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Arquivo para setembro, 2017

Dualismo e Vida

29 set

O elevado conceito da ideia, muitas vezes muito bem construído racionalmente, AoDualnão é tão prático como se propõe, nem tão empírico quanto parece, está fundamentado na clássica divisão entre sujeito e objeto, dito de modo mais popular, entre o conceito pessoal de razão e sua aplicação na vida que está fora de si e de seu círculo fechado.
Não se trata de ausência de conflito, ou mesmo um monismo radical que unifique a tudo, o que é humano pode de certa forma separar-se do que é “natural” pelo simples fato que o que é natural não é o que seria originário da natureza humana ou de certa cultura, mas sua adaptação ao mundo que vive a cultura de certo tempo.
Entretanto o conflito que pode encontrar-se com o diálogo e dentro da hermenêutica, que pressupõe interpretações distintas, encontra um ponto de fusão, como descreve o método do círculo hermenêutico em Hans-Georg Gadamer, em seu livro “Verdade e Método”.
O dualismo do idealismo precisa sempre estar mudando sua prática e sua interpretação, por isso é pouco aderente à hermenêutica, quer a interpretação única da realidade, embora em seu próprio interior divide-se tanto a teoria e prática, por isso ele busca a conexão inexistente, pois idealismo é só má teoria, pois se aplicada é um desastre.
O que leva aquele que busca o diálogo e a “fusão de horizontes” da hermenêutica, a dizer um sim é justamente que crê que é possível superar o dualismo, por que não é e nem está em seu interior, ao contrário do dual que diz sim, quando na prática será um não.
Há uma bela parábola bíblica que explica bem a distancia entre estas duas fontes de respostas:  “Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi.”, para mostrar observar a contradição farisaica Jesus pergunta: “Quem fez a vontade do pai?” (Mt 21: 28-31), claro que é o primeiro.
É como diz o cancioneiro popular brasileiro, “homem que diz vou, não vai, porque quem vai mesmo não diz”, ou até diz sim, mas com a vida.

 

Dualismo e farisaísmo        

28 set

Dualismo é uma concepção filosófica e cosmológica de mundo, fundamentada em doisaoDual princípios ou duas substâncias irremediavelmente opostas, e incapazes de uma síntese.

Quando pensamos de modo dual, é quase inevitável que estes dois mundos se dividam interiormente, então nossa concepção cosmológica e visão de mundo será dual.

Thomas Hyde escreveu uma obra (Thomas Hyde. Veterum Persarum et Parthorum et Medorum Religionis Historia-1700) sobre a doutrina de Zoroastro, com dois princípios e duas divindades, enquanto Leibniz e Spinoza eram monistas, mas usaram isto também no sentido filosófico, uma vez que a teoria religiosa presente em ambos merece longa discussão.

É curioso que o maniqueísmo e o farisaísmo tenham permanecido nas cosmogonias cristãs ocidentais, uma ve que Santo Agostinho converte-se abandonando esta doutrina, mas uma questão filosófica talvez explique isto é o esquecimento ontológica e a questão do ser, mas também o pragmatismo lógico e científico, o empirismo e outras contribuições estão aí.

John Searle afirmou: “A maior catástrofe de Descartes é seu dualismo, a ideia de que a realidade se divide em dois tipos de substâncias, matéria e espírito. Descartes foi incapaz de ver isso, porque ele achava que a consciência só poderia existir em uma alma, e a alma não era uma parte do mundo físico “, ( Brain, Mind, and Consciousness: A Conversation with Philosopher John Searle), e poristo questões sobre a mente e o cérebro são questão atuais.

O dualismo na filosofia tem seu início consistente (há pré-socráticos duais) com Platão, (século IV a.C.) parte da concepção de que no começo de tudo havia as ideias numa divindade incorpórea e eterna e ela que tinha uma forma ideal “cai” na  e forma o universo.

Parte da cosmogonia cristã incorpora este “protótipo” e se liga ao fundamentalismo com a alegoria da “expulsão de Adão e Eva do paraíso”, os fariseus eram uma parte do judaísmo que aspiravam um rigor e uma pureza absoluta, especialmente em matéria de liturgia, mas há o outro aspecto que é o político e diríamos filosófico de unir-se ao poder de modos ambíguos.

O que observa-se na prática cotidiana, como é próprio do dualismo é esconder atrás de palavras e discursos, as vezes até mesmo apelando para a “prática”, com atitudes dúbias.

O que faz o mundo contemporâneo desconfiar destas doutrinas é exatamente o dualismo.

 

Quando não ser é

27 set

O que é o ser, a existência e de certa forma a consciência, já postamos aqui diversos AceitaçãoPtdesenvolvimentos desde a fenomenologia de Husserl, passando por Heidegger e Hanna Arendt até Gadamer, Paul Ricoeur e Emmanuel Lévinas, talvez o argumento seja incompleto.

Heidegger dizia que havia outra forma de falar da linguagem que seu sentido comum, e usando Goethe afirmou: a linguagem poética.

Clarice Lispector escreveu em seu romance A paixão segundo GH: “Ser é além do humano. Ser homem não dá certo, ser homem tem sido constrangimento. O desconhecido nos aguarda, mas sinto que esse desconhecido é uma totalização e será a verdadeira humanização pela qual ansiamos. Estou falando da morte? não, da vida. Não é um estado de felicidade, é um estado de contato.”

Hora o que é contato, senão relação e proximidade, mas lá onde está o desconhecido, aquele em que minha mente que jamais será um software pode penetrar, há um além do humano, como diz nossa autora, enquanto muitos preferem o Humano, demasiado humano, a primeira obra de Nietzsche depois de ter rompido com o pessimismo de Schopenhauer.

Mas curiosamente Clarice Lispector era próxima de Nietzsche e este continuou próximo de Schopenhauer, seu pessimismo não era mau humor ou loucura como alguns supõe, era apenas a evidencia de um idealismo romântico em crise, quase de um tédio mortal.

Em certas circunstancias ou saímos do círculo fechado ou estamos fadados a ele, já foi apresentado aqui a Filosofia da crise do brasileiro Mario Ferreira dos Santos sobre a qual afirmou: “a eterna presença do ser, no qual estamos imersos e que nos sustente, o qual nos permite comunicação …” (Filosofia da Crise, 2017, p. 35) e então a crise não é tão profunda, ela tem grau, e entre estes podemos dizer que não há um não ser, mas uma não ser que é.

Aceitação e conscientização dentro de um círculo hermenêutico de diálogo é uma saída.

Vivemos não um tempo de crise, mas uma crise de época, as recentes eleições na Alemanha parecem repetir o círculo vicioso do crescimento da extrema-direita, lá o AfD (Alternativa para a Alemanha) tornou-se a terceira maior força do poder Legislativo alemão, superando as expectativas e obtendo 13%, contra os 4,7% da eleição anterior.

Se as mudanças não vieram, a crise de nossos tempos pode se tornar crise civilizatória.

 

Andróides e cyborgs: onde ?

26 set

A ficção Blade Runner nos levou a pensar, assim como na época Odisséia 2001 também,RobotAndroides sim estamos indo ao espaço e conhecendo-o melhor, as máquinas crescem em complexidade, mas devemos fazer a pergunta de Terrence Deacon em Natureza incompleta: a mente veio da matéria ? (veja nosso post).

O polêmico Raymond Kurzweil em 2005: The Singularity Is Near: When Humans Transcend Biology é um livro lançado por uma atualização de The Age of Spiritual Machines e The Age of Intelligent Machines, mas a pergunta de fundo é esta de onde viemos? Se viemos apenas de compostos químicos que por milhões de anos foram formando organismos complexos, até chegar a complexidade humana, um ser natural, que tem consciência e que criou coisas fantásticas, entre elas a máquina, onde chegaremos ?

A pergunta que antecede a todos estas que são o nosso “existir” é aquela sobre o que é nosso ser, é transcendente no sentido sobre o que havia antes do homem, viemos só do barro como querem os criacionistas, viemos da mente de Deus como querem os religiosos, ou é possível ainda uma síntese entre as duas: um espírito foi “soprado” em nós.

Na verdade, o que pensamos sobre o futuro, tem a ver com o que pensamos de nossa origem e por isto esta questão é importante, então podemos dizer que o “ser” antecede a “existência” e podemos dizer que o “ser existente” antecede a “ética”, ou de modo mais filosófico “ser” e “ética” se conjugam ontologicamente, pois ambos determinam um ser, e ele tem consciência.

Então será possível “soprar” em androides e cyborgs por mais sofisticados que sejam seus mecanismos de tomada de decisão, assunto que remete aos axiomas da aritmética de Hilbert, ao teorema da incompletude e indecidibilidade de Kurt Gödel, até chegamos a elaborar lógicas complexas destes mecanismos em agentes inteligentes e “inteligência artificial”, mas seria de fato isto inteligência, ao nosso ver, por enquanto andróides e cyborgs só nas ficções.

Androides tem partes robóticas e parte impressionantes super-humanas (visão, força, precisão, etc.), enquanto cyborgs tem partes humanas e partes robôs, mas híbridos que tivessem partes humanas e super-humanas dependeriam da biogenética e de avanços de neurociência ainda mais impressionantes que já existem.

Poderemos criar androides, como no filme Blade Runner 2049, mas qual a capacidade que teriam de sentimentos e consciência ?

 

Blade Runner 2049 será melhor

25 set

Um filme clássico de ficção sem dúvida é Blade Runner, não consideroBladeRunner o melhor e nem o primeiro, pois é preciso lembrar-se de Perdidos no Espaço (1965 a 1968) se pensamos em série de TV e o clássico de Stanley Kubrick 2001: Uma odisseia no espaço de 1968, dito por alguns: “o mais incrível, belo e mentalmente estimulante filme de ficção científica de todos os tempos”.
Para aqueles que conheceram o enredo do filme que está para ser lançado, há algumas coisas novas e estranhas.
Mas Blade Runner trouxe os replicantes, seres híbridos cuja verdadeira identidade robótica é escondida, e somente pelo olho (mais precisamente pela íris poderia ser identificado) e em plena guerra com os humanos, por isto dizem, é o pai de muitas ficções científicas modernas na linha robótica.
Em um cenário cavernoso de Budapeste, numa manhã de outono em 2016, e Harrison Ford – vestindo uma camisa cinza com botões, calça jeans escura e uma careta resistente a Ford – está atirando um encontro crucial em Blade Runner 2049, agora dirigido por Denis Villeneuve..
Pela primeira vez em mais de três décadas, Ford está retomando seu papel como Rick Deckard, o policial de dedos rápidos e de bebidas fortes do filme em 1982, do primeiro  Blade Runner de Ridley Scott.
Por que K (Ryan Gosling no policial caçador de androides) não usa apenas a porta da frente não é exatamente claro, pois o enredo do Blade Runner 2049 é protegido com o tipo de intensidade geralmente reservada para Star Wars. (Mesmo negociando para entrar no set exigiu mais e depois de um teste de Voight-Kampff).
Ana de Armas afirmou que sua personagem é “forte e complexa”, ela “é a amante do agente K, sua melhor amiga, e a única pessoa em quem pode confiar”.
Depois de 30 anos de Blade Runner há alguns detalhes confirmados: o público deixou Deckard machucado e maltratado em 2019 Los Angeles, ele desapareceu, e o oficial LAPD de Gosling está à caça (possivelmente sob o comando de seu chefe, interpretado por Robin Wright, embora ninguém envolvido com o filme diga com certeza).
Enquanto isso há uma nova geração de replicantes – o termo da série para os androides que são construídos por um misterioso inventor chamado Wallace (Jared Leto), que é ajudado por um empregado dedicado, Luv (Sylvia Hoeks).
Isso é praticamente tudo o que a equipe de 2049 está dizendo, não importa o quão educadamente eu pergunte. “Eu nem tenho certeza de ter permissão para dizer que eu tive um bom tempo fazendo isso”, brinca o ator Gosling.
O lançamento está previsto para 5 de outubro de 2017 (Brasil).

 

A mente emergiu da matéria ?  

23 set

Esta pergunta está no trabalho de Terrence W. Deacon  filósofo, antropólogo e cientistaIncompleteNature cognitivo de Berkeley, em Incomplete Nature: how mind emerge from matter (2013), onde Deacon considera a informação um fenômeno cuja existência é determinada respectivamente por uma ausência essencial, algo como um não realizado que pode ou não vir a ser o realizado. Se no século 19 o grande paradigma foi admitir a existência da energia e sua relação com a matéria, agora modificada por Constantino Tsallis (veja nosso post), o século 20 trás para nós suas dificuldades em assimilar a irrealidade existencial da informação.

Uma explicação completa sobre a real natureza da informação é tal que seria necessário distinguir a informação de relações meramente materiais ou energéticas que também requerem uma alteração de paradigma, então uma alternância forma/fundo que nós chamamos neste blog de in-forma-ação, seria ainda mais fundamentalmente uma visão contra-intuitiva que a exigida pela energia.(DEACON, 2013, p. 373)

Deacon usa para seu argumento, diversos exemplos vindos da biologia e da matemática para justificar sua ideia, em essência emergentes de um nada, na verdade não é nova na filosofia e na ciência, menos ainda na lógica e na matemática, mas ao contrário de Descartes onde a primeira certeza é o Eu, na matemática moderna a primeira certeza é o 0, o conjunto vazio e agora com o digital, o 0 e 1, que emerge uma metamatemática como quer Gregory Chaitin, que já abordamos em outro post.

O modelo de números cardinais do matemático Von Neumann define todos os números literalmente a partir do zero: existe o conjunto vazio. O conjunto do conjunto vazio tem um elemento: o próprio conjunto vazio, Alain Turing e Claude Shannon idealizaram a máquina, mas foi Von Neumann que a construiu, se pensamos que o Mark I e a máquina de Konrad Zuze, não eram mais que calculadoras eletromecânicas.

Um matemático ligado à teoria dos Conjuntos, Ernst Zermelo, embora faça um raciocínio distinto, também parte do zero para chegar a todos os cardinais.

A informação faz parte do homem moderna, não só na cidade, mas agora na chamada Sociedade da Informação, que nós mesmo vamos produzi-la a partir de situações onde identificamos que algo está faltando.

Essa aparenta ser a melhor postura para abordar a natureza da informação. Ela é sempre um quê que falta. Como se a todo instante a realidade estivesse se perguntando: e agora o que falta?, e providenciando o que pode.

Essa ideia é mesmo conhecida para nós. Ser previdente, eficiente, organizado, é sempre ter uma atitude preventiva e pró-ativa em relação a situações possíveis. É um antecipar-se. É detectar o que falta e providenciar. Segundo Deacon, essa lógica perpassa toda a realidade. Além da abundante infosfera em que nos situamos, a informação emergente é uma demanda constante, seja através de seres vivos ou não.

Deacon reivindica a ideia do matemático e teórico da comunicação Claude Shannon, que associou entropia máxima à informação mínima e vice-versa, trazendo a informação para a origem da dicotomia ordem/desordem, tão cara às teorias de sistemas complexos, à matemática do caos e à termodinâmica irreversível das estruturas dissipativas de Ilya Prigogini, Prêmio Nobel de Química de 1977, de onde emergem as ideias de Caos e Complexidade.

Terrence Deacon, Constatino Tsallis e Gregory Chaitin estarão no EBICC, evento da USP no fim deste mês.

DEACON, T. W. Incomplete Nature: the mind emerged from matter. 2013.

 

O Justo e um terceiro

22 set

Citamos no post anterior que a justiça depende de um terceiro,aTerceiro mas quem seria este ?
Para Lévinas eis a raiz ética da obediência ao direito: “o esquecimento de si mesmo move a justiça” (LEVINAS, 1978, p. 199).
Não se trata no caso dele, de adequar o direito a uma Razão Universal como queria Hegel, mesmo assumindo o conflito no interior do sistema, aquilo que os iluministas modernos definiram como a guerra de todos contra todos, mas porque no caso de Lévinas o Estado Justo pode nascer apenas se tiver a preocupação “de um contra todos” (idem).
Assim a única universalidade admitida por Lévinas, é a racionalidade da razão impessoal ou do direito, que é a da responsabilidade, esquecida na luta política hoje.
Nela está presente um eu, aquele que tem uma ânsia pelo seu destino, integridade e “salvação”: não diretamente, no seu individualismo egoísta e caprichoso, mas em relação ao outro, a si mesmo, que é também outro para os outros, ao homem na sua totalidade (Ibidem, p. 201).  Deve se observar que em relação a “salvação” e “vida cotidiana” não se trata de uma “traição em relação ao nosso destino metafísico”.
Também outro ponto de vista que pode parecer “anárquico” não é este proveniente de mim, de um para o outro, seja ela a fonte que for além da ética, a obediência ao direito, se visto como indispensável para relação ao terceiro, àquele que apela ao próximo face-a-face, mas vendo neste terceiro a humanidade.
Não apenas o presente, mas também o futuro da humanidade, cuja responsabilidade compromete-se a oferecer uma sociedade menos injusta, seja qual for aquela onde é possível viver a paz e todos tem direitos básicos garantidos.
O nosso direito positivo é quantitativo e qualitativo, por isso é difícil entender a justiça como aquela proposta em textos espirituais, como o Bíblico, o pagamento do operário da última hora, o ladrão salvo na cruz, o chamado de Mateus cobrador de impostos.
É justamente Mateus quem relata a palavra do administrador da vinha que contrata trabalhadores na última hora do dia e paga a ele a mesma moeda de prata que paga aos que trabalharam o dia todo, e um destes ao reclamar recebe a resposta: Mateus 13-14: “Então o patrão disse a um deles: ‘Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti.”, o que pode parecer injusto,  mas não o é.
O terceiro que é o Justo entre dois ou mais, aqueles que se põe de acordo e colocam a vida em comum, são outros que podem admitir um terceiro, como diria Sócrates: “a verdade não está com os homens, mas entre os homens”, e se ela é um ser é ontológica.
Quanto mais avançamos na lógica do Outro, menos seremos injustos com o diferente e admitimos um terceiro além do Mesmo e do Outro.

 

Por uma ética sem autoritarismo

21 set

Substituímos o teocentrismo do Estado pelo estado teocêntrico, a autoridadeAEticaEoutro até recentemente não podia ser questionada, agora o rei está nú, ou agora os políticos estão nus.
Como substituir o “comando e controle do Estado” e produzir cidadãos livres e responsáveis, eis o problema do filósofo Lévinas em seu ensaio “Liberté et commandement foi publicado originalmente na Revue de métaphysique et de morale, LVIII, 1953, p. 264-272, tradução italiana Libertà e comando (Liberdade e comando), In: E. Levinas, A. Peperzak, Ética prima come filosofia (Ética como filosofia primeira), organizado por F. Ciaramelli, Milão: Guerini e Associados, 1993, p. 15-19.
Levinas retoma a partir de Platão a ideia na qual podemos ser livres somente se aquilo que for comandado se apresentar como evidência ética para quem deve cumprir a ordem, ou como queria Kant em sua lei da razão: é a esta última que se obedece, e não à exterioridade do comando, diríamos em termos atuais a advertência da Autoridade.
Embora ser autônomo signifique entre outras coisas não seguir ao comando irracional, podendo haver um risco até mesmo de morte, se esse for o preço da liberdade.9 A morte de Sócrates é bela, ainda que injusta, talvez seja ainda mais bela exatamente porque injusta: ela atesta a possibilidade da rejeitá-la afirma Lévinas no ensaio.
O tirano pode matar, mas não pode sujeitar a vontade, enquanto permanecer livre a reserva interior, a oposição do pensamento, pois existe uma dimensão privada da consciência discordante, e isto significa que não há como negar a interioridade.
“Todavia as coisas não são tão simples assim” considera Levinas, pois o fato que há um espaço interior, o “logro” da autonomia, conceito caro a Kant e muitos idealistas, não é deve ser bem examinado, pois além da intimidação que pode chegar a tortura, temos hoje a propaganda televisiva, em rádios, mídias de redes e também em grupos de pressão, que vão dos lobbies econômicos aos grupos editoriais de jornais, TVs e sites.
O homem, cuja liberdade é por natureza “não heroica”, pois o homem é feito de “medo e amor”, e ambos podemos em certos momentos não agir com indignação julgando ser mais prudente o silêncio.
O que é minado ou obstruído, em grupos autoritários é a própria capacidade de divergência, reservada aos espíritos livres, não reconhecida nos tempos obscuros da escravidão interior, diz a Bíblia o Justo vive de sua fé, mas pode-se acrescentar de seus valores e de sua convicção, mas como permitir uma ética de diálogo e alteridade ?
A experiência do totalitarismo deveria ter-nos deixado um legado: criou-se uma “índole de escravo”, em que “o temor preenche a índole a tal ponto que não se enxerga mais, vê-se tudo pela ótica do temor”, dela se aproveitam tiranos e fundamentalistas.
Mas há um Levinas anterior a esta reflexão, nas páginas finais de O tempo e o outro, de 1947, que foram escritas seis anos antes do ensaio Liberdade e comando , foi desenvolvida de modo maduro a partir do texto de 1954, intitulado O eu e a totalidade, em que aparece a temática do “terceiro”, além do Mesmo e do Outro há o que ?
Talvez haja um Justo exatamente aí, onde não é exatamente a “justa medida” do meio, nem o temor e o amor, compreendido aqui como deixar de lado algo injusto, o terceiro talvez seja o justo quando ambos podemos abrir mão de sua posição, um epoché da equidade, em favor da humanidade como um todo.

 

O que dizem do iPhone 8 e plus

20 set

Não sei se já disseram alguma coisa antes, mas pude ler os primeiros aImagemIphone8comentários ontem do Hi Phone 8 e o modelo plus, Mathew Panzarino do TechCrunch destaca a câmera “com a realidade aumentada e visão computacional emergindo como concorrentes na próxima grande onda de desenvolvimento de plataformas, o sistema de câmera será um [importante] mecanismo de entrada, um sistema de comunicação e uma declaração de intenção”.

Outro site importante de tecnologias é o Engadget, Chris Velazco se viu curioso com os apps tipo ARKit funcionariam e gostou da experiência de realidade aumentada e afirmou que o preenchimento (renderização) de objetos virtuais em planos físicos os fazem “grudar nas superfícies melhor que os similares apps Tango”.

Outro site forte na área é The Verge, o comentário de Nilay Patel foi: “assim como na Samsung, as imagens do iPhone agora são mais saturadas por padrão, embora a Apple diga que ainda está visando realismo em vez das cores saturadas e as suavizações do S8” e afirmou mais a frente que tirando fotos com um iPhone 8, um Pixel XL, um S8 e um iPhone 7 “no automático, e o iPhone 8 produziu as imagens mais consiste e ricas do grupo”.

A novidade no software ficou por conta do recurso Iluminação de Retrato, que permite efeitos de luz com a câmera frontal, a bateria dura cerca de 11 horas avisa outro review,
Por fim o último, mas o mais importante site de tecnologia David Pierce da Wired, afirmou que “os celulares são muito bons e impressionantes, e ainda assim não são os melhores aparelhos da Apple. O iPhone X representa a visão do futuro da Apple, e também da Samsung, da Essential, da Huawei e muitos outros.”
Espera-se muito cada vez mais de câmeras e Apps de tratamento gráfico, o desempenho e a memória parecem são importantes, mas estão ficando em segundo plano, o site TechCrunch por exemplo nota que “o chip A11 da Apple tem um desempenho que é compatível com o Core i5 do MacBook Pro”.
Com a importância gráfica e tratamento de imagens telas OLED de maior definição serão importantes.

 

A filosofia e ascese contemporâneas

19 set

A crise civilizatória que levou a duas guerras foram consequências diretasACulturaFisicapt de pensamentos, filosofia e estruturas sociais que mesmo partindo de princípios aparentemente razoáveis, como os conceitos de nação, estado e moral, levaram a barbaridades e atrocidades que é fruto de uma consciência ingênua do papel da filosofia, do pensamento e do conhecimento.
Nietszche caracterizava isto, em especial referindo a cultura alemã como cultura “do rebanho”, Peter Sloterdijk mais atual fala da imunologia, o fato que queremos eliminar todos os vírus e doenças, mas que também leva a uma ideia que partindo da crise civilizatória verdadeira, devemos nos defender do Outro, de outras culturas e visões de mundo.
Nietszche afirma que isto tem origem na cultura grega, que jamais teria abandonado a ideia: “em seu instinto de direito popular, os gregos denunciaram, e mesmo no apogeu de sua civilização e de sua humanidade, jamais deixaram de pronunciar palavras como: Ó vencido pertence ao vencedor, com mulher e filho, com bens e sangue. É a violência que dá o primeiro direito, e não há nenhum direito que não seja em seu fundamento arrogância, usurpação, ato de violência”, em “O estado grego” (edição brasileira de 1996).
O que o homem depois da modernidade quer, esta é a tese de Sloterdijk não é mais uma ascese espiritual, mas física a partir de exercícios e da imunologia (alimentação perfeita, rigor atlético, etc.), aquilo que Nietzsche no final da Genealogia escreveu sobre valores que seriam capazes de orientar a vida dos homens no crepúsculo dos deuses: “a vitalidade, entendida somaticamente e espiritualmente, é o meio que contém um desnível entre o mais e o menos. Ela tem dentro de si o movimento vertical que orienta as subidas, ela não precisa adicionalmente atratores externos e metafísicos. Que Deus deva estar morto, neste contexto, não importa. Com ou sem Deus cada um chega somente tão longe quanto sua forma (física) permite”, que está em escrito em Você tem que mudar sua vida, (Du musst Dein Leben ändern. Über Antropotechnik. Frankfurt, Suhrkamp, 2009, ainda sem tradução para o português).
O fato de chamarmos técnicos de futebol, treinadores de mestres não é mero acaso, em breve também personal training, nutricionistas e diversos outros tipos de imunologistas serão também mestres de nossas vidas, eles direcionam nosso ser.
O renascimento do ser, a noosfera do espírito e da mente, são formas de retorno a verdadeira vida, ao Lebenswelt e a Lebensphilosophie, lógica e filosofia da VIDA.