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Arquivo para a ‘Economia’ Categoria

O abandono infantil

17 abr

Descubro, lendo um jornal Português que o número de crianças abandonadas em todo o mundo atinge 220 milhões no mundo todo, uma em cada dez, e o número me chamou a atenção por ser praticamente a população do Brasil.

A notícia de 2016, diz que só em Portugal cerca de 8.600 crianças foram retiradas de suas famílias em 2015, e também uma notícia muito curiosa que em três aldeias em que estas crianças portuguesas são encaminhadas (ainda há muita vida e muitas aldeias em Portugal, que difere de cidades pequenas), as aldeias de Bicesse (na foto, a sede), Guarda e Gulpilhares, eles são integrados numa casa, com uma “mãe social” e convivem com as outras crianças como irmãos.

Qual o sucesso escolar das atuais 120 crianças? ao todo já viveram nestas aldeias mais de 500 crianças, a taxa de sucesso escolar é de 88%, não informam a métrica, mas acredito que seja a aprovação, já que não falam de números de evasão.

A hora que fui procurar o que são mães sociais se revelou uma realidade ainda maior, a ONG mães SOS foi fundada na Áustria em 1949, e já está em 135 países, com cerca de 2000 programas nas áreas de proteção, prevenção, saúde, educação e emergência.

O programa aldeias-SOS.org é um destes programas, no caso de Portugal visa o Fortalecimento Familiar através de 130 famílias biológicas, que recebem uma “bolsa emprego”, com pais selecionados através de um perfil assim detalhado:

– idade entre os 30 e os 55 anos aproximadamente;

– escolaridade mínima 9º. Ano, com preferencia ensino secundário e formação na área de educação;

– experiências em gestão diária de cuidados e trabalhos em equipe;

– disponibilidade pessoal, compromisso profissional intenso com residência maioritária na Aldeia SOS; e,

– determinação, tolerância e perseverança;

– resistência à frustração e de resolução de conflitos;

– flexibilidade: capacidade de se adaptar a diferenças situações e características individuais;

– competências de comunicação e empáticas. Expressão e compreensão dos sentimentos do outro.

– capacidade de trabalho em equipe e competência de organização.

Nossa !não é um programa só para famílias sociais, é um programa para todas as famílias, mas o mais importante é que além de ser um trabalho social, é uma fonte de gerar rendas para famílias com capacidade de enfrentar os desafios da educação familiar.

 

 

Reflorescimento: é possível uma primavera no ocidente ?

02 abr

Martha Nussbaum é a autora desta ideia, a que um reflorescimento é possível, gosto desta ideia não pela fundamentação que a autora tem na antiguidade clássica, de fato o renascimento foi uma fase promissora da humanidade, mas deu no liberalismo e no idealismo, que são correlatos, então que faltou ao renascimento ? penso que alguma disrupção.

É um fato que a justiça moderna se fundamenta nas teses de Hobbes, Locke, Rousseau e em última análise de Kant e, depois atualizada com Smith Bentham e Mill, mas Amartya Sem um co-autor com Martha Nussbaum de uma obra sobre a justiça, enumera três características do que chamam de “institucionalismo transcedental” (muito apropriado, diga de passagem):

– em primeiro lugar, porque a ideia de se pensar uma situação ideal que possa  promover um acordo arrazoado e imparcial faz com que a teoria da justiça caia numa factilidade de um acordo (nada mais idealista é claro), e,

– o exercício da razão prática nos convida a refletir sobre quais são as alternativas viáveis para a promoção da justiça, e isto não significa (os fatos comprovam) superar as desigualdades.

Os autores nos orientam para perceber o sentido que as riquezas como meios nos levam a ter mais liberdade para viver a vida que valorizamos, e, isto significa  expansão das capacidades.

Temos que valorizar as ações que nos habilitam para que nos tornemos seres humanos mais completos, e que nos capacitem principalmente para sermos protagonistas do mundo atual.

É necessário em primeiro lugar que o compreendamos bem, não há como fazer isto sem conhecimento, mas conhecimento das culturas e dos seres humanos que possuem as culturas.

Estou a 14 dias em Portugal, ao mesmo tempo tão próximo e tão distante, já me vi diante de situações e palavras que desconheço, expressões de contentamento e repulsa  que desconhecia, entendi na pele o que significa “choque cultural”, mas encontrei muita coisa em comum, o que passei a chamar de “paternidade lusitana”.

A abordagem da capacitação de Martha Nussbaum e Amartya Sen me pareceram muito mais apropriadas, pois apesar de ter recursos para sobreviver em Portugal, falta-me incultura e os meios necessários para um convívio humano razoável com uma cultura próxima e distante.

Próxima pela língua, por muitos hábitos e até ditados e expressões comum com Portugal, mas distante porque é uma cultura mais densa, mais arraigada por quase um milênio de existência, que já teve uma fase imperialista e expansionista, um motorista de táxi que esteve em Angola e Moçambique me confidenciou: sempre fui estrangeiro lá, ainda que conhecesse a cultura.

Para reflorescer será necessário uma educação mundial para a paz, e isto implica em respeito a cultura diversa, a admissão de uma cidadania planetária e principalmente superar desigualdades sociais e econômicas.

Já é primavera em Portugal, mas ainda ocorrem os “aguaceiros” chuvas rápidas e repentinas que vem de repente e parecem gelar a alma

NUSSBAUM, M. “Capabilities as Fundamental Entitlements: Sen and Social Justice,” Feminist Economics, 9(2/3), 2003, p. 33–59.

 

A crise e as cinzas

14 fev

A crise econômica, política e social é mundial, mas a brasileira tem mais cara de quarta-feiraasCinzas de cinzas do que de carnaval, mas é possível sobre-viver nesta crise ?
Um livro sugestivo e profundo é o livro em parceria de Edgar Morin e Patrick Viveret: Como viver em tempo de crise? (Bertrand Brasil, 2013) que sugerem no livro  “Arrisco a hipótese que talvez tenhamos chegado a um momento de ruptura” (pag. 22), mas qual ruptura ?
Relembra Ortega y Gasset “não sabemos o que acontece, e é justamente o que acontece”, diz isto sobre a dificuldade de se relacionar fatos, a revolução digital, o ressurgimento de nações (armênio, curdos, croatas entre muitos outros), o grande saltos dos tigres asiáticos, enfim uma gama grande de relações novas, e agora novas tensões e guerras na África.
Os pragmáticos, que desconhecem a complexidade, querem ser práticos, ignoram a teoria ou repetem apenas um único autor, a ilusão de uma teoria “universal”, o que precisamos afirma Morin e Viveret: “o presente, o real não é aquilo que parece estável … é preciso estar aberto para o incerto, para o inesperado.” (p. 25).
Mas indagam os autores: “qual seria então, a boa notícia? Uma conscientização da amplitude, da complexidade, dando conta de um novo começo. Estamos em um período de crise planetária e não sabemos o que sairá disso; aquilo que der conta da possibilidade de transcender esta crise será uma boa notícia.” (p. 27).
Viveret escreve no capítulo “O que faremos de nossas vidas”, afirmando que devemos sair positivamente preservando o melhor”, mas paradoxalmente “mantendo a lucidez de que nelas existe o pior” (p. 44), parece que não dá uma solução definitiva, mas podemos reencontrar o melhor das “sociedades e civilizações tradicionais”, sendo preciso conhecer estas civilizações.
Saliente o autor que é “preciso reapropriar-se democrática e semanticamente das palavras ´valor´e ´riqueza´cuja raiz reich (em alemão) remete ao poder criador.” (p. 60 e 61).
Relembra também Karl Polanyi, em seu livro “A grande transformação”, “analisa as economias de mercado, que são legítimas, para as sociedades de mercado, que são perigosas, ou seja, o momento em que a mercantilização invade o conjunto do universo social.” (p. 61).
O autor nos dá como remédio sair da dupla infernal “excitação/depressão”, para ir em direção a outra dupla: “intensidade/serenidade” (p. 76).
Finalizam o livro com a frase: “é preciso crescer em humanidade”, este é o desafio atual, para renascermos das cinzas.

 

A política líquida

12 fev

Incapaz de fazer uma leitura correta do processo atual de mundialização, a política em todoAGeringonçaPortuguesa globo se desenvolve numa falsa dicotomia direita-esquerda, pois só é de direita de fato (defesa do mercado, volta ao conceito de riqueza das nações, defesa do trabalho braçal sem as máquinas, etc) num estilo cômico de Trump, e só é de esquerda de fato (defesa da intervenção sagrada do estado em toda econômica e todas áreas humanas, tais como arte, religião e escolaridade), a modo do infantilismo do ditador da Coréia do Norte:  Kim-Jong Um.

O Brasil não é diferente, o quadro que se movia no eixo do Lulopetismo e militarismo a moda Bolsonaro não é senão uma repetição da história, aliás a corrupção e os golpes não foram outra coisa senão a repetição da história, desde a proclamação da república, o getulismo, o tenentismo e o golpe militar são antecedentes de uma classe dominante que se apossa do Estado Brasileiro desde a Proclamação da República de forma institucional estamentária (conceito de Estamento de Max Weber), e, talvez antes no período monarquista, mas sem esquecer as reformas pombalinas.

No Brasil as reformas pombalinas são importantes por que são a presença do Estado Iluminista mais profunda e talvez a mais radical da América Latina, mas historiadores e políticos se esquecem disto, aliás uma demonstração clara é o lema positivista “Ordem e Progresso” (e o Amor, era o lema positivista) estampado na bandeira e o lema do governo Temer.
A modernidade líquida de Bauman, em seus últimos escritos praticamente a abandonou, é conveniente a religiosidade política brasileira que permanece no dualismo, sem a possibilidade de encontrar uma resposta na terceira via, esperamos que ela aparece, e não seja o Hulk.
Sem compreender que mais do que um mal estrutura como quer a esquerda religiosa, ou o mal líquido como quer pensadores da modernidade, o processo de uma nova mundialização é já necessário, sem ela não haverá fim da corrupção, redistribuição de renda, tolerância religiosa, racial e principalmente política, para dar resposta ao mausoléo modernista, que só não é mais líquido porque a vida continua a pulsar no planeta.
A política líquida não tem forças para impulsionar esta mudança, está presa numa falsa dicotomia dualista, não tem fundamento humanitário apela para o Estado-Providência porque o Estado é sua crença, e não o homem concreto, aquele que sofre com esta política líquida.
Talvez de onde menos esperamos venha uma resposta, a geringonça portuguesa (foto – representação da coalisão que governa Portugal), enquanto isto vamos embalando uma falsa alegria em meio ao carnaval, mas a quarta-feira vem aí.

 

Individualização e perdas da relação

07 fev

Todo processo de individualização moderno foram formas de isolamento do aOrfeu-atenassujeito, inicialmente dos objetos (a famosa ruptura kantiana entre objetivismo e subjetivismo), depois dos indivíduos entre si, mas Sloterdijk vamos mais longe, afirma-a “anatômica”.

A forma de sua crítica é um dos pilares do Estado-nação patético, a formulação de Rousseau que foi “o inventor do homem sem amigo, que só podia pensar o outro complementar na forma de uma natureza maternal imediata ou de uma imediata totalidade nacional.” (Sloterdijk, 2016, p. 248).

Dá uma explicação mais sólida a solidão do homem moderno: “Se o indivíduo não consegue se completar e se estabilizar por meio de aplicações bem-sucedidas das técnicas de solidão – por exemplo, nos exercícios artísticos e solilóquios escritos – ele está destinado a ser absorvido pelos coletivos totalitários” (p. 349) por isto, escreve em Esferas I sobre as bolhas.

Dá uma explicação anatômica para isto: “o sujeito solitário moderno não é o resultado de sua própria escolha, mas um produto fracionário da rude separação do nascimento e da placenta.” (p. 350), assim como já tinha falado do coração na relação com o Outro, agora percorre o aspecto originário, a ligação do filho com a mãe pela placenta, isto ajuda a compreender seu conceito de “individualismo anatômico”.

Recorre novamente ao romance de Orfeu e Eurídice para explicar a ruptura, na mitologia grega Orfeu era filho da musa Calíope com o Apolo ou Éagro, rei da Trácia, conhece Eurídice e se apaixona e casa com ela, mas a beleza de Eurídice atrai um apicultor Aristeu, mas Orfeu a persegue e na perseguição ela tropeça numa serpente que mordeu seu calcanhar e a mata.

Então a simbologia de Orfeu que serve ao homem moderno é a busca da relação, mas sem abandonar seu “individualismo anatômico” não consegue chegar a comunhão, a ligação umbilical que o impede de “relações verdades”, orgânicas embora cante louvores a “pura relação” como fazia Orfeu que a enaltece em suas canções (foto).

Talvez Sloterdijk não conheça, mas o ditador popular: “olhando para o próprio umbigo” que tem exatamente um sentido individualista, neste caso é olhando para a relação perdidas.

SLOTERDIJK, P. Esferas I: bolhas. Trad. José Oscar A. Marques São Paulo: Estação Liberdade, 2016.

 

Qual é o mal de nosso tempo

05 fev

A modernidade está em crise, e não é devido a tecnologia e as novas mídiasDesorientaçao, visto que o processo já foi detectado a muito tempo por pensadores, sociólogos e cientistas sociais, muito antes do aparecimento das modernas mídias, ainda que elas influenciem, não é causa fundamental e nem fundamento desta crise.

Um dos autores que aponta esta crise é Domenico de Mais, escritor de 79 anos, professor da Universidade La Sapienza de Roma, ele fala de uma desorientação, seu último livro o “Alfabeto da Sociedade Desorientada” (Objetiva) chegou às livrarias brasileiras em 2017, ele ficou famoso pelo seu livro “ócio Criativo”.

Em seu livro anterior m meu livro anterior, “O futuro chegou” (editora Casa da Palavra), ele diz que falta à sociedade atual modelo sociológico como referência, é interessante pois observa-se que esta volta as ideologias do século anterior revelam exatamente isto, o modelo binário de entender que ou vamos para o socialismo utópico ou para o capitalismo do período da “Riqueza das nações” de Adam Smith.

De seu livro anterior fico com uma análise que considero importante, onde diz que a falta de referência fez a sociedade der incapaz de distinguir o que é belo e o que é feio, o que é verdadeiro e o que é falso, o que é bom e o que é ruim, o que é direita e o que é esquerda e até o que é vivo e o que é morto, talvez entendamos a onda de “zumbis” e a pós-verdade aí.

Para apontar o que o autor pensa do futuro, ele aponta uma série de “acupunturas sociológicas”, alguns aspectos significativos da nossa sociedade, e explora vinte e seis, o que é a meu ver demasiada e que pode de certa forma confundir.

Ele próprio faz uma síntese ao apontar os fatores que foram “sólidos” (conceito que atribuo a ele em função do líquido baumaniano), da sociedade industrial (1750-1950), qual sejam: a racionalidade, velocidade, eficácia, padronização, consumismo e machismo.

Demonstra como problemas como a concentração de renda poderia ser resolvida a partir de uma visão da riqueza produzida, segundo dados do autor o mundo cresce 3 a 4% ano, e já produz, 65 trilhões de dólares ao ano, e usando um relatório da ONU sobre o Desenvolvimento humano, bastariam 100 bilhões de dólares ao ano para acabar com a fome no mundo.

Aponta visões enigmáticas da sociedade, como perda da privacidade (segundo ele, será impossível esquecer, se perder, se entediar e se isolar), e conseguiremos pela engenharia genética evitar a maioria das doenças (muito irrealista ao menos até este momento), e faz da tecnologia uma panaceia para muitos de nossos males: robôs afetivos (com uso de Inteligência artificial), impressoras 3D que substituiriam as máquinas industrias, etc.

Ainda que apele para a subjetividade, na velha dicotomia entre sujeito e objeto, não vê ainda a questão do Ser que só pode ser resolvida com a presença de outro Ser, conforme análise das correntes existenciais-ontológicas, substituí-lo artificialmente não me parece uma solução.

Mas vale a máximo de Sêneca que gosta de usar:  “Nenhum vento é a favor do marinheiro que não sabe onde querer ir”.

 

A mensagem universal e a paroquial

05 jan

Os estados modernos foram construídos sobre a égide do iluminismo e daaos-reis cultura do liberalismo, que prega a liberdade entre as nações, mas esconde os interesses de grupos e millieus de cultura que não são outra coisa senão porta-vozes da cultura vigente.
Apesar da cultura dos estados se sobrepor a cultura dos povos que estão sobre sua tutela, independentemente dos estados existe uma rica diversidade cultural, na Europa isto pode ser visto pela diversidade de cultura e povos, após a queda do muro de Berlim, há pode-se dizer uma cultura da diversidade pós-queda do muro de Berlim, deem o nome que quiserem dar.
Os estados são a cultura paroquial, a ideia que todos os problemas estão circunscritos e são próprios daquele grupo estabelecido sobre a coação de um estado ou de uma força política e econômica que subjuga muitas vezes aquele povo que deseja viver sua “cultura”.
É o mesmo que aconteceu com o cristianismo, enquanto outras religiões monoteístas procuram se universalizar, ainda que subsistam correntes dentro delas os sunitas e xiitas, por exemplo, no mundo islâmico, a tendência “cultural” é de formar grupos isolados onde os gostos destes grupos ou destas pessoas não se expressam não de maneira integrada.
No cristianismo é um grande equívoco, a proposta vivenciada desde o nascimento de Jesus é universal, os ritos e a liturgia também, mas os sentimentos e grupos paroquiais estão lá, pela força da coação paroquial tentando se impor ao pensamento universal.
O fato narrado em Mateus para a liturgia no dia dos reis magos (amanhã), é simbólico, mas essencial (Mt 1,1-2): “Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém” (1), perguntando: “Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (2).
Ora os reis magos, não se sabe exato sua “cultura” mas não eram nem judeus e menos ainda cristãos porque esta cultura acaba de nascer através de Jesus, e somente como um “abortivo” (assim o apóstolo vai chamar-se) a um judeu ortodoxo que vivenciará uma experiência única, e depois levará para “fora” do judaísmo a proposta de JESUS a todos povos.
Talvez sem Paulo esta cultura permaneceria paroquial como uma seita judaica, mas apesar de presente em muitos países continua paroquial, provinciana e muitas vezes, o que é absurdo, sem conexão com a cultura dos povos locais, os reis magos hoje não entrariam na paróquia.
A limitação coercitiva do estado-nação de um povo é o que o impede de integrar-se na cultura universal mundial, a riqueza de cada um não é observada e admirada, como fizeram os reis magos ao conhecer “o rei dos judeus” que havia nascido

 

Dos tempos homéricos à barbárie

03 jan

Dos tempos dos romances épicos de Ilíada e Odisséia, até os dias de hoje aATroiaGrego violência fez parte da história, em especial na civilização ocidental, onde se lê o início do conflito entre gregos e troianos, narrados na Ilíada:

“Irritado, o herói retirou-se à sua tenda sem pretender mais combater. Os Troianos, notando a sua ausência, tomaram coragem, atacaram o campo dos Gregos ficando os navios destes em risco de serem queimados. ”
Para muitos historiadores esta é a obra fundadora da civilização ocidental, onde Alexandre encara o filósofo cínico Diógenes que passou a vida em um barril, ao qual teria dito que se não fosse imperador, gostaria de ser como ele um andarilho imundo de Atenas.
Petr Sloterijk vai reconstruir (a nosso ver) esse cinismo e ira que se encontram num evento para traçar parte fundamental de seu pensamos em duas obras fundadoras de seu pensamento, o Crítica da Razão Cínica (1983) e Ira e Tempo (2006), lançadas no Brasil pela Estação Liberdade, além do primeiro volume dos três das Esferas.
Além de cinismo e era queremos lançar a probabilidade da emergência de um novo pensamento, em tempos de ira e cinismo, uma solidariedade sincera e universal que abrace o mundo todo, seria possível ? talvez, mas não sem forças humanas que a propulsionem.
Qual humanismo pode nascer ou renascer hoje, visto que a nosso ver o Renascimento não foi outra coisa senão uma volta ao humanismo com ajuda da antiguidade clássica, mas o neoliberalismo e o iluminismo enveredaram por um caminho diferente.
Esclarecer o filósofo Byung-Chul Han em A Sociedade do Cansaço (editado no Brasil pela Vozes 2017): “A sociedade do cansaço e do desempenho de hoje, apresenta traços de uma sociedade coativa, cada um carrega consigo um campo, um campo de trabalho. A característica específica desse campo de trabalho é que cada um é ao mesmo tempo detento e guarda, vítima e algoz, senhor e escravo.  Nós exploramos a nós mesmos.” (Han, 2017, p. 115)
A política tornou-se cínica porque o que desejamos é aquilo que Saramago chamou de “a colonização do outro”, desejo que o outro tenha a mesma opinião que a sua, entramos num campo da psicopolítica, onde a coação se torna todas as armas, e a mesma quanto ao método.
O diálogo é feito com hipocrisia e proselitismo, tudo o que desejamos é que a “nossa verdade” prevaleça, não há hermenêutica, mas um só método: a coação.

 

Como caracterizar o ano de 2017

02 jan

Se quisesse ser simplista diria que foi ano do retrocesso, a posse de Trump,ABarbarie as ameaças nas eleições holandesa, francesa e alemã onde os Nazi chegaram a 11% dos votos, porém esta é só uma face de uma mudança em curso, a descoberta dos Paradise Papers, onde aparecem alguns grandes nomes internacionais como Hamilton e Madonna e a maior surpresa foi a Coroa (nem tanto para quem conhecem as posses da inglesa em diversas ilhas de paraísos fiscais), Petr Sloterdijk caracteriza o nosso tempo como poderíamos pensar em 2018, como tempo da barbárie nunca esteve tão visível e a razão se tornou uma “razão cínica”
O problema é a impotência do discurso de mudança, incapaz de uma visão planetária, com soluções paroquiais, se vê impotente diante de um massacre do capital financeiro e das especulações que fazem em todo planeta, não isentas de paraísos fiscais e corrupções.
Petr Sloterdijk escreveu sobre o humanismo contemporâneo: “Podemos traçar a fantasia comunitária que está na raiz de todo o humanismo de volta ao modelo de uma sociedade literária, na qual a participação através da leitura do cânone revela um amor comum de mensagens inspiradoras. No coração do humanismo tão compreendido, descobrimos uma fantasia de culto ou clube: o sonho da solidariedade portentosa daqueles que foram escolhidos para serem autorizados a ler.

No mundo antigo – de fato, até o início dos estados-nação modernos – o poder da leitura realmente significava algo como pertencer a uma elite secreta, …” (Critica da razão cínica, 1983), construíram a bárbarie como retrata o quadro de Ruben de (1609): O massacre dos inocentes (foto).
E completa: “O conhecimento linguístico já contava em muitos lugares como a proveniência da feitiçaria. No inglês médio, a palavra “glamour” se desenvolveu com a palavra “gramática”. A pessoa que poderia ler seria pensada facilmente capaz de outras impossibilidades.” (Sloterdijk, Critica da Razão cínica, 1983).
O que aconteceu com a leitura, com a vulgarização da cultura, da leitura e até mesmo das artes, substituída por fundamentalismos, auto-ajuda e uma cultura do feio, do horror e até mesmo do terror, assinala Sloterdijk sobre o nosso tempo: barbarie.
Sloterdijk, que não é religioso, afirma que a desespiritualização do asceticismo moderno atual é: “é provavelmente o evento na atual história intelectual da humanidade que é o mais abrangente e, por sua grande escala, é o mais difícil de perceber, ao mesmo tempo, o mais palpável e atmosféricamente poderoso. Sua contrapartida é a informalidade da espiritualidade – acompanhada de sua comercialização nas subculturas correspondente.” (Sloterdijk, 1983).
Escreveu o autor em “Você pode mudar sua vida” (ainda sem tradução em português): “Somente a vontade artística de transformar o futuro em um espaço de oportunidades ilimitadas de elevação de arte nos permite entender o núcleo da regra de procriação: “um criador deve criar […] uma roda auto-propulsora, um primeiro movimento” (Sloterdijk, em (2009) Du musst Dein Leben ändern. Über Antropotechnik -Você pode mudar sua vida, sem tradução para o português).
Se o nosso tempo pode ser caracterizado conforme o autor pela “barbárie”, o próprio autor também dá respostas apontando para uma reviravolta na cultura, a recuperação de uma verdadeira ética, uma verdadeira religiosidade para construir uma nova cultura

 

 

As tecnologias que vão dominar 2018

28 dez

Uma sem dúvida que está na ordem do dia, mas deve crescer até 2021, são as Realidades Virtual e Aumentada, com a diferença que a primeira é a criação de um ambiente totalmente virtual enquanto a segunda é uma inserção de virtualidades no ambiente real, o Pokemon Go, segunda versão dos monstrinhos cresceu em 2017.

As estimativas de grupos de pesquisa como o Gartner e TechCrunch, este mercado (RV e RA) aInternet2018vai movimentar mais de 100 bilhões de dólares até 2021, como o ano que vem é de Copa, o Japão por exemplos promete transmissões inéditas para 2022 no Quatar.
A internet das coisas vai aumentando suas possibilidades, quanto pensavamos que a tecnologia de redes 5G estivesse distante nos EUA já está em funcionamento em muitos lugares e poderá ser uma realidade no próximo ano, com isto a internet das coisas que depende desta transmissão eficiência poderá alcançar novos rumos como os sistemas de água, energia de baixo custo e sofisticados sistemas de controle de transito, entrando finalmente o IoT (Internet das Coisas) na vida das pessoas.
Outra preocupação, mas não sabemos se os sistemas se tornarão mais eficientes, são os sistemas de segurança este ano o WannaCry afetou sistemas de telefonia e o FedEX, entre outras, chegando a afetar mais de 150 países, há promessas para 2018.
A produção de dados chegou a 2.5 exabytes por dia (1 exabyte = 10^18 bytes), e a tecnologia do BigData veio para ficar, mas uma aliada importante na manipulação e tratamento destes dados deverá ser a Inteligência Artificial (foto visão de um cérebro poligonal), os agentes inteligentes que dominarão a Web 4.0 deverão aparecer este ano, mas a previsão para tornar-se realidade na Web é para 2020.
Impressora 3D e nanotecnologia já são realidade, mas devem avançar, assim como a realidade precoce da internet 5G, postamos no dia de ontem os aparelhos “novidades”, o smartphone conceitual e a câmera de 360 graus, na tecnologia as vezes de surpresa estas coisas bombam.
A tecnologia faz parte da história da humanidade, postaremos amanhã sobre o ano de 2017.

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