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Arquivo para janeiro, 2020

A complexidade, o infinito e Deus

17 jan

Exceto áreas como a arte e setores da astrofísica o restante da pesquisa científica é prisioneiro de suas próprias metodologias, destina “a manter o equilíbrio do discurso pelo banimento da contradição e da errância; controlava ou guiava todos os desenvolvimentos do pensamento, mas ela própria se colocava à evidencia como impossível de resolver.” (Morin, 2008, pgs. 80-81).

Não significa é evidente destruir o equilíbrio e a racionalidade do pensamento humano, mas deixá-lo penetrar: num sentido do que há de mais simples, de mais elementar, de mais ´infantil’: mudar as bases de partida do raciocínio, as relações associativas, e repulsivas entre alguns conceitos iniciais, mas de que dependem toda a estrutura do raciocínio e todos os desenvolvimentos discursivos possíveis. E isto é, bem entendido o mais difícil.” (Morin, 2008, p. 82).

Assim partimos da ideia “infantil” do infinito, mas que é a grande complexidade também científica do pensamento moderno, a imensidão do universo que é 96% massa e energia escura é ainda misteriosa, mas pode nos ajudar e por fim a ideia que neste infinito há mais do que uma energia, há um Ser vivo que precede o próprio universo pode ser outra “ideia infantil” e generosa: Deus.

A escatologia que decorre destes dois fundamentais um universo misterioso e um Ser que precede a tudo (na escatologia cristão é um Deus trinitário, que é também o ‘homem divino’ Jesus), podem nos dar um diálogo novo no qual o que pensamos sobre matéria, espírito e ciência pode mudar.

A relação essencial de Deus, através de Jesus com o mundo tem como ponto crucial a substituição da metáfora do cordeiro que Abraão matou em lugar do filho (a origem de cordeiro de Deus vem daí), e está manifesta pelo evangelista João sobre João Batista (Jo, 1,29) que viu Jesus se aproximar e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, disse muito antes da morte de Jesus.

O quadro de Josefa d´Obidos que já postamos aqui em virtude da construção de uma instalação com um holograma, está representado acima.

 

Totalidade e Infinito

16 jan

O complexo é fundamental para se entender a totalidade, escreveu Edgard Morin: “apenas o pensamento complexo poderá civilizar nosso pensamento” (Morin, 2008, pg. 23), na ausência de um discurso totalizador e abrangente é ele próprio o pensamento complexo.

Giordano Bruno foi o primeiro a intuir que o infinito era fundamental para o nascente pensamento moderno, mas este se refugiou no dualismo racional (objetivismo x subjetivismo) e na finito humana que não admite o mistério e o infinito presente na totalidade cósmica.

O pensamento atual, graças a complexidade física que veio dos quanta e da teoria da relatividade, é lançado para as profundezas do universo para pensar a matéria e a energia escura e seus novos e excêntricos fenômenos que desafiam os modelos atuais de física, de ciência, e quiçá de religião.

Edgar Morin antes de refletir sobre a virada paradigmática, diz que o Ocidente “filho fecundo da esquizofrênica dicotomia cartesiana e do puritanismo clerical, comanda também o duplo aspecto da práxis ocidental, por um lado antropocêntrica, etnocêntrica, egocêntrica desde que se trata do sujeito (porque baseada na auto-adoração do sujeito: homem, nação ou etnia, indivíduo) por outro e correlativamente manipuladora, gelada “objetiva” desde que se trata do objeto” (Morin, 2008, p. 81).

Sem considerarem-se dogmáticos, arrogantes e autorreferenciadores, este pensamento mesmo quando projeta para o Infinito, mesmo apelando a Deus e mesmo invocando o diálogo são eles próprios arrogantes, basta a mínima dose de questionamento para notar-se a prepotência.

Ora, mesmo para o religioso admitir o mistério é imprescindível para admitir a ideia de Deus e de infinito, enquanto para o pensamento “racional” (não o racionalismo dogmático) admitir a complexidade dos fenômenos não é senão fazer ciência séria e investigar de fato a natureza por um lado e admitir o lugar do homem dentro dela a única possibilidade de superar a arrogância objetivista e egocêntrica do pensamento moderno.

O infinito que é também reivindicado por pensadores atuais como Ricoeur, Lévinas que explicou o sentido de alteridade diante do Infinito: “A idéia do infinito não parte, pois, de Mim, nem de uma necessidade do Eu que avalie exatamente os seus vazios. Nela, o movimento parte do pensado, e não do pensador.” (Levinas, 1988, p. 49).

LEVINAS, Emmanuel. Totalidade e infinito. Tradução José Pinto Ribeiro, Lisboa- Portugal, Edições 70, 1988.

 

 

 

Giordano Bruno, além do herege

15 jan

Li em minha juventude “La cena de las cenizas” de Giordano Bruno, um dos seis diálogos escritos em italiano, escritos durante sua estadia de dois anos em Londres (1583-1585).

O sacerdote dominicano, discutiu neste livro a revolução copernicana, e embora tenha tido a acusação de herege, sua discussão não era outra que a escatologia cristã em sua cosmovisão além de seu tempo que vislumbrava os caminhos do s infinitos mundo e sua visão de Deus.

Pagou com a própria vida, sendo queimado vivo em 17 de fevereiro de 1600 em Roma, mas todos os seus comentaristas afirmam que o seu diálogo abriu caminho para uma nova ligação entre os caminhos da cosmologia e da filosofia, porém contrário a cosmovisão cristã medieval.

Sua filosofia foi além das limitações da razão (matemáticas e logicas) utilizando para sua ousada visão uma amalgama de fatos básicos e da realidade cósmica, mas sem deixar de lado uma reflexão que conduzia a uma ação humanística.

Também fugiu do empirismo e usou experimentos mentais dos quais deduzia as ramificações de sua cosmovisão, alguns interpretes afirmam que se utilizou de raciocínio parecido aos que Einstein e utilizou para suas intuições acerca do universo.

Ao referir-se ao cosmos como realidade infinita, Bruno foi além das esferas de Aristóteles e Ptolomeu, para ele assim como para Kepler, Paracelso e Nicolas de Cusa o universo é um ser vivente que guarda uma unidade essencial que reúne todos os seres particulares, que não são mais que emanações do /todo, esta visão cosmologia influenciou todo o Renascimento.

Sua cosmovisão que não triunfou no Renascimento, pereceu e interrompeu perante o surgimento da razão cartesiana, do idealismo e o empirismo de Hume, mas merece ser relida e estudada como uma forte influência no pensamento renascentista.

Veja o que foi dito sobre Giordano Bruno na famosa série cosmos:

https://www.youtube.com/watch?time_continue=6&v=XzTREw3AKEQ&feature=emb_logo

 

O pensamento complexo

14 jan

Nada favorece mais ao obscurantismo do que a ideia que é possível tornar o que é complexo simples, ignorar a organicidade dos problemas sociais, ecológicos e culturais e como eles se compõe, eles estão ligados.

O pensamento complexo nasce da ideia da natureza e do universo como organismos que são cada vez mais misteriosos e cuja estrutura se revela aos poucos, mediante um trabalho árduo daqueles que primeiro admitem a complexidade dos fenômenos e segundo resistem a tentação de simplificá-los imaginando que bastaria soluções e ideias simples para resolvê-los.

O próprio homem não é senão uma complexificação da natureza, concordam com isto não apenas o pensamento científico mais elaborado como também teólogos como Teilhard Chardin.

A simplificação científica chama-se reducionismo, a simplificação religiosa reducionismo, a cultural e social não tem nome específico, mas pode-se dizer que se confunde com a ignorância e o dualismo.

Esclarece Morin em Introdução ao Pensamento complexo: “a antiga patologia do pensamento dava uma vida independente aos mitos e aos deuses que criava. A patologia moderna do espírito está na hipersimplificação que a torna cega perante a complexidade do real” (Morin, 2008 p. 22).

No campo científico o explica a cegueira epistemológica: “As disputadas entre Popper, Kuhn, Lakatos, Feyerabend, etc., ignoram-se. Ora esta cegueira faz parte da nossa barbárie. Faz-nos compreender que estamos sempre na era bárbara das ideias. Estamos sempre na pré-história do espírito humano.” (Morin, 2008, p. 23).

Nada mais complexo do que reduzi-lo ao simples, como afirmava Bachelard não existe o simples, só há o simplificado, o que na maioria das vezes mutila e deforma o fenômeno, induzindo o pensamento a uma liquidez obscura.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. 5ª. ed. Lisboa: Piaget, 2008.

 

Oscar 2020

13 jan

Os filmes que concorrem ao Oscar 2020:

1917
Parasita
O Irlandês
Era uma vez em… Hollywood
Coringa
Jojo Rabbit
História de um Casamento

Disputam uma vaga e podem surpreender, os filmes: O Escândalo, Adoráveis Mulheres, Ford vs. Ferrari e Entre Facas e Segredos.

Os atores são já indicados e em ordem de favoritismo: Joaquin Phoenix (Coringa), Robert De Niro (O Irlandês), Adam Driver (História de um Casamento), Antonio Banderas (Dor e Glória), pode surpreender: Jonathan Pryce (Dois Papas) e Leonardo DiCaprio (Era uma vez em… Hollywood),

Entre as atrizes: Renée Zellweger (Judy – Muito Além do  Arco-Íris), Scarlett Johansson (História de um Casamento), Charlize Theron (O Escândalo), Lupita Nyong’o (Nós), correndo por fora: Saoirse Ronan (Adoráveis Mulheres), Awkwafina (A Despedida) e Cynthia Erivo (Harriet), que brigam pela última indicação, antes da votação.

Destaco por último, há outras indicações para outros prêmios, os diretores indicados: Bong Joon-ho (Parasita), Quentin Tarantino (Era uma vez em… Hollywood), Martin Scorsese (O Irlandês) e Sam Mendes (1917), entre os ainda na repescagem torço para não ser indicado Todd Phillips (O coringa), pois penso que favorece o clima hostil atual.

Não esqueci, mas penso que são barbadas: O rei leão indicado para efeitos visuais, e Toy Story 4 ou Frozen II para animação.

 
 

Revisão do blog e conteúdos

12 jan

Este blog está passando por uma revisão de design, conteúdos e sistema de edição, assim todo conteúdo anterior a 2020 se utilizado por algum leitor é de responsabilidade única do leitor.

Esclareço ainda que como todo blog, o conteúdo é opinativo, desenvolvido com conteúdos resumidos, o que necessariamente trás alguma dificuldade de profundidade ou elaboração, não devendo ser tomado fora deste contexto, assim textos científicos, livros e capítulos de livros tem um contexto mais amplo e com referências e conteúdos que devem, na medida do possível, serem verificáveis e confiáveis.

Blogs e microblogs são assim conteúdos restritos quando a abrangência, o sentido que o autor o faz é no sentido de apontar fatos e assuntos que devem ser levados ao público e que nem sempre a grande imprensa o faz.

Sendo até o momento de autor único, é sempre passível de revisão por outros.

 

Humildade e Autoridade

10 jan

O estereótipo que Nietzsche cria sobre a moral contemporânea estabelecendo a diferença entre a dos escravos/rebanho (que é a da bondade, humildade e piedade) e a dos senhores que é a da alegria, inventividade e da vida, pode parecer exagerada mas é ela que o idealismo criou, e foi fortalecida pelos estatutos do Estado, do Indivíduo e do cientificismo reducionista.

O filósofo Kant do idealismo proclamou duas ideias sobre a humildade, a primeira sobre a humildade moral que “é o sentimento de pequenez do nosso valor, comparado com a lei” e a segunda que é “a pretensão de, por meio da renúncia, adquirir algum valor moral, valor moral oculto”, com um pouco de análise fica claro que é uma falsa humildade, usada para o poder.

É possível estabelecer uma relação justa da autoridade com a humildade, embora não seja simples esta relação, ela é possível quando feita como serviço, desprendimento e potencialidade para que possa exercer, assim não é uma humildade piegas, já que é preciso ter consciência de autoridade.

O exemplo bíblico é muito ilustrativo para isto, a autoridade de Jesus perante o povo e os discípulos jamais foi feita como estrutura de poder, mas com a autoridade de quem sabe o valor e o “potencial” que tem para exercê-la, porém ao pedir para ser batizado por João Batista e ao lavar os pés dos apóstolos exerceu uma humildade da verdadeira autoridade.

A sociedade contemporânea precisa menos autoritarismo e mais autoridade com humildade.

 

Verdades e falácias sobre humildade

09 jan

É pensamento corrente que a humildade seria um tipo de sabedoria revelada só aos humildes no sentido strictu da palavra, assim ela fica vinculada a uma falta de conhecimento, de instrução e, portanto, de verdade, isto não é humildade, mas apenas e tão somente ignorância.
Há ainda um tipo de pensamento medieval: “a atitude de abjeção voluntária diante da natureza miserável e pecaminosa do homem”, parece religiosa mas sequer é isto, o apostolo Paulo diz com maior clareza, segundo o mostra o Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano, ela é “a falta de espírito de competição e de vanglória”, que é presente em vários domínios, até no religioso.
André Comte-Sponville, em seu Dicionário filosófico ajuda a discernir: “não se deve confundir, portanto, humildade com o ódio a si (acrescento autopiedade), ainda menos com servilismo ou baixeza. O homem humilde não se crê inferior aos outros: ele deixou de se crer superior. Não ignora o que vale.. ou pode valer … “, assim muitos arrogantes criticam a falta se humildade, que eles próprios são portadores.
Por último quero acrescentar um argumento filosófico mais forte, o desacordo de Nietzsche com a filosofia socrática (tipo, só sei que nada sei), Nietzsche argumentava que a consideração socrática sobre a arte trágica (ele defendia a tragédia e criticava sua ocultação), nunca diz a verdade, já que ao construir um conjunto de valores conceituais sobre a vida, a empobrece e inferioriza.
Assim curiosamente o filósofo da “morte de Deus” afirma que a vida não pode ser avaliada pelos viventes, pois fazendo parte dela não podem julgá-la, sendo ilusão da realidade.
Quem quer saber um pouco sobre o pensamento de Nietzsche (isto é para iniciantes), veja o vídeo, do Professor Anderson, com a ressalva que nem todo cristianismo é maniqueísta (santo Agostinho não o era, só o foi quando ateu, sua conversão foi justamente abandonar o maniqueismo):

https://www.youtube.com/watch?time_continue=159&v=RVcastuX0c4&feature=emb_logo

V

 

Novidades na CES 2020

08 jan

A maior conferencia de eletrônica, a CES começou em Las Vegas, uma novidade já apresentada ê a TV 8k sem borda.

A Samsung mostra a smart TV com resolução em 7680 x 4320 pixels, brilho superior a 600 nits e suporte para HDMI 2.1, oferecendo alta qualidade de cores, contraste e nitidez.

Como os celulares, a mudança futura no design das TVs sem borda, significa que passarão a se assemelhar a quadros colocados nas paredes.

A Sony lança seu carro elétrico Vision S, e o PlayStation PS5.

A Bosh lança sua Viseira Virtual que.controla o brilho é a quantidade de Sol (veja o vídeo).

 

Ganhadores do Globo de Ouro

07 jan

O destaque é o vencedor de melhor ator Brad Pitt em Era uma vez em Hllywood, que tinha duas justas indicações Anthony Hopkins em Dois Papas e Al Pacino em O Irlandês, melhor atriz foi para Awkwafina (A Despedida) que tinha a indicação de Emma Thompson (Late Night), os prêmios podem inverter no Oscar, embora o Globo de Ouro seja sempre considerado uma prévia.

Melhor filme dramático foi para 1917, que ganhou melhor diretor também Sam Mendes,

onde concorriam O Irlandês, Coringa e Dois Papas, não assisti o vencedor, mas havia postado que esperava uma surpresa, que aconteceu, melhor filme cômico ou musical foi para Era uma vez em Hollywood, que assim merece ser visto pois ganhou também melhor roteiro.

Coringa ganhou um prêmio de consolação com melhor trilha sonora, não vi o filme em protesto pelo elogio a violência e uma tentativa de justificar a maldade humana, em tempos de autocratas e perigos de guerra, considero impróprio para todas idades.

O Globo de Ouro traz uma inúmera lista de premiados, melhor atriz em séries foi para Phoebe Waller-Bridge, melhor atriz em minissérie Michelle Willaims, Melhor ator em minissérie para Russell Crowe, etc. parece aquelas competições entre crianças que dão medalhas a todos.

Um último destaque é o melhor filme estrangeiro para Parasita, quem assistiu realmente fica impressionado com o filme.