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Arquivo para abril, 2020

A eclipse de Deus e a pandemia

16 abr

Martin Buber, que era judeu, dá o nome ao seu livro “A eclipse de Deus” (1952), pois para alguém que acredita, e se crê Deus não está morto, porém inegavelmente algum véu “sólido” o eclipsou na modernidade, que o faz parece em “dissolução”, conforme afirma Buber.
Concordo e é sempre minha análise, que a incompreensão da conjuntura do pensamento atual, já falamos da noite do pensamento nesta semana, Buber também afirma que foi a emergência do pensamento Idealista de Kant que afirma que “Deus não é uma substância exterior, mas apenas uma relação moral em nós”, e Hegel que vê Deus como uma abstração.
Entretanto a síntese hegeliana é tão poderosa, é o ápice do idealismo para diversas leituras que se pode fazer dele, a sua abstração vai confundir o trinitário divino, com uma “abstração absoluta”, usando as categorias em-si, de-si e para-si, onde o “para” não é um além, mas um voltar a si.
Não excluo duas vertentes fora deste contexto, porém o hegelianismo “jovem” de Marx encontrou Feuerbach, também a necessidade de negação do absoluto, e partindo da teologia atéia de Feuerbach (de certa forma também kantiana), o idealismo religioso de Steiner, Bruno Bauer e outros, que os chama de “são” Bruno, Steiner, etc.
O ‘Deus está morto’ de Nietzsche, é decorrente justamente de sua formação fideísta e fundamentalista, vindo de família luterana tentará negá-lo (a Deus) por toda sua vida, porém é importante lê-lo porque desvenda aquilo que chama muita gente a uma fé fundamentalista e pouco “substancial”, isto é desligada da realidade.
Chegamos ao fundo do posso no existencialismo moderno, e a crise pandêmica nos leva de volta a ele, a busca de uma razão para a existência, que procura saber se a insistência na “necessidade religiosa” não aponta algo inerente a natureza humana.
Este é o problema que “atormenta” Buber, que escreveu também Eu Tu onde ele praticamente afirma a existência de um Deus horizontal presente na relação humana, não sendo cristão é curioso pois descobre aquele que está “entre dois ou mais que estão em meu nome” (Mt 18,20), como uma relação com Deus, para os cristão é Jesus.
O problema central, que é o a Trindade, Deus pai, Jesus e o Espírito Santo, não será tratado por Buber, mas ao comentar o existencialismo de Sartre, como parte da crise existencial da modernidade, afirma: “Será que o existir, como o entende Sartre, não significa realmente estar aí ‘para si’, encapsulado em sua subjetividade, ou será que significa estar aí perante determinado X – não um X qualquer, ao qual se devesse atribuir determinada grandeza, mas o X por excelência, o indeterminável e perscrutável?“, questiona Buber.
O problema existencial é que sem o Deus “substancial” e ele existe se acreditamos que Jesus é Deus não é separável do Deus trino, e a fé é inseparável deste “meio Divino”.

 

A crise cultural e a pandemia

15 abr

A segunda grande cegueira da crise do ocidente é a cultura, o livro Qualquer Coisa Serve de Theodore Dalrymple, pseudônimo de Anthony Daniels, psiquiatra inglês que tratou de presos perigosos, é uma antologia de contos escritos de 2006 a 2009, e chamou seus estudos de declinologia (veja o vídeo abaixo) porém no livro citado há belas passagens de como ler uma cultura.
Desde os primórdios da cultura humana, a descoberta da Caverna de Chauvet (datada de 32 mil a.C.) prova isto, o homem constrói e registra sua cultura, e aqui um paralelo com o #StayAtHome esta é feita numa caverna, provavelmente local de encontro e proteção de famílias.
Pode parecer demasiado o termo usado por Peter Sloterdijk, mas a domesticação humana não é outra coisa que não a estruturação da vida “doméstica”, e também a origem grega da palavra oikos-nomicus (já fizemos um post) significa oikos – casa.
Acrescentamos aqui o diálogo de socrático de Xenofonte, que se refere ao termo como ser um bom cavalheiro, o Kalokagathos (bom em belo, em grego), que é assim referência a cultura.
Byung Chul Han, que escreveu a Salvação do Belo, onde critica a cultura do liso e em particular a de Jeff Koon e suas esculturas de “baloons” (figura) que muito ou nada dizem, o desejo de uma total imunidade, sem procurar a co-imunidade, conceito de seu mestre Sloterdijk, que pode ser aplicado a pandemia atual.
Um artigo duro, mesmo para mim como apreciador de Byung Chul Han, sobre a atual crise pandêmica, publicado no El País, afirma que: “parece que a Ásia controla melhor a epidemia do que a Europa”, cita os dados de 20 de março quando a epidemia ainda não tinha atingido o auge na Europa e dá como razão a estrutura disciplinada e ancestral do oriente.
Mais cedo do que nós eles apostaram no Big Data afirma o autor, e “suspeitam que o big data pode ter um enorme potencial para se defender da pandemia” diz no artigo de El País, porém alerta que isto pode caminhar para uma ditadura digital, como na China e isto não é mudança.
Sobre a cultura atual autor afirma “hoje não só se volta o polido ao belo, mas também o feio” na obra A Salvação do Belo (pag. 19), esperamos que o flagelo do vírus nos comova os coração e nos faça ir da descoberta da interdependência, como diz Morin, para a solidariedade.
Porém esta solidariedade exercida em conjunto, numa co-imunidade, necessita de um novo conceito do doméstico, da religação, além da conexão digital e do “isolamento” social.

Uma aula de “decliniologia”, com Theodore Dalrymple

 

A crise do pensamento ocidental e a pandemia

14 abr

Velhas análises ainda fundamentadas no idealismo, que estudam o modelo do estado, os problemas econômicos e os modelos antropocêntricos não dão conta da nova realidade, a pandemia mundial foi causada por um vírus e pegou toda sociedade desprevenida, só em parte isto é verdade, no aspecto da saúde.

As análises líquidas continuam com discursos sobre obviedades, somos um só planeta, o problema é de todos, temos que rever valores, etc. porém aquelas que apontam para o futuro ainda vivem na penumbra de um pensamento sobre ideais que se esgotaram, mas não os discursos.

Edgar Morin que de longa data vem apontando para uma cidadania planetária, se aproximando dos 100 anos e mantendo uma cabeça lúcida, numa entrevista ao L´Observateur de 18/03 afirmou: “O confinamento pode nos ajudar a desintoxicar nosso modo de vida”, e na mesma entrevista aponta que “essa crise nos mostra que a globalização é uma interdependência sem solidariedade”, e que produziu uma unificação tecno-econômica do planeta.

Na mesma linha Byung Chul Han escreveu na Sociedade do Cansaço, que estamos todos na vida activa e ignoramos a vida contemplativa, no entanto a pandemia nos retirou do ativismo e ainda não sabemos o que fazer com o “ócio” de ficar em casa, há até discurso religioso que a chama de túmulo, mas falaremos nisto ao falar da noite de Deus e da religiosidade instrumentalizada de hoje.

Aos que não acreditam nesta análise, lembro que programas de sucesso como “reality show” agora são de fato realidades porque cada um a vive na sua casa, e “master chef” agora tem que acontecer na prática nas famílias porque restaurantes estão fechados.

Quanto ao aspecto tecno apontado por Morin não podemos esquecer que além dos noticiários globais, agora para o trabalho, para a educação e até mesmo para o lazer as videoconferências agora são realidades, ainda há quem pragueje contra elas, mas é esquizofrenia porque elas agora são necessárias e até para manter o comércio são imprescindíveis, até para as compras online, também os shoppings estão fechados.

A desintoxicação de nosso modo de vida não veio por um plano de governo, nem por uma grande mudança cultural, embora a pandemia sugira isto, mesmo nas nossas casas ainda procuramos as irrealidades da vida contemporânea, a pandemia, entretanto provoca uma mudança desta visão.

O oriente e alguns países, cito o caso de Portugal, estão tendo sucesso por causa de uma certa disciplina no #ficarEmCasa, quando Peter Sloterdijk em As regras para o parque humano falou sobre a falência da “domesticação humana”, não imaginava que um vírus podia demonstrar sua tese, sairão da crise mais cedo e terão menos mortos países com maior disciplina social.

Por ultimo as Redes Sociais (não confundir com as mídias tecno que falamos acima), a dinâmica da propagação do vírus segue a lógica das redes, e assim se estes estudos forem levados a sério poderemos estar mais prontos na defesa das vidas, não por acaso o infectologista Carl Latkin é um dos cientistas com maior publicação nesta área.

 

A esperança Pascal

13 abr

Se é preciso superar as divisões, talvez a maior delas seja entre a religião e a ciência, entre a teologia é a filosofia, entre fé e razão.

Mesmo aqueles que reconhecem.esta urgência, por vício e pelos anos dedicados a esta divisão caem em contradição.

Em tempos de pandemia que une todos os corações sinceros de amor a humanidade, tempo que ganhamos tempo para refletir longe da agitação da vida moderna talvez possamos nos abrir e unir a fé que dá esperança aos angustiados pelo medo e pelas mortes é a luta da ciência para superar o vírus.

A urgência também de medidas de proteção mais rígidas e de serenidade com as dificuldades presentes.

Ficar em casa significa também manter um tempo de “parada” que não quer dizer ócio, encontrar boas leituras, bons filmes e a indispensável conversa familiar, também as “mídias” de redes sociais podem ser bem utilizadas.

 

O sentido da dor e da Cruz

10 abr

A morte nos causa dor, medo e até mesmo desespero; diante de uma pandemia ela revela aspectos de tragédia, ansiedade e apreensão, e tudo que podemos fazer para evitar uma dor maior fazemos, mas alguns vão além e se preocupam e se doam para reduzir a dor alheia.
Este é um significado humano, porém o divino vai além que significa ser capaz de doar a própria vida, ou pô-la em risco por amor ao Outro, só neste limite é que entendemos de fato o significado.
Teilhard de Chardin depois de admitir que a cruz significa uma “evasão para fora deste mundo” (p. 114), vai nos explicar que é justamente ela (no caso presente o medo da morte pela pandemia, “que exatamente o caminho do esforço humano, sobrenaturalmente retificado e prolongado. Por termos compreendido plenamente o sentido da Cruz, já nos não arriscamos a pensar que a vida é triste e feia. Simplesmente tornámo-nos mais atentos à sua indizível seriedade” (pag. 115).
Por isso pensamos nos dias felizes que podíamos andar livremente e saborear os ares da cidade, ver as praias agora proibidas de serem frequentadas, os almoços alegres em família, mas é por esta perda que olhamos agora com outros olhos cuja cegueira não podia permitir.
Como seria belo um domingo de Páscoa com toda família, ou simplesmente sair para ver dias alegres de outono no hemisfério sul ou início de primavera no hemisfério norte, mas é esta dor e esta terrível pandemia que nos faz “trocar os óculos”, também no aspecto espiritual.
Assim ressalta Chardin: “ a cruz não é uma coisa in-humana, mas super-humana. Vemos bem que a origem da Humanidade atual a Cruz estava erguida à frente da estrada que leva aos mais altos cumes da criação”, teremos que repensar a vida caseira e a social depois desta pandemia.
Convida-nos Chardin ao mistério: “aproximemo-nos mais. E reconheceremos o Serafim inflamado do Alverne (foto), aquela cuja paixão e cuja compaixão são “incendium mentis”*. Para o cristão, não se trata de desaparecer na sombra da Cruz, mas de subir na luz da Cruz” (pag. 116).
Aproveitar esta noite da pandemia para por luz na “noite da cultura”, na “noite de Deus” e na “noite dos sentidos” que parecia fazer-nos suprimir toda sensibilidade à vida humana e ao Outro.
Vivamos bem estas três “noites” para alcançar uma Páscoa (passagem) para toda humanidade.

*incendium mentis – David Grummet diz que em Chardin é “fogo do amor divino em nossa alma”.
Chardin, T. O meio divino. Lisboa: Editorial Presença, s/d.

 

Economia de “guerra” e pandemia

08 abr

O único modelo econômico que temos de uma situação em que as forças produtivas da sociedade se desorganizam pela impossibilidade de ir ao trabalho ou pelo esforço concentrado em uma outra atividade é a economia de “guerra”, entretanto há uma diferença porque não é guerra entre povos, o inimigo agora é um vírus que tem o poder de fazer um estrago igual ao de uma guerra.
John Kenneth Galbraith escreveu depois dos atentados de 11 de setembro, acreditando numa possível guerra, que “em uma economia de guerra, a obrigação pública é fazer o que for necessário: para apoiar o esforço militar, para proteger e defender o território nacional, e especialmente para manter o bem-estar físico, a solidariedade e a moral da população”.
Claro o esforço militar pode ser trocado aqui pelo esforço médico, porém já acontece porque nem todas forças produtivas estão desorganizadas, a reorganização do oeconomicus, o sentido inicial na Grécia antiga que deu origem a palavra economia, ou seja, era a economia doméstica.
Porém a economia social deve se reorganizar, ainda me período de pandemia, setores paralisados como o turismo doméstico, a indústria de mecânica leve e pesada e a de bens de consumo podem ser repensadas em torno do “esforço de guerra”, em vários países a indústria automobilística foi chamada a fazer e restaurar equipamentos hospitalares, e hotéis são usados para abrigar alguns desabrigados, enfim é possível já repensar algumas coisas.
Também são um esforço importante os voluntários que atuam em comunidades carentes, fábricas de roupas podem fazer vestimentas (nos EUA) e máscaras para auxiliar a população, provavelmente isto deve continuar depois da pandemia, como mostram os países orientais, o uso de máscaras é comum no Japão e alguns países do oriente.
Também espaços familiares devem ser repensados, pessoalmente sempre construí um escritório fora ou isolado no ambiente doméstico, viralizou uma reportagem americana que a esposa do repórter entra no escritório dele corrente para retirar as crianças.
Também não fazíamos compras mensais, claro que a estocagem tem um lado perverso de poder aumentar ou mesmo desaparecer alguns produtos, como aconteceu no Brasil com o leite, e já o botijão de gás aparentemente há alguma especulação em jogo, mas devemos reorganizar a economia do “bairro” onde as pessoas possam se deslocar menos e fazer as compras mensais.
O principal é superar um modelo “economocêntrico” e pensar num biocêntrico, prefiro ao antropocêntrico porque os pets e a natureza também devem ser pensados na relação social.
Há um lado “pascal” não apenas pelo período que vivemos, e sim pelo número de mortes e a luta para diminuir este número, naqueles que tem sensibilidade há um sentimento de morte, porém a luta pela vida, o essencial que é o pão de cada dia e a ressurreição que virá dá este entorno pascal.

 

Isolamento social e pequenos mundos

07 abr

Já foi explicado que #LockDown é diferente o isolamento social, reduzir a dinâmica da proximidade física entre as pessoas e o isolamento social, porém a explicação que estamos em redes, que faz com que uma pessoa da periferia de São Paulo ou do Rio de Janeiro se desloque até o centro, é o fato que as redes (que podem se comunicar por mídias chamadas de “virtuais”) neste caso são redes físicas.

O contato entre pessoas para o contágio por um vírus se dá porque muita gente vive nas chamadas cidades dormitórios e precisam se deslocar até os grandes centros para o trabalho, e os trabalhos essenciais: transportes, funcionários de postos de saúde e mercados, moram em periferias e devem retornar por suas casas.

No estudo de Redes Sociais existe um fenômeno chamado de “seis graus de separação” que foi nome de uma peça em 1990 do dramaturgo John Guare, e de um filme de Fred Schepisi (veja a figura), onde um personagem diz: “… todas as pessoas neste planeta estão separadas entre si por apenas seis outras pessoas. Seis graus de separação. Entre nós e qualquer outra do planeta”, eis os mundos pequenos, cada pessoa diz o personagem no filme “é uma porta que se abre a um novo mundo”.

É uma ideia profunda, diz também no filme, da dinâmica de grandes massas vamos par uma forma de microssociedade onde cada um tem um papel e pode propiciar um novo mundo, uma mudança na cosmovisão, e uma coisa importante neste momento é a defesa da vida, quiçá a boa economia.

Nos fixemos na proposta do isolamento social, ele retarda mas não reduz o número de infectados dizem os especialista e apelam para a ciência, no entanto, a ciência das redes mostra que os mundos pequenos tornam esta interação possível, então um “tipo” de isolamento vertical faz sentido, se pensamos nos mundos pequenos.

Não se trata apenas dos idosos, grupo de risco, mas as periferias onde o contágio chegando pode causar a chamada exponencial do contágio, devido tanto as condições de proximidade física como as condições sanitárias, é aqui que colocamos o problema sério, e nenhum estudo foi feito ainda.

O Ministério da saúde disse que faria este estudo no final de semana, mas a má política prejudicou, o mundo pequeno da política sofreu um contágio, que dentro do próprio governo sofreu um isolamento vertical, mas já havia um isolamento social, 76% da população apoia no Brasil a política do Ministério da Saúde, porem a análise da expansão na periferia ficou de lado.

 

#LockDown já

06 abr

Entramos numa semana decisiva da pandemia, em especial no Brasil, mas também em muitas partes do mundo o contágio chegará a zonas e países mais pobres, onde as condições sanitárias e a concentração de pessoas podem levar a maior tragédia humana, mas é semana da Páscoa e tenho esperança.
Um imenso #LockDown poderia produzir um efeito fulminante contra o contágio e isto auxiliaria o combate a pandemia, estudos de redes (no sentido da relação entre dois nós, neste caso é a proximidade de pessoas) mostram que o efeito rede existe, e a única possibilidade de interromper é criar clusters, setores isolados da sociedade e um único nó de contato produz efeito viral.
Carl Latkin além de ser um eminente infectologista que trabalha em programas de saúde Globais, é também um dos mais produtivos pesquisadores em Redes Sociais, nosso estudo de co-citações em trabalhos de Redes Socais demonstrou isto (um doutorado em andamento), porém um dado importante deste pesquisador é o que mostra a presença do HIV em homossexuais afro-americanos.
Este estudo feito com uma amostragem de 234 homens afro-americanos, mostrou que o fato de estarem em redes sexuais mais densas, estão mais propícios ao contágio.
A analogia com o COVID-19 é que as populações de periferia estão em redes populacionais mais densas e a relação no âmbito familiar é mais forte, por serem famílias mais numerosas, como não temos tempo para fazer amostragens locais, além do período de quarentena, estamos fazendo uma simulação e o risco é real, mesmo a equipe do ministério admite uma explosão do Covid-19.
Acontece que trabalhadores de apoio aos serviços essenciais: caminhoneiros, funcionários de limpeza e assistentes de centros médicos, secretárias, etc. vem da periferia e já o deslocamento é um problema, andam em ônibus lotados e sem condições necessárias de higienização.
A necessidade é urgente de um #LockDown durante esta semana do final da quaresma, não só os feriados podem ajudar, mas uma atitude política de enfrentamento frontal pode ajudar muito.
Carl Latkin, Cui Yang, Karin Tobin, Typhanye Penniman, Jocelyn Patterson, Pilgrim Spikes, “Differences in the Social Networks of African American Men Who Have Sex With Men Only and Those Who Have Sex With Men and Women”, American Journal of Public Health 101, no. 10 (October 1, 2011): pp. e18-e23.

 

Uma cosmovisão em mudança

03 abr

O modelo ptolomaico mudou a visão aristotélica de mundo criando um modelo de movimento em espiral para astros e planetas conhecidos na época, mudando a cosmovisão, mas foi Copérnico que mudou a visão que tirava a Terra do centro do universo e colocava o Sol, este modelo ajudou a cosmovisão antropocêntrica se opondo a cosmovisão teocêntrica.
A grande polêmica de Galileu com a visão teológica não era a visão cosmológica, mas a questão da interpretação e leitura bíblica pelo “vulgo”, não por acaso a primeira versão popular chamou-se de “vulgata” e ao aprofundar a leitura bíblica pelo “povo”, algumas interpretações exegéticas foram postas de lado, porque eram “temporais”.
Porém Galileo perante o Santo Ofício de fato afirmou “E pur si muove” (traduzindo o italiano e então se move) que poderia hoje olhando todo o universo dizer “E pur tutto si muove”, tudo está em movimento e a dinâmica não resiste mais a cosmovisão clássica Ser e Não Ser, há um terceiro excluído que pode ser pensado que é Não Ser ainda é Ser, a física quântica e o modelo das cordas indicam um terceiro estado, que já é utilizado em aplicações quânticas.
Assim os modelos teóricos e a cosmovisão idealista junto com seu modelo de universo ruíram já a algum tempo e mesmo o Modelo da Física Padrão que explicou a física das partículas parece em cheque com os estudos da matéria e energia escura que são nada mais que 95% do universo.
A visão de ver o mundo por choque de oposição aos poucos vai ruindo, ao admitir um terceiro excluído (assim o chama o professor da Sourbone Florent Pasquier, veja a figura) admitindo não uma síntese (fruto da oposição idealista tese e antítese), mas uma terceira possibilidade que conjuga com as outras duas.
Ela deve afetar o mundo religioso, é um grande apoio para um momento de unir mentes e corações para o combate da pandemia mundial, e pode ser o germe de grandes mudanças.
Uma referência bíblica para o assunto é o momento na cruz que Jesus grita a Deus, que já não o chama de Pai, diz a tradição que em aramaico língua da sua mãe Maria, e sente-se separado do Pai, ora na visão trinitária em que Jesus é também Deus, é um paradoxo separar-se do Pai.
Jesus na cruz está repetindo o Salmo 21 “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes”, e parece ser o grito de toda a humanidade diante da pandemia, e é possível também uma leitura do “terceiro excluído” onde aprendamos que a oposição tem hora e a resposta deve ser de todos.
Porém a explicação mística é justamente o terceiro excluído, a natureza humana de Jesus está religando-a ao Pai, se quisermos a visão noosférica de Chardin, ao Universo, diz a leitura que fez-se uma grande noite.

 

A cosmologia atual e uma cosmovisão

02 abr

A cosmologia atual é aquela que considera o universo como tendo um início, podendo ser um multiverso ou uma bolha, e que se expande numa constante entre o H0 de Hubble e as taxas medidas a partir das supernovas, cuja conciliação pode ser a nova teoria do universo numa bolha lançada por Lucas Lombriser cujo artigo saiu na revista Physics B deste mês.
Mas esta cosmologia considera o mistério da energia e matéria escura que compõe 96% do universo desconhecido e este enigma modifica a cosmologia e também nossa cosmovisão.
Esta cosmologia postula a ideia que esta matéria escura não interage como a matéria comum e a hipótese algo que “engolia” toda a matéria conhecida (chamada bariônica a sua volta, incluindo a luz) evolui para a ideia que é ela tem uma massa de alta densidade e do colapso de supernovas e sua interação gravitacional tem efeito sobre a matéria visível, as estrelas, galáxias e aglomerados.
Do que ela é feita, é certo que ela não tem matéria como o modelo agora estável chamado da Física Padrão, que exploramos no post anterior, assim vai além deste modelo e uma das teorias mais interessantes é a da supersimetria, que explora o conceito da física padrão que cada partícula tem uma simétrica, assim como os bósons e os férmions,
O que esta teoria sobre a matéria escura propõe que para cada bóson conhecido existir um férmion desconhecido e vice versa, mas há uma diferença com a teoria da antimatéria, pois as antipartículas possuem cargas contrárias mas a mesma massa e quando entram em contato produzem energia, o que explicaria também a energia escura.
Os férmions assim como prótons, elétrons e nêutrons, constituem o nosso mundo material e os bósons são os que geram as forças da natureza, a descoberta do bóson de Higgs ou “partícula de Deus” foi importante porque nos fez entenda a massa, enquanto os férmions nos explicam o estado quântico pois dois férmions ocupam o mesmo estado quântico.
O fato da existência da energia escura, mais interessante do que seu mistério e presença em 70% do universo (25% é energia escura) além do nosso desconhecimento é o fato que é esta “matéria” que nos dá uma cosmovisão completa de nosso universo, não apenas porque é escura por não ser visível, mas também desconhecida.
O TED de James Gilles a seguir, visto por mais de 2 milhões de pessoas, explica a teoria da matéria escura.