronomia atual e uma das fontes de investigação do mega-telescópio James Webb.
O livro começa contando um experimento realizado em 14 de setembro de 2015, quase cem anos após Einstein anunciar sua teoria da relatividade geral, dois detectores massivos, um em Louisiana e outro em Washington realizava um experimento de ondas gravitacionais quando detectar um pior audível, como um baque grave e cinco meses depois anunciavam que detectaram dois buracos negros em colisão formando um maior, a descoberta foi espetacular.
Tanto buracos negros como ondas gravitacionais eram previstas na Teoria de Einstein, nesta teoria o buraco negro é uma região do espaço-tempo (a noção de tempo e espaço absoluto já está superada) onde toda matéria próxima é atraída e é impossível de escapar.
Há um ditado popular que tudo que sobe deve descer, diz o autor, porém a ideia das equações de Schwarzschild é que nada pode subir apenas descer e no caso dos buracos negros para onde vão aquilo que deve descer, ou seja, o que acontece com o que é atraído pelo buraco negro.
Conhecemos a história da maçã que teria inspirado a lei da gravitação universal de Newton, o autor do livro sugere então uma maçã caindo em um buraco negro.
Uma maçã fora dos eventos do buraco negro tudo é estático, no horizonte destes eventos tudo é dinâmico, fluindo para uma singularidade abrangente (onde o espaço tempo muda dinamicamente de modo extraordinário, ali duas dimensões se comprimem e a terceira é esticada.
Stephen Hawking, famoso por propor equações do Big Bang, especulava que os buracos negros não são de fato negros, eles tem a sua cor (na verdade, fora do nosso alcance visual de cores do violeta ao vermelho) determinada pela temperatura, energia e entropia de sua superfície (se podemos chamar assim as duas dimensões, já que é espaço-tempo).
Esta introdução simplificada é desenvolvida ao longo de sete capítulos do livro, em detalhes astronômicos e suas equações, que exige certo conhecimento mais específico da física.
GUBSER, Steven S. O pequeno livro dos buracos negros, trad. Rosaura Maria Cirne Lima Eichenverg, São Paulo: Planeta, 2021.
A física e a mente de Deus
A questão originária básica do homem é a linguagem, porém ao buscar a informação o homem foi obrigado a olhar o universo e a tentar entender seus enigmas, o geocentrismo (a terra como centro de tudo), o heliocentrismo (o sol como centro de tudo) dominaram a linguagem e o pensamento humano durante milênios, em todo este tempo o antropocentrismo dominou a concepção humana e com isto a tentativa de dominar toda a natureza cresceu, porém a física quântica mudou tudo.
Porém a natureza é indomável, a modernidade foi uma tentativa de dominar as forças da natureza e afirmar o antropocentrismo sobre ela, porém ela tem sua própria lógica, e ao olhar mais profundamente o universo que tinha uma explicação mitológicas deslocou-se para um foco mais claro de indagação escatológica: de onde viemos e para onde vamos.
O livro do físico teórico Michio Kaku: “A equação de Deus” dá um mergulho nesta questão a partir da física e da cosmologia contemporânea, o físico é o grande teórico da física das cordas (Hiperespaço é um de seus livros), professor de Harvard e apresentador de programas na Discovery Channel.
Em seu livro esclarece a busca de físicos como Stephen Hawking e Albert Einstein sobre a tentativa de explicar todas as forças do cosmos, aquilo que é chamado de teoria do tudo, e que em sua formulação atual é chamado Teoria da Física Padrão, a descoberta das forças quânticas das partículas, entre elas o bóson de Higgs, a visão do fóton com partícula de massa zero, as partículas do magnetismo terrestre ajudaram esta unificação, mas não é tudo.
Muitos físicos falharam, a explicação quântica rompe com a ideia de “coisa” que alguns autores dualistas continuam a ter, o “quantum” é algo além tem um terceiro estado, chamado na física de “terceiro incluído” onde uma partícula está entre o Ser e o Não-Ser e não é dual.
Se este estado da física quântica já é realidade, o que são de fato as partículas ainda é um mistério, e a “candidata mais promissora (e, na minha opinião, a única candidata) é a teoria das cordas, que diz que o universo não é feito de partículas puntiformes, mas sim de minúsculas cordas vibrantes, onde cada modo de vibração corresponde a uma partícula subatômica” (KAKU, 2022).
Precisaríamos de um microscópio poderoso o suficiente para ver elétrons, quarks, neutrinos, etc. são nada mais do que vibrações de laços minúsculos, parecidos com elásticos de borracha. Se colocarmos esses elásticos para vibrar inúmeras vezes e de formas diferentes, eventualmente conseguiremos criar todas as partículas subatômicas do universo, e isto quer dizer que as leis da física se resumem nestes modos de vibração das pequenas cordas.
Diz Kaku na introdução de seu livro: “a química é um conjunto de melodias que podemos tocar com elas. O universo é uma sinfonia. A mente de Deus, a que Einstein eloquentemente se referiu, e uma música cósmica que se espalha pelo espaço-tempo” (KAKU, 2022).
KAKU, Michio. A equação de Deus. Trad. Alexandre Cherman, R.J.: ed. Record, 2022.
Visão universal de Chardin
Durante um certo tempo a visão de um universo formado a partir de uma intenção divina, a sua evolução dentro de uma geosfera, depois uma biosfera e finalmente a etapa atual que é uma noosfera (noon – espírito) de Chardin foi considerada herética, mas aos poucos foi se modificando, muitos filósofos e teólogos passaram a estuda-lo, suas obras foram sendo publicadas e aceitação da igreja foi sendo considerada, a ponto de pensarem até em sua beatificação.
Pode-se pensar nas polêmicas atuais, sem sentido sério doutrinal ao meu ver, que isto se deve a uma certa “modernização” herética da igreja, porém os mais diversos pensamentos teológicos dentro da igreja refletem sobre a validade desta visão que atualiza o pensamento cristão e dá uma grande abertura àquilo que o homem moderno descobriu e continua descobrindo sobre a vida humana na terra e o cosmos.
Numa homilia do papa Bento XVI, em 24 de julho de 2009, numa homilia em Aosta, Bento XVI cita Teilhard de Chardin, como uma iluminação positiva: «A função do sacerdócio é a de consagrar o mundo para que ele se torne hóstia viva, para que o mundo se torne liturgia: que a liturgia não passe ao lado da realidade do mundo, mas que o mundo ele mesmo se torne hóstia viva, se torne liturgia. Esta é a grande visão que foi mais tarde também a de Teilhard de Chardin: no fim, teremos uma verdadeira liturgia cósmica em que o cosmos se torna hóstia viva.»
E isto não é doutrina nova, embora Chardin a tenha aproximado da Ciência, o Concílio do Vaticano II na Constituição Gaudium et Spes (nº 5), com efeito, declara: «Em suma, o género humano passa duma noção basicamente estática da ordem das coisas a uma concepção mais dinâmica e evolutiva: daí nasce uma problemática nova enorme que obriga a novas análises e a novas sínteses.» E no Catecismo da Igreja Católica (n. 310), lemos: «Deus quis livremente criar um mundo “em estado de caminhada” em direção à sua perfeição última e Jesus virá em sua glória, após guerras, pestes e outras dificuldades civilizatórias, para salvá-lo, diz a escatologia.
Assim não apenas o pecado original, a expulsão do paraíso e o futuro humano se abre a uma perspectiva nova e coerente com a doutrina, como esclarece pontos polêmicos historicamente, diríamos em função da revolução copernicana, o homem e o mundo nem é geocêntrico, nem heliocêntrico, no centro da galáxia está um buraco negro, então poderíamos dizer que ele é noocêntrico (foto do centro da galáxia).
GRONCHI, Pe. Maurizio. No pensamento de Pierre Teilhard de Chardin. « J’étudie la matière et je trouve l’esprit. », L’Osservatore Romano, 29 dezembro 2013.
A identidade terrestre e o buraco negro
O Capítulo 2 do livro de Edgar Morin é “A carteira de Identidade terrestre” ali ele desenvolve a partir das descobertas da astrofísica, da biologia, da paleontologia as ideias sobre a vida do universo, que a natureza da Terra e da própria vida do homem foram “subvertidas nos anos 1950-1970” e ainda não tínhamos o James Webb e a descoberta dos laços entre o homo sapiens e os neandertais.
“Depois, com Copérnico, Kepler, Galileu, a Terra deixou de ser o centro do universo e tornou-se um planeta redondo em torno do Sol, a exemplo dos outros planetas” (pag. 43) e parecia “testemunhava a perfeição de seu criador divino” pela ordem e regularidade, até que se descobriu um universo em expansão a partir das observações do afastamento das estrelas de Hubble em 1923, o astrofísico daria depois o nome ao famoso telescópio já superador pelo James Web.
No começo do século XIX, “Laplace expulsou o Deus Criador de um universo auto-suficiente e que se tornara uma máquina perfeita para toda a eternidade” (pg. 44) e não citado ali, mas Também numa Conferência de matemática no início do séc. XX Hilbert propõe alguns últimos problemas não resolvidos pela matemática, para dizer que tudo ela lógico e matemático.
Em 1965, Arno Penzias e Harold Wilson dariam fatos para esta expansão do universo como uma “irradiação isótropa proveniente de todos os horizontes do universo” e esse “ruído de fundo cosmológico” uma espécie de “resíduo fóssil” da deflagração inicial da explosão inicial que confirmaria a famosa teoria do Big Bang, hoje os novos dados põe em dúvida isto, mas algo ficou deste período que é a concepção de anti-matéria e a investigação de buracos negros.
A década de 60, quando Penzias e Wilson ganham um prêmio Nobel, traria novos corpos celestes entre eles: “os quasares (1963), pulsares (1968) (pg. 44), depois buracos negros, e os cálculos dos astrofísicos fazem supor que conhecemos apenas 10% da matéria, 90% sendo ainda invisível a nossos instrumentos de detecção” e que só agora o James Web olha.
O centro de nossa galáxia não é mais o sol, mas um buraco negro, e nele se desdobra toda uma nova visão do universo como “em seu princípio o Desconhecido, o Insondável e o Inconcebível” (pg. 44), eis-nos agora numa galáxia de 8 bilhões de anos após “o nascimento do mundo, e que, com suas vizinhas parece atraída a uma enorme massa invisível chamada “grande Atrator” “ (idem), que é um buraco negro.
E nós um pequeno planeta, surgido a 4 bilhões de anos, descobre-se que tem uma história, “e adquire forma no século XIX” e no limiar do século XX, o alemão Alfred Wegener elabora a teoria da deriva dos continentes, apesar da resistência inicial, comprovada posteriormente.
Após os seus longos períodos iniciais de esfriamento, formação dos primeiros microrganismos, e finalmente o homem aparece “ramo último e desviante da árvore da vida, aparece no interior da biosfera, a qual, ligando ecossistemas a ecossistesmas, envolve já todo o planeta”, esta nascimento inicial, em descoberta recente também une Neandertais e homo sapiens.
Se “Bacon, Descartes, Buffon, Marx lhe dão por missão dominar a natureza e reinar sobre o universo” (pg. 54), a partir de “a partir de Rousseau, o romantismo irá ligar umbilicalmente o ser humano à Natureza-Mãe” e assim tendo uma mãe o homem pode nascer e habitar esta Mãe-Terra.
MORIN, E. e Kern, A.B. Terra-Pátria. Trad. por Paulo Azevedo Neves da Silva. Porto Alegre : Sulina, 2003.
Eclipses do processo civilizatório
A harmonia entre os povos, a aceitação e tolerância das diferenças, o diálogo e a diplomacia sobre questões em conflito parecem estar mais longe do que nunca, como um eclipse anular, obscurece a luz e deixa passar somente um anel de fogo, e como são diversos pontos de fontes de Luz, também existem regiões de penumbras que ficam confusas parecendo uma noite.
Diversas pesquisas apontam que isto acontecem com os pássaros diante de um eclipse, veem que está escurecendo e se comportam como no anoitecer, diminuem as atividades, se recolhem e chegam quase a dormir, como o eclipse é rápido depois voltam as atividades normais.
Assim são processos civilizatórios, há períodos de obscuridade e parecem que poderão ser uma noite interminável, porém passado este momento vendo o equívoco do “sono” durante a penumbra, redescobrem a vida e voltam as atividades normais, no caso humano com uma nova perspectiva de paz e tolerância, claro deixa marcas sempre terríveis: mortes inocentes, destruição e miséria.
Podíamos ter preparado uma festa, o concerto e a harmonia entre os povos, não faltaram educadores, profetas e futuristas que tentaram desenhar este cenário, mas os homens têm sempre o livre arbítrio, no nosso caso, podemos escolher entre o eclipse e a penumbra e o dia.
Eclipse porque seja pelas forças naturais ou seja por intervenção divina, os que creem desejam e esperam este dia, ainda que pereça milhões de inocentes, o desejo de triunfo do bem, do bom senso e da paz entre os homens é sempre um caminho irreversível, ainda que sofram.
Há uma parábola bíblica que desenha bem este cenário, um homem preparava uma festa e como os convidados não vinham (escolheram outros caminhos), ele mandou buscar homens na rua, mas entre eles também havia um com trajes inadequados (atitudes anti festa) e pediu que fosse retirado, diz a leitura (Mateus 22, 10-12):
“então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala de festa ficou cheia de convidados. Quando o rei entrou para veros convidados, observou aí um homem que não estava usando traje de festa e perguntou-lhe: ´Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu” e o rei pediu que o retirassem.
O processo civilizatório é assim, quem vencerá uma situação de conflito, todos perderão e ao final aqueles que estavam a margem do processo de conflito prepararão um novo caminho.
Walter, Jennifer. Lunar eclipses have one weird effect on birds. Inverse. 17 de março de 2022, Disponível em: https://www.inverse.com/science/lunar-eclipse-bird-flight