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Reformar o pensamento: o mais difícil
Entre as várias crises que enfrentamos, já chamada de policrise pelo educador e pensador Edgar Morin, um dos aspectos mais profundos é o da reformar o pensamento, e quase tudo que está nos moldes do pensamento moderno ou pretensamente pós-moderno está em crise.
O livro A Cabeça bem-feita de Edgar Morin é uma formula breve, mas difícil, de partir de um ponto relativamente simples, afirmar o educador, que por sugestões de Jack Lang, o então ministro da Educação na França, imaginou fazer inicialmente um “manual para alunos, professores e cidadãos”, (Morin, p. 9) projeto que reformou e continuou, propôs superar a atual fragmentação do conhecimento através do pensamento complexo, passando por uma reforma do pensamento por meio do ensino transdisciplinar, capaz de formar cidadãos planetários, solidários e éticos, aptos a enfrentar os desafios dos tempos atuais.
O capítulo I apresenta os desafios, conectando saberes separados em disciplinas, propondo reuni-los em conteúdos mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais, planetário (Morin, p.13).
O capítulo 2 é o coração do livro, por isto intitulado a cabeça bem-feita, o filósofo Edgar Morin introduz a citação de Pascal “Não se ensinam os homens a serem homens honestos, mas ensina-se tudo o mais”, não é uma frase por acaso, mas revela a profunda crise moral que todos enfrentamos, não no Brasil, mas em nível planetário, então aonde pessoas honestas podem encontrar refúgio para enfrentar a parada.
No capítulo o capítulo ele explica como uma aptidão geral de inteligência, pode tornar-se apta para colocar e tratar os problemas de maneira organizados e que permita estabelecer ligação entre os saberes e dando-lhes sentido (p.21).
No capítulo 3 o autor trata da condição humana, assunto já tratado por Hannah Arendt e que é ligada e parte da retomada ontológica, mas que não depende só de reflexões filosóficas e literárias, mas depende das ciências naturais renovadas e reunidas, de assunto que são pouco antropocêntricos, mas ligados ao home: a Cosmologia, as ciências da Terra e a Ecologia (p.35).
Neste capítulo o ser humano é revelado em sua complexidade: ser, ao mesmo tempo, sendo totalmente biológico e totalmente cultural (p.40), poderíamos então repensar a cultura.
No capítulo 4 Aprender a viver, Edgar Morin nos apresenta o pensamento do filósofo Émile Durkheim “o objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao aluno, mas o de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas durante a infância, mas por toda a vida” (p.47), paro por aqui porque reformar o pensamento é uma revolução.
Quem quiser ler, há um pdf disponível na internet, mas é preciso ter “A cabeça bem-feita”.
Filosofia, história medieval e um livro
Recebi para avaliação o release e a capa do livro que está sendo lançado pela M Books do Brasil, de Anne Rooney: A História da Filosofia, a autora é professora em Cambridge no Trinity College, e fez mestrado e doutorado em Literatura Medieval, assunto para poucos, e que quase sempre esbarra em preconceitos e julgamentos, sendo membro de diversos órgãos ingleses como a Royal Literature Society.
Ao contrário do que imagina a vã filosofia, a literatura e filosofia medieval é riquíssima e não é apenas religiosa, pois foi neste período que se refez toda uma releitura da questões de fundação do pensamento ocidental, e em período de crise deste pensamento, leia-se em Edgar Morin a sua policrise e a crise do pensamento, retomar os aspectos da Metafísica, Epistemologia, Lógica, Ética e Estética, devem ser retomados de modo profundo no percurso humano.
Conforme aparece na abertura do livro: fazer perguntas é essencial, e a forma de apresentação “é concisa em explicações e um grande número de exemplos”, com as principais tentativas de respostas colocadas pelos filósofos na nossa história.
Como era de esperar explora aspectos centrais da filosofia tanto na metafísica quanto na ética, e é particularmente interessante sua desenvoltura em Ciências, Artes e Tecnologia, assuntos de grande dificuldade de abordagem na contemporaneidade, nos quais ela já é autora de vários livros.
É uma leitura que pode auxiliar a reflexão sobre questões do pensamento nos dias atuais.
Banquetes, diálogos, memória e amor
Não só na liturgia cristã, mas em toda a filosofia e literatura a mesa de refeições tem um significado forte quando se fala das relações e diálogos entre os seus comensais.
O Banquete de Platão junto com Fedro, os dois diálogos de Platão que tem como tema principal o Amor, no Banquete Platão ele discursa sobre a natureza e as qualidades do amor, mas está basicamente preocupado com as questões que envolvem a Cidade e os filósofos.
Na última ceia de Jesus (pintura de Da Vinci), após inúmeros diálogos, alguns feitos com base em parábolas, a parábola dos talentos, de Lázaro e o rico, do operário da última hora, do administrador esperto e tantas outras, ele realiza o diálogo com seus apóstolos e os prepara para deixar a sua memória, mas qual seria o verdadeiro memorial de Jesus.
Ele é explícito na última ceia, era comum lavar as mãos e os pés nas ceias, e Jesus começa com um gesto inusitado, geralmente os escravos lavavam os pés, e Jesus vai ele mesmo fazer este gesto, tentando ensinar a humildade e o serviço aos seus discípulos.
Depois durante a ceia, que era a ceia Pascal dos judeus, que a fazem na sexta feia, Jesus a fez na quinta-feira porque o cordeiro que deveria ser Imolado (morto) na sexta-feira será ele mesmo, e aí faz um segundo gesto inusitado, na ceia judaica há o cálice de Elias que fica sempre a parte, e Jesus tomando este cálice (em geral há cálices individuais) o usará, indicando que é Ele aquele que Elias havia anunciado que viria, toma dele e o dá aos seus amigos, para que tomem junto com o pão já repartido, o pão na ceia judaica está escondido e deve ser encontrado, e aí ele dirá qual é o seu memorial:
Na carta de Paulo aos Coríntios, Jesus afirma “Fazei isto em minha memória”.(1Cor, 11, 24) e completará: “Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha” (1Cor,11, 26).
Jesus está falando da sua morte que é o ápice do seu Amor, dar a vida pela humanidade, que deverá acontecer nas próximas horas quando será entregue aos seus carrascos.
Assisti Alice para Sempre, que conta a história de uma professora com um precoce mal de Alzheimer que se prepara para a perda de memória e para a morte, a atriz Julianne Moore ganhou o Oscar de melhor atriz, e o diretor do filme, Richard Glatzer, morreu dia 11 de março de esclerose lateral amiotrófica, há portanto duas lições de vida no filme.
Há na literatura muitos enredos que se passam ao redor da mesa, um recente é o romance “O jantar”, do escritor holandês Herman Koch, um dos maiores best-sellers da Europa de 2012 com mais de 1 milhão de exemplares vendidos e que vai agora para o cinema.
ONU e a tecnologia para a Paz
Recente relatório da ONU, conforme o site FierceGovernmentIT, reforça a ideia que a tecnologia pode ajudar muito em missões de paz, em áreas como: consciência situacional, executar mandatos e proteção, de acordo com o Painel de Peritos em Tecnologia e Inovação para Manutenção da Paz das Nações Unidas.
O relatório (ver página) entre as diversas recomendações do uso de tecnologia em de áreas e temas, um aspecto importante destacado são certos princípios que a ONU tem na aquisição e uso de tecnologia.
Mas o foco do painel é que se deve ser usar amplamente disponível a tecnologia disponível, mas não de tecnologias proprietárias e que podem ser relativamente fácil de manter, dar prioridade à mobilidade em relação à capacidade de manobra dos ativos e plataformas de tecnologia de informação móveis, estão entre as principais recomendações..
Alguns destaques do relatório são para os veículos protegidos de minas, veículos aéreos não tripulados, e inovações de smartphones, e cita a aplicação UNMAS.
As minas terrestres, que mutilam tantas pessoas mesmo em regiões que já desfrutam da paz, usam o tipo de Segurança ERW que podem ajudar missões de paz e enfrentam a ameaça de minas terrestres, relíquias de explosivos de guerra e dispositivos explosivos improvisados, pode-se usar a plataforma em vários idiomas.
Mas o painel observa que a ONU também terá de lidar com questões como a largura de banda limitada, a falta de sistemas interoperáveis, e cibersegurança
No longo prazo, o relatório diz que a ONU precisa para criar uma cultura de inovação.
A ontologia trinitária de Piero Coda e o Mal
O Mal, escrevo em maiúscula porque é a categoria ontológica na qual o mal de nossos desafetos e deslizes cotidianos são apenas componentes, deve ser visto dentro da tradição cristã e de muitas outras tradições religiosas como aquilo que deve ser desprezado, combatido e em última instância eliminado, e isto é uma ausência da ontologia trinitária e aí o “Mal” permanece.
Mas se entendemos a figura da Trindade, na tradição cristã, a relação de três pessoas em um único Ser, isto nos remete imediatamente ao amor agápico, como fundamento da religião e é nele que podemos rever a concepção equivocada de Deus e de certa forma de religião, um Deus punitivo.
Seria possível entender isto de modo puramente filosófico, sim e não, sim porque podemos entender o Pai como alguma pessoa com certa autoridade, o filho como imanente ao Pai, e o Espírito Santo como um ser com uma força capaz de resolver as diferenças e esta relação de autoridade e imanência estabelecendo a comunicação e a plena comunhão dos três seres.
Não porque estaríamos reduzindo o amor agápico entre três seres, que de um modo muito profundo fazem que eles sejam um só Ser e isto não é compreensível sem a luz da Fé.
Piero Coda utiliza uma categoria da fundadora do Movimento dos Focolares, que é a figura de Jesus Abandonado para tornar esta epifania uma relação cotidiana com todos os seres e assim cria uma ontologia trinitária, que é capaz de estabelecer uma relação entre o Logos expresso em Jesus, e plenamente realizado na sua figura quando já desfalecido e entregue as dores e sofrimentos na cruz, não chama mais Deus de Pai, mas apenas de Deus: “Meu Deus, meu Deus porque me Abandonastes” diz o relato bíblico.
Qual a lição prática desta figura bíblica poder-se-ia dizer algo paradoxal: Deus não é mais Deus, mas homem, uma ponte entre o homem e o Eterno se realiza, e continua a realizar-se em toda dor, sofrimento e catástrofes humanitárias, então a ontologia trinitária penetra na vida diária.
Ao romper o “muro da inimizade” (Ef 2, 14) Jesus naquele momento cria um campo relacional novo, todos tem acesso ao Outro (Deus) em movimento dinâmico e recíproco, e este campo pode estender-se a toda humanidade, assim realiza já hoje diálogo entre religiões e culturas.
Afirma Coda: “in qualche modo ci é comunicata nella storia l´eterna circulazionde dámore dei Tre … il loro aprirsi ala storia degli uomoni” (Dio uno e trino, Edizione San Paolo, 1993, p. 141).
Epifania, Eucaristia e a filosofia
A passagem do menino-Deus na Terra é a sua manifestação aos homens, a Epifania, que poderia desaparecer após a morte e crucificação daquele que é pura manifestação do divino em meio a raça humana, poderíamos dizer a manifestação do Ser por excelência entre os seres e entes, temas caros a Husserl, Heidegger, Deleuze e Derridá.
Mas há entre os seres uma manifestação do Ser, que é aqueles que se reúnem em atitude de completa abertura e conseguem chegar a negação do ser, para ser com o outro, rompendo a lógica clássica, o não-ser é ser porque é ser com o outro, conforme pensaram Lévinas e Paul Ricoeur.
A parcela mística da presença de Jesus, para os que creem o homem-Deus, que na cruz assemelha-se ao hommo sacer, figura utilizada por Giorgio Agamben e Hanna Arendt e, recentemente, também Slavoj Zizek, figura usada para dizer o homem comum privado de sua humanidade, embora este não possa ser confundido com uma figura religiosa, poderíamos dizer se privou até mesmo disto, aqui a epifania se torna Eucharistia se pensarmos em coisa, não ser de fato, puro ente, ainda que guarde algum traço do Ser.
Eucharistia do grego εὐχαριστία, na explicação cristã católica a transubstancia do corpo de Jesus em pão e vinho no ápice de uma missa, mas gosto de lembrar o quadro de Rafael Sánzio no Vaticano, chamado “A disputa do sacramento” entre figuras cristãs e religiosas está lá uma disputa entre filosofia e teologia ou entre uma natureza divina e uma pura substância com um ostensório sobre um altar, coloca abaixo das figuras religiosas em meio a filósofos mundanos.
Se há uma tensão entre o ser e o ente, afirma Deleuze “o além celestial de um entendimento divino inacessível a nosso pensamento representativo, ou o aquém infernal, insondável para nós, de um Oceano de dessemelhança”, assim não são os seres e coisas, mas poder se pensamos um Puro Ser transformado em Pura Coisa, ou melhor puro “noúmeno”, a coisa para os clássicos, mal compreendida por Kant onde é pura dessemelhança.
Eucharistia é ser transformado em noúmeno, pessoa transformada em substância, algo definido pelos cristãos como “transubstanciação”, insondável mas não inalcançável.
Epifania é ao mesmo tempo noesis e noema (perceber e o que é percebido) e só será plena em nossos dias na Eucharistia, um Ser-Coisa devorado por homens famintos, mas é preciso a Fé.
Cinco pensadores novos em 2014
Ao lado de já consagrados Edgar Morin, Manuel Castells e Peter Sloterdjik, que teve um programa famoso na Alemanha junto com Rüdiger Safranski sobre cultura, durou 10 anos até 2014, e que vem dos pensadores do final de século de Paul Ricoeur e Emmanuel Lévinas, que ainda não “passaram”, mas já são conhecidos pelos problemas e questões levantadas.
Embora o mais conhecido de Sloterdjik seja “As regras para o parque humano” pela polêmica que causou, é seu debate sobre “as esferas” e o “desprezo das massas” que apontam para as grandes questões contemporâneas.
Será que algo de novo pode ainda despontar ? sempre pode, ainda não tenho opinião definitiva, mas cito alguns que deveriam ser levados a sério.
Cito dois europeus: o fraco-argelino Jacques Rancière (Ainda se pode falar de democracia?) e Piero Coda (Della Trinità), uma americana Martha Nussbaum (Political Emotions: Why Love Matters For Justice) e um americano Boris Groys (On the New) e não poderia deixar de faltar um oriental, claro devem ter outros, o nipo-americano Francis Fukuyama (O fim da história e o último homem).
Sim Fukuyama foi muito criticado pelo seu “fim da história”, e por isto talvez prestem pouca atenção no que poderia ser traduzido como “fim do materialismo histórico” e seu livro “Political Order e Political Decay” (2014), que deve ser lido por muita gente da politica mundial e que afirma que temos um buraco (gap) histórico na política, em especial, na ocidental.
Tomo de Ranciére e Piero Coda ideias básicas para pensar, o primeiro afirma que ninguém tem mais inteligência do que outra pessoa e o segundo dá enormes pistas para um relacionamento multicultural e multireligioso para o mundo de hoje, com história de vida e não de pensar.
Dá o que pensar e é bom pensar, a humanidade precisa de respostas, quais são as questões ?
O ser ainda dissociado das coisas
Os mais pragmáticos pensadores sobre a “condição humana” (Hanna Arendt), a “modernidade Líquida” (Bauman) e até mesmo a questão do “ser” (Heidegger) e do “outro” (Levinas e Paul Ricoeur), não rompem definitivamente com o idealismo de Kant que vê objetos fora do sujeito, e precisam de alguma forma de algum “sujeito transcendental” para auxiliar o “ser” a aproximar-se dos “entes”, ou seja, das coisas existentes.
A descoberta que devemos cuidar de nossa casa, ou seja, o planeta que habitamos ainda é uma sutil consciência de nossa relação com os objetos naturais, tão bem descritos por Edgar Morin, no seu Método, ao escrever sobre a Natureza da Natureza: “(…) para evitar a disjunção entre os saberes separados, obedece a uma sobressimplificação redutora, amarrando o universo inteiro a uma única fórmula lógica” (Morin, 1977, p.18).
Assim é preciso pensar na coisa como ela mesma, ou como afirmaria Edmund Husserl: “voltar as coisas mesmas” para entender que papel o homem tem com elas e não sem elas, que seria uma “transcendência”, mera irrealidade.
A leitura ainda insistente no tema, por semiótico e tecnosociólogos (tecnosocial é uma categoria emergente), levou Sterling* a pensar em algo como separar os humanos e os objetos para “compreendê-los como um sistema compreensivo e interdependente”, mas ainda não é retornar ao “ser” e nem ao “ente”, não é senão enfiá-los em simulacros (Baudillard) para dizer que ambos estão reificados.
Nós sempre nos relacionamos com as coisas, sejam elas pedras lascadas rudes do homem primitivo, sejam elas, modernas redes eletrônicas, a internet.
Confundir aqui o que está separado (no sentido de estar fora do “ser”) com aquilo que está dissociado, é uma circularidade “multiladora” afirma o mestre Morin, assim não devemos pensar em conceitos como matéria, espírito, energia, informação, luta de classes, como sendo equipotentes e fora do “ser”.
Uma pretensa “nova ontologia” que procura ver o objeto implicado por um fator de Zeitgeist (espírito do tempo) está inserida em uma nova tendência filosófica que emergiu sob o nome de realismo especulativo, ou filosofia orientada para o objeto, mas não é outra coisa senão um novo objetivismo, idealista ao separá-lo do sujeito, ela é então contraditória, uma “ontologia” do objeto mas “onto” é “ser” do grego.
*STERLING, B. Shaping Things. Cambridge, Mass.: Mit Press, 2005.
Limites reais da Lei de Moore
Quando milhares de transistores começaram a ser colocados dentro de pastilhas microscópicas dos chips, e a microcomputação nascia na década de 70, um engenheiro da Intel Gordon Moore formulou uma lei segundo a qual a cada dois anos o dobro de transistores eram colocados numa micro área das pastilhas de silício, e isto fez a velocidade e a capacidade dos microprocessadores chegarem aos bilhões de “transistores” por área (na casa dos 22 nm nanômetro), além de aumentar a velocidade hoje na casa dos GHz (GigaHertz)
Porém este é o limite do silício, por sua capacidade atômica e por isto temos que usar os “fans” (ventiladores) porque para o processamento, a velocidade e a área usada está “fritando” os chips que devem ser resfriados, mas o professor Igor Markov, publicou um artigo na revista Nature que explica melhor este fenômeno dos chips atuais.
Os engenheiros estão preocupados com o limite da Lei de Moore que está prestes a ser alcançado como a densidade de transistor se aproxima da escala atômica, mas Markov diz que há muitos fatores envolvidos além de tamanho e há maneiras de obter maior poder de computação além de escala, dizendo que há um problema de “eficiência energética”.
Markov argumenta ainda há inúmeros ganhos a serem feitos nesta área e novos materiais, tais como transistores de nanotubos de carbono, que poderiam ajudar a ter uma grande economia de energia que, por sua vez permitem maior poder computacional, em área que chegaria a 10nm.
Outra possibilidade já conhecida é a de explorar modelos naturais, tais como o cérebro humano, que é fundamentalmente diferente dos sistemas de computador existente tanto em termos de estrutura e funcionamento.
Mas Markov sabe que existem alguns limites físicos duros, estes limites são conhecidos como o comprimento de onda de Planck e o limite Berkenstein, que ainda não são o suficiente para que eles possam afetar computação, tanto quanto alguns suspeitam.
A noosfera e Corpus Christi
Claro é uma festa religiosa, mas pensar o universo todo como um corpo, e mais ainda como tendo uma alma não é apenas uma ideia exótica, mas foi explorada por Teilhard Chardin (que deu a esta alma de um corpo, o nome de noosfera) e também pelo educador e pensador Edgar Morin.
Discutir educação e comunicação, não se pode discutir se saber o que liga o meio condutor de uma mensagem (linguagem, a escrita, qualquer tecnologia ou algum aparato) e a mensagem produzida pelo conhecimento humano através deste meio, então há uma religação ou uma conexão, ligando ambas (mensagem e meio condutor).
Escreveu Morin: “A noosfera não é apenas o meio condutor/mensageiro do conhecimento humano. Produz, também, o efeito de um nevoeiro, de tela entre o mundo cultural, que avança cercado de nuvens, e o mundo da vida. Assim, reencontramos um paradoxo maior já enfrentado: o que nos faz comunicar é, ao mesmo tempo, o que nos impede de comunicar”. (MORIN, 2001).
Em termos etimológicos, religião é o que nos “religa”, ou seja, aquilo que nos impele a comunicar com o outro, no significado cristão, aquilo que nos leva a “Amar o outro” e é exatamente isto que nos religa na Noosfera, em Teilhard Chardin que cunhou esta palavra, é justamente esta comunicação de Amor (A maiúsculo de Ágape) que nos “religa” ao Outro e a todo o Cosmos, que para ele, sacerdote católico, é o Cristo Cósmico, todo o seu corpo cósmico, interligando tudo e todos.
Admitindo a existência de Deus, e de um Deus terreno na figura humana e histórica de Jesus, Teilhard Chardin afirmou que todo universo é “cristocêntrico” ou seja, corpo de Cristo, então podemos comemorar hoje dia do universo e de toda a sua “religação”.
Na igreja católica, isto começou com um sonho e visões de Juliana de Liège da Belgica (1193-1258) manifestado ao seu páraco e futuro papa Urbano IV, que criou a data de Corpus Christi, talvez valesse uma releitura para uma ideia de sociedade-mundo para a qual a sociedade caminha em meio ao nevoeiro atual, e um cosmos cada vez mais conhecido e misterioso ao mesmo tempo.