Arquivo para julho, 2013
A multidão, as clouds e as instituições
A multidão portanto é aquela das pessoas comuns que agora possuem mecanismos eficazes de comunicação e disseminação, não apenas aqueles dirigidos pela cultura da comunicação de massas dos meios tradicionais como jornais, TVs e cinema.
As clouds criaram e criam serviços (os apps, ou aplicativos) que possibilitam o compartilhamento de fatos, fotos e pequenos vídeos que de acordo que podem cair no gosto da multidão da multidão ou não, é como se ela fosse uma editora de informações e de notícias.
Mas estes serviços ainda são centralizados em ferramentas e instituições, isto pode ter problemas de privacidade (existem ferramentas) para isto ou de segurança quando os proprietários dos bancos de dados das ferramentas resolvem cooperar com mecanismos de segurança, em geral quase todos estados.
Outras instituições podem promover a privacidade e a segurança dos seu “povo” ou vai ter o descontentamento e a revolta da multidão.
A privacidade é um problema da multidão e a segurança das multidões.
A rede sempre esteve atenta, veja-se o protesto de autores científicos com as editoras, e o movimento de 14 anos do acesso livre (open access), veja também a revolta dos usuários do Instagram quando o Facebook resolveu mudar o termo de uso do aplicativo de fotos.
A rede está atenta aos fatos, algumas instituições, em especial aquelas vinculadas ao Estado, acreditam que ainda manipulam os fatos,, talvez seja hora de pensar o papel do estado, as ruas e as redes afirmam: Democratizar a democracia, que ainda serve a poucos.
Vale a frase de um livro influente no pensamento americano “Democracia na América”, escrito a quase um século e meio (1835)
“É evidente que a raça dos homens de Estados americanos pequenou-se singularmente desde a meio século” (Alexis Tocqueville, pg. 155, obra de 1835).
O Ser, a multidão e as classes
Multidão é o nome de uma imanência. Assim a multidão é um conjunto de singularidades e não uma unidade homogênea de partidários uniformizados e carregando a mesma bandeira.
É a partir desta premissa que pode-se esboçar uma conceitualização de ontologia que não prenda o ser humano a esquemas ideológicos ou temporais de liberdade e transcendência.
Conceitualização é quando o conceito não é homogêneo e permite a multiplicidade.
Na história conceituou-se povo e não multidão, embora Spinoza e Leibniz tenham esboçado.
O conceito de povo foi delineado dentro da tradição hegemônica da modernidade feito por Hobbes, Rousseau e Hegel e produziram, cada qual a seu modo porém todos idealistas, um conceito de povo assentado na transcendência do soberano: nas cabeças desses autores, a multidão era considerada como caos e como guerra, assim eles formaram o conceito do Estado Moderno para o qual a pós-modernidade chamou a atenção.
Sobre esta base, o pensamento da modernidade opera de uma maneira bipolar: abstraindo, por um lado, a multiplicidade das singularidades, unificando-a transcendentalmente no conceito de povo, e dissolvendo, por outro lado, o conjunto de singularidades (que constitui a multidão), para formar uma massa de indivíduos.
A teoria moderna do direito natural, seja em suas raízes empíricas ou ideológicas, é sempre um pensamento da transcendência e da dissolução do plano de imanência.
A teoria da multidão exige, ao contrário, que os sujeitos falem por si mesmos: trata-se muito mais de singularidades não-representáveis que de indivíduos proprietários do saber e da produção social.
A multidão é um conceito de classe, afirma o artigo de Antonio Negri(*), e não me parece desconfortável esta definição uma vez que ainda temos uma multidão de pessoas exploradas e a lógica do poder não parece ainda alcançá-las.
Com efeito, a multidão é sempre produtiva e está sempre em movimento.
Considerada a partir de uma perspectiva temporal, a multidão é explorada pela produção; de um ponto de vista espacial, a multidão é ainda explorada, na medida em que constitui a sociedade produtiva, a cooperação social para a produção.
Há diversas perspectivas que apontam para esta cooperação social.
As classes tiveram um papel na história, agora é a hora da multidão.
(*) NEGRI (2002), «Pour une définition ontologique de la multitude», en Multitudes nº 9, Paris, Exils.
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A sociedade em redes e o ser
Diversos são os autores, a partir de Husserl e Heidegger que reivindicam um retorno ao ser, a essência do homem e também sua relação com tudo o que está a sua volta, de certa forma também a natureza, embora esta ainda seja negligenciada.
Pode-se aprofundar este tema remetendo a Levinas e Ricouer, estes mais atuais, e também de certa forma a Habermas e Morin, mas queremos focar apenas nas “redes”.
Castells é um dos principais autores a descobrir este tema, principalmente se pensamos que ele escreveu em 1996, quando as “redes sociais” eram apenas esboços e não populares.
Num dos tópicos dos seus três volumes escreveu que a sociedade estaria cada ver mais estruturada numa bipolaridade entre a rede e o ser.
É surpreendente e sem dúvida uma profunda revisão antropológica e ontológica do ser, onde o ser humano deve vencer as resistências e obstáculos a uma sociedade emergente que seria a “sociedade em rede”.
Castells(*) capta algo essencial que é esta revisão ou mudança histórico do ser (e no ser que lhe escapa) que permitiria emergir uma nova sociedade, onde a sensação de isolamento e de falta de identidade, onde há uma falta de princípios e valores coerentes que possam orientar tanto o processo comportamental como definir diretrizes para uma nova vida de cada ser.
O autor parece colocar diante da sociedade o horizonte de uma humanidade verdadeira, e, assim, que mesmo assim não deixar desaparecer a tensão entre o ideal (que não é o virtual, porque não tem potencial de existência) e o real, que constitui a vida do homem como ser histórico.
O autor não orienta de modo ontológico para uma sociedade coletiva, onde os modelos, os atores e os locais da revolução tecnológica parecem equilibrar mecanicamente as consciências de modo a dar consistência e objetividade às raízes sociais da “revolução”.
Retomando os princípios iniciais, com toda a tecnologia, é na sociedade e no homem (por isto de modo ontológico) que toda a mudança e estrutura da sociedade deve emergir.
*Castells escreveu: A sociedade em Rede, ed. Paz e Terra.
O povo e a multidão
O conceito essencial do cidadão, foi para Hobbes, na concepção da cidadania (que expressa uma opinião ou uma ideologia hoje em dia) foi simplificado como uma unidade, como se fosse um corpo único com um vão, por isso a maioria dos sociólogos usará as configurações binárias (embora se destina a analógica), como acontece com as pessoas ou contra a esquerda ou direita, mas a multidão tem natureza múltipla, embora possa convergir.
Multidão com um conceito político foi usado pela primeira vez por Maquiavel, mas o conceito realmente importante foi promovido pelo filósofo Spinoza, Leibniz e de alguma forma que difere da noção de povo de Hobbes, um conceito utilizado pela sociologia e política até os dias atuais.
O próprio conceito de multidão é múltipla, é a definição de socialista Multidão Hardt e Negri impresso no livro contemporâneo de mesmo nome, é um conservador visão do século XIXI, Gustave Le Bon, citado por James Surowiecki em “A sabedoria das multidões” Editora Record, 2006 ou crowdsourcing por Jeff Howe (revista Wired).
Mas a prática multidão, o que está nas ruas e usar as diversas ferramentas de redes sociais (facebook, youtube, twitter e Instagram), que parece referir-se às definições tecnológicas de Jeff Howe (“O Poder da multidão, Campus, 2. Ed. 2008) ou Sociedade em Rede Manuel Castells “(Paz e Terra, edição brasileira, 1999), na verdade, as ruas para escapam de todos estes conceitos e convergem para outra “multidão”.
A coisa mais próxima que pode ser pensada é do intelectual e geólogo brasileiro “Milton Santos” com um conceito que ele chamou de “transindividualidade” e onde apresenta uma verdadeira resposta a globalização que produz apenas “verticalidade”, afirma: “A tendência atual é que os lugares se unam verticalmente e tudo é feito para isso, em toda parte. Créditos internacionais são postos a disposição dos países mais pobres para permitir que as redes se estabeleçam ao serviço do grande capital. Mas os lugares [e as pessoas] também se podem unir horizontalmente, reconstruindo aquela base de vida comum susceptível de criar normas locais, normas regionais.” (p. 260), O retorno do território. In Territorio y movimentos sociales. OSAL Ano VI Nº 16 Janeiro-Abril, 2005.
Mas por enquanto na lógica do poder, ficamos do lado A ou do B, ambos longe da multidão.
Aplicativos usados na Jornada Mundial da Juventude
O evento que reúne jovens do mundo todo ligados a igreja católica, está a uma semana de ser realizado, tem aplicativos especiais para uso pelos turistas que virão ao Rio de Janeiro.
Um aplicativo específico foi criado por um jovem Campinas e disponibilizado pela arquidiocese da região, chamado iJuventude, conteúdo músicas, e todos os eventos relacionados com a Jornada “na palma da mão”, para facilitar o deslocamento, mas somente estando disponível para dispositivos Android e Apple.
Anteriormente a comunidade Canção Nova havia lançado um aplicativo Siga a Cruz.
Outro aplicativo foi lançado pela Secretaria Municipal de Turismo do Rio de Janeiro contendo além das informações sobre a Jornada, sugestões das melhores rotas, lugares para serem visitados e informações turísticas do Rio de Janeiro.
O download gratuito do aplicativo nos sistema operacionais IOS e Android, também está disponível no app store JMJ Jornada Mundial da Juventude e no Google Play, como jmjrio2013, disponíveis em inglês, português e espanhol.
Também no site oficial do guia do Rio de Janeiro o aplicativo pode ser encontrado.
Redes Sociais e as manifestações
Com um reflexo nas manifestações, apesar de algumas ainda marcadas, é a hora das perdas e ganhos, dá para sentir que a sociedade ganhou, mas a luta ainda será longa para moralizar a política brasileira, combater a impunidade e a corrupção, e democratizar a democracia.
As redes sociais mais utilizadas nas manifestações foram: o Facebook que tem 70 milhões de usuários no Brasil, que foi usada para convocar manifestações, agrupar notícias e fatos, fotos e vídeos. Um dos usos importantes foram os advogados que criaram uma página para defender manifestantes presos.
O Twitter é um micro-blog, que permite textos curtos com até 140 caracteres, foi usado nas manifestações para mensagens, fotos e links, foi usado para denúncias e um dos destaques foi as chamadas para primeiros socorros, como a que aconteceu na rua Augusta em São Paulo no início das manifestações.
Para o envio de mensagens são usadas hash- tags (etiquetas) com um símbolo inicial #, as mais usadas em quantidade de seguidores (pessoas que acompanham aquela tag e suas mensagens) foram #vemprarua, #ogiganteacordou, #ProtestoBR , #PasseLivre, #ProtestoRJ (do Rio de Janeiro), #ProtestoSP (de São Paulo), #ProtestoCE, #ProtestoBH, #ProtestoDF e #BelémLivre, além de muitas outras é claro. O número de seguidores variou no mês de junho, mas algumas destas hash-tags ultrapassaram as 100 mil.
Youtube, é o maior site de vídeos do mundo, foram usados para postar vídeos amadores, e houveram até mesmo transmissões praticamente simultâneas, houve um vídeo de um policial quebrando vidro da própria viatura que chegou a mais de 1 milhão de vistas. Também foi usado para comunicar as manifestações no Japão e em Nova York em apoio ao povo brasileiro.
Um aplicativo também bastante usado foi é o Instagram, com fotos tiradas por smartphones, elas podem ser postadas imediatamente e serem agrupadas com uso de hash-tags. foi um aplicativo muito utilizado pela facilidade de uso e postagem imediata.
Samsung mini S4 chegam no Brasil
O aparelho S4 chegou no Brasil, rodando a versão mais recente do Android (Jelly Bean), dual chip, nas cores preta e branca, com a tela super Amoled de 4.3 polegadas, processador dual-core de 1.7 GHz, 3G e 4G, com o preço de R$ 1.399.
Ele tem pesa 107 gramas, tem 8.9 de espessura e vem com as ferramentas S Translator e Story Album,
A Samsung está preparando uma versão própria do relógio com comunicação gadgets e em junho, apresentou no Escritório de Marcas e Patentes dos EUA a marca “Samsung Gear”, descrito como “relógios que se comunicam com smartphones, tablets, PDA e computadores pessoais pela internet ou outras redes de comunicação eletrônica” (TrustedReview)
O aparelho será para concorrer com o já patenteado iWatch da Apple que deve sair ainda este ano, enquanto a Sony já apresentou a segunda versão, o SmartWatch 2 nesta terça-feira (9/7) na Mobile Asia Expo de Xangai.
As versões Sony do SmartWatch também rodam Android.
As disputas dos Androids com o mercado privativo da Apple promete, a Samsung tem vencido algumas batalhas segundo a StatCounter o número de dispositivos móveis no mundo da sul-coreana é de 25,47% enquanto da Apple 25,09%.
The Androids of disputes with the private market promises Apple, Samsung has won some battles according to StatCounter (no The Telegraph) number of mobiles in the world of South Korean Samsung is 25.47% while 25.09% of Apple.
A democracia americana e Snowden
Muitos acreditam que Snowden é um herói, alguém preocupado com a segurança do mundo e do cidadão comum, mas se engana, ele próprio se considera um americano “patriótico”.
Para entender o caso é preciso voltar na história e conhecer o caso de Daniel Ellsberg é autor de “Segredos: uma memória do Vietnã e dos Papéis do Pentágono”, que recentemente escreveu um artigo para o “Washington Post”, reproduzido no Globo.
Na época, relata Daniel, o “New York Times” foi intimado a não publicar os Papéis do Pentágono, em 15 de junho de 1971, tratava-se o primeiro caso “conhecido” de censura prévia a um jornal americano, e por 13 dias Daniel ficou escondido.
O objetivo de Daniel era acabar com a guerra do Vietnã, mas acabou se entregando e as acusações cresceram das três iniciais para 12, com possíveis 112 anos de sentença, minha fiança cresceu para US$ 50 mil,
O artigo de Daniel compara a atual “vigilância” com o Stasi, o Ministério para Segurança do Estado na stalinista “República Democrática Alemã”, com a meta de “saber tudo”. Mas Snowden é claro: “Vale a pena morrer por esse país”.
Quem morrerá pelo povo, pelas pessoas comuns, quem reconhece de fato o direito de expressão ? quem respeita a manifestação de um simples cidadão ? Mas a história é mais antiga, leia “A democracia na América” (livro II download) de Alexis de Tocqueville, lançado em 1835.
Como tornar as nuvens seguras
Este foi o problema tratado pela equipe de pesquisa do MIT, dirigida pelo professor Srini Devadas, os estudantes da graduação Ling Ren, Xiangyao Yu e Christopher Fletcher, assim como o pesquisador Marten van Dijk, trabalharam numa tipo de memória não coo um arranjo como é conhecido, mas em uma estrutura de dados conhecida como “árvore”, noticiado pelo MIT.
Cloud computing significa a terceirização de tarefas computacionais através da Internet, que por um lado possa dar aos usuários de computadores domésticos um poder de processamento sem precedentes e que as pequenas empresas possam usar de serviços de Web mais sofisticados, sem a construção de enormes bancos de dados em servidores.
Mas justamente esta terceirização pode levar a enormes problemas de segurança, como a nuvem é tratada como um condomínio, pode acontecer como citam no artigo de MIT apresentado num Simpósio Internacional de Arquitetura de Computadores, supondo um conjunto de servidores em nuvem para ter a execução de 1.000 aplicativos para clientes simultâneos, sem o conhecimento do exato serviço de hospedagem que é prestado, um desses aplicativos pode ter outra finalidade, a de espionar os outros 999.
No Simpósio Internacional de Arquitetura de Computadores recém acontecido junho, os pesquisadores do MIT descreveram um novo tipo de componente de hardware seguro, chamado Ascend, que misturam os padrões de memória de acesso a um servidor, o que torna impossível no caso de um atacante inferir nos dados que estão armazenados.
Mas talvez só as empresas poderosas e governos consigam usar isto, o que se discutem é quem pode controlar e não se o controle da informal é legal, vejam como todos os estados tratam Snowden, que fez a denuncia inicial de dados: algum país vai recebê-lo ?
Mas a solução no Brasil será o lançamento de um satélite brasileiro, dois cabos submarinos e a instalação de um Ponto de Troca de Tráfego (PTT) internacional, gostamos de coisas caras.
Funk protesta nas redes sociais
Os jornais da elite midiática deram pequenas notas, afinal a música Funk não é divulgada nem mesmo respeitada, mas a morte do jovem Mc Daleste foi muito protestada nas redes sociais: no Facebook escreveu Mc Buru que cana a música “Olha só como é que nóis tá”: “Que absurdo, daqui a uns dias o MC vai ter que cantar com microfone em uma mão e [arma] automática destravada na outra. Quanta maldade. Descanse em paz”, escreveu.
Outros que escreveram no Facebook foram Mc Dingo: “Mais um representante do funk que se foi. Vai entender o que se passa na cabeça de quem faz essas coisas. A vida é cheia de surpresas boas e infelizmente ruins. Daleste, descanse em paz. Saudades eternas. Para os familiares e amigos mais próximos deixo meus pêsames. Saudades 1000. Moleque cantava muito! Fica na fé”, e outro que opinou na rede foi MC Doug do Quarenta: “Nóis é MC, mas também somos pai de família, filho. Funk pede paz”, e emendou: “O funk está de luto eterno.”
Júlio César Ferreira, ou MC Neguinho da Caxeta, foi alvo de quatro tiros em junho do ano passado escreveu no Twitter: “Luto Mc Daleste! O Funk pede Paz”, contradizendo a voz oficial da mídia que dizem pregar a violência, e Mc Guine explica a revolta: “Quantos MCs já se foram? Quantos mais vão precisar morrer pra tomarem uma providência, nossa única instrumento é o microfone. Justiça”, ele escreveu em seu perfil no Twitter.
A grande homenagem veio da Mc Pocahontas, codinome da cantora Viviane Queiroz, escreveu no Twitter: “Muito abalada. Uma pessoa com um coração imenso e super querida nos deixou.. Vai com Deus, Dani!! Que Deus conforte nossos corações, mas esquecer não tem como. Meu amigo, descanse em paz… Te amo”.
MC Rodolfinho fez uma proposta, após mencionar a expressão “o gigante acordou” (última música de Mc Daleste): “Vamos fazer o movimento ‘O funk acordou’ ”.