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Desconstrução não é destruição
Sobre a escrita da história não significa que não possa ser realizada para nos informar a leitura de Balzac ajuda a entender a França revolucionária e o pensamento antimonárquico, assim como sobre o passado e as culturas míticas que antecederam as atuais, parte do pensamento estruturalista ajudou a compreender melhor o que se seguiu ao pensamento da modernidade, .
Então mesmo no pensamento anglo-saxônico a desconstrução é uma maneira de refletir sobre o trabalho historiográfico, sobre o processo de transformação de evidências e informações do passado em história, porém é agora inevitável o questionamento histórico, o trabalho atual dos historiadores de entenderem e explicarem o passado através de fatos das evidências, ajudará a construir o futuro.
Se há uma demanda clara por mudança, há uma necessidade clara de mudança de mentalidade e de pensamento sobre a própria maneira de indagar a história, de reler a literatura, e principalmente, de apontar novos caminhos sólidos para a mudança, a compreensão da desconstrução como destruindo a cultura e o favorecimento a desinformação geral é parte da barbárie e não semente da mudança em curso.
O ser em esferas e o ser-de-si
Sem dúvida alguma o maior mal de nossos temos junto com a exclusão econômica e social, é a exclusão por características humanas específicas: doenças, tipo físico e até mesmo intelectual.
Já destacamos em nossos posts, a importância da tríade das Esferas de Petr Sloterdijk: Esferas, na qual descreve diversos aspectos de uma sociedade isolada em “bolhas” (nome do primeiro livro, já com tradução para o português) “Esferas I: bolhas” (Estação Liberdade, 2016).
Trata-se de um lugar, a esfera, onde se pode proteger, não é lugar de conforto mas de segurança, que no tratamento dado por Sloterdijk é a tradição do pensamento, que aparece como um lugar de proteção de uma humanidade que, para se proteger, se mura de pedras, armas, canções e ideias, e não seria de esperar de modo diferente para o mundo cibernético.
No conceito de Sloterdijk, que é diferente daquele tratado como “identidade” pois as esferas tem identidade que são fugazes, trata o problema humano onde estamos quando estamos no mundo? Por isso é uma consequência do pensamento de Heidegger o “ser-no-mundo”.
A sociedade atual dissolveu suas relações protetoras de intimidade em relações cinzentas formais, a questão se transfigura: onde estamos quando estamos no descomunal, na falta de abrigo da exterioridade absoluta, portanto é um problema maior que o enfoque de Domenico de Mais, não se trata apenas a perda de projetos sociológicos, mas de uma ruptura humana.
Não é também apenas o mal estar da modernidade, de fundo puramente psicológico como o tratado por Freud, o sentido que Sloterdijk dá para a “bolha” é o que se pensa por “espírito” ou “alma” é apenas o “ar” da vida insuflado em um espaço partilhado
Isto é claro já no pensar o espaço interior, início de seu livro, quando Sloterdijk demonstra a pendência de sua microesferologia com relação à psicologia contemporânea, aquilo que a filosofia chama de si (Hegel usa esta categoria para diferenciar o em-si), de si e passou a permitir se pensar o surrealismo da espacialidade humana, a saber, de ser conteúdo e continente, assim quando se fala de produção de conteúdo dever-se-ia falar do continente.
A crença religiosa na fusão mística e no encantamento fisiológico dos casos descritos por Sloterdijk, que fala do coração e da alma de figuras como Catarina de Sena e Raimundo de Cápua, que fala da troca do próprio coração com o de Vristo, revelavam o caráter relacional dos corpos humanos e que encontra até mesmo no Banquete de Platão e que foram anulados pelo “individualismo anatômico”, segundo o autor, quando se começa a dissecação de cadáveres, nos séculos XVI e XVII.
Apesar de uma linguagem que vai do poético ao mordaz, a crítica que Sloterdijk faz ao nosso tempo para ser fundamental, que poderia ser grosso modo dita como “ser-em-esferas”.
A crise planetária e suas origens
Edgar Morin em seu livro Terra-Pátria explica que o crescimento desta era se deu na modernidade, começou com as navegações pelo globo, que fez Cristóvão Colombo chegar a América e Vasco da Gama fazer o caminho pela costa da África para as índias, mas isto foi uma forma de mudar a rota terrestre que passava pela Índia e pela China, historicamente o desprezo pelos “bárbaros civilizados”.
Escreveu Morin: “Desde os começos da era planetária, os temas do “bom selvagem” e do “homem natural” foram antídotos, muito fracos, é verdade, à arrogância e ao desprezo dos bárbaros civilizados. No século XVIII, o humanismo das Luzes atribui a todo ser humano um espírito apto à razão e lhe confere uma igualdade de direitos.” (MORIN, 2003, p. 26)
A ideia de que a Europa, primeiro Londres depois Paris, e atualmente a Alemanha, seriam as culturas mais avançadas levaram a: “ música de Beethoven, o pensamento de Marx, a mensagem de Victor Hugo e de Tolstoi se dirigem a toda a humanidade. O progresso parece ser a grande lei da evolução e da história humanas” (idem), mas será que isto envolvia de fato o globo, ou foi uma época de guerras coloniais, depois duas grandes guerras e hoje ainda um processo de desenvolvimento duvidoso.
Damos um salto e no pós-guerra, reapareceu a confiança e: “Imensas esperanças num mundo novo, de paz e de justiça, ganharam corpo com a destruição do nazismo, no esquecimento ou na ignorância de que o Exército Vermelho trazia não a libertação, mas uma outra servidão, e de que o colonialismo havia retomado sua ação na África e na Ásia.” (MORIN, 2003, p. 32).
Citando a Guerra do Golfo e do Kwait (1990 e 1991), mostraram que: “o desmoronamento do totalitarismo do Leste não ocultará por muito tempo os problemas de economia, de sociedade e de civilização no Oeste, não reduzirá em nada os problemas do terceiro mundo transformado em Mundo Sul, e não produzirá naturalmente uma ordem mundial pacífica.” (Morin, 2003, p. 32), mostrando uma linha de fratura no oriente médio e mundo árabe, o livro é anterior mas pode-se citar a questão da Síria e da Coreia do Norte, fraturas atuais.
Morin aporta para o futuro agora cheio de problemas: “Mas o certo é que a história mundial retomou sua marcha turbulenta, correndo a um futuro desconhecido, ao mesmo tempo em que retorna a um passado desaparecido” (Morin,2003, p. 33), chama esta fase de democleana: “em 1945, a bomba de Hiroshima fez a idade de ferro planetária entrar numa fase damocleana.” (idem).
Apontava bem antes da crise mundial de retorno ao nacionalismo nas eleições, que isto já estava em curso: “Numa dialógica tornada mundial entre as forças de integração e de desintegração culturais, civilizacionais, psíquicas, sociais, políticas, a própria economia se mundializou cada vez mais e se fragilizou cada vez mais; assim, a crise econômica surgida em 1973 de uma escassez de petróleo passa por diversos avatares sem estar realmente resolvida.” (Morin, 2003, p. 34)
E mostra o lado perverso da crise atual: “A mundialização económica unifica e divide, iguala e desiguala. Os desenvolvimentos económicos do mundo ocidental e do Leste asiático tendem a reduzir nessas regiões as desigualdades, mas a desigualdade aumenta em escala global, entre “desenvolvidos” (em que 20% da população consomem 80% dos produtos) e subdesenvolvidos.” (MORIN, 2003, p. 34)
Como dar um fundo mais panorâmico sobre a crise atual e qual seriam as respostas possíveis para esta crise ?
Referência:
MORIN,E. e KERN, A.B. Terra-Pátria. Traduzido do francês por Paulo Azevedo Neves da Silva. Porto Alegre : Sulina, 2003.
Arte Ideal, representação e re-vel-ação
Para ver uma coisa é preciso ver além do aparente, isto é, aquilo que Rancière que já chamou (ver no post anterior) de visão dupla, que significa ver duas coisas ao mesmo tempo, não é “uma questão de trompe l´oeil* ou de efeitos especiais. É um problema de relações entre superfície de exposição das formas e superfície de inscrição das palavras” (Ranciére, 2003, p. 89) não podendo, portanto ser um jogo de ilusões, ou ainda uma pintura idealista que busca o ideal das formas sob o imediatismo da presença, aquele estilo de “natureza morta” ou de “cenas de costumes” que são comuns em muitas casas.
Esta arte que pretendeu a re-presentação ou ainda a re-velação, note-se bem a a etimologia destas palavras que dão a elas próprias um sentido mais correto, qual seja, o de renovar a presença e a outra, de renovar o véu que cobre a imagem, ver, portanto não é a “mediação das palavras que se configura o regime dos ´imediaticismos’ da presença.” (RANCIÈRE, 2003, p. 89).
O imaginário, o lúdico e o espiritual escaparam por um longo tempo dela, mas recomeçou um renascimento com Kandinski, Henri Matisse e outros mais contemporâneos Pablo Picasso, Miró, um exemplo clássico foi a Dança II de Matisse (ilustração ao lado), cuja ideia do quadro teria surgido de uma dança da roda chamada “A Sardana” do sul da França, e foi encomendado por seu patrono russo Sergei Schukin, para ser exposto no Palácio de Trubetskoy ao lado de outra obra de Matisse “A Música”.
A dança sinuosa em que o movimento se transporta para os corpos e pernas é intencional para afirmar o envolvimento das dançarinas, e esta representação em círculo tornar-se uma eterna presentação e a re-velação se transforma num desvelar, ou seja, retirar o véu do que está oculto e por isso a nudez dos corpos, que o patrono Sergei teria discordado de início, porém depois de ver o esboço teria mudado de início, ou seja, não se trata da nudez porém da significação que tem a dança que é o envolvimento harmônico das dançarinas.
O ideal da forma transforma-se em formas dos ideais, aquilo que o próprio Matisse disse procurar em sua arte: “O meu sono é realizar uma arte do equilíbrio, de pureza e serenidade”.
A perfeita interação entre estas dançarinas não é um idealismo, mas a busca da interação entre pessoas, povos e culturas, o sonho de Matisse.
O quadro A dança II parece desvelar em uma imagem o sonho do autor, os corpos interagem numa “comunhão”.
Vive-se um tempo de cegueira, não apenas no mundo da cultura e por consequência da arte, mas também a cegueira social, política e até religiosa, aquilo que José Saramago que descreve em seu “Ensaio sobre a cegueira” através de um motorista que subitamente fica cego parado em um sinal, neste o autor procura nos lembrar “a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”.
A arte é uma maravilhosa forma de nos fazer enxergar e nos fazer recuperar a lucidez, a serenidade e o equilíbrio que faltam a nos dias de hoje, sem deixar de ser ousada e propositiva.
* Significa ao pé da letra “engana o olho“, porém é uma técnica para criar ilusão tridimensional.
RANCIÈRE, J. O destino das imagens. Rio de Janeiro: Contraponto, 2003.
Informar, conhecer e saber
Em tempos de crise cultural, a informação é abundante e nem sempre verdadeira, o conhecimento é limitado e a sabedoria escassa.
Embora seja do senso comum que para conhecimento é necessário informar, pouco se sabe sobre o que é informação, e o pouco conhecimento tempo pouca chance em tornar-se sabedoria, então transbordam as “máximas” (frases feitas deslocadas de contexto), a autoajuda (nome impróprio para o autoconhecimento) e o fundamentalismo, miséria da filosofia.
Há muitas possibilidades para a informação, mas se a considerarmos como presente na vida dos seres, então uma definição encontrada no Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa que remete a origem da palavra no latim informatio (delinear ou conceber ideia) entende-se como dar forma ou moldar na mente, onde ela se in-forma, passando a informação a ser ontológica (exemplo acima).
Porém este formato seja na língua, linguagem ou em alguma forma de signos esta informação já existe, e esta relação está tem uma raiz semiótica dado por Beyno-Davies onde o conceito multifacetado de informação é explicado em termos de sinais e de sistemas de signos-sinais.
Para ele há quatro níveis interdependentes, ou camadas da semiótica: a programática, a semântica, a sintaxe e o empírico (ou experimental que prefiro pois não é empirismo).
Enquanto a Pragmática está preocupada com o propósito de comunicação, a Semântica se preocupa com o significado de uma mensagem transmitida em um ato comunicativo (que gera uma ontologia) e a Sintaxe está preocupada com o formalismo utilizado para representar uma mensagem.
A publicação da dissertação de Claude Shannon, em 1948, intitulada A Mathematical Theory of Communication é uma das fundações da teoria da informação onde a informação não somente tem um significado técnico mas também de medida, podendo ser chamada de sinal apenas.
Foi Michael Reddy que observou que “‘sinais’ da teoria matemática são “padrões que podem ser trocados”, neste sentido são códigos, onde a mensagem contida no sinal deve expressar a capacidade de “escolher dentre um conjunto de mensagens possíveis”, não tendo significado único, pois precisa ser “decodificada” entre as possibilidades que existem.
Deve ter certa quantidade de sinais para poder superar a incerteza do sinal transmitido, será conhecimento se a relação entre sinal e ruído (presente na codificação e transmissão do sinal) for relevante e o grau de entropia não tiver destruído o sinal transmitido.
A teoria da comunicação analisa a medida numérica da incerteza de um resultado, por isso tende a usar o conceito de entropia da informação, geralmente atribuído a Claude Shannon.
O conhecimento é aquilo que se obtém da informação quando ela transmitida pode ser retida de alguma forma na mente humana, a informação que permite isto é ontológica.
Consciência e Informação
O evento EBICC recebe hoje (31 de outubro) a palestra de Gregory Chaitin, matemática e cientista de informática que apresentou o Theorema da Incompletude de Gödel e ele é considerado um dos fundadores da atual complexidade de Kolmogorov (ou Kolmogorov-Chaitin) juntamente com Andrei Kolmogorov e Ray Solomonoff.
Hoje, a teoria da informação algorítmica é um assunto comum em qualquer currículo de ciência da computação.
Resumo:
Ele faz uma revisão das aplicações do conceito de complexidade ou informação algorítmica em física, matemática, biologia e até mesmo do cérebro humano, e propõe a construção do universo de informações e de computação, em vez de matéria e energia, o que seria uma visão de mundo muito mais amigável para discussões sobre a mente e a consciência do que o permitido pelo materialismo tradicional.
Os fundamentos de seu pensamento pode ser encontrado no livro: Meta Mat – Em Busca do Omega. SP: Editora Perspectiva, 2009.
Uma constante e um possível Nobel da Física
Constantino Tsallis (1943- ), do Santa Fé Institute é um grego que está no Brasil, e é candidato ao Nobel da Fisica deste ano, ele também tem nacionalidade brasileira e argentina, como ele gosta de dizer: “ele e a torcida do Flamengo torcem para este Novel da Física”.
Ele retrabalhou a constante de Boltzmann a ponto de torna-la mais genérica, mais aplicável e a ponto de mudar o nome dela (ou criar uma constante mais geral) chamada de Tsallis.
A constante de Boltzmann (k ou kB) é a constante física que relaciona temperatura e energia de moléculas, os kMols como aprendemos (ou não) nas aulas de Física.
O nome deve-se ao físico austríaco Ludwig Boltzmann (1844-1906), que fez as mais importantes contribuições para a mecânica estatística (sendo até considerado seu fundador), na qual a sua constante tem um papel fundamental. O seu valor experimental, em unidades SI, determinado em 2002, é:
k = 1,3806503. 10^-23 J/K
A forma mais simples de chegar à constante de Boltzmann é dividir a constante dos gases perfeitos pela constante de Avogadro.
Mas a contribuição não para aí, o mais importante conceito que vem da física é o da entropia, e juntamente com Maxwell (embora nunca tenham trabalhado junto), constituíram o que é chamado de distribuição de Maxwell-Boltzmann para visualizar a distribuição da velocidade das partículas em temperaturas diferentes.
Constantino Tsallis, um físico grego-americano que atualmente trabalha no Brasil, ao revisar a constante de Boltzmann, segundo ele próprio apenas pela beleza das equações,
Formulada em 1988 por Constantino Tsallis como uma base para generalizar a mecânica estatística padrão, pode-se dizer quase a refundando, é uma generalização da Entropia de Boltzmann–Gibbs, já que a Particúla de Gibbs foi recentemente confirmada experimentalmente e é também um resultado fundamental para a Física Padrão.
A relevância física da teoria de Tsallis já é amplamente debatida no cenário da literatura física mundial, mas foi só na década passada, que pesquisadores mostraram que a matemática de Tsallis descreve mais precisamente os comportamentos em lei de potência em uma larga gama de fenômenos, desde a turbulência de fluidos até os fragmentos criados nas colisões de partículas de altas energias.
Constantino Tsallis é candidato ao Nobel da Física e estará no evento EBICC da USP-SP.
Confiança, fé e autonomia
Conforme estabeleceu Giddens, há um limite entre a fé e a confiança, mas fatalmente quem tem confiança precisará de algum “tipo” de fé para ampliar sua segurança e com isto sua autonomia, sem que ela desande para o individualismo ou isolacionismo.
É possível então qualificar a fé, recorramos aos místicos, e como civilização ocidental-cristã a figura de Jesus, a passagem em que caminha sobre as águas assustando seus discípulos que acham que é um fantasma, é bastante ilustrativa e pode nos dizer algo da fé, está assim em Mateus 28 a 30:
Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”.
E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus.
Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”
Mesmo um de seus principais discípulos após achar que era um fantasma, reconhece-lo e desejar andar sobre as águas afunda, faltou confiança, fé e principalmente autonomia.
O fato que seguidores de diversas correntes místicas tenham pouca autonomia os torna um pouco infantís, e dependentes de quase tudo do mestre, por isto é que muitas vezes morre o mestre, morrem os discípulos, mas Jesus não morreu … é outra história, e será preciso outro tipo de fé, embora muitos proclamem o Deus vivo, apresentam-no morto.
Um qualificador importante para a fé é sua irmã-gêmea a esperança, e ambas são filhas do amor, então a fé deve ter origem em algo que seja amor, precisa distribuir a confiança e o bem desejado com as outras pessoas e com o ambiente, para torna-lo “confiável” então este tipo de fé não é cega, mas uma fé que tem um “agir agápico”, que sana o ambiente.
O fato que a grande maioria dos grupos religiosos funcionam como sistemas fechados e não proporcionem ao ambiente que vivem uma melhoria sensível, primeiro nas relações e depois nas ações, e finalmente na fé; é que as torna um campo minado de preconceitos e maldades, querem ser ouvidos como mestres, mas são pequenos na escuta e na abertura.
Caminhar sobre as águas, a metáfora mais usada é dizer que é um mundo revolto e agitado por injustiças e desamor, não deve se opor a uma fé interior ativa e profunda.
Confia quem tem fé, mas a fé deve partir de uma alma aberta ao mundo e aos outros.
Uma filosofia inesperada
Já falamos em um post da questão da intransparência levantada por Habermas em um artigo, e também citamos brevemente o autor da Sociedade da Transparência, Byung-Chul Ham, mas agora ao receber o livro e abri-lo deparo-me com uma filosofia inesperada, profunda embora não acabada como todo discurso pós-moderno, mas heidegeriana e humanista.
Vê a questão da transparência por um ângulo novo, próprio de sua cultura oriental, desvela a questão com uma frase capital: “os eu se referem a transparência somente à corrupção e à liberdade de informação desconhecem a sua envergadura” (Han, 2017, p. 12).
Revela-a como violenta na página seguinte: “A coação da transparência nivela o próprio homem até acabar por torntornaelemento funcional de um sistema. Tal é a violência da transparência.” (pag. 13)
Revela logo a seguir porque somos vítimas deste novo anátema da modernidade: “a espontaneidade, o que é do registro de um acontecer e a liberdade, traços que constituem a vida em geral, nada comportam de transparência” (idem), e citando von Humboldt explica que: “ … e seria atentar contra a verdade histórica da sua origem e das suas transformações querermos desterrar dele a possibilidade destes fenômenos inexplicáveis” (Humbold apud Han, pag. 13).
Não deixa de apontar caminhos, que já traçamos aqui por diversas ocasiões da alteridade, mas apresenta-a numa roupagem nova, contrapondo à sociedade da transparência que não “permite lacunas de informação nem de visão”, explica que na língua alemã “lacuna” (Lücke) e a “sorte” (Glück), citando R. Sennet em seu “Respect in a World of Inequality”.
Faz uma nova frase repentinamente forte: “O amor sem lacuna na visão é pornografia”, tema que retornará e tema de outro livro seu “A agonia do eros”, outro tema certo deste tempo.
Mas não dá a isto uma explicação rasa, afirma que esta “sociedade positiva” afirmando que esta sociedade não é nem hermenêutica nem dialética, mas “uma sociedade que não admite do mesmo modo qualquer sentimento negativo” (pag.16), não faz esta afirmação porém é minha reflexão que tal é a função platônica do idealismo contemporâneo.
Afirma que esta sociedade positiva não é a causa, “mas a consequência de um fim da teoria (destaque do autor), no sentido autêntico, que s aproxima. A teoria não pode ser substituída sem mais pela ciência positiva” (pag. 17), em clara referencia aos apelos de praticidade da pragmática contemporânea.
Surge então neste plano, sem deixar de apontar o caminho que a política traça nesta perspectiva ideal-positiva, “A política é a ação estratégica (novamente destaque do autor). E por esta razão, há uma esfera secreta que lhe é própria. Uma transparência total paralisa-a” (pag. 18).
Paro aqui a análise, porque não é possível em neste espaço apontar os novos caminhos que o autor trilha, mas apenas neste começo do primeiro capítulo vê-se a largueza de sua análise.
Twitter vai remunerar uso de Periscope
Uma reação do Periscope do Twitter, que permite transmissão de vídeos no microblog, ao concorrente Alphabet do Youtube que lançou transmissões de vídeo ao vivo para dispositivos móveis com usuários de mais de 10 mil seguidores, pode alavancar a remuneração em moeda digital com uso dos aplicativos.
Em 2015 quando o Twitter lançou o Periscope, o crescimento de transmissões foi progressivo, segundo a empresa o volume chegou a 77 milhões de horas de vídeos ao vivo nos três primeiros meses de 2017, volume alto, mas não há informações sobre visualizações.
O Alphabet do YouTube, da Alphabet, além do requisito de mais de 10 mil seguidores, expandiu sua própria oferta para ajudar os artistas on-line a ganhar dinheiro, mas o Twitter quer remunerar usuários comuns, porém a remuneração de fãs para os artistas apenas, entretanto a monetarização digital destes sistemas poderá incidir no uso da moeda digital, alavancando-a para outros serviços.
Como alavancar negócios ? Segundo o The Verge, o Periscope vai permitir que marcas sejam adicionadas aos corações personalizados do aplicativo nas transmissões em tempo real, ao lado dos corações multicoloridos normais que aparecem quando o espectador aperta o botão “like” usual.
A primeira franquia americana é a Fast and Furious, com “like” adicionando seu logotipo colorido “F8”, outras marcas poderão utilizar, o serviço por enquanto só nos EUA poderão chegar logo aqui e outros países.