Arquivo para janeiro, 2015
Por uma governança mundial
Este é o grito de muitos pensadores, economistas e cientistas políticos, ressalto dois livros já citados aqui Terra-Pátria (Instituto Piaget, 2001) de Edgar Morin e Anne B. Kern, que apontam que ao mesmo tempo em que o mundo caminha para uma maior unidade, também a diversidade reage e procura dar subsistência às culturas, e este respeito é o mais difícil.
O outro livro recentemente apontado é o livro organizado por Sacha Goldman “Le monde n´s plus de temps à perdre” (2012) e publicado no ano passado no Brasil , escreveram nele Michel Rocard, Mireille Delmas-Marty, René Passet, Edgar Morin, Michael W. Doyle, Stéphane Hessel, Bernard Miyet além de Sloterdijk, apela no próprio título, afirmando a urgência de uma governança mundial.
O livro de Morin e Anne Kern, aponta dois aspectos antagônicos: “1) homogeneização, degradação, perda das diversidades; 2) encontros, novas sínteses e novas diversidades” (pag. 36), mas havendo a compreensão neste multiculturalismo a longo prazo significa que será possível harmonizarem-se numa “unidade na diversidade”.
Peter Sloterdijck lembrando Hans Jonas e a crise ecológica, critica o imperativo categórico de Kant e orienta-o para o futuro e a política de relação com a natureza, mas ele lembra dois fenômenos recentes: “um técnico e outro político, vieram transformar profundamente o seu alcance” (pag. 64), “o primeiro de natureza imaterial, “estamos saindo do neolítico”, e o, segundo de natureza política, “iniciado na década de 1980, não é outro senão a liberação dos movimentos de capitais no mundo, a qual, permitindo a concentração para além das fronteiras nacionais, leva à formação de um poder financeiro planetário superior ao dos Estados” (pag. 66).
A nova relação com a tecnologia que é uma saída do neolítico, afirma Sloterdijck, é uma emancipação do outrora espectador, do cidadão apático controlado pelo estado.
Tecnologia não nos deixa mais burros
Em entrevista ao site Reddit foi o que afirmou o fundador da Microsoft Bill Gates, ele afirmou: “A tecnologia não faz as pessoas menos inteligentes”, sessão de perguntas e repostas ele afirmou: “Se você olhar a complexidade do que as pessoas gostam no Entretenimento, é possível ver uma grande mudança só no meu período de vida”.
Ele explicou que: “A tecnologia permite que as pessoas tenham suas perguntas respondidas de forma melhor, então elas se mantêm mais curiosas”, e assim ele vem como quase toda tecnologia (há tecnologias destrutivas como armas e equipamentos de guerra), ela é pensada para melhor em algum aspecto a vida humana.
Ele explicou o medo que muitos tem da tecnologia assim: “Fica muito mais fácil conhecer vários assuntos, o que é importante para solucionar problemas complexos”, quando não sabem usar adequadamente ficam apenas resmungando sobre elas.
Já comentamos aqui o livro de Mark Bauerlein, autor de The dumbest generation (A geração mais estúpida) que tem uma análise pessimista em que ele antecipa uma nova Idade das Trevas, seus equívocos são enormes, mas o mais grave é creditar a esta geração atual o desvio que vem acontecendo no pensamento humano a séculos.
Outro livro difundido que já comentamos é o de Nicholas Carr, Os superficiais, ele é entendido em em tecnologia e participa do projeto de cloud computing do Fórum Económico Mundial, escreve regularmente sobre tecnologia e cultura no The Guardian, The New York Times, também ele vê só a na geração atual um problema de cultura, em especial no ocidente, que acontece há séculos, o de leituras e pensamentos superficiais.
Há outros, mas numa frase, a crise atual tem raízes profundas e é a pós-modernidade.
Caso torna a biometria insegura
A biometria é a forma usada por bancos, alguns equipamentos de segurança e também nas últimas eleições, para identificar pessoas a partir das impressões digitais.
O hacker Jan Krissler afirma que conseguiu falsificar a impressão digital da ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, usando fotos feitas com uma câmera fotográfica comum.
Este caso reforça a ideia, que é defendida por alguns especialistas, que a biometria por impressão digital não é um método seguro, vale a pena lembra que começou ela foi usada em urnas eletrônicas no Brasil, nas últimas eleições.
As declarações de Krissler, que usa o codinome de “starbug” entre os hackers, foi feita em uma convenção para integrantes do CCC (associação dos hackers da europa), ele tem 31 anos e sua palestra também foi transmitida online pelo site da associação.
Na sua palestra afirmou que as fotos Von der Leyen foram feitas em outubro, e com um “close” de seu dedo e com fotos de ângulos diferentes foi possível falsificar a digital da ministra.
Fala-se muito em segurança individual dos dados, mas a segurança pública e o respeito dos estados pelos dados do cidadão são os maiores problema.
A internet desaparecerá, diz chefe da Google
Não é o que está pensando, mas sim o fato que ela se tornará de tal forma presente que será impossível se conectar a algo sem utilizá-la, afirmou o chefe da Google Eric Schmidt, na quinta-feira passada em Davos, na Suiça, onde se realizou o Fórum Econômico Mundial.
Perguntado sobre o futuro da internet respondeu: “Eu vou responder muito simplesmente que a internet vai desaparecer”, segundo vídeo disponibilizado pela rede de TV norte-americana CNBC.
Mas não quis dizer com isto que a internet pode seguir o caminho dos filmes fotográficos e dos disquetes, mas o entendimento de Schmidt é que a rede será de certa forma tão presente em nosso dia a dia que será inescapável.
Poderá estar presente na vida de uma pessoa do momento que nasce, em todos os momentos da vida de uma pessoa, sua vida familiar, médica, estudantil e atividades sociais diversas, claro com o direito do “esquecimento” que é a possibilidade de desaparecer com registro indesejáveis.
Mas o problema da privacidade permanece, como garantir que dados não sejam extraviados e caiam em mãos que façam mau uso, eis um grande problema a ser resolvido.
A flecha do tempo e o universo
A flecha do tempo, termo que afirma que avançamos sempre para frente (no sentido do tempo) e que o universo teve um início o Big Bang, e estaria se expandindo, foi cunhada pelo astrofísico Arthur Eddington, em 1927, e depois usada por Stephen Hawking para formular a teoria do Big Bang, mas ela tem outras possibilidades.
Outra possibilidade é o trabalho conduzido por Julian Barbour, da Universidade de Oxford, Tim Koslowski, da Universidade New Bruswick e Flavio Mercati, do Instituto de Física Teórica, que sugerem que talvez sugerem que é a gravidade e não a termodinâmica, pressuposto de Hawking e muitos físicos, que faz a flecha do tempo avançar, isto sugere universos paralelos, e não um único se expandindo.
A teoria é mais unificadora pois os dois caminhos temporais, a gravidade puxa as partículas para um modelo maior e mais ordenado, equivalente a estruturas de aglomerados de galáxias, estrelas e sistemas planetários, portanto supera o modelo termodinâmico, que impulsiona apenas pela quantidade de energia.
Os cientistas fizeram uma simulação usando mil partículas, parecidas a um ponto, e sujeitas a gravidade newtoniana, neste modelo há duas possibilidades de futuro, mas o observador tem a possibilidade de “experimentar” apenas um deles.
Este modelo ainda é inicial e hipotético, não incorpora nem a mecânica quântica e nem a relatividade geral, mas já abrem possibilidades revolucionárias e novas.
Se a teoria é verdade o Big Bang não é mais o início cósmico, mas só uma fase em um universo atemporal e eterno, explica o cientista Barbour: “Esta situação de dois futuros exibiria um único passado, caótico em ambos os sentidos, o que significa que haveria essencialmente dois universos, um de cada lado deste estado central”, e assim teríamos sempre a possibilidade de dois futuros, isto filosoficamente e teologicamente é verdadeiro, mas a física precisa de certezas experimentais e não apenas hipotéticas.
Parece que todo o universo tem que fazer escolhas e nós juntos com ele.
Tecnologias esperadas em 2015
Finalmente acessíveis aos usuários (já há versões para desenvolvedores), os óculos Oculus Rift e Google Glass, o Apple Watch (um pouco exagerado em alguns detalhes), o Windows 10 (pularam o 9) chega com prováveis melhorais das chatas telas de rolagem do 8 e com o botão Iniciar e os novos celulares Microsoft (ex Nokia), Samsung e os chineses.
O Oculus Rift era o campeão mundial de kits vendidos, 75.000 kits até julho do ano passado quando a empresa foi comprada pelo Facebook, promete fazer frente ao Google Glass, super anunciado, comentado, promete agora estar entrando no mercado, mas o produto chegou no mercado brasileiro por R$ 6.500.
Quatro dias atrás a Google anunciou o fim do programa e o Google Glass sumiu.
A Microsoft em evento nesta ultima quarta-feira (21/01) anunciou grande novidades para o Windows 10, incluindo um novo navegador e possibilidades novas para os games.
Volta o menu iniciar, mas a tela do Windows 8 continua ali, mas agora há a possibilidade de deixar tudo na tela principal, sem ter que ficar “rolando” para os lados.
A Microsoft lançará o Windows Phone 8.1 deixando de lado a marca Nokia (embora use esta tecnologia), a Samsung lança seu modelo 6 com versões em capa de alumínio e os chineses já ocupam 38 do mercado prometendo superar o iPhone da Apple em 10 anos, segundo as companhias Lenovo, Huawei e Xiaomi.
Não é consumismo apenas, é uma necessidade de aparelhos ágeis e avançados para nossas tarefas do dia a dia, e que caibam no nosso bolso.
Tecnologia: necessidade ou consumismo ?
É insana a quantidade de pessoas que criticam a tecnologia por aquilo que só os homens fazem, máquinas não maquinam nada, apesar podem reproduzir desejos humanos, a intencionalidade no uso de determinado objeto (não apenas os tecnológicos) é que definem sua prática.
Ao longo de sua existência no planeta, o homem nem sempre habitou esta terra, ele inventou grande número de ferramentas que o ajudam a superar suas necessidades cotidianas, a própria divisão entre idade da pedra e dos metais, é pela manipulação da tecnologia.
Muitas dessas invenções, embora criadas para beneficiar a humanidade, acabaram usadas de modo a prejudicar a vida, e fazer do objeto tecnológico contemporâneo um objeto do desejo, um consumismo, não significa que o mesmo não tenha sua utilidade.
Foi John Danton que a possibilidade energética dos átomos, mas jamais imaginou que a mesma seria usada em uma guerra (Hiroshima e Nagasaki na segunda guerra), agora o uso de tecnologia por extremistas, não significa que o uso da tecnologia seja “mau” ou “bom”.
Agora tomemos o exemplo da internet, sites inescrupulosos que expõe crianças, aliciam adolescentes e jovens, mas não devemos nos esquecer que estes valores são passados por filmes, programas de televisão e até de rádio, e há quem defenda isto até em escolas.
A tecnologia é uma necessidade da evolução humana, torna-se má se usada por pessoas de má índole e boa se usada por pessoas de intencionalidade boa, já o consumismo é uma matriz de uma forma de sociedade humana e independente do avanço tecnológico, é o consumo para dar lucro fácil a pessoas, que mesmo tendo boa índole, não tem boa intenção, pois visam só o lucro.
Mais três lições da tecnologia
A resposta nem sempre é o que esperamos.
A pesquisadora Sylvia Earle passou décadas querendo enxergar o oceano mais profundo, pensando em um submarino que pudesse levar pesquisadores até lá, e que material deveria ser feito este submarino.
Após anos fundou uma empresa para explorar vidro, que com 10 a 15 centímetros de espessura será capaz de explorar com seguranças as profundezas do mar, fundou uma empresa da Deep Ocean and Exploration Research Marine.
O diretor desta empresa afirma: “O vidro é o material mais antigo conhecido pelo homem e um dos que nós menos compreendemos”.
Há sempre algo inesperado
Esta história é recente, sobre a sonda Philae que posou em um cometa.
Quem explica este desafio é Stephan Ulamec, diretor do programa Philae, que explica que este pouso para era complicado “Não tínhamos ideia do tamanho, do ciclo de dia e noite nem da intensidade da gravidade do cometa. Não sabíamos como era sua superfície nem a velocidade de impacto do equipamento”, a nave pousou com sucesso, mas numa posição que logo parou.
Sabedoria e genialidade são indefiníveis
Muitas pessoas geniais e sábias, não se julgam como tal, a neurocientista Sheila Nirenberg, afirma: “Eu meio que a ignoro e continuo tocando a vida. Você faz o que faz algo independente do rótulo que te dão. Não consigo pensar em outra maneira de explicar a genialidade”.
Seis lições de sabedoria a partir da tecnologia
Novas tecnologias (ou projetos) exigem nova maneira de pensar
O projeto Bloodhound SSC deverá ser o primeiro veículo terrestre a quebrar a barreira das 1.000 milhas por hora (1.609 km/h), seu maior problema foi reinventar as rodas, não é o invento mais antigo, mas como projetar as rodas mais rápidas do mundo, capazes de se manterem estáveis e seguras a uma velocidade supersônica e ainda com recursos financeiros limitados?
Segundo a BBC tecnologia, o engenheiro Mark Chapman, “após bater a cabeça por quatro meses”, entendeu que deveria usar as novas tecnologias de “maneira nova”, afirmou ele: “O que é inédito é a maneira como aplicamos as tecnologias”.
Formar a opinião a partir das provas e não das próprias ideias
O geofísico Steven Jacobsen, da Northwestern University, nos Estados Unidos, entre muitos outros geofísicos acreditavam que a água da Terra se originou em cometas.
Mas ao estudar profundamente as rochas, como forma que os cientistas usam para analisar a passagem do tempo, ele descobriu água dentro da ringwoodita, em resultados de janeiro de 2014 um mineral encontrado no manto terrestre, então entendeu que a água está dentro dos planetas.
É necessário mais transpiração que inspiração
Sim é preciso trabalhar duro isto entendeu a neurocientista Sheila Nirenberg, da Cornell University, em Nova York, que queria desenvolver uma nova prótese para curas auxiliares aos cegos, e pensava apenas nos orgãos e não na informação e o código delas no cérebro.
Então achou um elemento fundamental quando decifrou o projeto para decifrar o código que transmite informações entre os olhos e o cérebro, revela a neurocientista: “Quando me dei conta disso, não conseguia comer, não conseguia dormir. Tudo o que eu queria era trabalhar”, a transmissão da informação era importante mais que os mecanismos.
Amanhã continuamos, mas é preciso “não ter respostas prontas”, “contar com o acaso” que alguns chamam de conspiração do universo ou de Vontade de Deus, e por último, sabedoria é algo indefinível por isto, mesmo estas seis lições são questionáveis.
Redes de desinformação e teorias da conspiração
Os ataques a revista satírica Charlie Hebdo, criminosos e sem precedentes não deve levar ninguém ao pânico, a islamofobia (ódio ao Islã) e deve ser visto como disse o professor Emmaneul Taieb, professor de Ciência Política de Lyon, para que foi “um evento que marca uma ruptura da ordem social e política. Há uma necessidade de responder à comoção com interpretações”, mas sem pânico e ódio.
Saíram diversos rumores sobre uma terceira guerra mundial, até o fim do mundo, proliferaram nas redes sociais teorias das conspirações, e gente dizendo sobre a ação do serviço secreto no atentado (a extrema-direita francesa) e outras bobagens.
Mas estas teorias não seduzem apenas os mais jovens, como demonstrou o caso de uma professora suspensa perto de Paris ou de agentes municipais punidos em Lille (norte): todos eles enxergavam um complô por trás do atentado contra a Charlie Hebdo.
Em épocas de grandes mudanças, há conflitos e a maioria deles são sempre evitáveis, não se justifica o ato contra Charlies Hebdo, mas também a maneira sarcástica de tratar questões religiosas, não só islâmicas, não foram apenas críticas e passaram o limite do respeito.
Haveria um grande ato contra o Islã na França, e felizmente as autoridades não permitiram, não é só os motivos religiosos que tornam as pessoas radicais, mas a intolerância, o desrespeito e a falta de liberdade para todos os setores da sociedade, o que inclui a crença.
Infelizmente algumas teorias das conspirações foram verdadeiras, como o projeto a CIA (A Agência Central de Inteligência) executou experimentos secretos de controle mental sobre cidadãos norte-americanos da década de 1950 até 1973.
Sim, isso aconteceu, sendo que foi tão verdade que, em 1995, o presidente Clinton realmente emitiu um pedido formal de desculpas em nome do governo dos Estados Unidos.
Não podemos por causa de atos violentos, retirar a liberdade de algum setor da sociedade, isto também é uma violência inaceitável.
É uma regra de ouro: não fazes aos outros o que não gostaria que fosse feito a você.