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Morre criador do email
Raymond Tomlinson, um engenheiro americano de 74 anos, que criou o primeiro email na antecessora da internet a Arpanet americana, morreu sábado (05/03) nos EUA.
Ele projetou os elementos essenciais das mensagens eletrônicas tanto o “assunto” e “para” (destinatários) como o uso de @ entre o remetente e seu endereço eletrônico.
Em 1971 escreveu o primeiro e-mail da história, dele para ele mesmo na verdade.
Tomlinson contou no seu blog, Tomlinson, com riqueza de detalhes a história de sua criação, entre elas, que “O primeiro e-mail foi enviado entre duas máquinas que se encontravam uma ao lado da outra”, conectadas através da Arpanet.
Que mensagem enviou, ele esqueceu, “A primeira mensagem foi bastante ‘esquecível’ e de fato a esqueci”, e completou “O mais provável é que tenha sido algo como QWERTYUIOP (as primeiras letras do teclado em inglês) ou algo assim…”, conforme contou a história no seu blog.
Tomlinson nasceu em Amsterdam, a americana no estado de Nova York, em 1941 e se formou no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Grato Ray Tomlinson por fazer nossas cartas chegarem mais rápido, desculpe os abusos e usos inadequados de muita gente.
Vida interior e filosofia
Quando era criança a quaresma era um momento solene de abaixar o som, moderar o apetite, fazer silêncio, a gente ficava envolto neste clima e, religião a parte, era um momento de vida interior.
Vida interior é um tema importante, até o fundamentalista político Leonardo Boff concorda (veja seu artigo), talvez em momento de tanta turbulência não custe relembrar a importância desta vida.
Li no livro Paul Ricoeur: “A memória, a história, o esquecimento” (2007) no tópico “Memória Pessoal, Memória Coletiva” importante para nossos dias, o capítulo I. A tradição do Olhar interior, para muitos pouco teria a ver com memória coletiva, mas esta passa pelo pessoal.
Ricoeur faz uma releitura de Santo Agostinho, onde ele afirma: “Foi dito com Aristóteles, diz-se de novo mais enfaticamente com Santo Agostinho, a memória é passado, e esse passado é o de minhas impressões; neste sentido, esse passado é meu passado” (Ricoeur, 2007, pg. 107).
Somos desmemoriados, alguns culpam a internet, mas é falta de análise histórica, este fenômeno do homem contemporâneo é secular e anterior a internet, é fruto da falta de narrativa, dentro ou fora da cultura midiática, falta de um espaço para o “silêncio”, a escuta interior do “ser”.
Sua relação com a vida coletiva é assim expressa por Ricoeur, depois de dizer que o criador desta vida interior no ocidente foi Agostinho de Hipona, afirma: “a novidade dessa descoberta- criação é realçada pelo contraste com a problemática grega, e depois latina, do indivíduo e da polis, que primeiro ocupou o lugar e será progressivamente partilhado entre a filosofia política e a dialética da memória desdobrada, considerada aqui” (Ricoeur, 2007, pg. 108).
Mas Agostinho teve as limitações do seu tempo, conforme Ricoeur: “Contudo, se Agostinho conhece o homem interior, ele não conhece a equação entre a identidade, o si e a memória” (Ricoeur, 2007, pg. 108) e aqui os modernos é que disseram algo.
Ricoeur fará depois a relação desta interioridade com a modernidade, passando por Kant e Husserl, mas se detendo em dois pilares singulares, o de John Locke, relacionado ao empirismo e à dicotomia natureza x cultura, e Husserl, pai da fenomenologia moderna, mas que na questão da “interioridade” trata-a no livro Lições para uma fenomenologia da consciência íntima do tempo, estes veremos depois.
O que podemos tirar de Agostinho, diz Ricoeur: “Pode-se dizer dele que inventou a interioridade sobre o fundo da experiência cristã de conversão” (Ricoeur, 2007, pg. 108), que prefiro traduzir em metanóia, no sentido de mudança de mentalidade e não apenas arrependimento.
Metanóia: ensinar a viver
Talvez a mudança de mentalidade mais importante para o mundo contemporâneo seja uma mudança radical no ensino, é o que propõe, aos 95 anos, Edgar Morin.
Na palestra que deu no Brasil em “Fronteiras do Pensamento” ele afirmou: “ Acho que é preciso ensinar não só a utilizar a internet, mas a conhecer o mundo da internet. É preciso ensinar a saber como é selecionada a informação na mídia, pois a informação sempre passa por uma seleção – como e por quê? É preciso ensinar, há todo um ensinamento, para nossa civilização, que não está pronto. Tem isso e ainda o ensino dos problemas fundamentais e globais. Essa é a reforma fundamental que precisa ser feita”.
Ainda estamos patinando na compreensão desta nova e radical forma de comunicação que já dominou todo o planeta e prepara uma civilização que encaminhe uma cidadania planetária.
Mais do que ensinamentos acumulativos, divisão rígida em disciplina, a Finlândia é o primeiro país a abandonar isto, é preciso entender que devemos encaminhar um ensinamento da vida, da convivência, do olhar para o outro.
Afirmou Morin no auge da plenitude intelectual e maturidade humana: “O objetivo do ensino deve ser ensinar a viver. Viver não é só se adaptar ao mundo moderno. Viver quer dizer como, efetivamente, não somente tratar as grandes questões de que falamos, mas como viver na nossa civilização, como viver na sociedade de consumo.”
Facebook e a Europa: adesões e críticas
O número de adesões é crescente no Facebook, mas as críticas e preocupações com privacidade e direitos das pessoas também está em plena evolução na Europa, onde o número de adesões não é tão grande quanto nas Américas, Asia e até mesmo africana que tem o maior crescimento em número de adesões na internet conforme o site Internet World Stats.
Mas ainda as reações são de diversos tipos, a Comissão Européia recomendou as cidadãos que não querem ter seus dados pessoas nas mãos dos serviços de segurança dos Estados Unidos, devem evitar várias mídias de redes entre elas o Facebook, segundo o jornal “The Guardian” em publicação da última quinta feira, 26 de março.
A sugestão, segundo o diário inglês, foi feita pelo advogado da Comissão Bernhard Schima, ao promotor Yves Bot, durante uma audição de um caso em que se verificação o nível de privacidade na rede social.
Schima tratava de um acordo entre a União Européia e os EUA para troca dos dados pessoais entre as duas regiões, processo chamado de Safe Harbour, o que acontece na realidade é que estados tem interesse em controlar as informações dos cidadãos e isto ainda é complicado.
A discussão foi levantada pelo ativista Max Schrems, que milita pelo direito à privacidade, para ele não é incompatível a exposição na internet e a privacidade, e os governos podem cuidar disto se tiverem interesse, e ele questiona se é seguro enviar informações aos EUA depois do caso Edward Snowden, devido ao monitoramento cibernético feito pelo governo americano.
A discussão é fundamental e está longe de terminar, falta o lado dos cidadãos.
38% do mundo estão conectados
Os dados são de um estudo intitulado “Estado da conectividade 2014: Relatório sobre o acesso global à internet”, que faz uma análise do estado atual da conexão à rede, o perfil dos conectados e dos que não estão.
Segundo dados da pesquisa, no início de 2015 foi ultrapassado o número de 3 bilhões de pessoas online, e isto significa 38% da população mundial, se descontarmos pessoas de idade e crianças que ainda não se conectam diretamente, pode-se dizer que mais da metade da humanidade está conectada de alguma forma.
Este número foi calculado através de pessoas que de alguma forma se conectaram à internet a partir de computadores ou dispositivos móveis, como smartphones e tablets, conforme o site GeekWire.
Esta diferença aumenta quando a comparação é feita entre países desenvolvidos e em desenvolvimento., onde os primeiros tem um total de 32% de pessoas que nunca se conectou à internet é de 32%; enquanto no segundo esse número chega a 78%.
O texto cita o Brasil, como indicativo de amadurecimento. A média da conexão dos usuários é de 416 megabytes (MB) por mês.
O estudo pode ser acessado por uma página do Facebook chamada Newsroom, que mostra a evolução dos dados e faz outras análises.
A internet desaparecerá, diz chefe da Google
Não é o que está pensando, mas sim o fato que ela se tornará de tal forma presente que será impossível se conectar a algo sem utilizá-la, afirmou o chefe da Google Eric Schmidt, na quinta-feira passada em Davos, na Suiça, onde se realizou o Fórum Econômico Mundial.
Perguntado sobre o futuro da internet respondeu: “Eu vou responder muito simplesmente que a internet vai desaparecer”, segundo vídeo disponibilizado pela rede de TV norte-americana CNBC.
Mas não quis dizer com isto que a internet pode seguir o caminho dos filmes fotográficos e dos disquetes, mas o entendimento de Schmidt é que a rede será de certa forma tão presente em nosso dia a dia que será inescapável.
Poderá estar presente na vida de uma pessoa do momento que nasce, em todos os momentos da vida de uma pessoa, sua vida familiar, médica, estudantil e atividades sociais diversas, claro com o direito do “esquecimento” que é a possibilidade de desaparecer com registro indesejáveis.
Mas o problema da privacidade permanece, como garantir que dados não sejam extraviados e caiam em mãos que façam mau uso, eis um grande problema a ser resolvido.
Acesso a internet deve ser direito humano
É o que indica uma pesquisa divulgada no Canadá e feita em 24 países, com 23.376 entrevistados que indicaram que o acesso a internet é chave para um futuro econômico, importante para a liberdade de expressão política, por isto deveria ser um direito humano.
A pesquisa foi feita, pelo Instituto Ipsos, para o GCIG (Global Commission on Internet Governance), e apresentada no início de uma reunião de dois dias, em Ottawa, sobre a governança na internet.
A Comissão Mundial sobre Governança na Internet, a principal anfitriã da conferência de Ottawa, revelou que o mundo está num caminho de disputa pelo poder e muitos grupos e governos tem interesse em manter influência sobre todos os aspectos da internet.
Mas o estudo desta comissão defende que a maioria das pessoas não quer nenhuma nação ou organização com controle da rede mundial de computadores, sendo, portanto uma questão de cidadania planetária, e o problema é quem deveria regulamentar o acesso e uso da internet.
A ideia é que um grupo formado por uma combinação de especialistas, engenheiros e grupos não governamentais, seja os escolhidos por 57% daqueles que seriam encarregados desta tarefa, mas 50% consideraram que as Nações Unidas poderiam realizar estes trabalhos e há ainda 36% que defendem que os Estados Unidos deva assumir a liderança neste tema.
A pesquisa foi feita de 7 de outubro a 12 de novembro nos países: África do Sul, Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Egito, França, Hong Kong, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Nigéria, Paquistão, Polônia, Quênia, Reino Unido, Suíça, Tunísia e Turquia.
A CGIG que é presidida pelo diplomata e ex-político suíço Carl Bildt, deverá apresentar seu relatório final para futuro da governança na internet em 2016.
Operadoras taxam internet
Preparem o bolso, as operadoras vão passar a cobrar a internet, diversos jornais e órgãos de defesa do consumidor estão avisando e só agora a ANATEL que deveria regular o setor está pedindo explicações, os consumidores devem ser avisados com antecedência e renegociar os planos.
As empresas de telecomunicações em conjunto afirmam o fim da franquia, afirmam que já cortariam a conexão e ofereceriam um pacote adicional, com preço adicional claro, na prática isto é um aumento abusivo do preço, que já é caro.
Hoje funciona assim após superar o plano, a velocidade da internet é reduzida no dia.
A agencia reguladora das telecomunicações no país, afirmam que o que foi proposto pelas operadoras está dentro das normas do setor, mas no acordo com o RGC (Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações), as empresas deveriam nos informar sobre alterações pelo menos 30 dias antes da implementação, isto não aconteceu.
Esperamos que em pleno período eleitoral, a Anatel nos defenda e não as operadoras.
O preço da banda larga no Brasil é um dos mais caros do mundo, superando até os EUA.
Os órgãos de defesa do consumidor estão de olho, e a mídia também, veja no Olhar Digital.
Lei avançada e realidade atrasada
Apesar da modernidade do Marco Civil, do avanço que representa como modelo para o mundo, a internet brasileira tem qualidade de sinal ruim e preço elevado.
O estado da Paraíba foi pioneiro em tentar reagir a esta situação, a Lei 10.058/2013, da Paraíba, mas houve uma imediata reação Associação das Operadoras de Celulares (Acel) que ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin 5098) contra esta Lei.
Esta lei obrigaria as operadoras de telefonia móvel a fornecer ao consumidor, no município em que for comercializada a linha, quando solicitado por este, mostraria um prospecto contendo informações sobre sua área de cobertura. Devendo conter a classificação da qualidade do sinal, com quatro cores indicando o sinal (nenhum, ruim, bom ou excelente).
A Acel afirma que a possibilidade de que os estados legislem sobre o tema significaria, permitiria que “a criação de inconcebíveis desigualdades entre os usuários do serviço”, mas a falta de uma Lei federal faz com que os estados tomem algum tipo de iniciativa para proteger a igualdade no estado.
O que as operadoras querem é nivelar por baixo, manter a igualdade do sinal ruim a preços muito altos, elas poderiam nivelar com o mercado internacional, seria muito bom.
Começa o NETmundial
Com destaques para os discursos de Tim-Berners-Lee que elogiou a aprovação do Marco Civil feito pela Câmara e Senado brasileiro e sancionado exatamente no dia que se iniciou o evento, que contou ainda com as presenças e discursos de Vint Cerf, criador dos protocolos TCP para internet e representante da Google, e também da presidenta do Brasil Dilma Roussef que tentou capitalizar o Marco Civil, que é uma conquista de muitas entidades e militantes digitais.
Representando o setor privado Vint Cerf, vice-presidente da Google também fez elogios à promulgação da Constituição brasileira para a Internet, Cerf defendeu a “governância multissectorial” da web. “[…] os protocolos de Internet devem estar disponíveis livremente e abertamente a qualquer interessado, sem nenhuma barreira de adopção e uso”, mas a neutralidade não foi enfatizada, sendo um dos ganhos do Marco Civil.
Os progressos na legislação brasileira são contestados por setores com interesses privados, e o desejo de orgãos de inteligencia os quais retiveram dados de muitos países que foram alvo de espionagem pela NSA, com os Estados que controlam o acesso e o conteúdo da Internet.
A esperança é que o evento abra caminho para uma “governança aberta, participativa, multipartida, tecnologicamente neutra, sensível aos direitos humanos e fundada nos princípios de transparência e de responsabilidade” confirme afirma um dos documentos do evento.